Sunça no Cinema – X-Men: Fênix Negra (2019)

1992. Os X-Men são considerados heróis nacionais e o professor Charles Xavier (James McAvoy) agora dispõe de contato direto com o presidente dos Estados Unidos. Quando uma missão espacial enfrenta problemas, o governo convoca a equipe mutante para ajudá-lo. Liderado por Mística (Jennifer Lawrence), os X-Men partem rumo ao espaço em uma equipe composta por Fera (Nicholas Hoult), Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Tempestade (Alexandra Shipp), Mercúrio (Evan Peters) e Noturno (Kodi Smit-McPhee). Ao tentar resgatar o comandante da missão, Jean Grey fica presa no ônibus espacial e é atingida por uma poderosa força cósmica, que acaba absorvida em seu corpo. Após ser resgatada e retornar à Terra, aos poucos ela percebe que há algo bem estranho dentro de si, o que desperta lembranças de um passado sombrio e, também, o interesse de seres extra-terrestres.

114min – 2019 – EUA

Dirigido por Simon Kinberg, roteirizado por Simon Kinberg. Com: James McAvoy, Sophie Turner, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Alexandra Shipp, Evan Peters, Kodi Smit-McPhee, Scott Shepherd, Ato Essandoh, Brian d’Arcy James, Halston Sage, Summer Fontana, Jessica Chastain.

O primeiro longa dos X-Men estreou em 2000. Logo, são dezenove anos de X-Men no cinema. Uma série cheia de altos e baixos que agora em 2019 chega a sua conclusão. A franquia já gerou “carreiras” solo para Wolverine e Deadpool e já se permitiu apagar linhas do tempo específicas e esquecer acontecimentos “questionáveis”. E para finalizar tudo isso temos um diretor estreante, Simon Kinberg, que foi responsável por alguns roteiros como “X-Men: O confronto final”, “Quarteto Fantástico” e “X-Men: Apocalipse”.

“X-Men: Fênix Negra” é uma obra que se mostra previsível desde o início. Quando vemos Jean em 1975 no banco traseiro do carro de seus pais, já sabemos que algo terrível vai acontecer. E logo na (ótima) sequência inicial, que se passa no espaço, ao ver a “força cósmica pura e inimaginável” sabemos também que estamos à segundos de outro acidente. Quando Jean Grey (Sophie Turner) fica cada vez mais forte e fora de controle, também imaginamos exatamente como e para onde a trama vai caminhar. Logo vamos para 1992 quando os X-Men são heróis mundiais. O professor Xavier (James McAvoy) é reconhecido e premiado por seus esforços, Magneto (Michael Fassbender), mais uma vez, está em paz e vivendo afastado. E o super grupo atua na proteção dos humanos que um dia os odiaram. Mas tudo muda quando um passado sombrio de Jean a deixa descontrolada. Magneto novamente sai da “aposentadoria” e o professor e sua turma tem que lidar com a aluna fora de controle. Enquanto isso a alienígena Vuk (Jessica Chastain) se aproxima de Jean com o objetivo de pegar para si a poderosa força cósmica. Vale uma ressalva aqui para o fato de que apenas oito anos separam os acontecimentos desse longa dos acontecimentos do primeiro filme dos X-Men. Como vimos em “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” os antigos atores e os atuais dividem a mesma linha temporal. Isso significa que os personagens terão que envelhecer décadas nesses oito anos.

