Sunça no Streaming – Luca – Disney Plus (2021)

Em Luca, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.

95 min – 2021 – EUA

Dirigido por Enrico Casarosa. Roteirizado por Jesse Andrews, Mike Jones, Enrico Casarosa e Simon Stephenson. Com Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman, Saverio Raimondo, Maya Rudolph, Marco Barricelli, Jim Gaffigan, Peter Sohn, Marina Massironi, Sandy Martin, Giacomo Gianniotti, Elisa Gabrielli, Mimi Maynard, Sacha Baron Cohen, Francesca Fanti, Jonathan Nichols, Enrico Casarosa e Jim Pirri.

“Luca” é a estreia do diretor Enrico Casarosa em um longa-metragem. Enrico trabalhou no departamento de arte de vários outros filmes da pixar e dirigiu o belíssimo curta “La Luna”.  O diretor apresenta uma história sobre transformação, Luca (Voz original de Jacob Tremblay) é um monstro marinho que assume a forma humana ao sair da água. Assim que sua pele é molhada a região volta a ter escamas. Essa é a transformação física que o filme nos apresenta, porém a narrativa vai além e traz um conto sobre um garoto que quer se entender,se encontrar e descobrir o mundo onde vive.  Junto a isso temos um debate sobre como o contato com o desconhecido e o estranho pode causar reações fortes e levar ao preconceito.

Luca vive com sua família no fundo do mar e foi criado com a ideia de que a superfície e seu povo são monstros perigosos que devem ser evitados. Mesmo assim, o jovem demonstra interesse e curiosidade sobre a vida acima da água. Em um momento que Luca desobedece aos ensinamentos de seus pais ele conhece Alberto (Voz original de Dylan Grazer) que é um monstro marinho que vive fora d’água em uma ilha. Quando descobre que com a pele seca ele também se transforma em humano, Luca passa a dedicar seus dias a se aventurar com Alberto experimentando a vida na terra. Quando conhecem a jovem humana Giulia (Voz original de Emma Berman) o trio de desajustados está completo e o objetivo do grupo é ganhar uma competição de triatlo que tem como prêmio uma Vespa (motocicleta).   

Luca teve uma educação rigorosa dos pais, os quais tem dificuldade de aceitar o filho como ele é. Alberto é órfão e foi abandonado por seu pai que não aceitava o estilo de vida do filho. A amizade entre eles é definidora para que ambos possam se entender e lutar para ser quem são. Seu mantra “Silenzio, Bruno” é a forma que os garotos têm de se livrar de preconceitos, medos e da pressão da sociedade. Podendo assim ter novas experiências, viver e se encontrar. A obra discute a ideia de aceitação, dos pais, da sociedade e por si mesmo. O protagonista se aventura, rompe a barreira e passa a ocupar espaços que lhe eram negados.  É uma alegoria a todas as pessoas que sofrem algum tipo de discriminação e intolerância. Uma das várias leituras que cabem nessa proposta é a de alguém que busca assumir a sua identidade homoafetiva. Uma história de descobrimento e aceitação. São alusões explícitas, porém não abertamente assumidas pelo roteiro. Luca e Alberto buscam o sonho da liberdade que, para eles, se materializou em uma Vespa. Eles querem conhecer o mundo e fugir das amarras e barreiras da sociedade.

O visual é lindo. São cores vibrantes que retratam um cenário paradisíaco em uma pequena vila costeira na Itália. A ambientação se completa nas expressões italianas nas falas dos personagens, em uma deliciosa massa ao molho pesto e uma bela trilha sonora.  Os cenários parecem pinturas e o conjunto da obra não só dá gosto de ver, como nos faz exclamar: “Santa mozzarella!”. O roteiro é cativante mas não inova em seu formato e estrutura. “Luca” é uma história simples, visualmente maravilhosa que discute intolerância, preconceito e aceitação. Uma obra que te convida a deixar de lado os pré-julgamentos e abraçar o desconhecido e o diferente. Tudo isso, enquanto acompanhamos a busca de um jovem pelo autoconhecimento.  

 

Nota do Sunça:

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Sunça no Streaming – Last Days of American Crime – Netflix (2020)

Em The Last Days of American Crime, num futuro não muito distante da realidade, o governo dos EUA inventa a transmissão de um sinal que impossibilita a prática de atos ilegais. Pensando nisso, um grande assalto é planejado por um ladrão de bancos antes desse novo sistema entrar em ação.

148 min – 2020 – EUA

Dirigido por Olivier Megaton. Roteirizado por Karl Gajdusek (baseado em graphic novel de Rick Remender e Greg Tocchini). Com Édgar Ramírez, Anna Brewster, Michael Pitt, Sharlto Copley, Sean Cameron Michael, Alonso Grandio, Daniel Fox, Robert Hobbs.

