Sunça no Cinema – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021)

Em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Peter Parker (Tom Holland) precisará lidar com as consequências da sua identidade como o herói mais querido do mundo após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio (Jake Gyllenhaal) no filme anterior. Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha de outro universos acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só deter vilões de suas outras versões e fazer com que eles voltem para seu universo original, mas também aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades como herói.

148 min – 2021 – EUA, Islândia

Dirigido por Jon Watts e roteirizado por Chris McKenna e Erik Sommers. Com Tom Holland, Zendaya, Benedict Cumberbatch, Jacob Batalon, Jon Favreau, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Benedict Wong, Tony Revolori, Marisa Tomei, Angourie Rice, Arian Moayed, Paula Newsome, Hannibal Buress, Martin Starr, J.B. Smoove, J.K. Simmons, Haroon Khan, Thomas Haden Church.

Uma crítica de cinema não é uma validação de qualidade de um longa. Nem mesmo tem a função de dizer se determinada produção deve ou não ser assistida. Todo filme deve ser assistido. Ela pode ser um estudo e uma análise técnica sobre os elementos de uma obra. Também é as impressões, observações e percepções de uma determinada pessoa. A crítica é sim algo pessoal. Homem-Aranha é o personagem que tenho mais lembranças antigas. Ele sempre esteve presente em minha vida. Sou fascinado por seus quadrinhos, filmes, séries animadas e games. Tudo relacionado ao Aranha tem um lugar especial em meu coração. E isso não atrapalha meu olhar crítico, apenas faz parte dele e de minha experiência. Eu amo o Homem-Aranha.   

“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” encerra a trilogia de Tom Holland à frente do personagem. O que chamou atenção do grande público e fez com que o filme batesse recordes de bilheteria se tornando um dos filmes mais bem sucedidos do Universo Cinematográfico da Marvel, é a aparição do multiverso. Porém o destaque fica para a história de amadurecimento desse Peter Parker. Ele agora se torna um herói. Nas franquias anteriores fomos apresentados a outros aracnídeos. Nos longas de Sam Raimi, Tobey Maguire era o nerd clássico que conhecemos nas hqs, mas deixava a desejar quando se tornava o brucutu Aranha. Já nas produções de Marc Webb o Peter de Andrew Garfield era descolado e sofria muito com seus problemas psicológicos, porém quando vestia o uniforme sua movimentação era incrível. Saltava, lutava e disparava piadas. Com as obras de Jon Watts, temos o personagem de Tom Holland que apresenta problemas no colégio e com sua tia. Um adolescente que queria ser herói e que quando combatia o crime trazia consigo a inexperiência de um garoto, porém com o sentimento de tentar fazer o que é certo. 

Eu gosto muito do Aranha de Tom Holland, mas algumas mudanças incomodaram fãs puristas do personagem. Ele é um garoto deslumbrado com a nova vida em que foi colocado, Peter queria ser um Vingador e queria impressionar Tony Stark. Tony se tornou seu mentor e fornecia ao herói uniformes tecnológicos. Tio Ben nunca apareceu, assim como seu ensinamento sobre responsabilidade. O Teioso não lida bem com sua vida dupla em momentos chave abre mão de estar com seus amigos e sua família para fazer seus deveres como herói. Porém seguia abraçado com a vida que queria e gostaria de levar como Peter Parker. Ingênuo, foi jogado em meio a batalhas gigantes e heróis invencíveis. “Sem Volta para Casa” pede ajuda às franquias anteriores do aracnídeo para que esse garoto possa olhar para si mesmo, rever suas escolhas, decisões e se transformar em um verdadeiro herói. Ele se corrige, mas sem perder a sua essência. 

O longa começa instantes após ao final de seu antecessor, “Homem-Aranha: Longe de Casa”.  Mysterio (Jake Gyllenhaal) revelou a identidade do Homem-Aranha através do Clarim Diário de J. Jonah Jameson (J.K. Simmons). Além de culpar o herói por sua morte. A vida de Peter Parker (Tom Holland) se transforma em um caos. Ele é investigado pela polícia, a imprensa o persegue e sua vida comum não existe mais. Algo que afeta também a vida de seus amigos e familiares. Peter parece suportar essa pressão, porém não consegue lidar com o fato de tudo isso afetar e machucar quem ele ama. Tia May (Marisa Tomei), MJ (Zendaya) e Ned Leeds (Jacob Batalon) também têm suas vidas despedaçadas. Desesperado, ele pede ajuda ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), que cria um feitiço para fazer com que todos esqueçam que ele é o Homem-Aranha. Devido a intervenção de Peter a magia dá errado e seres de outros universos começam a surgir na sua realidade.

Na primeira etapa do filme vemos as consequências das ações de Mysterio. O clima é sempre de que algo ruim está para acontecer. As tentativas frustradas de Peter, MJ, e Ned, de entrar na universidade. Nos mostra, mais uma vez, como o herói não consegue se desapegar de seus planos como Peter Parker. Ele não abre mão da vida comum em detrimento a vida heroica. Peter não está preparado para fazer o grande sacrifício. Outro personagem que também é afetado é Happy (Jon Favreau), ele representa a segurança e o vínculo com o Homem de Ferro. Não à toa, ele está mais impotente e cada vez menos participativo na vida do Aranha. Atraídos pelo feitiço errado do Doutor Estranho, vilões de outros filmes do Homem-Aranha surgem nesse universo do MCU. São eles o Doutor Octopus (Alfred Molina), Duende Verde (Willem Dafoe) e Homem Areia (Thomas Haden Church) do universo de Tobey Maguire. Além de  Electro (Jamie Foxx) e Lagarto (Rhys Ifans) dos longas de Andrew Garfield. Essas participações tornam “Sem Volta para Casa” uma grande homenagem ao Homem-Aranha e seus filmes. A ideia de multiverso, que já tinha sido explorada no excelente “Homem-Aranha no Aranha Verso”, além de permitir a interação entre as franquias, possibilita fazer um conserto em todas elas. O que nos quadrinhos é conhecido como retcon. 

Na maior parte do tempo os personagens são bem aproveitados, o que é um grande feito para uma obra carregada deles. Mérito da dupla de roteiristas Chris McKenna e Erik Sommers. Alfred Molina está muito bem de volta ao papel de Doutor Octopus, ele parece se divertir e se emocionar. Willem Dafoe parece que nunca deixou de ser o Duende Verde, está intimidador, assustador e consegue explorar ainda mais seu personagem.  O Homem Areia de Thomas Haden Church teve seu arco muito bem resolvido no “Homem-Aranha 3” de Sam Raimi, logo, não teve muito a acrescentar e o texto teve que se virar para colocá-lo ao lado dos vilões. Jamie Foxx viveu mais uma vez o Electro, uma melhora significativa depois de sua última aparição tanto em motivação, tom e visual. O Lagarto de Rhys Ifans me pareceu o mais mal aproveitado, não adicionando muito a narrativa, ele é só mais um vilão a ser batido e gera algumas piadinhas de dinossauro. É interessante perceber como o filme permite a esses personagens evoluir em seus arcos dramáticos e participar novamente da formação de um Homem-Aranha. 