E se a premissa soa familiar, é porque, ela é. Basicamente temos um remake, com alterações pontuais, de “X-Men 3 – O Confronto Final”. Nesse longa Kinberg traz uma abordagem direta e sua trama acontece em um pequeno espaço de tempo. É perceptível a busca por um enredo mais adulto, com foco em problemas internos dos personagens e conflitos dramáticos mais densos. Em boa parte da narrativa o filme opta por colocar Xavier como o vilão e Jean como uma vítima que sofre um abuso. O diretor problematiza as ações e escolhas do professor optando pelo que poderia ser uma história revisionista de tudo o que foi vivido. Mas logo se rende aos espetáculos tradicionais de um blockbuster de heróis com grandes cenas de ação e um clímax evento. Personagens que mudam de ideia o tempo todo e que jogam a culpa uns nos outros em toda e qualquer oportunidade também não ajudam. Já a interação entre os personagens nas cenas em que usam seus poderes, são interessantes e cativantes. Ver como cada mutante funciona no grupo e como cada poder é utilizado se torna um ponto forte da obra.

Sophie Turner se esforça mas o arco dramático de Jean é fraco e óbvio. A personagem de Jessica Chastain é uma vilã genérica com um pequeno grupo de capangas alienígenas (Que se torna um exército no momento em que a trama precisa). Jennifer Lawrence parece com preguiça e nitidamente não quer mais ser pintada de azul, o que acontece pontualmente. Ciclope (Tye Sheridan) e Tempestade (Alexandra Shipp) mal participam da trama. Pela primeira vez os poderes da Tempestade são realmente bem explorados. Michael Fassbender e James McAvoy têm a mesma dinâmica de sempre, tomam as mesmas decisões de sempre e agem da mesma maneira que já vimos nos longas anteriores. Mas vale enaltecer o destaque e protagonismo feminino da trama.

“X-Men: Fênix Negra” encerra a saga dos X-Men da FOX. E assim como os vários filmes desses dezenove anos têm altos e baixos com momentos confusos e conturbados. É um final que deixa uma brecha caso a Disney/Marvel queiram continuar. O que não querem (Ainda bem). É um bom encerramento para uma saga que deixa a sensação de que poderia ter sido muito melhor.  

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Deadpool 2 (2018)

Quando o super soldado Cable (Josh Brolin) chega em uma missão para assassinar o jovem mutante Russel (Julian Dennison), o mercenário Deadpool (Ryan Reynolds) precisa aprender o que é ser herói de verdade para salvá-lo. Para isso, ele recruta seu velho amigo Colossus e forma o novo grupo X-Force, sempre com o apoio do fiél escudeiro Dopinder (Karan Soni).

120 min – 2018 – EUA

Dirigido por David Leitch, roteirizado por Paul Wernick, Rhett Reese e Ryan Reynolds. Com: Ryan Reynolds, Josh Brolin, Zazie Beetz, Andre Tricoteux, Brianna Hildebrand, Morena Baccarin,Julian Dennison, Karan Soni, Leslie Uggams, Shioli Kutsuna, Stefan Kapicic, T.J. Miller e Terry Crews.

Em 2016 “Deadpool” inovou e ousou em seu primeiro longa solo. A obra foi um sucesso e acabou se tornando a maior bilheteria de um filme com classificação restrita. Isso foi determinante para a FOX aceitar apostas como “Logan (2017)” e para a Marvel Studios arriscar inovações no gênero como a comédia “Thor: Ragnarok (2017)”. Nesta nova empreitada David Leitch assume a direção. O longa exalta a ação sem deixar de lado a comédia, o deboche, as referências à cultura pop e as quebras da quarta parede. A obra se mostra mais violenta que a original, perfurações de balas, cabeças arrancadas e dilaceradas, corpos torcidos são comuns ao longo da trama.     

