Sunça no Cinema – Top Gun – Ases Indomáveis (1986)

Em Top Gun – Ases Indomáveis, Pete Mitchell (Tom Cruise), um jovem piloto, ingressa na Academia Aérea para se tornar piloto de caça. Lá, ele se envolve com Charlotte Blackwood (Kelly McGillis), uma bela mulher, e enfrenta um competidor à sua altura (Val Kilmer).

110 min – 1986 – EUA

Dirigido por Tony Scott. Roteirizado por Jim Cash, Jack Epps Jr. (baseado em artigo de Ehud Yonay). Com Tom Cruise, Kelly McGillis, Val Kilmer, Anthony Edwards, Tom Skerritt, Michael Ironside, John Stockwell, Tim Robbins, Whip Hubley, Meg Ryan.

Quinze de julho “Top Gun: Ases Indomáveis” chegou ao acervo da Netflix. O longa é uma das mais influentes e celebradas produções dos anos oitenta.  Engraçado pensar que cresci assistindo, nas “tardes de cinema”, esse filme que chegou às telonas em 1986, o mesmo ano em que eu nasci. Trinta e três anos se passaram e chegamos a 2020. Ano em que temos trailer e a estreia marcada, vinte e cinco de dezembro, para a tão aguardada continuação “Top Gun: Maverick”. Dessa maneira se tornou obrigatório reassistir e escrever sobre “Top Gun”. Se é que eu precisava de alguma desculpa para isso. Depois de rever a produção, que transformou Tom Cruise em um astro, me pergunto: Será esse o motivo de todos os meus óculos escuros terem o modelo aviador? Aliás, o óculos de grau que uso neste momento é um modelo aviador.

O diretor Tony Scott apresenta sequências de ação bem filmadas e empolgantes. São manobras radicais de caças bem executadas. Em terra temos rixas e desavenças no vestiário masculino e um romance proibido entre aluno e instrutora. Efeitos sonoros de qualidade e uma trilha eficaz e inesquecível, pontuam a obra. Não foi atoa que “Take My Breath Away” da banda Berlin, ganhou o Oscar de melhor canção original. Junto a ela temos uma ótima seleção: “Danger Zone” de Kenny Loggins, Tom Cruise cantando “You’ve Lost that Lovin’ Feelin” e o que dizer de “Great Balls of Fire” de Jerry Lee Lewis, em um momento de união dos personagens. Creio que nem preciso mencionar aqui “Top Gun Anthem”. Está bem, preciso sim! Uma música instrumental com um solo de guitarra que balança o coração já no primeiro acorde. Completando todo esse cenário, a fotografia de  Jeffrey L. Kimball constantemente coloca em tela silhuetas ao pôr do sol alaranjado em praias, aeroportos e porta aviões. Sim, é brega. E é o brega bem feito.

Na trama acompanhamos Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) e seu parceiro Nick “Goose” Bradsaw (Anthony Edwards) que recebem uma chance de entrar na escola para pilotos de elite, projeto conhecido como “Top Gun”.  Na academia existe uma disputa interna, para ver quem vai atingir a melhor pontuação na formatura e ganhar o título de piloto “Top Gun”. Aí surge uma das mais famosas rivalidades do cinema, Maverick enfrenta Iceman (Val Kilmer) que é apontado como o melhor piloto da academia. Em meio a isso o protagonista se envolve romanticamente  com a instrutora  Charlotte Blackwood (Kelly McGillis). Um elenco famoso que ainda conta com uma pequena e boa participação de Meg Ryan como Carole Bradshaw, a esposa de Goose. 

O trabalho de atuação se resume a poses descoladas e sedução. São vários os diálogos e interações que não parecem naturais. As conversas entre Maverick e Iceman se resume a troca de frases de efeito em meio a vários sorrisos e uma aparentemente tensão sexual. Um exemplo da preocupação do longa com a sensualidade, é a famosa sequência de vôlei na praia. A cena pode até servir um propósito narrativo de mostrar os pilotos interagindo ou de evidenciar a rivalidade entre o protagonista e antagonista também fora da academia. Mas na prática parece uma manobra de roteiro para colocar jovens sarados, suados e sem camisa em mais uma demonstração de uma boa fotografia de Kimball. A cena acaba se mostrando necessária, apenas por nos apresentar um aperto de mão maneiro e descolado. O roteiro de Jim Cash e Jack Epps Jr. coloca Maverick como um piloto perigoso, um gênio imprevisível que pode colocar seus colegas em risco. Tenta relacionar isso a um drama pessoal. Seu pai, que também foi piloto, desapareceu durante uma missão. Mas esse trauma apenas aparece em cena quando necessário, não é desenvolvido a ponto de criarmos uma conexão com o personagem. Nem serve para impulsionar o arco narrativo de Maverick. Surge como uma muleta para ajudar a trama a caminhar adiante.