Tom Holland é um bom ator, e neste encerramento de sua trilogia, ele está excelente. Holland recebe muito mais material dramático, o qual, ele executa com maestria. Em meio a um elenco com grandes nomes, mais uma vez, ele consegue se destacar e impressionar. Marisa Tomei também recebe cenas fortes e intensas e se sai muito bem. Zendaya continua construindo sua MJ forte e interessante. O par romântico funciona e a química dos dois é ótima. Jacob Batalon é o alívio cômico e o protagonista de ações que testam nossa suspensão de descrença. Benedict Cumberbatch não tem muito material para trabalhar e seu Doutor Estranho é logo colocado de escanteio de uma maneira fraca e contestável.   

O filme está repleto de participações especiais e de easter eggs. Ter muitos segredos, forçou a produção a executar muitas filmagens em estúdio. Isso prejudicou um pouco. Jon Watts filmou várias cenas de ação diante de um fundo digital e a falta de inventividade do diretor, deixa alguns momentos artificiais. O roteiro em diversos momentos se apoia em diálogos expositivos e não consegue desenvolver bem todos os seus personagens. Temos muitas piadas e diálogos bobos e explicações desnecessárias. Apesar de problemático o texto constrói uma aventura excelente, uma ode as referência e ao que significa ser o Homem-Aranha. Importantes traumas acontecem, motivações do herói são construídas, sacrifícios são feitos e novos rumos tomados. O mestre ensina o aprendiz e o colega lhe mostra o caminho.       

“Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” é um evento tão grande como “Vingadores: Ultimato”. É a culminação de toda uma trajetória do personagem no cinema. É um final digno para quem precisava, um encerramento para o que estava aberto e um novo recomeço. Um retcon mascarado de nostalgia que evoca risos, saltos de aflição e choro nas salas de cinema. Em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” o retorno do herói para a Marvel parecia acertado. Agora em 2021 ele se mostrou ideal. Aguardo com ansiedade para ver mais deste novo Homem-Aranha e as possibilidades que ele promete. A trilogia de Tom Holland nos mostrou um garoto que sonhava em ser herói e que aprende da forma mais dura o que é necessário para isso. “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” é o teste definitivo dessa encarnação do herói.  

Obs. São duas cenas pós-créditos. A primeira é extremamente desnecessária e demonstra as pretensões da Sony. A segunda ao final de todos os créditos é um teaser do próximo filme do Doutor Estranho (que já está disponível online). Fica aqui minha indignação, este encerramento de trilogia não precisava de cenas pós.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Homem-Aranha: Longe de casa (2019)

Peter Parker (Tom Holland) está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Precisando de ajuda para enfrentar monstros nomeados como Elementais, Fury o convoca para lutar ao lado de Mysterio (Jake Gyllenhaal), um novo herói que afirma ter vindo de uma Terra paralela. Além da nova ameaça, Peter precisa lidar com a lacuna deixada por Tony Stark, que deixou para si seu óculos pessoal, com acesso a um sistema de inteligência artificial associado à Stark Industries.

130min – 2019 – EUA

Dirigido por Jon Watts, roteirizado por Chris McKenna e Erik Sommers. Com Tom Holland, Jake Gyllenhaal, Samuel L. Jackson, Marisa Tomei, Jacob Batalon, Zendaya, Jon Favreau, Tony Revolori, Angourie Rice e J.B. Smoove.

Acho desnecessário iniciar todos os meus textos sobre o Homem-Aranha dizendo que eu amo o herói. Espera aí, não acho não. Digo de novo: Eu amo o Homem-Aranha. E dessa vez, me sinto validado pela própria Marvel. Já que, ao aparecer sua logo no início da projeção de “Homem-Aranha: Longe de Casa” a trilha sonora que a acompanha é “I Will Always Love You” de Whitney Houston. Uma “incrível” homenagem aos heróis caídos em “Vingadores: Ultimato”. A nova aventura do aracnídeo se disfarça de uma despretensiosa “eurotrip”, mas é um importante epílogo para os acontecimentos recentes do MCU. Além disso, o filme prepara o terreno para o que vamos acompanhar nos próximos anos nesse universo e também deixa aberta uma impressionante possibilidade para o futuro do próprio herói. Ainda que a princípio, tenha me parecido uma decisão precipitada. 

  Em uma mistura de comédia, drama e ação, a trama se passa um ano após os eventos de “Vingadores: Ultimato” e o salto temporal de cinco anos criado pelo estalo de Thanos. Oficialmente denominado de “blip”. A turma de Peter Parker (Tom Holland) que agora mistura amigos jovens, que viraram pó com o estalo, e colegas mais velhos que viveram os cinco anos após o estalo. Está de férias e em uma excursão à Europa. E para Peter esse parece o momento ideal de relaxar com os amigos, descansar um pouco de seus deveres como o Aranha e finalmente dizer como se sente para a garota que ama, MJ (Zendaya). O que o herói não contava, era com a presença de Nick Fury (Samuel L. Jackson) que quer o Homem-Aranha, no combate a criaturas elementais que surgem em vários lugares do mundo. Para isso, o teioso recebe a ajuda do herói Mystério (Jake Gyllenhall). É uma história com carisma, bom humor e reviravoltas. O foco é o processo de crescimento de Peter e suas responsabilidades, um garoto que têm de lidar com a iminência da vida adulta. Ainda que a famosa frase de Tio Ben nunca seja dita, seu significado permeia todo o roteiro de “Longe de casa”. Parker têm que entender seu novo lugar no mundo e assumir novas responsabilidades para as quais não se sente preparado.   