Wade Wilson (Ryan Reynolds) continua seu relacionamento com Vanessa (Morena Baccarin) e assumiu, como Deadpool, uma carreira internacional de mercenário. Matando apenas “caras maus” em suas próprias palavras. Um soldado do futuro, Cable (Josh Brolin), volta ao passado com o objetivo de assassinar um vilão em potencial. O enredo é simples, Cable está atrás do garoto Russell (Julian Dennison) e Deadpool tenta impedi-lo atrás de uma redenção pessoal. Para isso o protagonista conta com a ajuda de Dominó (Zazie Beetz), Colossus (Andre Tricoteux) e Negasonic (Brianna Hildebrand). As novas aquisições do elenco são boas. A obra simplifica a origem e mitologia de seus novos personagens, o que é um aspecto positivo já que são bastante complexas e confusas nas hqs. A origem de Cable nos quadrinhos é um bom exemplo disso. Josh Brolin está ótimo como o personagem, apesar de não ter o tamanho correto como bem demonstrado pelo anti herói. Zazie Beetz constrói uma ótima Dominó e o diretor é bem sucedido em demonstrar seus poderes de forma interessante e empolgante. Assim como em 2016 o design de Colossus continua melhor do que nos demais filmes da franquia dos “X-Men”. Mais uma vez é retratado de forma interessante e cômica e sua relação com Wade se aprofunda mais. É um ponto forte a preocupação de um com o outro. É digno de aplausos de que em meio a tudo isso, o filme ainda se esforce para destacar e abrir espaço para uma heroína negra, um casal lésbico interracial, um personagem indiano e um herói obeso que em um momento específico critica a indústria pelo preconceito com os “heróis gordinhos”.

David Leitch trás seu ponto forte para Deadpool 2, a ação é melhor planejada, coreografada e filmada. Leitch demonstrou bem em em “John Wick: De Volta ao Jogo”(2014) no qual foi  co diretor e em “Atômica” (2017) o qual dirigiu, seu potencial para sequências realistas, exageradas e violentas. E aqui, sabe dosar bem essas cenas com as tiradas cômicas, as referências e personagens bem humorados. A trilha sonora merece destaque. Todo o longa é acompanhado de hits românticos oitentistas. A-Ha, Air Suply, e Beyoncé entram em momentos chaves que agregam e trazem mais humor para a história. Até Celine Dion têm seu momento com a canção “Ashes” em uma ótima cena inicial que remete a nosso querido 007. E sem cair na mesmice como outros filmes de herói a obra consegue elaborar um confronto final sem sequências gigantes e mirabolantes. Na luta derradeira são vários personagens, muitos efeitos mas com uma pretensão menor. Um acerto que não aconteceu no Deadpool de 2014.

“Deadpool 2” traz novidades em relação a seu antecessor, cria momentos marcantes e personagens interessantes. Sabe usar e amplificar o que deu certo no original trazendo consigo uma desenvoltura e escatologia própria. Sua trama irreverente sabe surpreender o espectador, causar boas risadas, chocar e até trazer dramas pessoais para o herói. As inúmeras referências divertem e entretêm, são temas de piadas e não poupam ninguém, nem mesmo o próprio Reynolds. Vários momentos remetem aos quadrinhos, temos ótimas e surpreendentes participações especiais e um vilão inesperado e finalmente é representado da maneira correta. Seu CGI deixa um pouco a desejar, mas vai causar arrepios nos fãs de quadrinhos (Causou em mim!) Acho que Ryan Reynolds encontrou seu papel definitivo na cultura pop.

Obs. Têm uma cena após os créditos iniciais. E ela é ótima.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Logan (2017)

Em 2029, Logan (Hugh Jackman) ganha a vida como chofer de limousine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina Laura Kinney / X-23, sob a guarda de Gabriela.

128 min – 2017 – EUA

Dirigido por James Mangold, roteirizado por Michael Green, Scott Frank. Com Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Elizabeth Rodriguez, Eriq La Salle.

“Joey, năo há vida com um assassinato. Não há volta de um. Certo ou errado, é uma marca. Uma marca que fica. Não há como voltar.” Assim diz Shane no final do ótimo “Os Brutos também amam” demonstrando que por mais que um homem queira se esquecer de seu passado e das coisas ruins que ele fez, o fato é, que não há como fugir. Essa citação presente em “Logan” ilustra bem a situação em que encontramos o protagonista. Que, assim como Shane, é um homem que em seu passado fez coisas ruins e agora busca uma vida normal, não quer lembrar de seus feitos mas acaba atormentado por eles. E no fim a “marca” é mais forte, a vida de violência o alcança e tudo termina com o que tanto tentou evitar. Não foi atoa que James Mangold escolheu essa alegoria para o ótimo “Logan”.