“Top Gun – Ases Indomáveis” têm como ponto forte as ótimas cenas de ação. Câmeras dentro e fora dos caças nos colocam no meio dos vôos e combates. A direção e  fotografia impressionam ainda hoje, trinta e três anos depois. São sequências de ação e suspense produzidas praticamente sem a ajuda de efeitos de computação gráfica. Sentimos a adrenalina e uma sensação de perigo real. Junte isso a um protagonista carismático, que permitiu Tom Cruise mostrar ao mundo que ele poderia carregar um filme. Uma trilha sonora inspirada e eficaz. Fechando com tretas de homens de cueca em vestiário masculino. É um sucesso. Brega, mas um brega bem feito.     

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018)

Obrigado a unir forças com o agente especial da CIA August Walker (Henry Cavill) para mais uma missão impossível, Ethan Hunt (Tom Cruise) se vê novamente cara a cara com Solomon Lane (Sean Harris) e preso numa teia que envolve velhos conhecidos movidos por interesses misteriosos e contatos de moral duvidosa. Atormentado por decisões do passado que retornam para assombrá-lo, Hunt precisa se resolver com seus sentimentos e impedir que uma catastrófica explosão ocorra, no que conta com a ajuda dos amigos de IMF.

167 min – 2018 – EUA

Dirigido por Christopher McQuarrie, roteirizado por Christopher McQuarrie. Com: Tom Cruise, Henry Cavill, Rebecca Ferguson, Simon Pegg, Ving Rhames, Sean Harris, Michelle Monaghan, Vanessa Kirby, Alec Baldwin e Angela Bassett.

Sou fã da série “Missão: Impossível”. Desde o primeiro longa de 1996, dirigido por Brian De Palma, Ethan Hunt e suas acrobacias para evitar o “impossível” me cativou. E agora, vinte e dois anos depois emplacando sua sexta aventura a franquia demonstra estar mais fresca do que nunca. É o episódio mais longo, duas horas e quarenta e sete minutos que passam voando, o primeiro a repetir um mesmo diretor, Christopher McQuarrie que também dirigiu o ótimo filme anterior “Missão: Impossível – Nação Secreta”. O diretor retorna e apresenta o melhor longa de toda a franquia. “Missão: Impossível – Efeito Fallout” é ágil, inteligente e habilidoso, aprofunda seus personagens e constrói sequências de ação brilhantes.

É uma pena que o gênero “filme de ação” seja menosprezado e/ou considerado por muitos “menor”. Neste longa temos um bom exemplo de que quando bem executado podemos presenciar algo genial. Nesta nova missão mercenários intitulados como Apóstolos têm um plano que envolve o Sindicato, apresentado no longa anterior, e uma carga de plutônio. Então o IMF têm que intervir para evitar uma destruição em massa e o caos. Basicamente Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe têm que evitar uma ameaça nuclear ao mesmo tempo em que impedem Solomon Lane (Sean Harris), vilão também apresentado no filme anterior, de fugir da prisão. E, é claro, tudo isso em meio a muitas reviravoltas e surpresas.

McQuarrie, que também assina o roteiro, comanda de forma exemplar as cenas de ação, são perseguições de carro, de moto, a pé e até de helicóptero. A misancene é bem planejada. Entendemos bem tudo o que acontece e não ficamos perdidos no espaço em que a ação ocorre. Nas cenas de luta é possível perceber o porquê da escolha de cada movimento dos personagens. Em seu roteiro, o diretor consegue resgatar elementos clássicos de toda a franquia, sempre de uma forma atual e dinâmica. A fotografia faz bem o seu trabalho e vêm acompanhada da trilha de Lorne Balfe que exalta a tensão e deixa ainda mais frenética a ação do filme.

Tom Cruise impressiona. Aos cinquenta e seis anos de idade ele parece não ter limites. Se nos episódios anteriores da franquia ele já escalou o prédio mais alto do mundo e se pendurou em um avião que decola e voa. Agora ele corre como louco saltando de prédios (Inclusive chegou a quebrar o tornozelo em uma dessas cenas), faz acrobacias pilotando carros e motos, aprendeu a pilotar helicóptero para protagonizar uma das melhores cenas do filme. A qual, inclusive, se inicia com o protagonista dependurado para o lado de fora. E o diretor Christopher McQuarrie sabe valorizar esse esforço. Os demais membros do elenco também estão bem, Ilsa Faust retorna com sua personagem Rebecca Ferguson é protagonista de várias sequências. Ela está longe de ser uma donzela em perigo é forte e toma suas próprias decisões. Benji Dunn de Simon Pegg retorna e além de alívio cômico consegue mostrar sua veia para ação. Henry Cavill cria um Walker imponente e poderoso.  Ving Rhames e Michelle Monaghan também estão de volta e muito bem em suas participações. A entrega do elenco é importante porque de fato acreditamos que eles são capazes de executar as proezas que presenciamos ao longo de toda a trama.