Com um arco dramático bem definido Tom Holland consegue mostrar o porquê de ser o melhor dos atores a interpretar o amigão da vizinhança. Em nenhum momento o questionamos como um garoto que passa por um momento difícil, sentimos o peso da perda de seu mentor, suas dúvidas e anseios, a necessidade de tirar uma “folga” e seu amor por MJ. Zendaya e sua MJ despojada também ganham destaque e não decepcionam. Não é uma donzela em perigo (Sua clava não me deixa mentir). É uma garota com fortes convicções e que funciona bem com o Peter Parker de Holland. Ned (Jacob Batalon) mais uma vez é responsável pelas cenas mais engraçadas do filme. Suas constantes e repentinas mudanças de opinião/atitude trazem uma suavidade para a obra e nos lembram em momentos específicos de que estamos lidando com um grupo de adolescentes. Quentin Beck, o Mysterio, de Gyllenhaal é um ótimo personagem. Suas motivações são interessantes, têm uma boa química com Tom e seu arco dramático consegue nos surpreender. Eu, como um grande fã das hqs, fiquei satisfeito com a representação desse icônico vilão. A evolução do relacionamento de Happy Hogan (Jon Favreau) com o protagonista também merece destaque. 

Se em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” Jon Watts nós apresentou um longa adolescente no melhor estilo John Hughes, agora o diretor vai além e apresenta uma comédia adolescente no primeiro arco de “Longe de Casa”, no segundo ato assistimos a um drama para culminar no terceiro ato em uma aventura repleta de ação. O diretor demonstra habilidade em elaboradas cenas de luta e cria sequências onde de fato podemos perceber o aranha usar de todas as sua habilidades para superar os obstáculos no seu caminho. Vale um destaque para uma impressionante e bem executada sequência repleta de ilusões, efeitos especiais, jogos de câmera e montagens. São ideias visuais ambiciosas e muito bem executadas. No momento em que somos guiados por um novo caminho, as ameaças e os efeitos especiais ganham uma nova roupagem e passam a ficar mais perceptivos. O vilão fica mais genérico e os poderes de distorção da realidade de Mystério se tornam mais artificiais. Uma decisão acertada do longa e coerente com sua narrativa. Um subtexto importante que “Homem-Aranha: Longe de Casa” traz é a ideia de que as aparências enganam. A criação de uma persona importante a partir de supostos grandes feitos, executados a partir de uma cortina de fumaça que busca confundir a opinião pública. Uma discussão sobre fake news e a era da pós verdade.      

Essa nova aventura do aranha não escapa de alguns diálogos expositivos e da antiga dinâmica do herói que reluta seus deveres. Porém a trama tenta brincar com essas sequências de forma metalinguística, seja na cena de um brinde que mostra os “bastidores” de uma “equipe de cinema” ou no momento em que Nick Fury tenta explicar os acontecimentos e é constantemente interrompido.    

Mais uma vez, fica claro que foi uma decisão acertada o retorno do personagem a Marvel. Deixa a vontade de que essa parceria entre a Sony, que têm os direitos cinematográficos do herói, e a Marvel Studios continue rendendo bons filmes.

 “Homem-Aranha: Longe de casa” conta com um ótimo elenco em uma trama com um clima jovial que mescla comédia, drama e aventura. Têm boas cenas de ação, momentos importantes entre seus personagens e apresenta um final impactante que abre possibilidades para grandes acontecimentos na vida do teioso. Faz referências às encarnações anteriores do herói e relembra cenas icônicas dos filmes anteriores. Uma obra divertida, empolgante, ágil e dinâmica. Uma aventura colorida com uma boa trilha sonora e designs de personagens interessantes. O visual de Mystério e os vários uniformes do aranha são ótimos. E o mais importante é que o Homem-Aranha continua sendo apenas um adolescente que dispara suas teias e combate o crime enquanto tenta lidar com sua vida e entender quem é.

Obs. São duas cenas pós-créditos. A primeira logo após os créditos inicias abre possibilidades para o futuro do Aranha. A segunda ao final de todos os créditos abre possibilidades para o futuro do MCU.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Homem-Aranha no Aranhaverso (2018)

Miles Morales é um jovem negro do Brooklyn que se tornou o Homem-Aranha inspirado no legado de Peter Parker, já falecido. Entretanto, ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, ele é surpreendido com a presença do próprio Peter, vestindo o traje do herói aracnídeo sob um sobretudo. A surpresa fica ainda maior quando Miles descobre que ele veio de uma dimensão paralela, assim como outras versões do Homem-Aranha.

117 min – 2018 – EUA


Dirigidor por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman. Roteirizado por Phil Lord, Christopher Miller. Com Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Jake Johnson, Liev Schreiber, Nicolas Cage, John Mulaney, Lily Tomlin.

“Qualquer um pode usar a máscara!”

Essa é a fala de Miles Morales que vai te fazer chorar. Pelo menos para mim, esse foi um dos vários momentos em que chorei ao assistir o melhor filme do aranha: Homem-Aranha no Aranhaverso. Muitos dirão que eu sou clubista ao falar sobre o Homem-Aranha, e talvez eu seja mesmo. Mas isso não desmerece o fato de estarmos diante de uma das melhores adaptações de quadrinhos dos últimos tempos. Visualmente linda e com um roteiro forte a obra acerta em cheio no cerne do personagem. É engraçada, é triste, é aventuresca e emocionante.

O que difere o aranha dos demais super-heróis são seus problemas do cotidiano, alguém imperfeito recebe o “chamado ao heroísmo” e devido ao seu senso de responsabilidade e força de vontade tenta fazer o melhor com o que têm em mãos. É aí que nos identificamos. Somos e queremos ser ele. E, é nesse espírito de amor ao personagem que o longa é certeiro e nos mostra que qualquer um pode ser o Homem-Aranha. Algo já dito pelo próprio mestre Stan Lee, quando disse que o fato de o herói estar todo coberto nos permite imaginar que estamos por de trás da máscara. Não importando o gênero e a etnia. Todos podemos estar no uniforme. (A participação de Stan é outro momento em que chorei no filme)

O Rei do Crime (Liev Schreiber) abre uma fenda interdimensional no meio de Nova Iorque. Várias dimensões se alinham e Homens-Aranhas de diferentes realidades acabam juntos no mundo em que Miles Morales (Shameik Moore) foi picado pela aranha radioativa. Nessa dimensão Peter Parker (Jake Johnson) é um herói consagrado, mas acaba morrendo. E em meio a tudo isso Miles tenta lidar com seus poderes, seus problemas pessoais na escola e o relacionamento com o pai. E a responsabilidade de deter o Rei do Crime cai em suas mãos. Para impedi-lo recebe a “ajuda” de outras versões do Homem-Aranha.  O filme adapta a história de origem de Miles Morales do Universo Ultimate da Marvel e a mescla com a recente saga Aranhaverso. A narrativa é muito bem roteirizada e rapidamente somos imersos naquela história.

