Sunça no Streaming – Guava Island – Amazon Prime Video (2019)

Deni Maroon (Donald Glover) é um jovem músico que possui o sonho de unir todo o seu povo em prol de um grande mesmo objetivo. Ele, então, se aventura a criar um festival de música com os poucos recursos que possui e promete a si mesmo que irá libertar a população da Ilha de Guava, nem que seja por apenas um dia.

55 min – 2019 – EUA

Dirigido por Hiro Murai e roteirizado por Stephen Glover e Donald Glover. Com Donald Glover, Rihanna, Letitia Wright, Nonso Anozie e Renny Arozarena.

“Guava Island” é uma obra incomum no mercado cinematográfico atual.  Lançado em abril de 2019 e filmado em película 16mm, o filme mistura animação, fábula, live action e muita crítica política em seus cinquenta e cinco minutos de duração. Estrelado por Donald Glover e Rihanna, o curta tem direção de Hiro Murai, roteiro de Stephen Glover e fotografia de Christian Sprenger, todos eles envolvidos na produção da ótima série Atlanta. Hiro Murai também trabalhou com Glover em alguns de seus clipes, como por exemplo o maravilhoso “This is America”. 

A ilha de Guava impressiona por sua beleza. A fotografia do filme é excelente, apresenta uma mistura de povos africanos, caribenhos e até mesmo asiáticos. Essa combinação de gestos, características, cores e idiomas acontece sem cair no estereótipo da gente e cultura retratada. É uma homenagem e também um retrato social e cultural. Na “fábula” acompanhamos a história de Deni Maroon (Donald Glover) um músico que vive na ilha de Guava junto de sua namorada Kofi Novia (Rihanna). Deni quer organizar um festival musical e isso o coloca em conflito com Red Cargo (Nonzo Anozie) chefe da família que controla os negócios dessa nação. Isso porque a população se atrasaria para o trabalho no domingo pós festival, e todos na ilha trabalham de domingo a domingo nas fábricas de Red para a produção da seda azul. Muito valiosa em outros lugares do mundo. 

A trama se desenvolve como um thriller, porém é repleta de comédia e música. Nos momentos fabulescos temos sequências de animação. Uma delas é narrada por Rihanna e nos apresenta um sonho de liberdade. O que contrasta com o mundo que nos é apresentado, onde temos crianças armadas cometendo assaltos. Toda essa mistura narrativa, deixa a obra ainda mais especial. É uma crítica ao capitalismo excessivo que oprime povos, aumenta a desigualdade e miséria pensando apenas em lucro, produção e economia. E contra isso temos Deni que sonha em criar uma música que possa unificar o povo e o acordar para lutar contra a exploração diária na qual estão submetidos. É uma pena que a personagem interpretada por Rihanna, não lhe dê a oportunidade de cantar. Ela é uma mulher focada no trabalho, realista e pessimista. Um fruto da sociedade abusiva em que vive, seu objetivo é deixar a ilha para trás. A química entre o casal principal é boa, seus olhares, conversas e danças sempre acontecem de forma natural e ambos apresentam boas performances. 

Uma crítica atual que dialoga com prática comuns utilizadas em larga escala por todo o mundo. A ilha de Guava é um lugar paradisíaco. Sua população local trabalha sete dias por semana, sem descanso, para exportar as riquezas naturais da terra. Enquanto sonham com o dia em que terão dinheiro suficiente para alcançar uma vida melhor. Nas palavras do próprio Deni antes da sequência musical de “This is América” : “ A América é um conceito. Qualquer lugar onde, para que você fique rico, é necessário fazer com que alguém fique ainda mais rico, é a América.”

“Guava Island” tem um único conflito e uma trama pequena. E a obra sabe. Ela é rápida e objetiva com o que têm a dizer e apresentar. Assume a estrutura de uma história a ser contada, uma lenda. Não tenta criar um clímax grandioso ou se apresentar maior do que é. No embate final o diretor Hiro Murai tem total controle, cada plano é pensado e o ritmo construído é eficaz para potencializar o que acontece em tela.  Um filme bonito e festivo, que tem cada um de seus aspectos pensado para servir um propósito narrativo maior. A música é arma, é ideia e é união.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Guardiões da Galáxia Vol.02 (2017)

Agora já conhecidos como os Guardiões da Galáxia, os guerreiros viajam ao longo do cosmos e lutam para manter sua nova família unida. Enquanto isso tentam desvendar os mistérios da verdadeira paternidade de Peter Quill (Chris Pratt).

136 min – 2017 – EUA

Dirigido e roteirizado por James Gunn. Com Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker, Kurt Russell, Karen Gillan, Pom Klementieff, Sylvester Stallone, Elizabeth Debicki.

Texto originalmente publicado no site Cinema e Cerveja.