Wolverine está velho e doente. Debilitado fisicamente, tosse o tempo inteiro, manca, é um homem fragilizado que busca na bebida um conforto e uma arma para esquecer quem ele foi. Estamos no ano de 2029, Logan (Hugh Jackman) é um chofer de limousine e se esforça para cuidar do nonagenário e descontrolado Charles Xavier (Patrick Stewart). Até que é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez) e então a garota Laura Kinney (Dafne Keen) entra em sua vida. Sem querer se envolver em mais violência mas querendo proteger a menina do mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), Logan acaba voltando a “ativa”.

Jackman faz um ótimo trabalho, pela primeira vez vemos um Wolverine esgotado emocionalmente, os olhos sempre vermelhos e as mãos sempre trêmulas. É comovente ver a emoção tomar conta do personagem a ponto de não conseguir dizer “É um bom lugar… Perto da água…” para depois se descontrolar em um surto de raiva/emoção. Stewart nos apresenta muito bem um Xavier “caduco” um homem arrependido que não parece o forte professor Xavier de outrora. E fechando a trinca de protagonistas temos a impressionante Dafne Keen interpretando a ameaçadora Laura, sempre intensa, agressiva quando precisa ser e perigosa. Laura, a X-23, de fato parece capaz de todas as proezas que executa no filme, chegando a decapitar cabeças. Em determinado momento, demonstrando a badass que é, leva um tiro e retira a bala do próprio braço com a boca para na sequência cuspi-la no chão. Ela literalmente “bota” mais medo que nosso querido carcaju. Os três formam uma família, e isso é muito interessante. Nos quadrinhos os mutantes sempre foram retratados dessa maneira. X-men é aceitação, é superação,  é família. Logan e Xavier são dois homens que juntos passaram por muitas coisas, agora em um mundo sem mutantes (e sem os X-men) tudo o que têm são um ao outro. Eles se amam, e cada um à sua maneira cuida um do outro. Charles percebe em Laura uma possibilidade de redenção para Logan, que inicialmente apenas vê na garota a ameaça de voltar para uma vida de violência. Aos poucos, e de forma bem trabalhada eles acabam avô, pai e filha, com direito a uma linda cena em um jantar que emociona e comove.

É um longa violento. Muitos palavrões, pernas, braços e cabeças cortadas. Mas nada de forma gratuita, não têm apenas a finalidade de agradar os fãs. O objetivo aqui é mostrar o perigo e o porque do complexo de Logan com as atitudes de toda uma vida, assassinos como Laura e Wolverine deixam rastros e precisamos ver os resultados de suas ações para fortalecer o impacto daquele “estilo de vida”. Não considero “Logan” um filme de super-herói. É a história de um homem, sua família, sua redenção e um recomeço. Nas falas do próprio protagonista: “Não seja aquilo, que eles fizeram de você!” Para mim a obra é um Western, acompanhamos o peso e a consequência de uma longa vida de violência, perdas e derrotas. Tudo isso se confirma em falas como “Um homem não pode fugir do que ele é”, “Coisas ruins acontecem com as pessoas que eu me importo” e em um dos melhores diálogos do filme entre Logan e Laura:

  • Eu machuco pessoas.
  • Eu também machuco pessoas.
  • Você têm que aprender a viver com isso.
  • Mas eram pessoas ruins.
  • É tudo igual.          

Como Will Munny disse no ótimo “Os Imperdoáveis”, que certamente é uma das influências de Mangold, “É uma coisa horrível matar um homem. Você tira tudo o que ele têm… e tudo que ele um dia poderia ter.”

