Sunça no Cinema – O Esquadrão Suicida (2021)

Liderados por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Coronel Rick Flag (Joel Kinnaman), e pela psicopata favorita de todos, Arlequina (Margot Robbie), o Esquadrão Suicida está disposto a fazer qualquer coisa para escapar da prisão. Armados até os dentes e rastreados pela equipe de Amanda Waller (Viola Davis), eles são jogados (literalmente) na remota ilha Corto Maltese, repleta de militantes adversários e forças de guerrilha. O grupo de supervilões busca destruição, mas basta um movimento errado para que acabem mortos.

132 min – 2021 – EUA

Dirigido e roteirizado por James Gunn. Com Margot Robbie, Viola Davis, Joel Kinnaman, Jai Courtney, Idris Elba, John Cena, Sylvester Stallone, Peter Capaldi, David Dastmalchian, Daniela Melchior, Dee Bradley Baker, Michael Rooker, Alice Braga, Pete Davidson, Nathan Fillion, Sean Gunn, Flula Borg, Mayling Ng, Steve Agee, Taika Waititi, Storm Reid, Jennifer Holland e Ernesto Álvarez.

Após dois filmes de sucesso dos “Guardiões da Galáxia” na Marvel, James Gunn, assume o comando de “O Esquadrão Suicida” na DC. Tendo assim a difícil missão de arrumar a casa depois do fraco “Esquadrão Suicida” de 2016. Gun aposta no deboche e em elementos “trash” dos filmes B para construir seu universo irônico onde nada importa e tudo é descartável.  Sangue, violência gráfica e estilizada, palavrões e xingamentos, constroem o clima anárquico e ridículo daquela equipe e sua missão. O longa não se leva a sério mas não esconde as consequências das atitudes sanguinárias de seus personagens. É justamente no contraste entre o humor leve e a violência gráfica, ou, entre a empatia e o desprezo, que a obra cria sua identidade.

O diretor e roteirista James Gunn, cria um novo patamar de ridículo ao encontrar nos arquivos da DC personagens esquecidos e irrelevantes da editora. São vilões e poderes esdrúxulos.  Para citar alguns, temos o Doninha (Sean Gunn), o O.C.D. (Nathan Fillion) e o  Bolinhas (David Dastmalchian). Bolinhas tem um superpoder absurdo e é incrível como o diretor e o ator nos mostram isso em tela. São muitos personagens, todos interessantes e descartáveis. A importância deles não é nula apenas para a chefe Amanda Waller (Viola Davis), mas também para a obra. São mortes exageradas e inventivas em sequências esteticamente lindas. Portanto, não se apegue a ninguém.   

“O Esquadrão Suicida” é uma sequência do longa de 2016, porém é também um novo começo para a franquia. A nova equipe é formada por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), Tubarão-Rei (Voz de Sylvester Stallone) e Bolinhas. Juntos a eles, temos os já conhecidos Rick Flag (Joel Kinnaman) e a Arlequina (Margot Robbie). O novo time é enviado para a ilha Corto Maltese que acabou de sofrer um golpe militar. O objetivo é destruir o Projeto Starfish para que o novo governo não seja capaz de utilizá-lo. Essa é a trama. Uma explosão absurda, ridícula e cômica. O filme também funciona como uma crítica ao imperialismo e a política externa dos Estados Unidos. O verdadeiro motivo da missão do esquadrão, deixa claro como o intervencionismo externo estadunidense destrói nações e justificam atrocidades. Sempre alegando a falsa busca pela paz. A personificação dessa postura incoerente e rasa é o personagem Pacificador. Em suas próprias palavras: “Valorizo a paz com todo meu coração, não importa quantos homens, mulheres e crianças eu terei que matar para consegui-la”.  