“Last Days of American Crime” se passa em um futuro distópico, no qual os EUA está prestes a ativar uma nova tecnologia de controle da criminalidade. Utilizando um dispositivo capaz de emitir um sinal que controla as ondas cerebrais de seus cidadãos o país pretende acabar com a corrupção, violência e o crime. O sinal impede as pessoas de agir quando estão prestes a executar ações, nas quais elas têm consciência de ser contra a lei. É neste contexto que  Graham Bricke (Edgar Ramírez) aceita fazer um último grande assalto. Essa é a premissa do novo longa da Netflix, que apesar de exigir uma grande suspensão de descrença, é sim interessante e promissora. Mas o que parece ser instigante, cativante e inovador para por aqui. Acompanhamos uma trama preguiçosa, sem imaginação e maçante. São duas horas e meia de projeção que não passam despercebidas. Nelas o enredo se dedica a interessante premissa inicial durante apenas quarenta minutos (Talvez menos). 

Na obra o irmão de Bricke morre de forma injusta. Como não temos tempo de conhecê-lo ou ver sua relação com o protagonista, pouco nos importa. Mas ainda assim ele resolve vinga-lo. Bricke se envolve romanticamente com Shelby Dupree (Anna Brewster) uma hacker (mágica) cheia de segredinhos. O noivo dela, Kevin Cash (Michael Pitt), é quem o recruta para o assalto. Kevin é também filho de um grande chefe do crime que está atrás da cabeça de Bricke. O roteiro reúne o máximo de elementos e situações de longas de ação. É inchado e cheio de sequências desnecessárias e confusas. 

Graham apanha, leva tiros, participa de perseguições automotivas, é queimado vivo, transa e assalta sempre com a mesma expressão de tédio. Edgar Ramírez parece completamente desinteressado com o filme (Sentimento com a qual me identifiquei). Shelby Dupree é a mulher objeto do longa, cheia de clichês em sua sensualização e em suas motivações. O que impressiona é o fato de Anna Brewster conseguir mostrar personalidade com o pouco que a obra lhe oferece. Seu noivo, Kevin Cash, é um louco com ações incoerentes e o retrato de uma atuação exagerada e caricata. A sequência no escritório do pai de Kevin em que a família “lava a roupa suja” merece destaque por ser uma das piores que eu já assisti. Um momento que têm a intenção de ser dramático, uma cena ação e tensão. Mas que o resultado final é uma mistura de comédia pastelão com vergonha alheia. É um show de interpretações exageradas e movimentos de câmera mal planejados.                

O Diretor Olivier Megaton, que também dirigiu “Busca Implacável 2” e “Busca Implacável 3”, não têm controle do elenco e nem de seus enquadramentos, planos e sequências. São cenas de ação monótonas, desinteressantes e mal planejadas. O roteiro de Karl Gajdusek é um festival de subtramas que só servem para aumentar o tempo de duração da obra.  Um bom exemplo é o personagem sem nome de Sharlto Copley, que ganha um grande destaque ao longo do filme e que não exerce função narrativa. É completamente descartável.

“Last Days of American Crime” é um festival de diálogos expositivos, atuações artificiais e sequências de ação extensas, desinteressantes e monótonas. 

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Turma da Mônica: Laços (2019)

Floquinho, o cachorro do Cebolinha (Kevin Vechiatto), desapareceu. O menino desenvolve então um plano infalível para resgatar o cãozinho, mas para isso vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira). Juntos, eles irão enfrentar grandes desafios e viver grandes aventuras para levar o cão de volta para casa.

96min – 2019 – Brasil

Dirigido por Daniel Resende, roteirizado por Thiago Dottori. Com: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Mônica Lozzi, Paulo Vilhena, Ravel Cabral e Rodrigo Santoro.

A maioria das crianças brasileiras da minha geração, aprendeu a ler com os gibis da turma da mônica. Comigo não foi diferente. Aliás, é um dos motivos pelo qual hoje sou quadrinista e cartunista. Ouso dizer, que até hoje a turminha é extremamente popular com as crianças e jovens em geral. A ideia de ver a criação de Maurício de Souza na telona, inicialmente, desagradou muitos fãs. Mas não a mim. A escolha de adaptar a Graphic MSP “Turma da Mônica – Laços” dos amigos Vitor e Lu Cafaggi, para mim era acertadíssima. A HQ de 2013 foi um grande sucesso de crítica. E trazia um conto de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali no melhor estilo “Goonies” e “Conta comigo”. Uma história de crescimento e amadurecimento que fortalecia os laços da turma. Outra escolha que me deixava confiante era o diretor. Daniel Rezende que após anos de carreira como um ótimo montador em longas diversos como: Cidade de Deus, Água Negra, Diários de Motocicleta, Tropa de Elite 1 e 2 e Ensaio Sobre a Cegueira. Só para citar alguns. Estreou na direção com o ótimo “Bingo – O Rei das Manhãs”. Fico muito feliz de “Turma da Mônica: Laços” ter atendido as minhas expectativas. E não tenho palavras para dizer como foi especial poder assistir ao filme na mesma sessão que o Vitor, Lu e o Maurício de Souza.  