Fechando a alegoria, e o longa, Laura diz “Não temos mais armas no vale!”, encerrando a trajetória de Wolverine. “Logan” é uma obra que respeita os filmes anteriores do personagem e da franquia x-men, evoca nostalgia ao lembrar os acontecimentos do primeiro filme na estátua da liberdade e quando o protagonista mais uma vez defende um grupo de crianças. Emociona em vários momentos, confesso que em mais de uma ocasião me colocou lágrimas nos olhos, no fim com apenas um “X” faz seu coração pular um batimento e nada mais justo do que encerrar com “The Man Comes Around” do “fodástico” Johnny Cash. Nem o vacilo do roteiro de Michael Green e Scott Frank que em alguns momentos traz informações importantes de forma muito expositiva, tira a glória dessa obra que após dezessete anos encerra com chave de ouro o Wolverine de Hugh Jackman.     

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.

Nota do Sunça:


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Sunça no cinema – X-Men: Apocalipse (2016)

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En Sabah Nur, o Apocalipse, (Oscar Isaac) é considerado por muitos como o mutante original. Após milhares da anos adormecido, ele retorna disposto a garantir sua supremacia e acabar com a humanidade e seu mundo corrompido. Ele seleciona quatro Cavaleiros, Magneto (Michael Fassbender), Psylocke (Olivia Munn), Anjo (Ben Hardy) e Tempestade (Alexandra Shipp). Do outro lado, o professor Charles Xavier (James McAvoy) conta com uma série de novos alunos, Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan) e Noturno (Kodi Smit-McPhee), além de caras conhecidas como Mística (Jennifer Lawrence), Fera (Nicholas Hoult) e Mercúrio (Evan Peters), para tentar impedir o vilão.

144min – 2016 – EUA

Dirigido por Bryan Singer, roteirizado por Bryan Singer , Dan Harris , Michael Dougherty , Simon Kinberg. Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Oscar Isaac, Sophie Turner, Nicholas Hoult, Rose Byrne, Olivia Munn, Evan Peters, Alexandra Shipp, Hugh Jackman, Ben Hardy, Tye Sheridan, Lana Condor, Kodi Smit-McPhee, Lucas Till, Monique Ganderton, Josh Helman, Tomas Lemarquis e Anthony Konechny.

 

X-Men: Apocalise é o sexto filme dos mutantes no cinema, isso, se não levarmos em consideração os dois filmes (fracos) do Wolverine e o ótimo filme do Deadpool. Nesse sexto filme o objetivo é tentar corrigir a linha do tempo desconexa dos longas anteriores e apresentar uma nova equipe para as próximas aventuras. Um grande desafio para Bryan Singer.

Começamos a 3.600 anos no passado, com a apresentação do Apocalipse e seus cavaleiros. Ali já percebemos sua força e sua presença messiânica, é um personagem poderoso, bem explorado e uma grande ameaça. Seu visual incomoda em alguns momentos mas é um ótimo trabalho de Oscar Isaac. Na sequência Scott Summers, o Ciclope (Tye Sheridan), é apresentado. O personagem mal aproveitado nos três primeiros filmes aqui é bem mais interessante, tem sua personalidade bem construída e entendemos bem como ele encara tudo o que está acontecendo com ele. Jean Grey também ganha sua devida importância e desde o início a vemos com um grande poder e também como uma grande ameaça. É bem desenvolvida na trama e a Sophie Turner faz um bom trabalho. Noturno (Kodi Smit-McPhee) tem uma boa construção mas ganha menos importância na trama e até menos tempo de tela. Ainda assim é bem apresentado e seus poderes bem explorados nas sequências de ação. A nova equipe promete e deixa a esperança de boas aventuras no futuro. O filme dedica muito de seu tempo para as sequências de ação, que são cada vez mais grandiosas e exageradas, e dedica menos tempo para a relação entre seus personagens e seus conflitos e isso é um erro. Quando vemos aqueles adolescentes interagindo, entrando em conflito, conhecendo seus poderes uns aos outros e a si mesmos, é a melhor parte do filme. Lutar por seu lugar no mundo, buscar por aceitação e a cumplicidade entre os mutantes é X-men. O filme podia e deveria ter dedicado mais tempo no desenvolvimento dos personagens e dado menos prioridade para a ação.

