Sunça no Cinema – O Esquadrão Suicida (2021)

Liderados por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Coronel Rick Flag (Joel Kinnaman), e pela psicopata favorita de todos, Arlequina (Margot Robbie), o Esquadrão Suicida está disposto a fazer qualquer coisa para escapar da prisão. Armados até os dentes e rastreados pela equipe de Amanda Waller (Viola Davis), eles são jogados (literalmente) na remota ilha Corto Maltese, repleta de militantes adversários e forças de guerrilha. O grupo de supervilões busca destruição, mas basta um movimento errado para que acabem mortos.

132 min – 2021 – EUA

Dirigido e roteirizado por James Gunn. Com Margot Robbie, Viola Davis, Joel Kinnaman, Jai Courtney, Idris Elba, John Cena, Sylvester Stallone, Peter Capaldi, David Dastmalchian, Daniela Melchior, Dee Bradley Baker, Michael Rooker, Alice Braga, Pete Davidson, Nathan Fillion, Sean Gunn, Flula Borg, Mayling Ng, Steve Agee, Taika Waititi, Storm Reid, Jennifer Holland e Ernesto Álvarez.

Após dois filmes de sucesso dos “Guardiões da Galáxia” na Marvel, James Gunn, assume o comando de “O Esquadrão Suicida” na DC. Tendo assim a difícil missão de arrumar a casa depois do fraco “Esquadrão Suicida” de 2016. Gun aposta no deboche e em elementos “trash” dos filmes B para construir seu universo irônico onde nada importa e tudo é descartável.  Sangue, violência gráfica e estilizada, palavrões e xingamentos, constroem o clima anárquico e ridículo daquela equipe e sua missão. O longa não se leva a sério mas não esconde as consequências das atitudes sanguinárias de seus personagens. É justamente no contraste entre o humor leve e a violência gráfica, ou, entre a empatia e o desprezo, que a obra cria sua identidade.

O diretor e roteirista James Gunn, cria um novo patamar de ridículo ao encontrar nos arquivos da DC personagens esquecidos e irrelevantes da editora. São vilões e poderes esdrúxulos.  Para citar alguns, temos o Doninha (Sean Gunn), o O.C.D. (Nathan Fillion) e o  Bolinhas (David Dastmalchian). Bolinhas tem um superpoder absurdo e é incrível como o diretor e o ator nos mostram isso em tela. São muitos personagens, todos interessantes e descartáveis. A importância deles não é nula apenas para a chefe Amanda Waller (Viola Davis), mas também para a obra. São mortes exageradas e inventivas em sequências esteticamente lindas. Portanto, não se apegue a ninguém.   

“O Esquadrão Suicida” é uma sequência do longa de 2016, porém é também um novo começo para a franquia. A nova equipe é formada por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), Tubarão-Rei (Voz de Sylvester Stallone) e Bolinhas. Juntos a eles, temos os já conhecidos Rick Flag (Joel Kinnaman) e a Arlequina (Margot Robbie). O novo time é enviado para a ilha Corto Maltese que acabou de sofrer um golpe militar. O objetivo é destruir o Projeto Starfish para que o novo governo não seja capaz de utilizá-lo. Essa é a trama. Uma explosão absurda, ridícula e cômica. O filme também funciona como uma crítica ao imperialismo e a política externa dos Estados Unidos. O verdadeiro motivo da missão do esquadrão, deixa claro como o intervencionismo externo estadunidense destrói nações e justificam atrocidades. Sempre alegando a falsa busca pela paz. A personificação dessa postura incoerente e rasa é o personagem Pacificador. Em suas próprias palavras: “Valorizo a paz com todo meu coração, não importa quantos homens, mulheres e crianças eu terei que matar para consegui-la”.  

O roteiro não suaviza a vilania dos personagens, eles fazem atrocidades sem hesitar. O time de vilões não pensa duas vezes antes de dizimar uma vila de nativos. Para apenas depois de toda aniquilação se perguntar quem eram aquelas pessoas, ou, se deveriam mesmo estar fazendo aquilo. Como a personalidade de cada membro é bem definida, do convívio deles resulta ótimas sequências. A equipe principal funciona muito bem, a interação dinâmica entre os personagens e seus diálogos incisivos evidenciam os contrastes entre aqueles seres. Sanguinário é o líder cínico que tem uma bússola moral própria, o Pacificador é o brucutu pastelão que não percebe suas incoerências e a Caça Ratos 2 é a moralidade e a empatia do grupo. Ainda temos o Tubarão Rei, um tubarão antropomórfico sanguinário e com pouca inteligência. Um ótimo trabalho de voz do Stallone. O estranho Bolinhas e seus poderes bizarros possibilitam ótimas sequências, com destaque para a forma como ele externa seus traumas.  Margot Robbie é cada vez melhor como a Arlequina. Em uma sequência violenta e esteticamente bela,  podemos ver como sua realidade é separada do mundo real à sua volta.

