Sunça no Streaming – Raya e o Último Dragão – Disney Plus (2021)

Em Raya e o Último Dragão, Kumandra é um reino habitado por uma vasta e antiga civilização conhecida por ter passado gerações venerado os dragões, seus poderes e sua sabedoria. Porém, com as criaturas desaparecidas, a terra é tomada por uma força obscura. Quando uma guerreira chamada Raya, convencida de que a espécie não foi extinta, decide sair em busca do último dragão, sua aventura pode mudar o curso de todo o mundo.

114 min – 2021 – EUA

Dirigido por Don Hall e Carlos López Estrada. Roteirizado por Qui Nguyen e Adele Lim. Argumento de Paul Briggs, Don Hall, Adele Lim, Carlos López Estrada, Kiel Murray, Qui Nguyen, John Ripa, Dean Wellins. Com Kelly Marie Tran, Awkwafina, Izaac Wang, Gemma Chan, Daniel Dae Kim, Benedict Wong, Jona Xiao, Sandra Oh, Thalia, Lucille Soong, Alan Tudyk.

“Raya e o Último Dragão” chegou aos cinemas no dia quatro de março de 2021. No mesmo dia,  estreou também na plataforma de streaming Disney Plus, mediante um pagamento adicional. Apenas no dia vinte e três de março ficou disponível no catálogo sem custos adicionais. Esse planejamento de estreia demonstra uma nova forma da Disney de pensar seu conteúdo, uma inovação devido aos tempos de pandemia. As novidades permeiam por toda a obra, desde sua finalização durante os regimes de lockdown e em sistema de trabalho remoto. Até no visual caprichado e cuidadoso com os detalhes estéticos e narrativos. Temos diferentes tipos de animação utilizados em prol da narrativa e na criação do novo universo. Um discurso que condiz com nossos dias atuais e uma mensagem importante nos tempos em que estamos vivendo. 

A trama nos apresenta um passado remoto onde humanos e dragões coexistiam. Kumandra era um reino onde homens, mulheres e crianças de diferentes etnias viviam juntos em harmonia. Mas criaturas malignas conhecidas como Drunns surgem e passam a transformar seres vivos em pedras. Os dragões se sacrificam para salvar os humanos e aprisionar os Drunns. Tudo o que restou desse passado distante é uma relíquia “A Joia do Dragão”. Conhecemos então a jovem Raya (Com a voz original de Kelly Marie Tran) que vive em um mundo sem magia. Os humanos não conseguiram se entender e se separaram em cinco reinos. Todos nomeados a partir de partes do corpo do dragão, como por exemplo: Presa e Coluna. A protagonista é uma descendente do Reino Coração, onde está guardada a Joia do Dragão. Seu pai, o Chief Benja (Com a voz original de Daniel Dae Kim) reúne os cinco povos em uma tentativa de restaurar Kumandra.  Para isso a confiança entre os reinos é necessária, porém o que vemos é a ganância e a falta de empatia. O plano falha. A joia acaba quebrada em cinco partes e a ameaça dos Drunns é libertada e volta a transformar os seres vivos em pedra.  Seis anos se passam e Raya é uma guerreira solitária em um mundo apocalíptico, cabe a ela encontrar Sisu (Com a voz original de Awkwafina) a lendária última dragoa e salvar a humanidade.

O longa sabe bem os temas que deseja debater: egoísmo, desconfiança e a falta de empatia entre os povos. A união dos reinos e a confiança entre eles é importante. Só assim poderão se proteger e vencer esse mal etéreo que ameaça a existência. (Soa familiar não é?) Os problemas se iniciam em uma traição, uma cicatriz que a protagonista carrega consigo e que a faz acreditar que o sonho de seu pai, uma Kumandra unida novamente, é uma utopia. Raya busca Sisu e os pedaços da joia para salvar a humanidade, mas seu motivo principal para entrar nessa aventura é egoísta. É na jornada que passa pelos cinco reinos que sua crença na humanidade é resgatada. A jovem recebe e dá carinho e afeto por onde passa, formando um grupo inusitado que mostra a força da união e a empatia e semelhança entre os diferentes povos.

O Drunn é apresentado como um terrível mal, algo etéreo que paralisa através do medo. Não é aprofundado e nem me parece a intenção. Sua função é ajudar a narrativa a caminhar, o verdadeiro vilão é a indiferença e separação dos humanos. A antagonista retratada na personagem de Namaari (Com a voz original de Gemma Chan) é apenas alguém que tem uma vivência de mundo conflitante com a vivência de Raya. Uma personagem que tem peso e um arco narrativo interessante e bem construído. A protagonista é uma mulher independente e forte. Carrega consigo um trauma que gera uma interessante relação com Sisu. A dragoa representa a ingenuidade, é um ser puro que acredita no potencial dos humanos. É um longa de ação que flerta com tramas políticas e que não acredita no certo e no errado e sim na dualidade de causa e consequência.  

