Sunça no Cinema – WiFi Ralph: Quebrando a internet (2018)

Em WiFi Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, Ralph, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos “cidadãos da Internet” e de Yess, a alma por trás do “Buzzztube”, um famoso website que dita tendências.

112 min – 2018 – EUA

Dirigido por Rich Moore, Phil Johnston. Roteirizado por Phil Johnston, Pamela Ribon. Com John C. Reilly, Sarah Silverman, Gal Gadot, Taraji P. Henson, Jack Mcbryer, Jane Lynch, Alan Tudyk, Alfred Molina, Ed O’Neill, Bill Hader, John DiMaggio, Irene Bedard, Kristen Bell, Jodi Benson, Auli’i Cravalho, Jennifer Hale, Kate Higgins, Linda Larkin, Kelly Macdonald, Idina Menzel, Mandy Moore, Paige O’Hara, Pamela Ribon, Anika Noni Rose, Ming-Na Wen, Roger Craig Smith.

“WiFI Ralph: Quebrando a internet” chegou aos cinemas em 2018, cinco anos após o ótimo “Detona Ralph”. O primeiro longa da dupla Ralph (John C. Reilly) e a Vanellope (Sarah Silverman) retratou com inventividade e criatividade o mundo dos video-games. Em sua segunda empreitada os protagonistas deixam de lado os games e nos proporcionam uma imersão ao “mundo” da internet. Aqui está o ponto mais forte da obra que com criatividade consegue retratar o irretratável. Ver em tela de forma concreta  conceitos abstratos como motores de busca, redes sociais, spams, memes e leilões virtuais é cativante e divertido. É ainda mais interessante que os diretores Phil Johnston e Rich Moore, utilizem desse universo para discutir relações tóxicas. Tanto no mundo online, quanto no mundo real.

A trama é simples e segue uma estrutura de causa e consequência. O jogo da Vanellope estraga, e para salvá-lo Ralph e a garota adentram a web em busca de um novo volante para que o game “Sugar Rush” não seja desligado de vez. Quando encontram a peça um novo problema surge e eles têm que lidar com suas consequências e resolvê-lo. Outro fator que nos prende no longa, além das representações e metáforas para as estruturas, comportamentos e as menções às grandes marcas da internet, é o carisma dos protagonistas.  Assim seguimos até o final do segundo ato, a partir do qual adentramos em uma nova trama, que até então, apenas havia sido sugerida. Assistimos a um segundo filme, que discute relações tóxicas e qual a real função de uma amizade. Ambos momentos são interessantes e trazem reflexões importantes, mas a partir do terceiro ato o problema inicial já está resolvido e seguimos uma nova estrutura, que nos coloca novas discussões e um novo conflito. Esse segundo filme acaba em um clímax grandioso e exagerado. Uma resolução confusa, perdida e um pouco entediante. A sorte é que já estamos presos na trama pela inventividade e criatividade dos atos anteriores. 

O que impressiona mesmo é o design de produção que retrata a internet como uma megalópole. Os grandes site são arranha-céus, sistemas de busca são grandes bibliotecas e a Deep web um terreno abandonado e sombrio. As representações de spam, pop-out e adblock são ótimas gags visuais. Passamos pelo site da Disney. É um momento deslocado e alheio a trama, mas que tem uma sequência ótima de interação entre Vanellope e as princesas.  Uma desconstrução das princesas da Disney e uma nova caracterização tão interessante que merecia um filme próprio. A obra ainda traz uma crítica sutil aos comportamentos impulsivos, destrutivos e predatórios da web. Em um determinado momento Ralph entra em uma sala e a trilha sonora muda, ela já nos indica que estamos em um ambiente inóspito e sombrio. É a sessão de comentários, um lugar tóxico e que têm um efeito negativo sobre ele.   

“WiFI Ralph: Quebrando a internet” é divertido, inventivo e criativo. Traz novos conceitos, como o das princesas que não precisam ser salvas, e debates interessantes sobre amizade, relacionamentos tóxicos e comportamentos na internet.  