Floquinho, o “cacholinho” do Cebolinha (Kevin Vechiatto), é sequestrado. Então Cebolinha, Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) partem juntos em busca do cãozinho. Para isso, a turminha enfrenta grandes desafios e vive uma aventura recheada de planos infalíveis e amigos fiéis. O roteiro de Thiago Dottori segue a base da HQ do Vitor e da Lu, mas traz consigo novos personagens, situações e acontecimentos.  O universo criado no filme remete sim a Graphic MSP, mas se parece mais com os gibis clássicos dos personagens. A direção de arte é linda, um visual colorido que cria uma ambientação analógica e atemporal, assim como nas hqs. Temos vendedores de rua, muitas praças, árvores e parques. Vale uma menção para a participação de Leandro Ramos como vendedor de balões. Participações e easter eggs são o que não faltam. Temos a presença de Maurício de Souza e do Vitor e Lu Cafaggi. Menções a Turma do Penadinho, as aparições de Cranicola e do Louco (Rodrigo Santoro). A sequência do encontro entre o Louco e o Cebolinha é inventiva, usa de truques de montagem e representa bem o personagem. Além de trazer um “resumo” do aprendizado do Cebola. Temos também vários bonecos e objetos que são menções e representações de outros personagens. Um outro elemento essencial da obra é a trilha sonora, que além de pontuar cenas específicas, acentuando momentos importantes, cria uma atmosfera única para toda a projeção. É impressionante como a trilha sonora de Fabio Góes é respeitosa e inovadora. E como ajuda a narrar a história.

Certamente outro ponto forte é o elenco. Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão) ficaram perfeitos nos papéis. São talentos mirins promissores. Todos eles se destacam individualmente e coletivamente. A caracterização deles e dos demais personagens também está impecável. O tom escolhido para o filme não é tão lúdico como nos gibis iniciais, é mais emotivo, nostálgico e dramático. Porém sem perder o viés divertido e cômico, afinal, o público alvo da obra é o infantil. No início a Mônica é coadjuvante de seu próprio filme. Cebolinha é desrespeitoso e irritante com seus amigos. E o que parece ser um comportamento tóxico na tela, é na verdade posto em discussão. Destaco aqui a surpreendente, e emotiva, cena com a Mônicas e seus olhos cheios de lágrimas após uma discussão da turma na floresta. É um grande aprendizado para o próprio Cebolinha e seu arco dramático mostra a importância de valorizar seus amigos, e suas diferenças. O que rende a ótima sequência de resgate do Floquinho. Todos eles têm que fazer “sacrifícios” e confiar uns nos outros para garantir o sucesso da missão. A importância da amizade e seus “laços” é nítida e representada de forma literal na floresta. 

“Turma da Mônica: Laços” cumpre a sua difícil missão. Representa bem os personagens de Maurício de Souza, traz a tela a ótima história de Vitor e Lu Cafaggi e apresenta uma produção nacional que transborda carisma, qualidade técnica e comprometimento com os fãs. A direção de Daniel Rezende é cuidadosa, carinhosa e talentosa. Seus enquadramentos ajudam a contar a história. Em vários momentos refletem as angústias, alegrias, tristezas e teimosias (No caso do Cebolinha) de seus personagens.  No fim, vemos que os “planos” nem sempre são “infalíveis”. Mas os “laços” da amizade são.

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Sunça no Cinema – Um Lugar Silencioso (2018)

Em uma fazenda dos Estados Unidos, uma família do meio-oeste é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.

90min – 2018 – EUA

Dirigido por John Krasinski e roteirizado por Bryan Woods, Scott Beck e John Krasinski. Com John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe.

Dia 89. É assim que somos “jogados” na trama de “Um Lugar Silencioso”. Iniciamos nossa jornada no meio da história (um uso clássico da técnica “In medias res”), na trama, o apocalipse já aconteceu. Um grupo de sobreviventes em uma pequena cidade abandonada, entra em um supermercado também abandonado. Rapidamente percebemos a gravidade da situação e a importância do silêncio, fica clara a ligação do som com a iminente ameaça. Dessa forma o diretor John Krasinski, que também atua no longa, utiliza a sequência inicial para nos situar na narrativa, demonstrar suas dinâmicas e a força da ameaça. É impressionante como algo comum, uma criança segurando um brinquedo, se torna algo assustador e ameaçador.

Logo “pulamos” para o dia 472, e Lee Abbott (John Krasinski) vive em uma fazenda com sua família.  Ele ensina seus filhos, Regan (Millicent Simmonds) e Marcus (Noah Jupe) a sobreviver em um mundo onde a ausência de som significa vida. Sua esposa Evelyn (Emily Blunt) está grávida. Todos eles tentam viver e superar traumas do passado enquanto se protegem de criaturas atraídas pelo som. É impressionante como o design de som, a fotografia e a trilha sonora criam a todo momento sensações fortes. Angústia, medo e desespero são constantes, o clima é assustador e a tensão e suspense paira a todo momento. Tudo isso sem utilizar diálogos, já que, não estão presentes em mais da metade da obra. A direção de Krasinski utiliza muito bem o silêncio. Ele  é construído, é uma ambientação. O diretor é competente com seus posicionamentos de quadro sabendo causar tensão. Planos detalhes nos mostram objetos que a qualquer momento podem piorar a situação. E elementos simples como o som de passos, respiração e ruídos de objetos se tornam aterrorizantes em contraponto ao alto ruído de uma cachoeira que é tranquilizador.