A trama se passa ao longo de uma missão. A montagem do longa deixa tudo mais ágil ao saltar entre passado, futuro e presente. Gun sabe amarrar tudo com sequências memoráveis, inventivas e bonitas. É nítida a preocupação de deixar a ação clara e criar ritmo e energia para o filme. Porém ao final fica a sensação de uma ruptura com toda a proposta inicial, seja no contexto da crítica política ou no caos proposto. Ainda que seja possível a interpretação de que o maldito imperialismo sempre vence. (O que a cena pós-créditos deixa bem claro) É triste pensar que após a revelação do real motivo da missão os personagens seriam coniventes com as autoridades, das quais, acabaram se rebelando momentos antes.                

“O Esquadrão Suicida” mantém um nível alto de humor ao longo de todo o filme. Sabe lidar com o absurdo e ridículo de sua trama, sem ter medo de colocar em cena um monstro de proporções exageradas. Vale um elogio a alegoria que esse “monstro” do ato final representa. É válida a crítica ao imperialismo e aos governos autoritários e seus seguidores. Também se faz presente a ideia de que nem sempre o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Isso na figura dos guerrilheiros combatentes ao regime ditatorial, que se aliam a um mal para evitar outro mal. A história nos mostra que isso nunca é uma boa ideia. Uma obra com estética incrível que consegue ser sombria e extremamente brilhante e colorida. James Gunn cumpre a sua missão de resgatar o esquadrão, e agora, pode voltar tranquilo para a Marvel.

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Sunça no Cinema – Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)

Arlequina (Margot Robbie), Canário Negro (Jurnee Smollett), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez) formam um grupo inusitado de heroínas. Quando um perigoso criminoso começa a causar destruição em Gotham, as cinco mulheres precisam se unir para defender a cidade.

109 min – 2020 – EUA

Dirigido por Cathy Yan, roteirizado por Christina Hodson. Com Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Rosie Perez, Ella Jay Basco, Chris Messina

“Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” é o retorno da DC a seu universo cinematográfico, e principalmente ao universo do fraco “Esquadrão Suicida”. O que parece um erro, se torna um acerto ao apostar no que deu certo, a Arlequina de Margot Robbie, os grafismos e elementos visuais estilísticos, e as anti-heroínas – que apesar de desconhecidas do grande público – são interessantes e cativantes. Isso aliado a direção confiante de Cathy Yan,  e ao roteiro de Christina Hodson que trabalha a trama não como um surto da protagonista após um término, mas sim, na luta de um grupo de mulheres que busca por autonomia em um mundo dominado pelos homens. 

O longa mostra que o conceito “mulher forte” pode sim estar aliado ao colorido, aos acessórios estilizados e a uma figura sexy. Basta um elástico para amarrar o cabelo e a briga continua. Vale ressaltar aqui que o longa não explora a imagem de sua personagens de forma sexualizada, muito pelo contrário, a câmera de Cathy Yan em nenhum momento registra planos que sobem dos pés a cabeça de uma de suas atrizes. O que é comum em longas dirigidos por homens que têm como intenção representar uma mulher sexy. Em uma cena específica onde o vilão da obra comete um assédio, o que vemos é a brutalidade e o terror daquele comportamento. 

A trama abraça o caos e a enxergamos através dos olhos de Arlequina. Aliás, é ela quem nos conta a história através de uma debochada narração em off. A organização dos fatos não é linear, segue conforme as vontades da protagonista, que constantemente quebra a quarta barreira e fala direto conosco. Assim o roteiro segue estabelecendo a ligação entre Arlequina, Canário Negro (Jurnee Smollet-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Renee Montoya (Rosie Perez) e a jovem Cassandra Cain (Ella Jay Basco). É interessante notar que a relação entre o grupo formado, as Aves de Rapina, é uma consequência da busca individual pela emancipação. É uma necessidade do momento. O roteiro de Hodson nos permite criar empatia com cada uma das personagens antes da formação do grupo. São personagens que se tornam consistentes, pelo trabalho das atrizes e pelo cuidado com cada história. O grupo funciona bem junto, mas vale um destaque para a interação entre a Arlequina e a Cassandra. A relação tutora e aprendiz é hilária. Toda a ação gira em torno da busca por um diamante (O mcguffin), e posteriormente na defesa, e no resgate de Cassandra Cain das mãos de Roman Sionis, o Máscara Negra (Ewan McGregor). Um vilão extremamente cartunesco, mas que não deixa de ser uma crítica ao meritocrata de família rica e a um homem abusivo e sádico. 