As sequências de ação são bem planejadas e executadas. São diferentes técnicas de animação que exalam qualidade e exaltam a diversidade dos personagens e contextos. As cores e a fotografia são lindas, trazem inspirações diretamente da Malásia e do Vietnã. O design dos personagens é cuidadoso ao retratar as diferentes etnias presentes na história. Todos esses elementos são importantes para criar o mundo em que estamos inseridos e cumprem muito bem essa função. Um cenário bem construído e bem apresentado. Porém são utilizados também para fortalecer a mensagem e o texto da obra. São ferramentas narrativas. “Raya e o Último Dragão” é uma animação que busca nas diferenças a solução dos problemas. Mostra a força da união e que a confiança e empatia podem ser o caminho para viver em harmonia.

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Sunça no Streaming – Relatos do Mundo – Netflix (2021)

Em Relatos do Mundo, no ano de 1870, o Capitão Jefferson Kyle Kidd, um viúvo que já lutou em duas guerras, viaja através do Texas oferecendo notícias do mundo para as pessoas, apesar dos jornais estarem se tornando cada vez mais acessíveis. Ele aceita uma proposta para levar uma menina de 10 anos, Johanna, até seus familiares. Criada pela tribo Kiowa, ela não conhece sua família e tem um comportamento hostil com as pessoas ao seu redor, mas acaba criando um vínculo com Kidd, forçando os dois a lidarem com as difíceis escolhas sobre o futuro.

118 min – 2021 – EUA

Dirigido por Paul Greengrass. Roteirizado por Paul Greengrass e Luke Davies (Baseado no livro de Paulette Jiles). Com Tom Hanks, Helena Zengel, Michael Covino, Fred Hechinger, Neil Sandilands, Thomas Francis Murphy, Mare Winningham, Elizabeth Marvel, Chukwudi Iwuji, Ray McKinnon, Bill Camp.

“Relatos do mundo” é o primeiro faroeste do diretor Paul Greengrass, o longa é baseado no livro de mesmo nome de Paulette Jiles. Paul foi o responsável pelos três últimos filmes, estrelados por Matt Damon, da saga Jason Bourne. O diretor se reencontra com Tom Hanks após terem trabalhado juntos em “Capitão Phillips”. A jovem Helena Zengel se une aos dois, e o trio apresenta uma obra bonita e emocionante. Trazendo à tona a diversidade entre os norte-americanos e os diferentes modos de pensar em uma desconstrução do western e da personalidade texana “padrão”. 

Acompanhamos o Capitão Jefferson Kyle Kidd (Tom Hanks) poucos anos após o fim da Guerra Civil, a trama se passa em 1870. Para os sulistas o clima de derrota ainda persiste. Não concordam com o pagamento das dívidas de guerra e têm muita dificuldade em aceitar a abolição da escravidão e o direito ao voto dos ex-escravos. É um ótimo contexto histórico que diz muito sobre as discordâncias ainda existentes na população dos Estados Unidos. Nas entrelinhas do longa encontramos importantes discussões: preconceito, racismo, xenofobia  e até mesmo fake news. O capitão é um dos derrotados na guerra, ele perdeu tudo e viaja de cidade em cidade lendo as notícias de jornais para os habitantes locais. Durante um de seus trajetos pelas perigosas estradas do velho oeste, ele encontra a pequena Johanna (Helena Zengel) que escapou de um assalto a diligência que a transportava. A menina viveu anos com o povo indigena Kiowa após ter sido sequestrada de sua família alemã. Sua família Kiowa é assassinada pelo exército americano e a garota estava sendo transportada para viver com seus tios. Kidd acaba aceitando a missão de levar Johana para sua nova casa. É essa jornada longa e perigosa de um sulista ex-combatente na guerra civil e uma garota alemã criada por indígenas que acompanhamos. 

A dupla protagonista é fascinante, Helena Zengel impressiona com uma atuação de impacto em uma difícil personagem. A garota de doze anos fala três línguas diferentes e passa por situações extremas em um papel que exige muito. Ao seu lado Tom Hanks demonstra sua já consagrada habilidade sabendo evocar muito bem o homem durão com traumas do passado que reencontra uma razão de viver. Porém, ele não é o cowboy clássico dos bangue-bangues, e sim alguém que é levado a tomar atitudes e ações dignas de um pistoleiro. Mesmo que a todo momento ele as tente evitar. Ambos têm de superar traumas, enfrentar as dificuldades do presente e encontrar seu lugar no mundo enquanto viajam pela linda fotografia de Dariusz Wolski. Durante a jornada temos algumas cenas pontuais de ação, impactantes e bem realizadas têm o objetivo de causar tensão e suspense. Mas todas elas também funcionam em prol da narrativa, seja deixando a dupla mais próxima, causando empatia em ambos ou mostrando mais a fundo como cada um daqueles personagens é.  