O roteiro de Bryan Woods, Scott Beck e John Krasinski transforma o silêncio na peça chave do filme. Um pequeno deslize pode destruir todo o esforço de sobrevivência de nossos protagonistas. E são nos momentos de silêncio em que o elenco brilha. É nítida a química entre Emily Blunt, em uma de suas melhores performances, e John Krasinski marido de Blunt na vida real e no longa. Sentimos o seu sofrimento o carinho que um tem pelo outro e por seus filhos. Noah Jupe também está bem e Millicent Simmonds, em uma ótima atuação, interpreta a filha do casal. Sua personagem tem uma deficiência auditiva (Na vida real a atriz também têm deficiência auditiva) e a trama aproveita bem isso. É formidável como a personagem, por não escutar o ambiente ao seu redor, não se assusta em determinados momentos e em outros se torna um perigo exatamente pelo mesmo motivo. John Krasinski utiliza isso em momentos chaves, nos quais acompanhamos acontecimentos pela perspectiva da personagem. Em um filme de terror/suspense personagens humanos e reais são fundamentais. Como nos identificamos com eles e gostamos deles passamos a temer por suas vidas.

“Um Lugar Silencioso” é corajoso. É um filme de gênero que sabe muito bem reger seus espectadores. Temos os momentos de susto (Jump scare), a tensão e suspense constante e nos aterrorizamos e preocupamos com seus personagens. Uma trama interessante baseada no silêncio, ótimas atuações e uma direção primorosa.    

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Liga da Justiça (2017)

Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes – Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) -, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.

120 min – 2017 – EUA

Dirigido por Zack Snyder e roteirizado por Chris Terrio e Joss Whedon. Com Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Joe Morton, Diane Lane, Amber Heard, Billy Crudup, Connie Nielsen, J.K. Simmons, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Jeremy Irons e Ciarán Hinds.

Em um ano repleto de filmes de super-herói fica claro o possível esgotamento da fórmula. E tivemos esforços claros, no sentido de alterar a forma na produção dessas obras. “Logan” e “Homem-Aranha de Volta ao Lar” são bons exemplos. O cenário de experimentação e inovação nos trouxe o recente “Thor: Ragnarok” uma comédia. 2017 se mostrou também um ano positivo para a DC, com o ótimo “Mulher-Maravilha” e agora o bom “Liga da Justiça”. Que apesar de não inovar na forma e repetir vários erros comuns em longas do gênero, consegue ser bem sucedido nesse ambicioso projeto.

A responsabilidade é grande e o objetivo foi claro. Reunir os maiores heróis da DC, apresentar três deles, abandonar o tom sombrio e realista, trazer cores mais claras com um clima mais feliz e uma trama bem humorada. E nisso, a obra é bem sucedida. Porém a falta de peso dos acontecimentos, personagens rasos e efeitos especiais ruins pesam contra a qualidade do filme e seu grandioso potencial. Os eventos que acompanhamos são uma sequência direta dos acontecimentos de “Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça”. Após a morte do Super-Homem o mundo se encontra em caos. Batman (Ben Affleck) e a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) percebem uma iminente ameaça que promete destruir o mundo, que agora não conta mais com a proteção do Homem de Aço. Então o Homem-Morcego reúne outros superpoderosos, Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e o Ciborgue (Ray Fisher) para enfrentar a futura ameaça, que se materializa na forma do Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) e seu exército de parademônios.  

A trama é mais aventuresca, lida com as consequências dos filmes anteriores mas sem demonstrar uma gravidade em seus acontecimentos. Logo na abertura somos lembrados da fé do Super-Homem na humanidade e nos é evidenciado que esse filme é sobre esperança. É um ritmo muito mais ágil. Normalmente Snyder apresenta obras inchadas e longas, porém aqui tudo é objetivo e o enredo não perde tempo com situações e histórias desnecessárias. Isso é necessário, uma vez que o longa têm que apresentar três novos heróis, reuni-los com os já conhecidos ressuscitando um deles. É na breve e eficaz apresentação de seus personagens que está um dos acertos de “Liga da Justiça”. Ainda que para poupar tempo e agilizar os acontecimentos opções constrangedoras e excessivamente expositivas foram tomadas. Um bom exemplo é quando a Mulher-Maravilha explica os poderes de seu laço para um bandido.

A equipe e seus heróis também são um acerto, eles têm personalidades distintas e funções narrativas específicas. Batman e Ciborgue têm conflitos de culpa e depressão, Aquaman é interessante, assume a posição de “bad boy” do grupo e protagoniza boas piadas. Flash é o alívio cômico, aliás, uma piada e/ou careta sua parece obrigatória toda vez que ele aparece em cena. A Mulher-Maravilha é o ponto de equilíbrio do grupo e um símbolo de esperança, assim como o Super-Homem que é retratado em sua forma clássica. Continuo fã do Batman de Ben Affleck, que se mostra à vontade no papel e consegue ser sutil ao colocar algumas piadas nas falas de Bruce Wayne. Mas é o personagem que mais sofre mudanças, não é o mesmo Batman que vimos no sombrio “Batman Vs Superman”.  O Time têm identidade e funciona. Eles protagonizam uma aventura descompromissada, simples e sem grandes consequências. Na obra também temos rápidas aparições de Lois Lane (Amy Adams), Alfred (Jeremy Irons), Comissário Gordon (J.K.Simmons), Martha Kent (Diana Lane), Mera (Amber Heard),  Antiope (Robin Wright) e Hippolyta (Connie Nielsen). E também menções e aparições de outros heróis e vilões da DC.