As cenas de ação são notáveis. A equipe responsável pela franquia de “John Wick” colaborou com a produção. Chad Stahelski, o diretor dos filmes de Wick, foi um dos responsáveis pela coreografia das cenas de luta. O que rende a obra uma ótima interação entre câmera, dublês e misancene. Temos cenas violentas que se equilibram muito bem com a estética proposta. Lutas que usam bem a estrutura dos corpos femininos como força. Tudo acontecendo meio a fumaças coloridas, confetes ao som de uma trilha sonora pop.“Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” é como pegar carona na cabeça louca e frenética da protagonista. O que ajuda o roteiro a “resolver” algumas de suas inconsistências, mas não o impede de abordar assuntos pesados como abuso e sadismo. É um grupo de mulheres que tenta sobreviver em um ambiente cruel e predatório dominado pelos homens e pelo machismo. Os vários momentos de alegria não impedem a projeção de mostrar que o mundo é muito cruel com as mulheres.

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Sunça no Cinema – Coringa (2019)

O comediante falido Arthur Fleck encontra violentos bandidos pelas ruas de Gotham City. Desconsiderado pela sociedade, Fleck começa a ficar louco e se transforma no criminoso conhecido como Coringa.

122 min – 2019 – EUA

Dirigido por Todd Phillips. Roteiro de Todd Phillips e Scott Silver. Com: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Glenn Fleshler, Leigh Gill, Josh Pais, Sondra James, Douglas Hodge, Dante Pereira-Olson, Hannah Gross, Brian Tyree Henry, Gary Gulman e Marc Maron.

“Coringa” nos apresenta uma Gotham City em crise no início dos anos oitenta. Estamos no meio de uma greve dos coletores de lixo, recessão econômica e uma população pobre que vive uma triste realidade repleta de dificuldades. Assim Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) se esforça para sorrir em meio a um mundo que parece não lhe dar motivos para isso. Logo no início acompanhamos Arthur ser atacado e tomar uma surra sem motivo algum, ser maltratado por pessoas em seu cotidiano e vemos sua vida em ruínas seguindo de mal a pior. Isso nos faz sentir pena do protagonista e inicia a construção de uma empatia que aliada ao fato de acompanharmos a trama pelos olhos de Arthur, pode gerar mais adiante no espectador a aceitação do errado. Porém, ao decorrer do filme, fica claro que o ponto de vista de Fleck não é confiável, e, apesar da obra não legitimar as atitudes ruins do Coringa, podemos sim ter essa sensação. E isso é perigoso. As ações do Coringa são erradas, egoístas e injustificáveis. Não há como defender a violência. 

Arthur Fleck trabalha como palhaço para uma agência decadente. É um homem de meia idade que vive e cuida de sua mãe, e em seu tempo livre busca uma carreira como comediante.  Após ser demitido e ver seus esforços para manter seu equilíbrio psicológico serem em vão. Suas sessões com uma assistente social e seus medicamentos sofrem cortes de verba pública e são terminados pelos políticos locais. Fleck culpa os ricos e poderosos por sua situação, personificados na figura de Thomas Wayne (Brett Cullen), e começa a ficar louco até se transformar no personagem título. 

A direção certeira de Todd Phillips sempre em equilíbrio com o roteiro, escrito pelo diretor e por Scott Silver, criam um elaborado estudo de personagem, com arcos dramáticos bem estabelecidos e construídos. A montagem e fotografia de “Coringa” ambientam uma Gotham suja e decadente. A obra segue um ritmo contemplativo, gera uma imersão e um suspense contínuo. É um belo trabalho estético que fortalece a ideia da luta de classes, pobres que vivem literalmente na sarjeta, compartilhando as ruas com super-ratos e os ricos que ocupam a política, os grandes edifícios e a mídia. Manipulando a verdade a seu gosto e tirando proveito de suas posições privilegiadas enquanto ignoram o resto da sociedade. Em meio a isso temos Arthur, um homem instável à margem da sociedade. Fleck usa roupas sóbrias, está sempre cercado de tons pastéis e retratado em ambientes escuros e opressores. O que é importante para valorizar sua mudança ao se tornar o famoso vilão. Que usa tons quentes e mais chamativos. Phillips escolhe retratar Fleck sempre atrás de grades, portões e barras. Seus cenários empilhados e azulados são prisões que contrastam com o branco iluminado na cena final do longa. A escadaria que Fleck sempre sobe com dificuldade, peso e com suas roupas pastéis, representa bem a dificuldade com que ele segue sua vida. Não é atoa que também é palco de uma dança libertária enquanto a desce, com suas novas vestimentas com cores vivas e chamativas. 