Em “Relatos do Mundo” encontramos um homem e uma garota que perderam seu lugar no mundo e suas histórias. Em meio a grandes empecilhos e dificuldades, conseguiram se reencontrar e almejar um futuro juntos contando histórias.

Nota do Sunça:

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Sunça no Streaming – Rebecca – A Mulher Inesquecível – Netflix (2020)

Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.

121 min – 2020 – EUA

Dirigido por Ben Wheatley e roteirizado por Jane Goldman, Joe Shrapnel, Anna Waterhouse (baseado em romance de Daphne Du Maurier). Com Lily James, Armie Hammer, Kristin Scott Thomas, Keeley Hawes, Ann Dowd, Sam Riley, Tom Goodman-Hill, Mark Lewis Jones, John Hollingworth, Bill Paterson, Ben Crompton, Jane Lapotaire e Ashleigh Reynolds.

“Rebecca – A Mulher Inesquecível” é a nova adaptação do romance de Daphne du Maurier. No cinema os livros da autora encontraram em Alfred Hitchcock o condutor ideal para suas tramas de suspense. Foram três: “A Estalagem Maldita”, “Rebecca” e “Os Pássaros”. Ao assistir a nova obra, é impossível evitar a comparação com o longa de estreia de Hitchcock e vencedor do Oscar de melhor filme daquele ano. A refilmagem apresenta uma ótima produção, são ambientações e cenários lindos. Um bom elenco e um grande cuidado com o visual do filme. Mas peca no suspense e na falta de profundidade da trama e seus personagens. É engraçado como o trabalho de Hitchcock, que em 2020 fez oitenta anos, parece muito mais atual e relevante do que essa nova produção da Netflix. 

Uma jovem humilde (Lily James) se casa com um rico nobre, Maxim de Winter (Armie Hammer) e se muda para sua mansão na costa da Inglaterra. A nova Senhora de Winter logo percebe que o fantasma da antiga esposa de Maxim, a falecida Rebecca, é presente na vida e na casa de seu marido.  Ela passa a viver às sombras da a misteriosa esposa e aos poucos descobre segredos sobre o passado. Enquanto a versão de Alfred Hitchcock aposta no suspense, mistério e talento de seu elenco. A versão de 2020 foca em um visual bonito, com um lindo design de produção e figurinos elaborados. O diretor Ben Wheatley tenta construir o suspense e mistério pela ambientação e atmosfera. Porém seus planos coloridos e iluminados não conseguem captar o clima de uma história opressiva e assustadora. Em uma Trama surpreendente como a de “Rebecca” a narrativa é falha em construir suas várias reviravoltas. Faltam elementos que ao longo da trama nos preparem para certos acontecimentos e atitudes dos personagens. Um bom exemplo é a virada final que não ganha tempo suficiente para ser desenvolvida, acontece de forma acelerada e desleixada.  

“Rebecca – A Mulher Inesquecível” flerta com o horror psicológico e passa superficialmente pelo suspense e mistério. Com um ritmo lento apresenta revelações importantes sem o devido destaque.  Falha na construção de um clima claustrofóbico e não dá o devido valor a seus personagens. Uma refilmagem que deixa a desejar.

Nota do Sunça:

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Sunça no Streaming – Resgate – Netflix (2020)

Em Resgate, Tyler Rake (Chris Hemsworth) um agente especial recebe a difícil missão de libertar um garoto indiano que é mantido refém na cidade de Dhaka. Apesar de estar preparado fisicamente, ele precisa lidar com crises de identidade e com seu emocional fragilizado por problemas do passado para que consiga designar sua tarefa da melhor maneira possível.

116 min – 2020 – EUA

Dirigido por Sam Hargrave. Roteiro por Joe Russo (baseado na HQ de Ande Parks, Joe Russo e Fernando León González). Com Chris Hemsworth, Rudhraksh Jaiswal, Randeep Hooda, Golshifteh Farahani, Pankaj Tripathi, Priyanshu Painyuli, David Harbour, Adam Bessa, Shataf Figar, Suraj Rikame, Neha Mahajan, Sam Hargrave.

“Resgate” faz parte da nova fase de filmes de ação iniciada por “John Wick: De Volta ao Jogo”. A ótima saga de John Wick foi dirigida por Chad Stahelski . No primeiro filme, Chad, contou com a co direção de David Leitch, que posteriormente dirigiu os ótimos “Atômica” e “Deadpool 2”. Chad Stahelski  e David Leitch trabalharam como dublês, e também como coordenadores de dublês, antes de assumir o cargo de direção. “Resgate” é o longa de estreia do diretor Sam Hargreave que antes atuou como dublê de Chris Evans em “Capitão América: Soldado Invernal” e que depois se tornou coordenador de dublês da Marvel. O que todos esses filmes têm em comum, são cenas de ação intensas, impactantes e com o mínimo de cortes possível. São momentos impressionantes. 