No longa En Sabah Nur, o Apocalipse, retorna depois de anos adormecido. Ele condena a humanidade, seus lideres e o mundo corrompido que foi construído. Considerado por muitos como o mutante original o vilão forte e poderoso seleciona quatro cavaleiros e utiliza seus poderes para fortalecer suas habilidades. Junto com seus cavaleiros ele pretende destruir o mundo e a partir de suas cinzas construir um novo e melhor, onde apenas os fortes vão sobreviver. Do outro lado, o professor Charles Xavier (James McAvoy) conta com seus novos  alunos, Jean Grey, Ciclope e Noturno, além de personagens já conhecidos como a Mística (Jennifer Lawrence), Fera (Nicholas Hoult) e Mercúrio (Evan Peters), para tentar impedir o vilão.

Os quatro cavaleiros tem um visual interessante, no início Magneto está aposentado em paz com a humanidade e consigo mesmo. Porém, mais uma vez, os humanos lhe tiram sua esperança e oportunidade de uma vida pacífica. Michael Fassbender novamente entrega uma performance poderosa, é fácil entender seus traumas, suas motivações e suas atitudes. Magneto além de ser o cavaleiro mais poderoso tem um importante papel na trama. Psylocke (Olivia Munn) está com o visual idêntico dos quadrinhos e se mostra uma vilã forte e temivel. Anjo (Ben Hardy) um personagem mal aproveitado no terceiro longa da franquia têm uma participação melhor e algumas boas cenas de lutas. A Tempestade está muito bem. A personagem é construída de forma descente e satisfatória, suas motivações são claras ela é poderosa e um visual impressionante. Um bom trabalho de Alexandra Shipp. Fera (Nicholas Hoult) e Mercúrio (Evan Peters) estão bem no filme, e sim, Mercúrio continua extremamente overpower. A Mística também tem grande importância na trama, Jennifer Lawrence repete suas boas atuações anteriores. A crítica aqui fica para o pouco tempo de tela em que de fato a vemos em sua forma azul. Certamente para ganhar público com a fama de Lawrence ela aparece quase que em todo o filme de “cara limpa”. Charles Xavier (James McAvoy) é um bom antagonista para Apocalipse, já que ele nunca perde a esperança nas pessoas e na humanidade. Como sempre têm uma boa performance e é um bom líder e professor para esses jovens mutantes.

X-Men: Apocalise é repleto de referências aos filmes anteriores. Falas, trajes e equipamentos retirados do primeiro filme, ligações diretas com o X-Men: First Class e menções aos demais filmes têm o objetivo de religar, reunir e recriar a confusa cronologia criada pela FOX. Até é bem sucedido em ligar vários pontos, recriar e arrumar a trama daqui para a frente, mas para isso continua (sabiamente) ignorando algumas decisões e acontecimentos anteriores. Temos a participação de vários mutantes, uma delas em especial chama a atenção e é um dos momentos mais empolgantes do personagem no cinema. É um filme bem construído, um pouco mais violento que os demais e que impressiona ao trabalhar bem seus inúmeros personagens. Incomoda por se importar mais com as cenas de ação/destruição em detrimento de desenvolver melhor seus personagens e o roteiro em si. Em alguns momentos os efeitos especiais se mostram falhos e incomodam. O sexto de uma franquia repleta de altos e baixos que agora “sacode a poeira” e aponta uma direção para seguir. Só espero que percam a necessidade de a cada filme ter uma destruição cada vez maior, imensa e monumental.         