Obs. São duas cenas pós créditos, e ambas são imperdíveis.

Nota do Sunça:

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Sunça no Streaming – Wasp Network – Rede de Espiões – Netflix (2020)

Em Wasp Network: Rede de Espiões, durante a década de 1990, o governo de Cuba decidiu instalar um grupo de espiões em plena Flórida, no intuito de combater movimentos instalados no local, que buscavam desestabilizar o país com o objetivo de derrubar Fidel Castro.

133 min – 2020 – EUA

Dirigido por Olivier Assayas. Roteirizado por Olivier Assayas, Fernando Morais. Com Moura, Penélope Cruz, Edgar Ramírez, Gael García Bernal, Ana de Armas, Harlys Becerra, Julia Flynn, Gisela Chipe, Brannon Cross, Michael Vitovich, Steve Howard.

“Wasp Network: Rede de Espiões” novo longa da Netflix promete contar a história de uma ação do governo cubano para instalar um grupo de espiões na Flórida. O objetivo dos agentes era se infiltrar em movimentos que buscavam derrubar Fidel Castro. De fato, aqui existe uma boa história a ser contada. Porém, com uma trama muito fragmentada e sequências que não trabalham em conjunto para avançar a narrativa. A produção parece perdida e nunca decide qual é a história que vamos presenciar. É um elenco estrelado, que na medida do possível, apresenta bons trabalhos. A sensação que fica é de desperdício. O longa tem uma boa premissa e um bom elenco, mas não consegue nos apresentar uma experiência narrativa satisfatória. 

O diretor Olivier Assayas apresenta um filme sobre uma rede de espionagem sem espiões. Assayas opta por nos esconder a identidade dos agentes durante o primeiro ato da produção. Inicialmente acompanhamos um drama de desertores do governo de Fidel. Percebemos o impacto das ações de René González (Edgar Ramírez) em sua família e como sua esposa Olga Salanueva (Penélope Cruz) lida com a situação. Ao mesmo tempo acompanhamos o relacionamento de Juan Pablo Roque (Wagner Moura) e Ana margarita martinez (Ana de Armas). Em um segundo momento, a obra resolve nos revelar a rede de espionagem que lhe rendeu seu nome. Através de diálogos expositivos, letreiros e narração em off. Narração, que surge de repente, se repete mais uma vez em outra sequência e desaparece. Também some da trama os personagens de Wagner Moura e Ana de Armas. O arco do casal de nada acrescenta à narrativa que o longa tenta contar.  E é dessa forma rasa que é exposta todas as informações e tramas sobre a espionagem do filme. 

A narrativa retalhada é um dos fatores que atrapalham a experiência proporcionada. Mas não é a única. Diálogos artificiais deixam sequências truncadas e prejudicam os arcos dramáticos de determinados personagens. Como ponto positivo temos o elenco. Wagner Moura consegue roubar a cena em alguns momentos e Penélope Cruz apresenta uma ótima performance conseguindo demonstrar as fragilidades e a força de Olga. Uma personagem desperdiçada. Mulher forte que passa por dificuldades terríveis. São dois momentos de luta e superação em situações inversas mas que se repetem. 

O roteiro adota um tom neutro quanto ao seu posicionamento político. Mas o impacto disso na narrativa é uma falta de profundidade ao tema. Pela obra não é possível se ter uma noção histórica boa dos acontecimentos. E toda a história se passa na crise de Cuba durante a década de noventa, apresentando Fidel Castro, suas políticas e o relacionamento com os EUA de Bill Clinton. O que, sem uma base histórica forte se mostrou inviável. “Wasp Network – Rede de Espiões” é um filme fragmentado, com personagens em excesso, perdido em seu estilo narrativo e sem aprofundamento histórico.