Nos filmes de ação o roteiro normalmente é uma história que amarra várias sequências de luta, perseguição e tiroteio. Funciona como um musical, onde a trama faz a ponte entre as várias apresentações. Apresentações que muitas vezes são pensadas antes. Depois o roteiro faz o trabalho de interligar o todo. Em “Resgate” um garoto foi sequestrado e o protagonista ex-militar precisa resgatá-lo. Essa é a justificativa para duas horas de tiros, perseguições insanas e bombas em Daca a capital de Bangladesh. É uma premissa comum e simples mas que funciona para o que a obra se propõe a fazer. O mercenário contratado é Tyler Rake (Chris Hemsworth) o garoto sequestrado é Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswall) ele é filho de um traficante e foi sequestrado por um rival de seu pai. O antagonista é conhecido como “Pablo Escobar” da cidade de Daca, Amir Asif (Priyanshu Painyuli). 

Sam Hargrave trabalha muito bem as sequências de ação, podemos sentir cada impacto, cada golpe e cada movimento. A violência é explícita. Tyler bate, luta, mata e apanha, apanha muito.  Hemsworth e a equipe de dublês estão de parabéns. Os dois planos sequência de perseguição seguidos que acontecem no final do primeiro ato, dão gosto de ver e impressionam. Com quase vinte minutos de duração eles te colocam no meio da ação, com uma ininterrupta perseguição que passa por carros, escadas, prédios, tiros socos e chutes. Com uma câmera moderna que lembra videogame, tudo é  filmado com o mínimo de cortes possível e pensado como um grande plano único. Tyler erra o caminho, bate em carros, derruba pessoas a ação é imperfeita e linda. 

Chris Hemsworth é um cara que se mostra cada vez mais talentoso. Já se provou na comédia com um ótimo timing de humor. Ele é o Thor, um super-herói. É bonito, carismático com cara de bom moço. (Sério, o cara é lindão!) E agora se prova como um brucutu. Ele está ótimo nas cenas de luta e tiroteio, a fisicalidade e brutalidade impressionam. O protagonista utiliza tudo e qualquer coisa que está ao seu redor como uma arma, mesas,copos e tijolos. Não me entenda errado, ele é muito bom com armas de fogo também, demonstra habilidade. Mas Tyler não precisa de uma pistola se tiver um ancinho por perto.   

O roteiro de Joe Russo, que é um dos diretores de “Capitão América: Soldado Invernal”, “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, é baseado na hq “Ciudad” escrita por ele mesmo, seu irmão Anthony Russo e Ande Parks. Nos momentos em que a ação para, temos um esboço de crítica social a respeito de crianças e adolescentes trabalhando em facções criminosas. Os “Goonies from hell”. Mas é uma crítica rasa que não se aprofunda no tema.

“Resgate” é o que se espera de um filme de ação. Uma obra que divirta, que empolgue e que acelere o coração. Tem um roteiro raso e frágil, mas o esmero em suas cenas e o cuidado com as sequências principais, eleva o nível da ação. Ao escrever e comentar na Rádio UFMG Educativa sobre John Wick me referi ao filme como : “Uma apresentação de balé brutal feita para os fãs de filme de ação”. E aqui temos mais uma exibição, um balé de coreografias violentas, brutais e viscerais. Um espetáculo perfeito de caos e confusão. 

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Rambo: Até o Fim (2019)

O tempo passou para Rambo (Sylvester Stallone), agora ele vive recluso e trabalha em um rancho que fica na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Sua vida antiga marcada por lutas violentas, mas quase sempre vitoriosas, ficou no passado. No entanto, quando a filha de um amigo é sequestrada, Rambo não consegue controlar seu ímpeto por justiça e resolve enfrentar um dos mais perigosos cartéis do México. 

100 min – 2019 – EUA

Dirigido por Adrian Grunberg, roteirizado por  Matthew Cirulnick e Sylvester Stallone. Com Sylvester Stallone, Adriana Barraza, Yvette Monreal, Paz Vega, Fenessa Pineda, Óscar Jaenada e Sergio Peris-Mencheta.

Trinta e sete anos atrás chegou às telas “Rambo: Programado para Matar”, no original “First Blood”. A franquia teve mais três episódios, “Rambo 2: A Missão”, “Rambo 3” e “Rambo 4”. Hoje chega aos cinemas o quinto e último filme da série “Rambo: Até o Fim”, no original “Last Blood”. É triste perceber que o personagem chega em 2019 descaracterizado e desatualizado. Ainda que apresente bons momentos, a impressão final é a de que assistimos a um filme de ação genérico e sanguinário. Apenas Sylvester Stallone a as ideias de um ex combatente atormentado e um exército de um homem só, fazem a ligação de que esse protagonista é de fato John Rambo.  