Obs. Na cabine de imprensa foi exibida uma cena pós-créditos.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Deadpool (2016)

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A história de origem do ex-oficial das Forças Especiais transformado em mercenário Wade Wilson, que depois de se submeter a um experimento para ganhar fator de cura, adota o nome de Deadpool. Armado com as suas novas habilidades e um senso de humor negro, Deadpool vai caçar o homem que quase destruiu a sua vida.

108min – 2016 – EUA

Dirigido por Tim Miller e roteirizado por Paul Wernick e Rhett Reese. Com: Ryan Reynolds, , Morena Baccarin, T.J. Miller, Ed Skrein, Gina Carano e André Tricoteux.

Deadpool é o que espera de um filme de um personagem tão controverso. Desde sua criação o anti-herói causa polêmica e confusão. Como fã de quadrinhos estou familiarizado com suas características. E quem acompanha a área, certamente, já testemunhou uma de suas divertidas aparições em produções de outros personagens, como por exemplo, a atual série animada do teioso (Ultimate Spiderman).

O filme é uma zoeira do início ao fim, Tim Miller equilibra bem comédia, violência e momentos emotivos. Os créditos iniciais já deixam claro a zombaria que estamos prestes a assistir, neles a própria equipe do filme é alvo de piadas. É um ótimo plano estático no meio de uma cena de ação. É a famosa cena teste que vazou na Internet em 2014. (Cena que devido a seu sucesso deu origem ao filme.) O longa opta por uma construção não linear, temos flashbacks narrados por Deadpool, e é assim que vamos conhecendo o personagem e sua origem.

Assim como nas hqs ao longo do filme temos piadas pesadas, interação com o público, quebra da quarta barreira (Com direito até a quebra da quarta barreira ao quadrado), palavrões, violência, sangue, nudez e sexo. O sexo inclusive é utilizado para construir uma interessante sequência que demonstra a passagem do tempo. É muito divertida a forma como o longa brinca com os outros filmes de herói e até mesmo com o seu estúdio. Cornetas com a cronologia dos filmes dos X-men, piadas com a falta de verba da FOX para adquirir mais personagens, referências ao Deadpool do filme Wolverine Origins, uma alfinetada no Lanterna Verde de Reynolds, um plano detalhe de um relógio da Hora da Aventura e muitas outras referencias a cultura pop e aos anos oitenta permeiam todo o filme.

Wade wilson (Ryan Reynolds) é um ex soldado das forças especiais que trabalha como um mercenário. Ele conhece a prostituta Vanessa (Morena Baccarin) e o casal desenvolve um relacionamento. Tudo ia muito bem ate Wade ser diagnosticado com um câncer terminal. Ele então, aceita participar de um experimento que promete curar seu câncer e também desenvolver habilidades especiais. Ele é enganado e então parte para uma sanguinolenta vingança contra o homem que destruiu sua vida.

Apesar de ser uma história de origem e seguir a estrutura de filmes de herói o Deadpool consegue brincar com isso e deixar a experiência interessante e original. Em determinado momento o protagonista nos diz que estamos em uma historia de amor e de fato o longa assume essa estrutura, quando ele nos diz que estamos em uma história de horror a estrutura passa a ser de um filme de terror.  E sempre que começamos a acreditar que Wade Wilson é um super herói, ele instantaneamente faz questão de nos confirmar o contrário.

Coadjuvantes interessantes, Colossus é um show a parte, apesar de ser um dos motivos de piada do filme, vilões interessantes e um par romântico que funciona na personalidade bizarra do casal. Uma história de super-herói dentro dos padrões clássicos, mas que não cansa e nem parece desgastado. Em sua sequência final o filme utiliza muitos clichês de filmes de herói mas não compromete sua investida bem sucedida. A montagem do filme, a empatia com o protagonista e narrador do filme, o humor, o deboche e as constantes interações do personagem com o público e com a câmera (Sim ele move a câmera) são pontos fortes e ajudam o longa a cumprir seu objetivo.

Obs. Têm uma ótima cena pós-créditos. Não é importante para a história, mas recomendo ficar até o final.

Nota do Sunça:

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