Um garoto que ainda está se descobrindo como pessoa, e agora como Aranha é a porta de entrada dessa nova adaptação. Morales têm várias peculiaridades diante das demais versões do herói, o que o torna único. Um ponto forte é seu relacionamento com o Peter Parker (Johnson) que acaba sendo seu mentor, em sua própria dimensão Parker é um herói vivido, porém em decadência. Que encara seus próprios dilemas. É o mestre em decaída e o aprendiz desorientado. A voz original desse filme é outra de suas qualidades, por isso, fica a recomendação de assistir no idioma original. Hailee Steinfeld apresenta uma Gwen Stacy forte, sua personagem têm uma ligação imediata com Morales e posso garantir que a Mulher-Aranha vai ser a favorita de muitos espectadores. O Spider-Ham de John Mulaney e suas ações e animações estilo Looney Tunes merece aplausos e rende muitas risadas. A Peni Parker, personagem de Kimiko Glenn e seu estilo anime não deixa a desejar. O Homem-Aranha Noir com a voz de Nicolas Cage é impagável. Melhor filme de herói de Cage. Vale um destaque também para a Tia May (Lily Tomlin) que está longe de ser uma velhinha indefesa.

O que torna Homem-Aranha no Aranhaverso uma ótima animação, além de um ótimo filme de super-herói e um ótimo longa do Aracnídeo, é seu visual. A obra é linda, dinâmica e ágil. Além dos diferentes designs das versões do Aranha, a forma como os personagens são animados é diferente. Com exceção de Peter e Morales que seguem o mesmo padrão. Fica fácil perceber por exemplo o estilo Tex Avery do Spider-Ham. E o mais interessante é que nada é gratuito e tudo auxilia a trama, ajuda a história a se mover adiante e caracterizar as diferentes dimensões. São cores espetaculares que remetem aos quadrinhos, o uso de balões de pensamento junto com os cortes e enquadramentos deixam tudo dinâmico. A trilha sonora é certeira e uma peça chave em toda condução do longa. É uma experiência de quadrinhos no cinema, são páginas animadas que vão além e trazem o melhor dos dois mundos. O que permite uma batalha genial no clímax do filme.

Homem-Aranha no Aranhaverso faz referência a todos os filmes que o herói já estrelou e, é claro, traz os famosos easter eggs tão divertidos de procurar e encontrar. Uma obra que acerta em todos os quesitos, ainda que seu roteiro conte com algumas coincidências. Os diretores Peter Ramsey, Bob Persichetti e Rodney Rothman fazem um ótimo trabalho e trazem um novo patamar para o gênero super-herói. Os roteiristas Phil Lord e Christopher Miller estão de parabéns por evocar durante vários momentos um sentimento heroico apenas sentido antes na cena do metrô de Homem-Aranha 2 de Sam Raimi.  E vale repetir, pois o maior acerto de Aranhaverso é o soco no coração do espectador em especial do fã de longa data do herói.

“Qualquer um pode usar a máscara!”

Obs. Fique durante os créditos, eles são ótimos. A cena pós-créditos também.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Os Vingadores e seus aliados precisam estar dispostos a sacrificar tudo para derrotar Thanos (Josh Brolin), antes que seu poder de devastação acabe com metade do universo. O Titãn chega à Terra, para a reunir as Joias do Infinito. Para enfrentá-lo, os Vingadores precisam unir forças com os Guardiões da Galáxia, ao mesmo tempo em que lidam com desavenças entre alguns de seus integrantes.

156 min – 2018 – EUA

Dirigido por Anthony Russo e Joe Russo, roteirizado por Christopher Markus e Stephen McFeely. Com: Robert Downey Jr, Chris Hemsworth, Josh Brolin, Chris Evans, Scarlett Johansson, Karen Gillan, Tom Hiddleston, Elizabeth Olsen, Tom Holland, Benedict Cumberbatch, Mark Ruffalo, Zoe Saldana, Sebastian Stan, Dave Bautista, Chadwick Boseman, Danai Gurira, Paul Bettany, Anthony Mackie, Don Cheadle, Peter Dinklage, Carrie Coon, Tom Vaughan-Lawlor, Winston Duke, Latitia Wright, Benedict Wong, Pom Klementieff, Benicio Del Toro.

São dez anos acompanhando a Marvel no cinema. Mais de vinte e um anos lendo quadrinhos. Anos consumindo animações, seriados, jogos, brinquedos e etc. E aqui estou eu, acabado. Ainda não sei como lidar com o corajoso e ousado “Vingadores: Guerra Infinita”. Quando reflito sobre o ótimo longa fico tenso e silencioso, abro pequenos sorrisos e encho os olhos de lágrimas. As consequências são reais e sérias, é um filme impactante. É óbvio que a “pancada” seria maior caso já não houvesse a confirmação, pela casa das ideias, dos longas “Homem-Formiga e a Vespa”, “Capitã Marvel” (ambos ainda esse ano) e o quarto Vingadores ano que vêm. (Ainda sem título) Ainda assim, saí do cinema com o mesmo impacto de quando assisti “Star Wars: O Despertar da força”. Me vejo questionando a possibilidade de um dia rever essa obra. Não quero. E obviamente vou fazê-lo o mais rápido possível e inúmeras vezes. Ainda que uma determinada cena me mate por dentro só de pensar em assisti-la de novo.

Se o ótimo “Capitão América: Guerra Civil”, também dirigido por Anthony e Joe Russo, foi acusado de não ser corajoso o suficiente em “Guerra Infinita” os diretores e a Marvel mostram valentia e presenteiam o espectador que acompanhou os dezoito filmes que guiaram o “Universo Cinematográfico da Marvel” até aqui. Thanos (Josh Brolin) e seus generais, Fauce de Ébano (Tom Vaughan-Lawlor), Corvus Glaive (Michael James Shaw), Próxima Meia-Noite (Carrie Coon) e Cull Obsidian (Terry Notary) que  formam a Ordem Negra, estão em busca das joias do infinito. São seis gemas, a do espaço, da mente, alma, realidade, tempo e poder. Eles não medem esforços para reunir as pedras que juntas dariam plenos poderes ao vilão. O Titã Thanos acredita ser o herói de sua história, alguém que busca a salvação do universo. O filme se inicia logo após os eventos de “Thor Ragnarok” e logo percebemos como a ameaça é real e o tom diferente dessa nova aventura que promete consequências. Na terra a equipe dos Vingadores está dividida devido aos acontecimentos de “Guerra Civil”.  A trama não é complexa, é simples. Thanos precisa das joias e vêm buscar. Mas é épica em escala, interliga vários personagens e traz um clima mais sombrio ainda que a aventura, o humor e as grandes cenas de ação se façam presentes. É uma tensão constante que é construída e amplificada ao longo de duas horas e meia (Que passam voando). O perigo é real e nos vemos constantemente temerosos sobre o destino dos heróis.

