A Cidade Onde Envelheço acompanha Teresa (Elizabete Francisca Santos), uma jovem portuguesa que decide deixar o país para morar no Brasil. Ela vai direto para a casa de Francisca (Francisca Manuel), uma amiga também portuguesa que, há quase um ano, mora em Belo Horizonte. Por mais que tenha aceitado abrigá-la, Francisca está temerosa sobre como será o convívio entre elas, já que aprecia a solidão e a independência que dispõe. Entretanto, logo o jeito descontraído e espevitado de Teresa a contagia, nascendo uma forte ligação entre elas.
99 min – 2016 – Brasil/Portugal
Dirigido por Marília Rocha. Roteirizado por Marília Rocha, João Dumans e Thais Fujinaga. Com Elizabete Francisca, Francisca Manuel, Paulo Nazareth, Wederson Dos Santos, Jonnata Doll.
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O primeiro elemento que a obra nos apresenta é o local onde tudo vai se passar. A câmera conduz nosso olhar por um passeio em Belo Horizonte. Registrando suas ruas, o cotidiano de seus moradores e o dia a dia da cidade. Para alguém nascido e criado em “Belorizonte”, assim como eu, o passeio pela região central de BH é um deleite. “A Cidade Onde Envelheço” tem duas jovens portuguesas como protagonistas. Francisca (Francisca Manuel) saiu de Lisboa a anos e vive na capital de Minas a algum tempo. Sua amiga Teresa (Elizabete Francisca) chega na cidade em busca de novas oportunidades e fica hospedada na casa de Francisca. A proximidade entre as duas parece enfraquecida e suas personalidades se mostram muito diferentes.
O longa, realizado em coprodução com Portugal, explora bem as diferenças culturais entre Brasil e Portugal e a diferença de personalidade de suas protagonistas. Teresa recém chegada a Minas Gerais é aventureira e sociável. Está aberta a novas experiências e as vive intensamente. Ela quer se estabelecer e aceita cada oportunidade que surge em cena. Francisca é reservada, menos sociável e gosta de viver na solidão. Não se encaixa no ambiente e evita criar vínculos. Ela nem mesmo consegue chamar seu companheiro de namorado. Francisca demonstra desconforto ao receber a amiga, incômodo que Teresa sequer nota. Inicialmente a amizade delas é forçada e parece quase que uma obrigação. A relação das duas é o ponto central do roteiro escrito pela diretora Marília Rocha em parceria com João Dumans e Thais Fujinaga.
A trama e a diretora são hábeis em retratar o choque entre as duas personalidades e as consequências e transformações em cada uma das jovens. Percebemos os atritos criados, as sensações e emoções compartilhadas e o processo de amadurecimento de cada uma. A chegada dos trinta não é fácil. Boa parte da obra se estabelece nas interações das personagens, nos diálogos e na convivência. É um belo trabalho das atrizes que nos mostram com naturalidade o ressurgimento daquela amizade e os impactos em cada uma delas. Enquanto Francisca passa a rever suas opções e decisões, Tereza quer viver aquela oportunidade. E assim passamos por algumas reflexões sobre a busca de uma identidade, o distanciamento dos amigos e familiares e nossas trajetórias de vida. As amigas são opostas que se completam e assim conseguem evoluir e seguir cada uma com seu caminho escolhido.
A naturalidade das atuações e dos diálogos impressiona. São conversas e interações envolventes e espirituosas. A opção por uma trilha sonora diegética deixa orgânico tudo o que presenciamos, o uso do som direto traz naturalidade e uma sensação de que estamos inseridos no dia a dia daquelas personagens. “A Cidade Onde Envelheço” é um filme emotivo e sensível. Propoẽm discussões sobre choque cultural, amizade, saudade e amor. Enquanto Francisca e Teresa lidam uma com a outra, tomam suas decisões e refletem sobre suas escolhas. Também o fazemos. Não é atoa que a obra foi premiada em quatro categorias no Festival de Brasília de 2016: filme, direção, ator coadjuvante e atrizes.
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Nota do Sunça:
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