O roteiro não suaviza a vilania dos personagens, eles fazem atrocidades sem hesitar. O time de vilões não pensa duas vezes antes de dizimar uma vila de nativos. Para apenas depois de toda aniquilação se perguntar quem eram aquelas pessoas, ou, se deveriam mesmo estar fazendo aquilo. Como a personalidade de cada membro é bem definida, do convívio deles resulta ótimas sequências. A equipe principal funciona muito bem, a interação dinâmica entre os personagens e seus diálogos incisivos evidenciam os contrastes entre aqueles seres. Sanguinário é o líder cínico que tem uma bússola moral própria, o Pacificador é o brucutu pastelão que não percebe suas incoerências e a Caça Ratos 2 é a moralidade e a empatia do grupo. Ainda temos o Tubarão Rei, um tubarão antropomórfico sanguinário e com pouca inteligência. Um ótimo trabalho de voz do Stallone. O estranho Bolinhas e seus poderes bizarros possibilitam ótimas sequências, com destaque para a forma como ele externa seus traumas.  Margot Robbie é cada vez melhor como a Arlequina. Em uma sequência violenta e esteticamente bela,  podemos ver como sua realidade é separada do mundo real à sua volta.

A trama se passa ao longo de uma missão. A montagem do longa deixa tudo mais ágil ao saltar entre passado, futuro e presente. Gun sabe amarrar tudo com sequências memoráveis, inventivas e bonitas. É nítida a preocupação de deixar a ação clara e criar ritmo e energia para o filme. Porém ao final fica a sensação de uma ruptura com toda a proposta inicial, seja no contexto da crítica política ou no caos proposto. Ainda que seja possível a interpretação de que o maldito imperialismo sempre vence. (O que a cena pós-créditos deixa bem claro) É triste pensar que após a revelação do real motivo da missão os personagens seriam coniventes com as autoridades, das quais, acabaram se rebelando momentos antes.                

“O Esquadrão Suicida” mantém um nível alto de humor ao longo de todo o filme. Sabe lidar com o absurdo e ridículo de sua trama, sem ter medo de colocar em cena um monstro de proporções exageradas. Vale um elogio a alegoria que esse “monstro” do ato final representa. É válida a crítica ao imperialismo e aos governos autoritários e seus seguidores. Também se faz presente a ideia de que nem sempre o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Isso na figura dos guerrilheiros combatentes ao regime ditatorial, que se aliam a um mal para evitar outro mal. A história nos mostra que isso nunca é uma boa ideia. Uma obra com estética incrível que consegue ser sombria e extremamente brilhante e colorida. James Gunn cumpre a sua missão de resgatar o esquadrão, e agora, pode voltar tranquilo para a Marvel.

Nota do Sunça:

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Reuna um time dos super vilões mais perigosos já encarcerados, dê a eles o arsenal mais poderoso do qual o governo dispõe e os envie em missão para derrotar uma entidade enigmática e insuperável que a agente Amanda Waller (Viola Davis) concluiu que só pode ser vencida por indivíduos desprezíveis e com nada a perder. Quando os membros do improvável time percebem que não foram escolhidos para vencer, mas sim para falharem inevitavelmente, será que o Esquadrão Suicida decide ir até o fim tentando concluir a missão ou a partir daí é cada um por si?

130 min – 2016 – EUA

Dirigido por David Ayer, roteirizado por David Ayer. Com Margot Robbie, Will Smith, Jared Leto, Joel Kinnaman, Scott Eastwood, Cara Delevingne, Viola Davis, Jai Courtney, Jay Hernandez, Adam Beach e Adewale Akinnuoye-Agbaje.

Sou fã de quadrinhos. Sempre que um blockbuster do gênero está prestes a estrear e/ou sendo feito, torço e fico na expectativa do melhor. Afinal, quero bons filmes dos temas que amo e boas adaptações e lembranças de personagens dos quais tanto prezo. Nos momentos iniciais de Esquadrão Suicida até parecia que tudo ia dar certo. Amanda Waller (Viola Davis) utilizando como argumentos para a formação de sua força-tarefa o Super Homem e alguns acontecimentos de filmes anteriores da DC, funciona e até empolga. Ainda que os planos da personagem não façam o menor sentido e que por obra do destino e um roteiro falho sejam justamente a causa do problema que nossos “heróis” vão ter que enfrentar.