O Homem de Aço é o centro da trama. É o mais poderoso do grupo e a personificação do otimismo e esperança. Os créditos iniciais apresentam bem essa ideia, e visualizamos a falta que o herói faz. Ao som da bela “Everybody Knows” na voz de Sigrid, que ressalta como a humanidade está perdida. – “…Everybody knows the good guys lost…” – É uma pena que a “ressurreição” do Super-Homem é acelerada, sem emoção e não memorável. Me parece um desperdício de um ótimo elemento narrativo. O embate entre recém formada liga e o atordoado Homem de Aço empolga, tem bons momentos, mas novamente parece um momento desperdiçado.    

As cenas de ação e os efeitos especiais, são algumas das muitas falhas do longa. As lutas não são memoráveis e muitas delas confusas. É curioso que a melhor sequência de ação (Eficiente e organizada) seja uma batalha das amazonas. Outro problema é o vilão. O Lobo da Estepe é aleatório, sem personalidade e urgência. Sua presença têm um único e simples objetivo, reunir a liga. Ele aparece de repente, começa sua busca pelas caixas maternas com a intenção de destruir o planeta. E da mesma forma abrupta que surge, ele abandona a produção. Um personagem unidimensional que não convence nem em sua forma física, já que seu “CGI” é pavoroso. Também não existe apresentação para as caixas maternas. Elas estão lá, existem e são poderosas, é isso. E os efeitos especiais que inicialmente parecem incomodar apenas em seu uso no Lobo da Estepe, se tornam um problema novamente na batalha final. Tudo parece falso. A trilha sonora é um acerto. A  presença dos temas clássicos dos heróis agrega. A mistura do tema da Mulher-Maravilha criado por Hans Zimmer, o tema de John Williams para o Super-Homem e o do Batman de Danny Elfman reafirma o encontro da equipe.

Em 2017 a DC parece ter encontrado seu caminho. “Liga da Justiça” dá continuidade a mudança de rumo do estúdio, iniciada no superior “Mulher-Maravilha”. E ignora falhas como o fraco “Esquadrão Suicida”. Tem seus acertos e erros, está longe do ideal. Mas agrega e traz boas ideias para o universo.  No fim, fica a sensação de desperdício do encontro dos maiores heróis da editora, mas um sentimento positivo para os longas futuros.  

Obs. Temos duas cenas pós-créditos. Uma logo após ao filme e outra no final de todos os créditos.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Logan (2017)

Em 2029, Logan (Hugh Jackman) ganha a vida como chofer de limousine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina Laura Kinney / X-23, sob a guarda de Gabriela.

128 min – 2017 – EUA

Dirigido por James Mangold, roteirizado por Michael Green, Scott Frank. Com Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Elizabeth Rodriguez, Eriq La Salle.

“Joey, năo há vida com um assassinato. Não há volta de um. Certo ou errado, é uma marca. Uma marca que fica. Não há como voltar.” Assim diz Shane no final do ótimo “Os Brutos também amam” demonstrando que por mais que um homem queira se esquecer de seu passado e das coisas ruins que ele fez, o fato é, que não há como fugir. Essa citação presente em “Logan” ilustra bem a situação em que encontramos o protagonista. Que, assim como Shane, é um homem que em seu passado fez coisas ruins e agora busca uma vida normal, não quer lembrar de seus feitos mas acaba atormentado por eles. E no fim a “marca” é mais forte, a vida de violência o alcança e tudo termina com o que tanto tentou evitar. Não foi atoa que James Mangold escolheu essa alegoria para o ótimo “Logan”.

Wolverine está velho e doente. Debilitado fisicamente, tosse o tempo inteiro, manca, é um homem fragilizado que busca na bebida um conforto e uma arma para esquecer quem ele foi. Estamos no ano de 2029, Logan (Hugh Jackman) é um chofer de limousine e se esforça para cuidar do nonagenário e descontrolado Charles Xavier (Patrick Stewart). Até que é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez) e então a garota Laura Kinney (Dafne Keen) entra em sua vida. Sem querer se envolver em mais violência mas querendo proteger a menina do mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), Logan acaba voltando a “ativa”.

Jackman faz um ótimo trabalho, pela primeira vez vemos um Wolverine esgotado emocionalmente, os olhos sempre vermelhos e as mãos sempre trêmulas. É comovente ver a emoção tomar conta do personagem a ponto de não conseguir dizer “É um bom lugar… Perto da água…” para depois se descontrolar em um surto de raiva/emoção. Stewart nos apresenta muito bem um Xavier “caduco” um homem arrependido que não parece o forte professor Xavier de outrora. E fechando a trinca de protagonistas temos a impressionante Dafne Keen interpretando a ameaçadora Laura, sempre intensa, agressiva quando precisa ser e perigosa. Laura, a X-23, de fato parece capaz de todas as proezas que executa no filme, chegando a decapitar cabeças. Em determinado momento, demonstrando a badass que é, leva um tiro e retira a bala do próprio braço com a boca para na sequência cuspi-la no chão. Ela literalmente “bota” mais medo que nosso querido carcaju. Os três formam uma família, e isso é muito interessante. Nos quadrinhos os mutantes sempre foram retratados dessa maneira. X-men é aceitação, é superação,  é família. Logan e Xavier são dois homens que juntos passaram por muitas coisas, agora em um mundo sem mutantes (e sem os X-men) tudo o que têm são um ao outro. Eles se amam, e cada um à sua maneira cuida um do outro. Charles percebe em Laura uma possibilidade de redenção para Logan, que inicialmente apenas vê na garota a ameaça de voltar para uma vida de violência. Aos poucos, e de forma bem trabalhada eles acabam avô, pai e filha, com direito a uma linda cena em um jantar que emociona e comove.