A obra dedica seus dois primeiros atos a um drama. Uma tentativa de estabelecer relações e vínculos que justifiquem toda a trama e a violência que vamos presenciar. O roteiro de Matthew Cirulnick e do próprio Stallone, coloca o veterano de guerra “aposentado” no rancho de sua família. Ali, em um lugarejo do Arizona, Rambo vive na companhia de duas pessoas, Maria (Adriana Barraza) e sua neta Gabrielle (Yvette Monreal). Elas são o mais próximo que ele já chegou de ter uma família. Infelizmente eles acabam se envolvendo com uma quadrilha mexicana que obriga John a sair da “aposentadoria”. Após os dois primeiros atos que, através de diálogos expositivos, buscam demonstrar os vínculos dos personagens e criar empatia do espectador com as novas “mãe” e “filha” do protagonista. Chegamos as cenas de ação que se concentram, em sua maioria, no último ato. Sequências repletas de violência gore, com muitos desmembramentos e vísceras. Tudo mostrado e evidenciado sem pudor.

O que move a trama é a vingança. E o que incomoda, é o atraso conceitual que coloca personagens femininas sofrendo abusos físicos e sexuais como catalisador da história. Mais uma vez um homem forte e implacável vinga abusos sofridos por mulheres indefesas. Com seu personagem principal, “Rambo: Até o Fim” tenta uma abordagem mais profunda. A sequência inicial de enchentes em meio a uma tempestade, têm o objetivo claro de contextualizar uma incapacidade do personagem de lidar com frustrações. Um homem violento, maltratado pela vida e marcado por perdas e dores. É uma tentativa válida, que funciona razoavelmente. Stallone consegue transmitir a figura de um homem amargurado e perdido, sempre em busca da paz. Para John, o outro é o inimigo e o mal. Esse comportamento é justificado por seu próprio conflito interno. Um homem violento que não muda e que sim se controla a todo momento para conviver na sociedade.    

Os outros personagens nada têm a oferecer, suas atitudes e ações são unidimensionais. Gabrielle a adolescente teimosa, Maria a mãe carinhosa, os vilões Victor (Óscar Jaenada) e Hugo Martínez (Sergio Peris-Mencheta) são os malvados e sádicos líderes do quartel. O protagonista ainda recebe a ajuda da jornalista investigativa Carmen Delgado (Paz Vega), que tem como função justamente auxiliar o herói em dois momentos pontuais. E finalizando, a amiga de Gabrielle, Jezel (Fenessa Pineda) a catalizadora da trama que aparece e desaparece num piscar de olhos. 

Ainda que de forma sutil, existe sim a tentativa de colocar John Ramo como um “monstro” criado após uma vida de violência, na qual ele foi submetido. Na sequência final no celeiro, o diretor Adrian Grunberg opta por uma câmera subjetiva na visão do vilão. Essa opção coloca Rambo como um “bicho”, uma força implacável que aterroriza. 

Mas é nítida outra escolha falha e até mesmo irresponsável de “Rambo: Até o Fim”. A opção do roteiro pela história se passar nos Estados Unidos e colocar um ex militar americano enfrentando mexicanos é problemática. Vivemos na época dos discursos de ódio e de propostas malucas como a construção de muros separatistas. Optar por colocar os mexicanos como vilões e retratá-los como traficantes, ladrões e estupradores é problemática. Para os fãs do personagem é uma despedida nostálgica, violenta e sanguinolenta.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – O Rei Leão (2019)

Simba (Donald Glover) é um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) faz com que Mufasa (James Earl Jones), o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez ter prazer pela vida.

118 min – 2019 – EUA

Dirigido por Jon Favreau, roteirizado por  Jeff Nathanson. Com Donald Glover, Beyoncé Knowles, James Earl Jones, Chiwetel Ejiofor, Alfre Woodard, John Oliver, John Kani, Seth Rogen, Billy Eichner, Eric André, Florence Kasumba, Keegan-Michael Key, JD McCrary, Shahadi Wright Joseph, Amy Sedaris, J. Lee, Penny Johnson, Chance the Rapper, Josh McCrary, Phil LaMarr.

Aos oito anos, abraçado com minha mãe e aos prantos, em uma sala de cinema assisti “O Rei Leão” pela primeira vez. O clássico de 1994 me marcou. É ainda hoje um de meus filmes favoritos. Uma de minhas primeiras lembranças em uma sala de cinema. Logo, estava ansioso para assisti-lo novamente na telona. Chamar esse novo filme de reboot é errado. Ele é na verdade, uma refilmagem. O diretor Jon Favreau refaz quase que quadro-a-quadro o longa original. É exatamente a mesma história com algumas novas sequências. Chamar esse filme de live-action também é errado. E não só errado, como injusto com a equipe de animadores que faz um trabalho impecável na obra. A projeção é uma animação fotorealista. Esse é foco do filme. Refazer o original, sem grandes modificações, porém com um viés extremamente realista. Então o que assistimos é basicamente um documentário “Animal Planet” do Rei Leão. O objetivo do longa, que é a busca pelo realismo excessivo, é seu ponto mais forte, o aspecto que merece destaque e elogios. Ele é também o ponto mais fraco e o elemento que merece críticas e enfraquece a obra. 