Nota do Sunça:

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Sunça no cinema – Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016)

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O mundo pacífico de Azeroth está à beira de uma guerra enquanto sua civilização enfrenta uma raça temível de invasores: guerreiros Orcs fugindo de sua casa moribunda para colonizar um novo lugar. Enquanto um portal se abre para conectar os dois mundos, um exército enfrenta destruição e o outro enfrenta a extinção. De lados opostos, dois heróis são colocados em um caminho de colisão que irá decidir o destino de suas famílias, seu povo e seu lar. Então, uma saga espetacular de poder e sacrifício começa, onde a guerra tem muitas faces, e todos lutam por algo.

  123 min – 2016 – EUA

Dirigido por Duncan Jones, roteirizado por Charles Leavitt , Chris Metzen , Duncan Jones. Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Toby Kebbell, Robert Kazinsky, Dominic Cooper, Ben Foster, Ruth Negga, Clancy Brown, Daniel Cudmore, Ben Schnetzer, Callum Keith Rennie, Terry Notary, Ryan Robbins, Daniel Wu.

Já em sua primeira cena Warcraft impressiona. Em um close do orc Durotan (Toby Kebbell) percebemos a qualidade dos efeitos que vamos encontrar. Além de seu bom design podemos ver a textura da pele, seus poros, pelos, cicatrizes e ossos. E isso é importante, os efeitos juntos com a nova tecnologia de captura de movimentos nos permite criar uma empatia com os orcs. Como no filme você entende bem o lado dos humanos e o o dos orcs, a escolha é sua se você se alia a Horda ou a Aliança. Heróis e vilões, o bem e o mal, o certo e o errado, estão presentes nos dois lados da batalha. Nunca joguei os jogos de Warcraft, nem sou um grande conhecedor de seus livros e quadrinhos. Mas a franquia possui um universo rico e diverso, logo, Duncan Jones teve bastante material no qual se basear e, ao que me parece, conseguiu respeitar a essência desse mundo.

Acompanhamos o início da inimizade entre humanos e orcs. Gul’dan (Daniel Wu) um mago sedento de poder utiliza magia para abrir um portal no moribundo mundo dos orcs, Draenor. Durotan se une a centenas na invasão de Azeroth, o mundo dos humanos. Ele é defendido pelo cavaleiro Lothar (Travis Fimmel), seu rei Llane Wrynn (Dominic Cooper), o mago Medivh (Ben Foster) e o mago aprendiz Khadgar (Ben Schnetzer). Em meio a tudo isso temos a mestiça Garona (Paula Patton). Tudo isso é apresentado rápido demais. A invasão dos orcs a Azeroth acontece nos momentos iniciais do filme e a partir daí acompanhamos uma sequência de situações diversas. Conceitos como “Fel”, “Guardião”, a fonte mágica de Karazhan, a cidade flutuante Dalaran dentre outros  cenários e personagens são jogados no público. É claro que o jogador do game deve estar habituado a tudo isso, porém ambos os universos, seus cenários e seus habitantes poderiam e deveriam ter sido melhor explorados. Como não são, não existe uma ligação afetiva forte e com isso o grande público pode simplesmente não se importar com os problemas que surgem ao longo da trama.

Os efeitos e a captura de performance deixam os orcs atrativos e interessantes. E sua estrutura social, seu código de honra e o fato de estarem lidando com poderes que não entendem completamente deixam suas motivações interessantes e os tiram do papel de apenas vilões. O outro lado da batalha porém não têm um visual que encanta e sua performance é comum e, em alguns casos, automática. A motivação humana é basicamente impedir que os invasores conquistem seu mundo. Já as batalhas são realizadas de maneira competente, são bem coreografadas e temos uma boa noção geográfica do que está acontecendo. As lutas entre os orcs são brutais, e quando enfrentam os residentes de Azeroth no climax do filme esmagam cabeças humanas e os quebram no meio.

É clara a intenção de criar uma franquia, sendo assim deixam ganchos para uma possível sequência. Em Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos o que falta é um caminho a ser percorrido, falta a oportunidade para seus personagens crescerem e se transformarem. O filme deve agradar aos fãs do jogo, mas sua tentativa de agradar também um público mais abrangente pode não ser bem sucedida.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós créditos

Nota do Sunça:

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