“Missão: Impossível – Efeito Fallout” é dinâmico, ágil e eficaz. Sabe surpreender, inovar ao mesmo tempo que faz homenagens os episódios anteriores. É um filmaço.

Obs. Assisti ao filme em uma sessão de IMAX 3D. O 3D não é imprescindível, mas recomendo fortemente que assistam ao longa na maior tela possível.  O IMAX vale a pena.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – A Múmia (2017)

Na Mesopotâmia, séculos atrás, Ahmanet (Sofia Boutella) tem seus planos interrompidos justamente quando está prestes a invocar Set, o deus da morte, de forma que juntos possam governar o mundo.  Mumificada, ela é aprisionada dentro de uma tumba. Nos dias atuais, o local é descoberto por acidente por Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson), saqueadores de artefatos antigos que estavam na região em busca de raridades. Ao lado da pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), eles investigam a tumba recém-descoberta e, acidentalmente, despertam Ahmanet. Ela logo elege Nick como seu escolhido e, a partir de então, busca a adaga de Set para que possa invocá-lo no corpo do saqueador.

111 min – 2017 – EUA

Dirigido por Alex Kurtzman, roteirizado por David Koepp, Christopher McQuarrie. Com Tom Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Russel Crowe, Jake Johnson, Courtney B Vance, Marwan Kenzari e Stephen Thompson.

Texto originalmente publicado no site Cinema e Cerveja.

Quando jovem, tive a oportunidade de conhecer os monstros da Universal. Me lembro de assistir o Drácula, vivido por Bela Lugosi, o monstro de Frankenstein imortalizado por Boris Karloff, o lobisomem de Lon Chaney Jr e a múmia (Onde Imhotep também foi interpretado por Karloff). Depois de mais velho revi alguns, gosto bastante de vários deles. “A Noiva de Frankenstein” por exemplo acho bem divertido. Recentemente, em 1999, tivemos o início da trilogia da múmia estrelada por Brendan Fraser. A série contou com dois bons filmes iniciais e um terceiro ruim. Agora a Universal inspirada pelo “Universo Cinematográfico da Marvel” resolver fazer seu “Dark Universe” e traz Tom Cruise estrelando um novo longa sobre a Múmia.

“A Múmia” é um filme de ação. Não espere terror ou suspense. A tensão e expectativa, normalmente criada por elementos que não aparecem na tela, não existe. O monstro título e as demais criaturas aparecem em cena o tempo inteiro. A excessiva exposição não para por aí, a trama também é toda explicada de forma bem didática. Na sequência inicial Henry Jekyll (Russel Crowe) narra todo a história de Ahmanet (Sofia Boutella) enquanto acompanhamos um flashback. O que me parece estranho, uma vez que mais adiante na trama acompanhamos as visões de Nick Morton (Tom Cruise) as quais são basicamente o que seguimos na descrição inicial. O objetivo é claro, agradar um grande público e criar uma franquia com um universo compartilhado. Repaginar os saudosos monstros da universal e trazê-los para a atualidade.  

No ano de 1127 D.C. Ahmanet (Sofia Boutella) é interrompida quando está prestes a invocar Set, o deus da morte. Ela é mumificada e aprisionada em uma tumba. No presente,  Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson), que são saqueadores de artefatos antigos, estão no Iraque e encontram o túmulo. Juntos com a pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), eles investigam descoberta e, acidentalmente, despertam Ahmanet. Por coincidência, e vontade do roteiro, uma outra tumba, que contém um importante artefato, é encontrada na Inglaterra.  Ahmanet deseja finalizar o ritual que iniciou séculos atrás e elege Nick como seu escolhido. O longa é uma colagem de cenas de ação, com várias coincidências e excesso de monstros. Os efeitos especiais são razoavelmente bons e utilizados ao extremo. Algumas sequências encantam e são muito bem executadas, como por exemplo a cena do acidente de avião.

“A Múmia” é uma tentativa de resgatar os monstros da Universal, que já foram grandes sucessos financeiros do estúdio. Os coloca no presente com um toque de realismo. A ideia é que os monstros “correm soltos” pelo mundo, tudo acontece “por debaixo dos panos” onde uma organização secreta acompanha e tenta controlar o mal. Não é um bom começo para o “Dark Universe”. É um longa de origem que tenta situar os espectadores no universo que pretendem criar, uma pena que se esqueça de situar os próprios personagens na trama. O roteiro é confuso e em diversos momentos parece se esquecer de seu monstro título, aliás, a múmia chega a ser um personagem coadjuvante. O filme é do Tom Cruise. Com a confirmação de Johnny Depp como Homem Invisível e Javier Bardem como o monstro de Frankenstein, além da já anunciada nova versão de “A Noiva de Frankenstein” fica a esperança de que a Universal consiga colocar seu universo nos eixos.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.

Nota do Sunça:


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