A história é a mesma, Simba (Donald Glover) é o sucessor de seu pai, o rei Mufasa (James Earl Jones). A inveja de seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) o leva a elaborar um plano que causa a morte de Mufasa. Simba se culpa pelo ocorrido, com a ajuda de seu tio, e foge do reino. Ele acaba encontrando amigos que o convence a esquecer o passado e viver sem preocupações. Até que suas responsabilidades o alcançam e ele têm que retornar e encarar seu passado. A principal novidade é o fotorealismo dos animais e das paisagens africanas. Os detalhes e riquezas de textura impressionam, o filme é maravilhoso e deslumbrante. Jon Favreau sabe disso, e aposta nos travelings, em planos sequência que acompanham um rato, um besouro, ou o pelo de Simba. Os animais estão perfeitos e as paisagens lindas. O nível de detalhe impressiona. Porém a obra perde em expressividade e dramaturgia. Os close-ups nos personagens não transparecem emoção como deveriam, não é a toa que o diretor os utiliza menos do que no clássico de 1994. As cores vibrantes do original, a movimentação caricata e design expressivo dos personagens fazem falta. A excessiva busca pelo realismo, mata justamente o que a técnica animação têm de melhor a oferecer. 

Se o aspecto visual é marcado apenas pela busca do realismo e do belo, fica a cargo das vozes e trilhas sonora carregar a interpretação e dramaticidade do longa. E assim como no original o destaque fica para Timão (Billy Eichner) e Pumba (Seth Rogen). Os intérpretes estão muito bem e (Rogen talvez o melhor da obra). Vale ressaltar também que é justamente neles que o filme se permite ligeiramente ser mais caricato nas movimentações e expressões dos animais. Não à toa é a sequência que funciona melhor. Scar ganha um peso mais trágico e debilitado e acaba sendo muito inferior à sua antiga versão. O Simba de Glover não consegue se destacar e a Nala de Beyoncé Knowles-Carter ganha mais destaque e protagonismo que no clássico de 1994 e consegue demonstrar força em alguns momentos. Fico feliz com a escolha de trazer de volta James Earl Jones para a voz de Mufasa, sua imponência faz toda a diferença. A icônica trilha sonora da animação clássica ganha novas batidas e arranjos condizentes com o visual apresentado e com o momento em que vivemos. É bonito ouvir Donald Glover e Beyoncé cantando juntos e a nova canção, “Spirit”, encaixa bem no filme.   

A obra traz sim algumas novidades que merecem destaque e admiração. A sequência musical de “The Lion Sleeps Tonight” cumpre um papel na trama e funciona melhor do que no original, justamente por se render ao cartunesco. O maior protagonismo feminino também é louvável. A obra se empenha ainda mais na ideia do “ciclo da vida” e na conexão de todas as coisas. O que pode ser observado na representação de todo o trajeto do pelo de Simba até sua “chegada” a Rafik (John Kani). Personagem que é muito menos interessante do que no filme anterior. É também um momento de onanismo do diretor, onde ele diz: Olha só o nível de detalhe que chegamos no pelo dos animais, na vegetação, na água, nos insetos e até mesmo em um cocô. Mas, na minha opinião, a mudança mais significativa é no discurso de Mufasa. Que diz a Simba que o reino não é dele, ser rei é uma responsabilidade e não uma posse. Um verdadeiro rei cuida dos demais animais. 

“O Rei Leão” de 2019 é a versão “Animal Planet” do clássico de 1994. É maravilhoso e deslumbrante. Uma animação fotorealista tecnicamente impecável. Mas é justamente a busca pelo excessivo realismo seu maior problema. Seus personagens perdem expressividade, suas sequências, cenas e planos não têm o impacto da animação original. Momentos importantes da trama e impactantes no original de 1994, perdem força e ficam piores. “I just can’t wait to be king” (Memorável até na fase do jogo de Super Nintendo), “Be Prepared” e toda a conversa do Simba com o Mufasa nuvem, são exemplos disso. E até agora não entendi porque nessa versão Simba e Nala cantam “Can you feel the love tonight” durante o dia. É um bom filme, mas que serve mesmo para lembrar como é ótimo e fantástico o original. 

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Rei Arthur – A lenda da espada (2017)

Arthur (Charlie Hunnam) é um jovem das ruas que controla os becos de Londonium e desconhece sua predestinação até o momento em que entra em contato pela primeira vez com a Excalibur. Desafiado pela espada, ele precisa tomar difíceis decisões, enfrentar seus demônios e aprender a dominar o poder que possui para conseguir, enfim, unir seu povo e partir para a luta contra o tirano Vortigern, que destruiu sua família.

