No enredo de Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma extraordinária jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor.
102 min – 2020 – EUA
Dirigido por Dan Scanlon. Roteirizado por Dan Scanlon, Jason Headley, Keith Bunin. Com Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer, Mel Rodriguez, Kyle Bornheimer, Lena Waithe, Ali Wong, Grey Griffin, Wilmer Valderrama, John Ratzenberger e Tracey Ullman.
[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]
“Um morto muito louco” (1989) em uma aventura de RPG, ambientada no mundo contemporâneo, habitado por criaturas mágicas e mitológicas que cansadas dos esforços necessários para dominar a mágica, trocam a magia pela tecnologia. É para essa sessão de uma jogatina do “Dungeons & Dragons” versão Pixar que somos convidados a participar. Mas a construção desse universo cativante e o convite a explorar as possibilidades dos conceitos do RPG em um cenário urbano é apenas a porta de entrada para uma reflexão sobre acreditar em você mesmo, as relações familiares e o amor fraterno. “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” ganha uma relevância ainda maior ao pincelar uma subtrama sobre a importância de relembrar e aprender com o passado, algo que nesse momento me parece imprescindível.
Ian Lightfoot (Tom Holland) é um elfo que acaba de completar dezesseis anos. Ele recebe de sua mãe Laurel (Julia Louis-Dreyfus) um presente póstumo de seu pai. Ian não conheceu o pai que faleceu antes dele nascer. O presente é um cajado mágico que deveria trazer o pai de volta a vida por um dia, para que ele pudesse conhecer Ian e rever seu filho mais velho Barley (Chris Pratt). Quando algo sai errado os irmão partem uma “quest” para encontrar a pedra mágica que pode corrigir o feitiço.
A obra é bem humorada, repleta de piadas visuais e muito humor físico. Sabe conduzir e tratar com cuidado e leveza temas familiares mais profundos e sérios, como o luto pela perda do pai, o relacionamento entre irmãos e a dificuldade de uma mãe solteira criar os filhos sozinha. Isso em um universo ambicioso que sabe brincar, explorar e subverter as possibilidades da premissa apresentada. Nessa ambientação unicórnios são pragas urbanas, dragões são animais de estimação e cogumelos gigantes viram casas em um subúrbio americano, aparentemente habitado pela classe média. É um mundo diverso onde as mais variadas criaturas convivem cotidianamente. Um olhar mais atento vai perceber ali a caracterização de latinos, negros, a população LGBTI+, dentre outros. É louvável o cuidado em retratar minorias. E é um zelo que vai além da mera presença na trama, existe toda uma atenção com as vozes, sotaques e até mesmo o design dos personagens.
Os protagonistas são ótimos. A relação entre eles cativa e aumenta nosso vínculo emocional com o filme. Barley é confiante, corajoso e atrapalhado. É fascinado com o passado, os jogos de RPG e tudo que é relacionado a magia. Ian é inseguro, amedrontado e introspectivo. Juntos os irmãos, que parecem ser opostos, aprendem que não são tão diferentes assim. Tom Holland consegue passar a insegurança e frustração de Ian. Chris Pratt traz muito humor e uma energia contagiante a Barley. Outra dupla igualmente importante é a mãe Laurel Lightfoot (Julia Louis-Dreyfus) e Die Manticore (Octavia Spencer), juntas protagonizam momentos importantes e têm uma ótima dinâmica cômica.
Em um filme da Pixar nada é aleatório. Toda a construção do universo, o cuidado com seus personagens, os temas escolhidos e a qualidade técnica têm função narrativa. É no momento onde todas essas linhas se encontram que temos o ponto mais alto da projeção. Nem as aulas de Zumba de Laurel, que é uma piada visual do início da trama, são esquecidas ao final da projeção. No climax a ação se une a aventura e juntos se mesclam com a carga dramática dos personagens sem se esquecer das “doses” de humor. Só isso já seria suficiente para um encerramento satisfatório, mas “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” vai além e subverte o relacionamento dos irmãos com o pai e apresenta um momento de epifania de Ian.
Trazendo uma discussão Importante sobre as relações familiares, humor físico e visual com “ajuste fino” e a construção de um universo rico e cativante, com direito a fadas motoqueiras que nasceram para voar. “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” é divertido, emocionante e relevante. E sim, mais uma vez a Pixar nos faz chorar.
(“Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” entrou para o acervo da Amazon Prime desde o último domingo, dia 10 de maio.)
[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]
Nota do Sunça:
[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]
Últimas críticas:
[su_custom_gallery source=”category: 39″ limit=”7″ link=”post” target=”blank”]
[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]
Últimos textos:
[su_custom_gallery source=”category: 22″ limit=”7″ link=”post” target=”blank”]
[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.