Em 2014 a Marvel trazia aos cinemas uma aposta. “Guardiões da Galáxia” foi um risco, adaptar personagens desconhecidos do grande público considerados de terceiro escalão podia ter mudado o rumo das produções da Casa das Idéias. O longa foi um acerto e rendeu uma das maiores bilheterias do Universo Cinematográfico da Marvel, além de ser um sucesso de crítica. James Gun acertou em cheio em construir um universo colorido, divertido, oitentista, habitado por criaturas estranhas e exóticas e regido por uma trilha sonora inspirada. Gun entregou sua ótima “space opera” e definiu o universo cósmico da Marvel. Em “Guardiões da Galáxia Vol.02” o diretor/roteirista foca na construção de seus personagens e na interação entre eles, em um universo mais colorido, mais vibrante, mais frenético e mais divertido. James Gun expande sua saga “Star Wars” com mais um ótimo longa que sabe ao mesmo tempo não se levar a sério e se levar a sério.

“Guardiões da Galáxia Vol.02” é um filme sobre família. O foco narrativo vai além da trama principal que diz respeito a Peter Quill (Chris Pratt) e Ego (Kurt Russell), seu pai.  No primeiro longa acompanhamos a formação do grupo, agora, presenciamos seus esforços para se manter juntos e os personagens aprendendo a conviver uns com os outros. A trilha sonora, mais uma vez acertadíssima, ajuda a guiar a obra. A música “Father and Son” é literalmente a temática apresentada e rende uma ótima cena. “Brandy You’re a Fine Girl” descreve perfeitamente uma sequência do filme. E o que dizer da fantástica sequência inicial focada em Baby Groot dançando ao som de “Mr. Blue Sky” enquanto o grupo enfrenta uma incrível besta rosa cheia de tentáculos. A trilha sonora, o design dos personagens, naves, planetas, a fotografia  tudo é utilizado em prol da narrativa.

No longa, os Guardiões são contratados para impedir o roubo de poderosas baterias e logo de início enfrentam uma criatura (A besta rosa cheia de tentáculos). Devido a uma atitude impensada de Rocket (Bradley Cooper) o grupo acaba sendo perseguido. Quando se encontram sem saída, são salvos por Ego (Kurt Russell) o planeta vivo e pai de Starlord (Chris Pratt). O grupo se separa, Peter, Gamora (Zoe Saldana) e Drax (Dave Bautita) partem junto com Ego e Mantis (Pom Klementieff) até seu planeta de origem. Rocket e Groot (Vin Diesel) acabam envolvidos com Yondu (Michael Rooker) e os saqueadores. Problemas acontecem e eles acabam salvando a galáxia novamente. O importante mesmo são os laços familiares dos personagens. A rivalidade das irmãs Nebulosa (Karen Gillan) e Gamora, Peter e seu pai Ego, Yondu e seu mentor Stakar (Sylvester Stallone), a amizade entre Rocket  e Yondu e o relacionamento de Drax e Mantis que é um dos pontos fortes do filme. Vale um destaque para o elenco, Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Karen Gillan, Michael Rooker, Bradley Cooper e Vin Diesel retornam muito bem e mostram mais uma vez que foram uma escolha certeira. Acertada também são as novas adesões Kurt Russell, Pom Klementieff, Elizabeth Debicki e Sylvester Stallone responsáveis por ótimas cenas e constroem personagens fortes e interessantes. Dá gosto de ver o cuidado que os atores e o roteiro de James Gun têm com seus protagonistas.

O roteiro aliás, traz mais uma vez um humor honesto, em alguns momentos beira o besteirol, com situações exageradas mas que funcionam muito bem com seus personagens. O longa é uma brincadeira, que quando necessário sabe se levar a sério e aprofundar em determinados assuntos. Essa nova aventura dos Guardiões apresenta efeitos visuais excelentes, são coloridos, abusados e criam uma experiência única. Mais uma vez esconde diversos easter eggs e é repleto de referências, desde o design de naves evocando Flash Gordon até menções diretas a David Hasselhoff, o seriado “A Super Máquina”, Mary Poppins e Pac Man. A participação de Stan Lee é ótima e traz personagens importantes para o universo Marvel. A falha aqui fica para o vilão que poderia ter uma motivação melhor, algumas piadas fora de lugar e como um todo o filme parece desnecessariamente (Um pouco) longo demais.  

“Guardiões da Galáxia Vol.02” é um filme sem vergonha. Sem vergonha do que é, de seus personagens, seu visual, suas referências e suas piadas. É uma brincadeira, é um “papo sério”, é uma aventura, é desajustado. Assim como as relações familiares que tanto presa. Com a confirmação de um terceiro longa também dirigido e roteirizado por James Gun, ficamos com a alegria de que teremos mais dessa linda Space Opera da Marvel.

Obs. Existem cenas antes, durante e depois dos créditos. Um total de cinco.

Nota do Sunça:


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