Josh Brolin faz um ótimo trabalho como o Titã ele o constrói como um personagem tridimensional, é um vilão poderoso, ameaçador e com um inesperado carisma. Percebemos seus valores e ideais, seus dilemas pessoais e sua motivação. É possível simpatizar com o vilão que em diversos momentos se mostra “humano”, ainda que seus objetivos sejam terríveis. Parte disso devido a relação com suas filhas e seu passado, porém a forma como Brolin entrega suas falas e exibe expressões corporais ajudam nesta composição do personagem. Os efeitos especiais são impressionantes, em nenhum momento questionamos sua “existência” e deixa toda a composição de Thanos mais visceral, o que é muito importante uma vez que ele de fato é o protagonista do filme. A Ordem Negra também funciona e nos rende boas batalhas. Aliás, cenas de luta acontecem a todo momento, o que é um show a parte. Além de bem coreografadas e enquadradas pelos irmão Russo, é fascinante ver os heróis trabalhando em equipe e compartilhando seus poderes uns com os outros. Os personagens acabam divididos em grupos menores com diferentes missões mas com a ameaça de Thanos em comum. Uma decisão acertada que deixa a obra acelerada e dinâmica.

Os diretores tinham um grande desafio em mãos, reunir um número grande de personagens em uma história que deveria encerrar uma etapa da Marvel nos cinemas. E eles conseguem. A interação entre os personagens é um ponto forte, a personalidade de cada um é respeitada. Nem todos conseguem um bom tempo na tela, mas é nítido o respeito com cada um deles, vide a primeira aparição dos Guardiões da Galáxia, devidamente acompanhada de uma trilha sonora. Outro aspecto interessante é que cada um dos heróis possui uma função em sua participação, por menor que ela seja. É notável a evolução de alguns deles, como por exemplo o Homem-Ferro (Robert Downey Jr.), o Capitão América (Chris Evans) e a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) que aprofunda sua convincente relação com Visão (Paul Bettany). Mas o destaque fica com Thor (Chris Hemsworth) e Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch). É um show a parte poder ver Robert Downey Jr. contracenar com Benedict Cumberbatch e Chris Pratt. E de ter presente entre esse grupo demonstrando química e personalidade o Homem-Aranha de Tom Holland é especial. E para mim, especificamente, um regozijo único. Algo pelo qual espero desde pimpolho.  

“Vingadores: Guerra Infinita” é um novo marco para o Universo Cinematográfico da Marvel. É angustiante, assustador, dramático e engraçado. Um soco que te faz sair abalado e amargurado do cinema. Thanos rouba a cena e a casa das ideias entrega o evento que prometeu. O final perde força quando sabemos da confirmação de novos filmes, mas ainda assim paira dúvida e a apreensão. É um filme mais sombrio que encerra um arco. Você vai se encantar, vai rir, vai chorar e sair abalado pela promessa contida na frase final da projeção.

Obs. Tem uma cena pós créditos. Espere até o final.  

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)

Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker (Tom Holland) voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre (Michael Keaton) surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.

134 min – 2017 – EUA

Dirigidor por Jon Watts, roteirizado por Jon Watts, Chris McKenna, Erik Sommers, Jonathan Golstein (XII) e John Francis Daley. Com Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Chris Evans, Marisa Tomei, Jennifer Connelly, Jacob Batalon Laura Harrier, Zendaya, Jon Favreau, Michael Chernus, Donald Glover, Tony Revolori, Angourie Rice, Bokeem Woodbine, Logan Marshall-Green, Michael Barbieri, Gwyneth Paltrow e Kenneth Choi.

Eu amo o Homem-Aranha. Não me recordo de um tempo em que o herói não estava presente em minha vida. Logo, todo e qualquer produto, produção audiovisual e/ou gráfica do Aracnídeo têm um lugar especial no meu coração. (Como demonstrei bem no texto sobre o “Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro”) Agora, para minha felicidade, chegamos ao sexto filme do Aranha e infelizmente ao segundo reboot em apenas 15 anos. Apesar da ideia de recomeçar mais uma vez a história de Peter não agradar. O pequeno vislumbre que tivemos em “Capitão América: Guerra Civil” empolgava. O Homem-Aranha/Peter Parker apresentado prometia ser a melhor adaptação do personagem para o cinema, e de fato é.

Nos três longas dirigidos por Sam Raimi fomos apresentados a um Peter Parker extremamente nerd que lembrava muito o garoto criado em 1962 por Stan Lee e Jack Kirby. Mas ao se tornar seu alter ego, deixava a desejar. Quando mascarado era apenas um brucutu com poucas piadas, não agia como um garoto. Com o primeiro reboot Marc Webb deixou Peter um nerd mais descolado e menos desajustado. Era um garoto que sofria mais com seus problemas psicológicos e traumas do que com acontecimentos do dia-a-dia. Porém quando de uniforme, principalmente em “A Ameaça de Electro” sua movimentação era incrível, atirava suas teias, saltava pelos prédios, batia nos bandidos enquanto disparava piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo, e com um trejeito “amador” de combate ao crime. Lembrava bastante o Aranha dos quadrinhos. Em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” Jon Watts recomeça tudo de novo e, no melhor estilo John Hughes, nos traz um adolescente de verdade. Que lida com problemas no colégio, com sua tia, não sabe falar com meninas e, como todo menino, quer se provar e se descobrir. A combinação perfeita de Peter Parker e Homem-Aranha. Que sim, sofre muitas mudanças mas mantém o espírito e a aura do personagem intacto.

No início do longa acompanhamos Adrian Toomes (Michael Keaton) em acontecimentos logo após a batalha de Nova York que aconteceu no primeiro longa dos Vingadores. Presenciamos o início de sua insatisfação e a decisão que vai culminar em sua transformação no vilão Abutre. Esse momento inicial é importante para humanizar Toomes, o torna um personagem multifacetado. Então mais a frente entendemos sua motivação e suas decisões. Assim ele se difere dos demais vilões da Marvel que, normalmente, apenas querem destruir tudo e todos. Caímos então em um ótimo vídeo diário de Peter Parker (Tom Holland) sobre sua “aventura” com os Vingadores em “Guerra Civil”. Esse vídeo já demonstra bem como aqui o protagonista é mesmo um garoto empolgado e impressionado com todas as mudança ocorrendo em sua vida. Após a batalha Parker volta para casa e para a sua vida colegial. O que o incomoda, uma vez que acredita estar sendo “mal aproveitado”. Após o colégio ele luta diariamente contra pequenos crimes nas redondezas do Queens, até que pensa ter encontrado uma missão na qual poderia se provar digno de ser um vingador.  O vilão Abutre (Michael Keaton) surge com um perigoso esquema de contrabando de armas, porém a  ameaça do novo vilão não é tão fácil de combater como o Aranha imagina.