É um longa violento. Muitos palavrões, pernas, braços e cabeças cortadas. Mas nada de forma gratuita, não têm apenas a finalidade de agradar os fãs. O objetivo aqui é mostrar o perigo e o porque do complexo de Logan com as atitudes de toda uma vida, assassinos como Laura e Wolverine deixam rastros e precisamos ver os resultados de suas ações para fortalecer o impacto daquele “estilo de vida”. Não considero “Logan” um filme de super-herói. É a história de um homem, sua família, sua redenção e um recomeço. Nas falas do próprio protagonista: “Não seja aquilo, que eles fizeram de você!” Para mim a obra é um Western, acompanhamos o peso e a consequência de uma longa vida de violência, perdas e derrotas. Tudo isso se confirma em falas como “Um homem não pode fugir do que ele é”, “Coisas ruins acontecem com as pessoas que eu me importo” e em um dos melhores diálogos do filme entre Logan e Laura:

  • Eu machuco pessoas.
  • Eu também machuco pessoas.
  • Você têm que aprender a viver com isso.
  • Mas eram pessoas ruins.
  • É tudo igual.          

Como Will Munny disse no ótimo “Os Imperdoáveis”, que certamente é uma das influências de Mangold, “É uma coisa horrível matar um homem. Você tira tudo o que ele têm… e tudo que ele um dia poderia ter.”

Fechando a alegoria, e o longa, Laura diz “Não temos mais armas no vale!”, encerrando a trajetória de Wolverine. “Logan” é uma obra que respeita os filmes anteriores do personagem e da franquia x-men, evoca nostalgia ao lembrar os acontecimentos do primeiro filme na estátua da liberdade e quando o protagonista mais uma vez defende um grupo de crianças. Emociona em vários momentos, confesso que em mais de uma ocasião me colocou lágrimas nos olhos, no fim com apenas um “X” faz seu coração pular um batimento e nada mais justo do que encerrar com “The Man Comes Around” do “fodástico” Johnny Cash. Nem o vacilo do roteiro de Michael Green e Scott Frank que em alguns momentos traz informações importantes de forma muito expositiva, tira a glória dessa obra que após dezessete anos encerra com chave de ouro o Wolverine de Hugh Jackman.     

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.

Nota do Sunça:


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Sunça no Cinema – Lego Batman: O filme (2017)

Extremamente egocêntrico, Batman leva uma vida solitária como o herói de Gotham City. Apesar disto, ele curte bastante o posto de celebridade e o fato de sempre ser chamado pela polícia quando surge algum problema – que ele, inevitavelmente, resolve. Quando o comissário Gordon se aposenta, quem assume em seu lugar é sua filha Barbara Gordon, que deseja implementar alguns métodos de eficiência de forma que a polícia não seja tão dependente do Batman. O herói, é claro, não gosta da ideia, por mais que sinta uma forte atração por Bárbara. Paralelamente, o Coringa elabora um plano contra o Homem-Morcego motivado pelo fato de que ele não o reconhece como seu maior arquinimigo.

107 min – 2017 – EUA

Dirigido por Chris McKay, roteirizado por Chris McKenna, Seth Grahame-Smith. Com Rosario Dawson , Will Arnett , Ralph Fiennes , Michael Cera , Zach Galifianakis , Mariah Carey.


Dublado por Duda Ribeiro, Marcio Simões, Andreas Avancini, Julio Chaves, Guilene Conte e Guilherme Briggs. 


 Eu gosto do Batman. De fato, ele não é meu super-herói favorito (Dá-lhe Homem-Aranha), mas tenho bastante carinho pelo personagem. De suas várias interpretações para o cinema, televisão e quadrinhos (Dentre outros), o meu favorito é o Batman do Adam West. (Como analisei neste podcast gravado a cinco anos atrás.) Assisto constantemente a série dos anos sessenta, isso porque, na minha opinião, o personagem funciona bem no humor. Quando o morcego é encarado de forma bem humorada e caricata, temos suas melhores aparições. Tim Burton sabe disso, em seus dois longas nos apresentou um Batman sombrio e caricato, com toques de humor. Em “Batman o retorno” (Meu filme favorito do Homem-Morcego) o Pinguim de Danny DeVito se locomove em um patinho de plástico. Nos anos sessenta a faceta detetive do herói era o foco do humor, Adam West desvendava os mistérios mais tolos e bestas com sacadas do além. A série também explorava os planos mirabolantes dos vilões, em determinado episódio Batman e Robin são transformados em raspadinha pelo Senhor Gêlo. Satirizava também os bat-trecos e os bat-veículos, é claro. (Temos o famoso spray repelente de tubarão.) E agora, graças ao Batman soturno, reservado e com “daddy issues” apresentado na boa trilogia de Christopher Nolan (Que eu gosto) e no Batman psicopata e violento apresentado por Zack Snyder em Batman Vs Superman, “Lego Batman: O filme” foca seus deboches no psicológico e nos sentimentos do Homem Morcego.