Joaquin Phoenix é um ator brilhante, presente em quase todas as cenas do filme, ele traz uma fisicalidade incrível para o personagem. Um trabalho de voz, corpo e expressão que impressiona. Fleck está sempre de ombros arqueados têm um andar penoso e pesado e sua figura tem uma magreza crua que mostra que algo está errado com aquele corpo. Na medida em que acompanhamos a transformação do personagem, sua postura muda ganhando ares de auto-confiança. Sua gestualidade passa a ter posturas poderosas até chegarmos ao momento final, onde um contra plongée exibe o poderoso Coringa. Assim como Arthur, sua risada também não se encaixa. O protagonista sofre de um distúrbio psicológico que o faz rir em momento inoportunos. Uma risada doída e incontrolável. Outras variações também se fazem presentes, risadas naturais, artificiais, sociais e sempre reforçando o estado de espírito do personagem e ajudando na construção do seu “eu”. Fleck se entende e se constrói à nossa frente. Aos poucos vemos o personagem se soltar das “amarras” da sociedade, e de sua vida, e abraçar sua visão de mundo louca, perturbada e má.

Existem motivos pelos quais esse Coringa psicopata mata. Podemos sim entender suas escolhas e ações. O que não se pode é justificar. Arthur é louco e suas atitudes narcisistas, ele não representa uma anarquia ou um movimento contra os poderosos, o que ele quer é alimentar seu ego. Quer se sentir importante e ser notado pela sociedade. Enaltecer essa atitude e tentar justificar seu comportamento psicopata é perigoso. Mas discutir e tentar entender de onde surgem esses comportamentos é importante. Afinal é fácil apontar o dedo e culpar isso ou aquilo como motivação, difícil é reconhecer que somos todos culpados por não conseguir estabelecer uma sociedade mais justa e harmônica.           


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Sunça no Cinema – Shazam! (2019)

Billy Batson (Asher Angel) tem apenas 14 anos de idade, mas recebeu de um antigo mago o dom de se transformar num super-herói adulto chamado Shazam (Zachary Levi). Ao gritar a palavra SHAZAM!, o adolescente se transforma nessa sua poderosa versão adulta para se divertir e testar suas habilidades. Contudo, ele precisa aprender a controlar seus poderes para enfrentar o malvado Dr. Thaddeus Sivana (Mark Strong).

132 min – 2019 – EUA

Dirigidor por David F. Sandberg. Roteirizado por Henry Gayden. Com Zachary Levi, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Mark Strong, Grace Fulton, Ian Chen, Faithe Herman, Jovan Armand, Marta Milans e Cooper Andrews.

Uma obra lúdica, que não se leva a sério e com uma lição sobre família, assim é “Shazam!”. O novo filme do universo DC, que em nada lembra seus antecessores. É a aventura de um garoto abandonado que se torna um super-herói adulto com a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio. Em trama bem executada e cativante. O filme funciona tão bem, que nem percebemos que o roteiro de Henry Gayden escolhe esquecer sobre a sabedoria de Salomão.

Com um longa que beira a comédia, a DC consegue emplacar seu primeiro entretenimento família. Existe sim o foco no público infantil, mas certamente a obra vai agradar aos adultos também. O humor é bem colocado, as piadas não estão fora de hora e temos muitas surpresas, reviravoltas e piadas não vistas nos trailers. Algo incomum em longas dessa magnitude.

Billy Batson (Asher Angel) é um adolescente de quatorze anos, abandonado pela mãe. Ele não “aceita” seus lares adotivos e nunca desiste de reencontrar seus pais. Ele recebe super poderes de um antigo mago (Djimon Hounsou), cujo o nome é formado pela união das iniciais de Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio. Ao dizer o nome do mago Shazam, Billy se transforma em um adulto superpoderoso (Zachary Levi). Essa dualidade de um garoto no corpo de um adulto super-herói é muito bem trabalhada e se torna o ponto forte do longa. Quando ele é confrontado por Dr. Thaddeus Sivana (Mark Strong), Billy precisa aprender a controlar seus poderes para combatê-lo. Enquanto tudo isso ocorre o garoto é adotado por uma família formada por “abandonados” e ao longo da trama passa a entender o verdadeiro significado de família. Que acaba sendo a lição principal da obra.