O longa parece um conflito entre o que David Ayer, o diretor, queria e as intenções do estúdio (Warner). Já no início temos um alvoroço de cenas, a apresentação do Pistoleiro (Will Smith) e da Arlequina (Margot Robbie) então partirmos para Amanda Waller e seu projeto insano para então voltar a um briefing de apresentação de cada um dos membros do esquadrão. Com direito a uma nova apresentação da Arlequina e do Pistoleiro. Existe uma crítica, que não é bem explorada, de que os governos não fazem exatamente o bem, mas isso de fato não é o foco da narrativa. O filme não se preocupa em estabelecer arcos de personagens e devido a essa excessiva apresentação inicial não causa no expectador um envolvimento emocional e nem cria expectativa.

Em Esquadrão Suicida a agente Amanda Waller (Viola Davis) quer formar uma força-tarefa de indivíduos desprezíveis com nada a perder, para combater a ameaça dos meta humanos. Então ela convence o governo dos EUA a fornecer um arsenal poderoso a um time de super vilões perigosos que parte para derrotar uma entidade mágica e poderosa. Que se torna uma ameça com duas viradas de roteiro já que Waller é meio bobinha e não controla cem por cento uma entidade, a Magia (Cara Delevingne), que pode se teletransportar. Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Bumerangue (Jai Courtney), Diablo (Jay Hernandez), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), Amarra (Adam Beach) se unem aos soldados Rick Flag (Joel Kinnaman) e Lieutenant “GQ” Edwards (Scott Eastwood) e partem em uma missão suicida.

Em sua maioria, o elenco não têm muito material com o qual trabalhar e não impressiona. Waller têm um plano estúpido, porém a performance de Viola Davis é boa e até nos faz acreditar no projeto. Sua personagem em diversos momentos é a mais ameaçadora e assustadora que os “terríveis” vilões do longa. É fácil perceber um problema com as personagens femininas do filme, June Moone (Cara Delevingne) não passa de uma garota assustada e problemática, Katana (Tatsu Yamashiro) não fala e quando têm de dizer algo é Rick Flag quem o diz, e Arlequina que poderia desenvolver o lado da médica que se apaixona em um relação abusiva com um louco psicopata que acaba a transformando em uma, é apenas um alívio cômico. Margot Robbie consegue ir um pouco além, cria maneirismos e uma atitude para a personagem, é bacana perceber como em um momento ela parece inocente e inofensiva e em outros ameaçadora. Porém o roteiro se resolve explorando sua figura sexy e fazendo piadas. Em um momento como o atual onde temos As Caça Fantasmas e a Rey de Star Wars é lamentável um tratamento desses. Will Smith se esforça, tem mas destaque que os demais porém diversos momentos parece estar em piloto automático. Bumerangue e Crocodilo pouco têm a acrescentar e Amarra têm uma única função bem clara no filme. O Coringa de Leto é um gangster, a la “pimp my ride”, excitado que adora rir.

Com cenas de ação mal construídas e mal executadas e tentativas de incitar empatia pelos vilões através de flashbacks excessivos e que destroem a figura de “malvados” dos protagonistas, o filme não convence assim como sua vilã que parece saída de um desenho animado e/ou filme de comédia. É uma pena que um filme tão promissor com tudo para mudar o rumo da DC nas telas consiga errar tanto. Na minha ânsia de querer gostar do filme e do universo cinematográfico da DC até sai da cabine de imprensa com um sentimento positivo, que após uns dez minutos de reflexão logo foi embora. É uma pena.

Obs. Na cabine de imprensa foi exibida um cena durante os créditos.

Nota do Sunça:

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