126 min – 2017 – EUA

Dirigido por Guy Richie, roteirizado por Guy Ritchie, Joby Harold e Lionel Wigram. Com Charlie Hunnam, Astrid Bergès-Frisbey,  Jude Law, Djimon Hounsou, Eric Bana, Aidan Gillen, Katie McGrath e Freddie Fox.

Texto originalmente publicado no site Cinema e Cerveja.

Parece que hollywood não se cansa da história/mito do Rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda. Já tivemos diversas adaptações: Romances, dramas, comédias, filmes de ação, dentre outros. Eis que Guy Richie nos traz sua versão, uma mistura entre “Senhor dos anéis” e os longas de super-herói. Richie transforma o grande líder saxônico em um herói com superpoderes, um gangster do submundo de uma “Londres” medieval (Londinium)  em um mundo repleto de criaturas fantásticas, onde a magia e as referências a cultura pop são poderosas.  

O “estilo” do diretor está presente desde a primeira cena, o ritmo acelerado e a utilização de recursos gráficos buscam tirar proveito das possibilidades que a época em que a história se passa oferece. Mas não espere um compromisso do longa com seu tempo, são várias as liberdades tomadas (De forma proposital) e anacronismos são perceptíveis ao longo de toda a trama. O que temos é um filme de Guy Richie em um novo cenário, dessa vez em um mundo medieval mágico. É claro que traços marcantes da lenda do Rei Arthur estão presentes, a espada na pedra e os fiéis escudeiros são bons exemplos. Aliás, uma concepção interessante do longa é como a espada fica presa na pedra, uma cena visual interessante e que linka bem a arma com a linhagem consanguínea e o trono real. Como é comum nos filmes do diretor os personagens são dinâmicos e apresentam diálogos rápidos e repletos de gírias, agem de forma contemporânea.

Um prólogo apresenta a rixa entre humanos e magos, logo percebemos que o Rei Uther (Eric Bana) é contra a guerra e a favor de uma convivência pacífica. Seu irmão Vortigern (Jude Law) pensa diferente e têm seus próprios planos. Após a morte de seus pais o órfão Arthur é “adotado” por prostitutas e cresce em um bordel. Uma edição acelerada e frenética nos mostra seu crescimento ao longo dos anos. Em poucos minutos já sabemos que ele se tornou um gangster/líder de uma gangue nos subúrbios de uma cidade medieval. Ele é um malandro, bom de briga e que gerencia diversos “trambiques”. Durante toda a obra somos apresentados a diversas possibilidades, mas sem nunca as explorar de fato. É claro que o protagonista desconhece sua predestinação ao trono e ao entrar em contato com a Excalibur ele precisa enfrentar seus demônios internos, para assim  aprender a controlar a poderosa espada. O carisma de Charlie Hunnan nos aproxima do Rei Arthur, seu jeito bonachão cria empatia e nos faz o acompanhar em sua jornada para assumir o trono. Vortigern (Jude Law) é muito caricato e intenso, em alguns momentos chega a provocar medo. Astrid Bergès-Frisbey não têm muita oportunidade com sua personagem, A Maga, e Eric Bana apresenta um Rei Uther nobre e corajoso.     

“Rei Arthur – A lenda da espada” é uma história de origem, um filme de ação com cenas bem coreografadas e com um visual atrativo. Guy Richie exagera em cortes, zooms, montagens paralelas e câmeras lentas (Chega a ser um pouco cansativo) e acaba se esquecendo de aproveitar melhor a fascinante mitologia por trás de Arthur. O ritmo frenético da trama não oferece um momento de respiro o que deixa a obra irregular, a intenção clara de criar uma franquia apresenta diversas possibilidades e enfraquece o arco principal. É uma jornada divertida, pessoalmente, gostei da ideia de imaginar o Rei Arthur como um super herói, um Thor que têm como seu poderoso Mjolnir a famosa Excalibur. É um bom conceito que poderia ter sido melhor aproveitado.               

Nota do Sunça:


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Sunça no Cinema – Resident Evil 6: O capítulo final (2017)

Em “Resident Evil 6: O capítulo final” Alice (Milla Jovovich) sobrevivente do massacre zumbi, volta para Raccoon City, cidade onde tudo começou. A cidade abriga a Colmeia, refúgio da Umbrella Corporation que reúne suas forças para um ataque final contra os remanescentes do apocalipse. Alice reencontra antigas amizades e convoca novos recrutas para vencer a dura batalha e salvar a raça humana.

107 min – 2017 – EUA
Dirigido por Paul W.S. Anderson, roteirizado por Paul W.S. Anderson. Com Milla Jovovich, Ali Larter, Iain Glen, Shawn Roberts, Ruby Rose, Eoin Macken, William Levy e Lee Raviv.