A narração em off do Batman nos mostra o rumo que a obra vai seguir. O personagem brinca com a tela preta e as logos iniciais, de cara nos arranca algumas risadas. E então, na primeira cena ao escutar o motivo para um avião repleto de explosivos pousar em Gotham, já sabemos que no filme a zueira vai prevalecer. O longa não ignora as aparições anteriores do herói, pelo contrário, remete a elas o tempo inteiro. Ao conversar com o coringa um personagem solta “Como na vez com os dois barcos” e “Ou como na vez com o desfile tocando Prince”, referências diretas a filmes anteriores e que ficam cada vez mais constantes no decorrer da trama. Encontramos um Batman egocêntrico, solitário que gosta bastante de sua popularidade como o grande herói de Gotham City. Afinal, sempre que ele é chamado pela polícia, nas falas de Jim Gordon “Aperta o botão, aperta o botão”, seja qual for a ameaça ele, inevitavelmente, salva o dia. O comissário Gordon se aposenta e quem assume seu posto é sua filha Barbara Gordon. Ela implementa métodos de eficiência para que a polícia não seja tão dependente do Batman. Enquanto isso o Coringa, depois de levar um “fora” do Batman, elabora um plano mirabolante contra o Homem-Morcego.

Apesar de ser uma grande brincadeira com filmes de super-heróis, tirando sarro de vilões nível z, planos malucos e vitórias absurdas. O foco são as relações e sentimentos do Batman e que realmente vemos é uma comédia romântica. Bruce Wayne tem que enfrentar seus medos internos, a fobia de relacionamentos, a solidão e o fato de ser criança mimada, ao mesmo tempo que enfrenta “problemas” com novas e antigas relações pessoais. E tudo isso acontece durante um grande “DR” com o Coringa. É uma comédia bat-família com direito a um grandioso final saltimbancos. E, creio eu, esse é o grande acerto de “Lego Batman: O filme”. O deboche com a personalidade com o Batman é certeiro, funciona e tira muitas risadas. É um protagonista com medo de relacionamentos, que escolhe a solidão por sentimentos mal resolvidos com os pais, os quais também o fazem se vestir de preto e sair por aí agredindo vilões. Cenas como o chilique de Bruce Wayne ao saber que Alfred o confirmou em uma festa, o momento da participação especial de Jerry Maguire e falas como “Alfred me tira do castigo agora!” e “Tá doido pra me prender em uma relação!” garantem muitos risos. E ver que de fato o Batman precisa de seus antagonistas e não sabe o que fazer sem eles alegra o coração.

Vale um destaque para a dublagem. Normalmente não gosto, acho que sempre devemos assistir ao trabalho original. Porém, na cabine de imprensa foi exibida a versão dublada. Que para minha surpresa, me fez rir em vários momentos. Afinal, não consigo pensar em uma versão em inglês que cause mais impacto e arranquem mais risadas do que: “Eita, o garoto se estabacou!”, “E compra um pastelzinho de carne e queijo e caldo de cana.”, “Caminho da roça!”, “A fila andou!”, “Piu piu, escapuliu!”, “A muito tempo não pego ninguém!”, “O Bruce Wayne e o Batman racham ap?” e para fechar, logo no início, temos um sonoro “Jezuis Maria José”.    

E quando você acha que o caminho de “Lego Batman: O filme” está traçado o filme te surpreende sabendo utilizar/satirizar de outras obras de seu estúdio (Warner), assim como Deadpool fez com os X-men da FOX. É muito divertido quando as barreiras da franquia Batman são ultrapassadas e passam a ridicularizar diversas franquias que tanto amamos. É um filme com piadas para toda a bat-família que respeita e ao mesmo tempo faz de ridículo toda a história do Homem-Morcego (Resgatam até o Rei dos Condimentos). Você vai rir e se emocionar com essa história de amor, drama familiar e superação pessoal mascarada de um grande blockbuster de super herói. E suspirar quando assistir a cena final do casal ao pôr do sol. Afinal, ninguém vive sozinho (por mais que tentemos) e nada melhor para ilustrar que uma fala de nosso querido protagonista: “Robin, juntos vamos bater tão forte que palavras estranhas vão aparecer no ar!”

Nota do Sunça:


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Sunça no Cinema – O Lar das Crianças Peculiares (2016)

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Após uma tragédia familiar, Jake (Asa Butterfield) vai parar em uma ilha isolada no País de Gales buscando informações sobre o passado de seu avô. Investigando as ruínas do orfanato “Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children”, ele encontra um fantástico abrigo para crianças com poderes sobrenaturais e decide fazer de tudo para proteger o grupo de órfãos dos terríveis hollows.

127 min – 2016 – EUA

Dirigido por Tim Burton, roteirizado por Jane Goldman. Com Asa Butterfield, Eva Green, Ella Purnell, Samuel L. Jackson, Allison Janney, Judi Dench, Terence Stamp, Chris O’Dowd, Rupert Everett, Milo Parker, Pixie Davies, O-Lan Jones, Ella Wahlestedt e Aiden Flowers.