O grande acerto de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” está no arco dramático de seu protagonista e no foco que a narrativa dá ao seu dia-a-dia no colégio. No início Peter é um garoto que está empolgado por ter lutado ao lado dos Vingadores, seu objetivo é impressionar Tony Stark (Robert Downey Jr.) e garantir seu lugar no grupo de super heróis. A vida colegial perde a graça e parece não fazer mais sentido. Uma divertida montagem ilustra bem a ansiedade de Parker em sair da escola e colocar seu uniforme. Algo que me lembrou bastante o filme “Te pego lá fora”. E apesar de se achar pronto o roteiro nos demonstra o tempo inteiro de que esse é um inexperiente Homem-Aranha. Um herói em formação que ainda têm muito a aprender. Basta perceber que o próprio teioso é a causa de muitas das situações as quais ele têm de enfrentar. E quando de fato no final da obra ele se encontra em uma situação aparentemente maior do que ele pode resolver é nítido o seu medo e pavor. No final ele percebe qual seu papel, seu dever e sua responsabilidade. Quando está sem a máscara é um nerd desajeitado que sofre bullying, principalmente na figura de Flash Thompson (Tony Revolori). Ele têm em Ned Leeds (Jacob Batalon) um parceiro e amigo, na linda Liz Allan  (Laura Harrier) sua paixonite adolescente e a estranha Michelle (Zendaya) se demonstra uma amiga e uma interessante reinterpretação de uma famosa personagem. Todo o elenco está muito bem, Tom Holland impressiona e entrega uma ótima performance em todas as cenas. Michael Keaton humaniza o Abutre e com uma atuação poderosa o torna o vilão mais interessante da Marvel até agora. Marisa Tomei é uma boa Tia May, mais moderna e divertida. A relação entre ela e Peter tem momentos tocantes, percebemos o companheirismo entre eles, um bom exemplo é a sequência em que Parker pede sua ajuda desesperado. Tudo desenvolvido de forma discreta e com poucas cenas, sem nunca mencionar diretamente o Tio Ben. (Ainda que seja perceptível a ideia de uma família despedaçada.)

Alguma mudanças não vão agradar os fãs mais xiitas. O uniforme mais tecnológico e a falta da história de origem (Mencionada em uma única frase) são bons exemplos. A figura de Tony Stark como mentor de Peter também vai incomodar muitos, além da falta do Tio Ben. Que é mencionado também em apenas uma única frase. (É clara a intenção de se evitar a história de origem do personagem) Isso de fato me incomodou um pouco, afinal, Ben é a motivação máxima do Teioso. Porém as outras mudanças não incomodam, aliás, fazem sentido em um Aranha dentro do Universo cinematográfico da Marvel. Até porque Stark têm bem menos tempo de tela do que foi sugerido nos trailers. Ele e Happy Hogan (Jon Favreau) são bem enquadrados na trama, suas aparições não ficam forçadas e nem excessivas. E aqui vale uma menção às ótimas aparições do Capitão América (Chris Evans) uma delas presente no trailer. Mudanças são necessárias. Mas o importante é manter a aura e o espírito do personagem, o que aqui acontece. O Homem-Aranha é um garoto que têm de lidar com provas de espanhol, decathlons acadêmicos,  problemas com garotas, ajudar sua tia ao mesmo tempo em que combate o crime. Em vários momento o herói escolhe o dever em detrimento a sua vontade, o que ele realmente quer. E isso é Homem-Aranha. Fica nítido em dois momentos que envolvem a Liz,  onde é claro que Peter apenas queria ficar próximo a garota mas honra sua responsabilidade.

A obra lembra muito um filme adolescente dos anos 80, as referências são várias. É só perceber que, como em todo bom filme daquela geração, tudo culmina no baile. Momentos na detenção lembram o ótimo “Clube dos Cinco” e em uma cena onde o Aracnídeo pega um “atalho” temos uma linda referência ao também ótimo “Curtindo a Vida Adoidado”.  John Hughes ficaria orgulhoso. Além disso o filme respeita e faz menções aos longas passados do personagem. Temos referências a cena do beijo em “Homem-Aranha”, a cena do metrô em “Homem-Aranha 2” e a cena inicial de Homem-Aranha 3”, dentre outras. Até uma engraçada referência ao Batman está presente. E não para por aí, durante a logo inicial temos a música tema dos anos 60, ao longo da obra vários apetrechos utilizados pelo herói na famosa animação dos anos 90 estão presentes e, claro, menções aos quadrinhos não faltam. Momentos de superação do Aranha vão te lembrar clássicos como “A Saga do Planejador Mestre”. E os fãs mais atentos vão perceber durante a trama a presença de outros inimigos clássicos do herói como o Escorpião, o Construtor e o Gatuno. É sutil, mas existe uma menção a Miles Morales.   

“Homem-Aranha: De Volta ao Lar” marca o retorno do personagem a Marvel. Graças a uma parceria entre a Sony, que têm os direito cinematográficos do herói, e a Marvel Studios Peter agora pode ser parte do Universo Cinematográfico da Marvel. De fato, o Aranha está de volta a sua casa. Um filme divertido, empolgante, ágil e dinâmico. Com uma fotografia colorida que remete a infância e o colégio (Muito perceptível nos créditos finais), uma boa trilha sonora que ilustra bem os acontecimentos da trama, vide a “Blitzkrieg Bop” dos Ramones que podemos ouvir assim que Peter finalmente saí do colégio. Bons designs de personagens e um tom cômico que nunca se sobressai ao arco dramático proposto. É comum em longas de super-heróis um clímax grandioso que coloca o mundo em risco, o que não acontece no novo filme do teioso. A luta final é menor mais simples e menos mirabolante. Afinal, o Homem-Aranha é apenas um adolescente que dispara suas teias e combate o crime ao mesmo tempo que tenta entender quem é.      

Obs. Temos duas cenas pós-créditos. Uma logo após ao filme e outra no final de todos os créditos. Essa última uma das melhores até agora.

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Sunça no Cinema – Capitão América: Guerra Civil (2016)

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Steve Rogers (Chris Evans) é o atual líder dos Vingadores, super-grupo de heróis formado por Viúva Negra (Scarlett Johansson), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Visão (Paul Bettany), Falcão (Anthony Mackie) e Máquina de Combate (Don Cheadle). O ataque de Ultron fez com que os políticos buscassem algum meio de controlar os super-heróis, já que seus atos afetam toda a humanidade. Tal decisão coloca o Capitão América em rota de colisão com Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro.