Resident Evil é a franquia de filmes baseados em games mais bem sucedida da atualidade, isso é inegável. Iniciada com um bom filme em 2002, a série colocou Milla Jovovich no papel de Alice, uma protagonista forte e determinada. E isso, de fato, é algo muito louvável. Uma mulher com um papel forte em um filme de ação de grande orçamento não é algo comum hoje. Em uma franquia que agora conta com seu sexto filme, é mais incomum ainda. Isso é um grande mérito da série que a quinze anos atrás começou a estabelecer a imagem de Alice como heroína de ação, um esforço que hoje é um pouco mais comum (E necessário) nas franquias de sucesso. Presenciamos um momento especial em que princesas da Disney como Elza (Frozen) se libertam de seus príncipes, Rey (Star Wars: O Despertar da Força) uma heroína forte e protagonista da própria história (O mesmo pode ser dito para Jyn Erso de Rogue One: Uma História Star Wars) e grupos femininos em destaque como “As Caça Fantasmas”. “Resident Evil 6: O capítulo final” nos traz novamente uma Alice forte e determinada, uma pena que seja em um filme mediano com um roteiro preguiçoso com foco apenas nas sequências de ação e que não se preocupa em desenvolver seus personagens.

A narração em off de Alice nos relembra dos acontecimentos passados, explica a origem do T-Virus, nos mostra o primeiro morto vivo e a real ameaça da história a Umbrella Corporation. Tudo que precisamos saber dos acontecimentos anteriores nos é explicado tim-tim por tim-tim, de forma didática com cenas ilustrando a fala da protagonista. E creio que isso seja necessário, porque a partir daí o filme não para mais. É como um compilado de “Melhores Cenas de Ação” onde Alice mostra como é foda e em alguns momentos ingênua (Choque na moto? Cair na armadilha da torre?). Um roteiro que apenas se preocupa em causar espanto pela ação e resolve seus personagens com falas como: “Agora confio, eu estava errado sobre você.” Em determinado momento Alice, por coincidência se reencontra com Claire Redfield (Ali Larter) apenas para na cena seguinte receber um resumo da personagem de como é que ela foi parar ali. Afinal por que nos mostrar e construir com cuidado as relações dos personagens se você pode focar apenas nas lutas e explosões e deixar que magicamente todos confiem em Alice e que em um piscar de olhos todos virem migos.

Em “Resident Evil 6: O capítulo final” Alice (Milla Jovovich) sobrevivente do massacre zumbi, volta para Raccoon City, cidade onde tudo começou. A cidade abriga a Colmeia, refúgio da Umbrella Corporation que reúne suas forças para um ataque final contra os remanescentes do apocalipse. Alice reencontra antigas amizades e convoca novos recrutas para vencer a dura batalha e salvar a raça humana.  

O filme funciona como um game, no início encontramos a protagonista, em um planeta completamente destruído, machucada e desarmada tentando apenas sobreviver. Ela está desgastada com sede e à procura de munição, o que neste momento do filme parece difícil de encontrar mas logo se torna fácil e, é claro, acaba no momento em que o roteiro achar conveniente. E então já se depara com o primeiro monstro. A partir daí a trama vai escalonando as dificuldades enfrentadas pela protagonista como em fases de videogame até chegar no “chefão”. Enfrentar dois exércitos, que a princípio parecia impossível de vencer, se sair bem sucedido apenas para dar de cara com mais dois exércitos da mesma magnitude, é algo comum no decorrer do longa.

O filme tem alguns aspectos positivos, os vinte minutos iniciais em que a protagonista está sozinha onde praticamente não temos diálogo é uma construção interessante e uma boa apresentação para aquele pós-apocalipse onde tudo é alaranjado e dizimado. Em vários momentos Paul W.S. Anderson nos coloca dentro de um filme de terror. Alguns bons sustos estão presentes e cenas memoráveis como o menino morto vivo. As sequências de ação são boas, empolgam e pelo fato de serem aceleradas deixam tudo ainda mais violento. Vários ambientes do longa são bonitos, um exemplo interessante é a torre de resistência em Raccoon City. E apesar de piegas é (meio que) interessante que a corporação capitalista vilã da série se torne algo como uma seita religiosa opressora e maligna.

“Resident Evil 6: O capítulo final” é um conjunto de cenas de ação que empolgam, mas que em alguns momentos são confusas, com toques de terror, violência e com um vilão opressor e cruel que é um robô? Ou geneticamente modificado? Aliás, temos direito até ao momento vilão explica o plano maligno antes de ser derrotado. Marcado por diálogos medíocres “Vamos matar cada um deles!”, momentos patéticos (Trindade Alice?) e sacrifício que não é sacrifício somos guiados para um bonito final feliz. (Mas, espera aí. Seria um final mesmo?) No fim fica a felicidade de saber, que assim como eu, Alice é fã do Robocop: O policial do Futuro. (Filme original de 1987)    

 

Nota do Sunça:

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