Inspirado no livro “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” de Ransom Riggs

“O Lar das Crianças Peculiares” parece um filme perfeito para o diretor Tim Burton, um rapaz com problemas de sociabilidade descobre um “novo” mundo com várias crianças também não aceitas pela sociedade porém com estranhas habilidades especiais. E não é de hoje que Burton defende os “esquisitões”, vide sua filmografia repleta de pessoas estranhas porém admiráveis em seus mundos que pesam para o lado negro da imaginação. O longa é inspirado no livro “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” de Ransom Riggs, que baseou sua obra em uma coleção pessoal de fotos vintage, nele somos apresentados a um grupo de peculiares em um mundo numa constante briga entre fantasia e realidade. (Vale destacar aqui que ainda não li o livro que originou o filme.) A “equipe” é uma mistura entre X-Men e a Família Adams, no filme “Feitiço do tempo”. É um loop temporal que nos permite divertir com essas estranhas habilidades em um dia que se repete constantemente.

Acompanhamos Jacob Portman (Asa Butterfield) que após presenciar a morte de seu avô, Abraham Portman (Terence Stamp), parte para uma ilha isolada no País de Gales buscando informações sobre o passado de Abraham. Lá ele encontra o orfanato, abandonado, da Senhorita Peregrine (Eva Green) e investigando suas ruínas encontra um fantástico abrigo para crianças com habilidades especiais. Então seguindo a jornada do herói, Jacob tem que se superar e enfrentar seus medos para atingir grandes feitos e salvar seus novos amigos, e antigos amigos de seu avô, Emma Bloom (Ella Purnell), Olive Abroholos Elephanta (Lauren McCrostie), Millard Nullings (Cameron King), Bronwyn Buntley (Pixie Davies), Fiona Frauenfeld (Georgia Pemberton), Enoch O’Connor (Finlay MacMillan), Hugh Apiston (Milo Parker), Claire Densmore (Raffiella Chapman), Horace Somusson (Hayden Keeler-Stone) e os gêmeos mascarados (Joseph and Thomas Odwell).    

É interessante e cativante a forma como Tim Burton nos expõem a cada peculiaridade. Uma garota mais leve que o ar, um rapaz que dá vida a criaturas inanimadas, crianças super fortes, uma adolescente que pode controlar o fogo, dentre outros. Nossa curiosidade infantil é acionada, assim como a de Jacob, e ficamos cativados naquele “novo” mundo de 1943 mais colorido e alegre que a ilha cinza e triste de 2016.  É impossível não notar semelhanças com outro filmes do diretor, como os contos de  “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas”, o stop-motion de “Frankenweenie” e a estranheza de “Edward Mãos de Tesoura”. Até mesmo o ótimo “Beetlejuice” encontrei em “O Lar das Crianças Peculiares”. Asa Butterfield está bem como Jacob, um garoto deslocado na Flórida e em sua própria família que busca na figura do avô (E suas histórias) um refúgio. Todos os peculiares estão bem, mas é o interesse de Jake na vida de Abe que move a trama (E que nos leva junto). São nos contos de seu avô que entramos em contato com os peculiares da Senhorita Peregrine, interpretada por Eva Green com uma postura firme, alguém que sempre parece saber mais do que demonstra e pronta para se sacrificar por suas crianças.

O Longa se passa no presente e no passado, porém é triste perceber como não é bem explorado a estranha situação em que se encontram os peculiares. As crianças são mantidas no passado em loop, com a justificativa de que o mundo não iria entendê-las. O que de longe é uma existência agradável, afinal elas nunca vão crescer e nunca vão mudar. E assim, escondidas como é que o mundo um dia vai aceitá-las? O enredo é previsível, mas utiliza de forma muito interessante a viagem no tempo. E se a motivação e o plano dos vilões é bastante contestável, o que realmente chama a atenção é a interpretação canastrona (Proposital?) de Samuel Jackson, que faz sua versão exagerada do Christopher Walken. O que não é necessariamente ruim, até porque somos presenteados com seu personagem comendo um tigela de olhos de crianças. (Sério!) O filme falha na construção forçada do relacionamento desnecessário de Jacob e Emma. E é aí que vemos como a relação entre o garoto e seu avô é íntima, afinal não é todo neto que volta no tempo para pegar sua ex-affair. Burton imprimiu seu estilo sem exageros, criou um clima sombrio, apresentou personagens monstruosos e destacou o conflito fantasia versus realidade. É um mérito do longa o uso contido dos efeitos digitais, em determinado momento remete ao stop-motion em uma ótima homenagem a Ray Harryhausen e seus esqueletos em “Jasão e os Argonautas” e “Simbad e a Princesa”.

O livro “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” ganhou duas sequências, “Cidade dos Etéreos” e “Biblioteca das Almas” fechando a trilogia. Na atual indústria do cinema em que vivemos, é natural que FOX pretenda transformar “O Lar das Crianças Peculiares” em uma franquia. Não é todo filme que precisa de sequências, e aqui, acredito que não seja necessário. Mesmo ficando com vontade de ver aquelas crianças novamente.

Nota do Sunça:

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