148min – 2016 – EUA

Dirigido por Anthony Russo e Joe Russo, roteirizado por Christopher Markus e Stephen McFeely. Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Don Cheadle, Paul Bettany, Chadwick Boseman, Anthony Mackie, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Tom Holland, Marisa Tomei, Emily VanCamp, Daniel Brühl, William Hurt, Martin Freeman, John Kani, John Slattery, Alfre Woodard, Jim Rash, Hope Davis.

A presença ilustre e importante de um Fusca, uma citação de “O Império Contra-Ataca” e a estreia de um Homem-Aranha, que promete ser a melhor adaptação do personagem para o cinema, em uma trama bem construída que sabe dosar o tom de sua narrativa e como dar espaço a seus personagens. Esse é o novo filme de Steve Rogers.    

Capitão América: Guerra Civil dá continuidade aos acontecimentos de “Capitão América: Soldado Invernal’ e isso fica claro em sua cena inicial. Nela acompanhamos o próprio Soldado Invernal (Sebastian Stan) em uma de suas missões do passado. O filme mantêm a equipe criativa de seu antecessor, o roteiro de Chritopher Markus e Stephen McFeely trabalha bem seus personagens e consegue manter uma leveza apesar da seriedade da trama. Várias sequências nos divertem, toda a apresentação do Aranha por exemplo, enquanto algumas nos tocam e emocionam e percebemos a dor dos personagens ali presentes. Cenas importantes do Tony Stark (Robert Downey Jr.) e também da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) ilustram bem. É um longa do Capitão, mas conta com a presença de diversos personagens do universo cinematográfico da Marvel. E um dos desafios do filme é justamente o de apresentar novos e importantes personagens o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o Homem-Aranha (Tom Holland). Outro desafio é demonstrar e justificar o posicionamento de cada personagem. Podemos afirmar que ambos os desafios foram compridos e de maneira bem sucedida.

O Pantera negra é um dos pontos fortes do filme, sua apresentação é ótima entendemos bem seu posicionamento e nos empolgamos com suas cenas de ação e luta. O mesmo pode ser dito para o Aranha, vale lembrar aqui que sou um fã de longa data do herói, que é bem apresentado e adicionado a esse universo. Na trama o aracnídeo acabou sendo muito utilizado como um alívio cômico, o que faz sentido já que o personagem funciona bem nesta função. O que não o impediu de “chutar as bundas” dos demais heróis (Quase todos eles) e de exibir seus superpoderes (inclusive o sentido aranha). Podemos conhecer rapidamente o Peter Parker de Tom Holland e sua relação com a tia May (Marisa Tomei),  e fica claro que esse garoto está deslumbrado e em êxtase por estar no meio daqueles heróis. Já T’Challa tem bem mais tempo de tela e demonstra sua seriedade e sobriedade aparentando ser o personagem mais adulto do longa.    

Em Guerra Civil a ONU decide controlar as ações dos Vingadores, para isso utiliza como argumento as mortes de inúmeros civis devido aos combates do grupo. Uma ação catastrófica dos Vingadores na cidade de Lagos é a gota d’água para o governo que impõe o “Tratado de Sokovia” uma forma de registro e uma maneira de controlar a equipe, que ate então funcionava como uma organização privada. Logo os super-heróis se dividem, Steve Rogers (Chris Evans) se recusa a assinar e Stark lidera os que aceitam. Em meio a tudo isso Bucky Barnes se torna um procurado da justiça.  

É bacana que o filme não assume um posicionamento, ou melhor não nos força a assumir/escolher um lado. As motivações do capitão estão ali, são coerentes com seus princípios e sua personalidade, o mesmo pode ser dito para o Homem-de-Ferro e para todos os demais. É fácil compreender ambos os lados e ver seus méritos e suas falhas. A formação dos times é bem construída e explorada. Todos os personagens tem um bom tempo de tela e todos eles têm sua chance de brilhar. O vilão principal o (Barão?) Zemo têm motivações válidas e bastante compreensíveis. Ele é também uma vítima e um afetado por toda a discussão incitada na trama de Capitão América: Guerra Civil. Entender bem os personagens e suas motivações é muito importante, já que, é essa construção que nos faz importar e preocupar com os personagens.

As cenas de luta merecem destaque, são muito bem coreografadas e exploram bem os poderes dos personagens. No combate inicial contra o Ossos Cruzados a equipe se mostra forte, unida e preparada. A famosa cena do aeroporto têm um combate sério, emocionante e até visceral mas com a leveza e sutileza que os filmes da Marvel nos proporcionam. É interessante como o filme coloca a Feiticeira Escarlate como uma ameaça e como ela mesma se relaciona com seus poderes. Nas cenas de combate fica claro a especialidade de cada herói e como cada um pode fazer a diferença. O Elenco como um todo está muito bem, conseguem demonstrar o conflito de seus personagens, o que estão sentindo e evoluir mais com a personalidade e característica de cada um. Paul Rud está muito bem e nas oportunidades que têm rouba a cena, o mesmo pode ser dito para Tom Holand e Chadwick Boseman. Scarlet Johanson, mais uma vez, está bem como a Viúva Negra e em suas ótimas cenas de ação mostra que, nesse grupo, é a especialista no combate corpo-a-corpo. Chris Evans está bem como o Capitão e consegue passar a firmeza e convicção necessária, Robert Donwey Junior têm a oportunidade de protagonizar cenas emocionais e de impacto, e ele entrega. A obra confia em seus atores e em muitos momentos troca um diálogo por uma expressão corporal e/ou facial.

Tramas inteligentes, reviravoltas e surpresas. Boa caracterização dos personagens, ótimas sequências de ação, e a duração necessária para amparar todos os personagens na trama. Suas duas horas e meia duração nos mantêm interessados o tempo todo e passam rápidas e despercebidas. Em Guerra Civil não existe um lado certo ou errado, os conflitos são complexos e os diferentes pontos de vista são bem elaborados. É mais um bom trabalho de Anthony Russo e Joe Russo, e certamente é um dos melhores longas da Marvel.   

Obs. Existem duas cenas pós créditos. Recomendo muito que fique até o final.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro

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A vida de Peter Parker anda movimentada. Entre capturar ladrões e passar um tempo com Gwen Stacy, ele ainda precisa lidar com a sua formatura. Peter não se esqueceu da promessa que fez para o pai de Gwen, mas manter-se afastado da garota dos seus sonhos é praticamente impossível. As coisas começam a se complicar para Peter quando um novo vilão, Electro, surge e um velho amigo, Harry Osborn, reaparece em sua vida. Além claro, de novas pistas sobre o seu próprio passado.

140min – 2014 – EUA

 
Dirigido por Marc Webb. Com roteiro de James Vanderbit, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Paul Giamatti, Dane Dehaan, Sally Field, Felicity Jones e Chris Cooper.

 

Quando pequeno meu sonho sempre foi me tornar o Homem-Aranha. (E ainda é!) Sou apaixonado pelo herói. A recordação mais antiga que tenho do meu laço com o teioso é uma foto de quando eu tinha dois anos de idade fantasiado de Homem-Aranha. Desde muito novo acompanho o herói nos quadrinhos, nos games, nos desenhos animados e mais recentemente, nos longas de Sam Raimi e nos atuais longas de Marc Webb. Digo isso porque para mim um filme do Aranha sempre vai ser algo especial. Até o ruim Homem-Aranha 3 de Sam Raimi e o fraco O Espetacular Homem Aranha de Marc Webb têm um lugar especial em meu coração. O que não vem ao caso quando se trata do O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro.

A cena inicial do filme é um flashback sobre os pais do herói. O passado obscuro deles continua sendo explorado neste novo longa e ainda é uma fixação do protagonista. A necessidade do longa anterior de explorar o passado dos pais de Peter e torná-lo um predestinado a se tornar o Homem-Aranha me incomodava, porém os flashbacks presentes neste novo filme parecem perder essa pretenção de predestinação e apenas responder questionamentos de Peter. É muito elegante que a cena inicial que é sobre sofrimento, perda e morte se inicie nas engrenagens de um relógio. Que no final do longa termina sua rima visual em outra cena de perda e sofrimento em meio a engrenagens de um relógio.

Após o flashback já entramos em uma cena de ação onde o Aranha se balança pelos prédios de Nova Iorque até encontrar uma perseguição policial. Aqui já percebemos o visual fantástico que o longa vai ter e em especial o visual das cenas de ação. É incrível perceber a movimentação do herói, enquanto atira suas teias e salta pelos prédios o Aranha passa a teia de uma mão para a outra, escala prédios, escala um pouco a teia para ganhar altitude antes dar seu próximo tiro, luta com seus adversários e dispara piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo e sempre com um trejeito “amador” de combate ao crime. A impressão é de que o Homem-Aranha está vivo. E os destoantes planos subjetivos presentes no primeiro filme dão lugar a planos subjetivos visualmente bonitos e bem encaixados nas cenas de ação. Na primeira luta contra o Electro em uma cena em câmera lenta onde o Homem-Aranha se esforça para evitar que pessoas sejam atingidas por um carro ao mesmo tempo em que evita que pessoas sejam eletrocutadas. Marc Webb nos mostra visualmente como o “sentido aranha” desperta no herói uma grande percepção dos acontecimentos ao seu redor.

A primeira cena de ação também nos mostra como é um constante conflito para o protagonista ser o Homem-Aranha e cumprir seus deveres ao mesmo tempo (literalmente) que lida com seu relacionamento com Gwen. A relação entre os dois é bem construida, seus momentos desajeitados e meigos dão a dimensão complexa e forte de seu relacionamento. Andrew está ótimo como Peter e Emma também ótima nos mostra como é fácil se apaixonar por Gwen. De forma objetiva e rápida o filme nos mostra relação entre Harry e Peter, já em seu primeiro encontro temos Harry no topo das escadas com o rosto imerso na escuridão e Peter abaixo na base das escadas com seu rosto iluminado em uma conversa fria e distante, nos mostrando o potencial contraste entre os personagens, até que Harry desce alguns degraus seu rosto se ilumina Peter se aproxima e a conversa se torna amigável e íntima. Mostrando o laço de amizade que ainda existe entre os dois. Tia May e Peter também tem seus momentos, alguns divertidos e outros mais profundos que nos mostram como é cada vez mais forte a relação entre os dois.

Os três vilões do longa são interessantes. O Rino tem uma pequena e boa participação que rendem cenas visualmente lindas, o Duende Verde têm a sua origem e a construção de seu rancor e ódio pelo teioso, o Harry aqui é mais do que apenas um garoto mimado. Já o Electro, esse sim é a verdadeira ameça do filme. Max, o personagem de Jamie Foxx antes de se tornar o Electro, é caricato, pastelão e louco, já Electro é um vilão temivel e multifacetado. É interessante ver o seu amor pelo amigão da vizinhaça, sua fixação e carência, se tornar em ódio e rancor. O filme em nenhum momento coloca Harry ou Max como personagens maus que querem ser criminosos, são persoagens que se sentem magoados e traídos e apelam para a maldade como último recurso. O personagem Max é um bom exemplo de como o tom desse filme é diferente. Ele é mais caricato e engraçado. Os momentos dramáticos também estão presentes, não tenho vergonha em admitir que fiquei com lágrimas nos olhos em determinado momento do filme. Mas o drama e o humor ocilam de forma harmônica durante o filme.

Com os já confirmados filmes do Sextto Sinistro, Venom e o terceiro e quarto Espetacular Homem-Aranha fica perceptivel a necessidade do longa de introduzir vários personagens e ampliar o universo aracnídeo e fornecer protagonistas para os próximos longas. É uma pena, porque personagens interessantes dos quadrinhos acabam tendo uma pequena participação nesse filme, como por exemplo a Felicia (Felicity Jones), o Rino (Paul Giamatti) e o Norman Osborn (Chris Cooper). E a cena final na Oscorp acaba sendo um grande gancho para as continuações do longa.

Algumas opções do filme/franquia não agradam, tornar a Oscorp numa grande corporação do mal de onde saem todos os problemas do teioso é uma delas. A insistência na história passada dos pais de Peter também não ajuda e eliminar rapidamente um personagem importante como o Norman Osborn é um pecado. Além é claro de mais uma vez Gwen saber fazer tudo necessário para resolver os problemas no climax do filme. E é triste a impressão de que a cada filme dessa nova franquia a importância do Tio Ben é menor.

Bons personagens com relações bem construidas em uma trama bem mais coerente do que a do primeiro filme e visualmente fantástico com ótimas cenas de ação. Um Aranha mais bem humorado e mais confiante em seu dever. Percebe-se claramente que Peter adora ser o cabeça de teia.  E como abrir a uma HQ e ver os amores, temores, problemas e as complicações do teioso que tanto nos divertiram e entreteram durante a infância. E a opção por colocar o Homem-Aranha como um símbolo de esperança e como um protetor dos cidadãos, é para mim, a decisão mais acertada do filme. Esse não é o meu filme favorito do teioso, mas definitivamente conquistou seu espaço em meu coração.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida a cena pós créditos. Norma adotada em todo o Brasil.

Nota do Sunça:

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