É no elenco familiar outro ponto forte da produção. Todos estão muito bem e compõe essa nova família do protagonista, temos a irmã mais velha e inteligente a Mary Bromfield (Grace Fulton), o irmão viciado em video games Eugene Choi (Ian Chen), a fofinha irmã mais nova Darla Dudley (Faithe Herman) o silencioso e sisudo irmão do meio Pedro Peña (Jovan Armand) e o irmão esquisitão/melhor amigo Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer). A mãe Rosa (Marta Milans) e o pai Victor Vasquez (Cooper Andrews) também merecem destaque. O carisma de Zachary Levi é fundamental, ele que nos cativa quando Billy está fazendo bobagens na pele do herói. Todos têm atuações muito acertadas.

Os problemas de “Shazam!” estão nos diálogos expositivos, algumas “liberdades” do roteiro e na pobre caracterização dos sete pecados capitais. A gula, preguiça, ira, inveja, orgulho, avareza e luxúria poderiam ter rendido visuais e conceitos mais interessantes. No terceiro ato temos algumas sequências desnecessárias e que parecem se repetir.  Mas no geral é uma história simples, bem contada e que funciona.

O fato de Shazam não ser um grande conhecido do público se torna um aspecto positivo, uma vez que deu liberdade para o diretor David F. Sandberg explorar o personagem com ousadia. Assim, as várias versões do herói são misturadas e sua mitologia explorada com inovação. Um filme para a família, acessível e engraçado.  

Obs. São duas cenas pós-créditos. Uma logo após aos créditos iniciais e outra no fim de todos os créditos.     

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Sunça no Cinema – Liga da Justiça (2017)

Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes – Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) -, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.

120 min – 2017 – EUA

Dirigido por Zack Snyder e roteirizado por Chris Terrio e Joss Whedon. Com Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Joe Morton, Diane Lane, Amber Heard, Billy Crudup, Connie Nielsen, J.K. Simmons, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Jeremy Irons e Ciarán Hinds.

Em um ano repleto de filmes de super-herói fica claro o possível esgotamento da fórmula. E tivemos esforços claros, no sentido de alterar a forma na produção dessas obras. “Logan” e “Homem-Aranha de Volta ao Lar” são bons exemplos. O cenário de experimentação e inovação nos trouxe o recente “Thor: Ragnarok” uma comédia. 2017 se mostrou também um ano positivo para a DC, com o ótimo “Mulher-Maravilha” e agora o bom “Liga da Justiça”. Que apesar de não inovar na forma e repetir vários erros comuns em longas do gênero, consegue ser bem sucedido nesse ambicioso projeto.

A responsabilidade é grande e o objetivo foi claro. Reunir os maiores heróis da DC, apresentar três deles, abandonar o tom sombrio e realista, trazer cores mais claras com um clima mais feliz e uma trama bem humorada. E nisso, a obra é bem sucedida. Porém a falta de peso dos acontecimentos, personagens rasos e efeitos especiais ruins pesam contra a qualidade do filme e seu grandioso potencial. Os eventos que acompanhamos são uma sequência direta dos acontecimentos de “Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça”. Após a morte do Super-Homem o mundo se encontra em caos. Batman (Ben Affleck) e a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) percebem uma iminente ameaça que promete destruir o mundo, que agora não conta mais com a proteção do Homem de Aço. Então o Homem-Morcego reúne outros superpoderosos, Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e o Ciborgue (Ray Fisher) para enfrentar a futura ameaça, que se materializa na forma do Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) e seu exército de parademônios.  

A trama é mais aventuresca, lida com as consequências dos filmes anteriores mas sem demonstrar uma gravidade em seus acontecimentos. Logo na abertura somos lembrados da fé do Super-Homem na humanidade e nos é evidenciado que esse filme é sobre esperança. É um ritmo muito mais ágil. Normalmente Snyder apresenta obras inchadas e longas, porém aqui tudo é objetivo e o enredo não perde tempo com situações e histórias desnecessárias. Isso é necessário, uma vez que o longa têm que apresentar três novos heróis, reuni-los com os já conhecidos ressuscitando um deles. É na breve e eficaz apresentação de seus personagens que está um dos acertos de “Liga da Justiça”. Ainda que para poupar tempo e agilizar os acontecimentos opções constrangedoras e excessivamente expositivas foram tomadas. Um bom exemplo é quando a Mulher-Maravilha explica os poderes de seu laço para um bandido.

A equipe e seus heróis também são um acerto, eles têm personalidades distintas e funções narrativas específicas. Batman e Ciborgue têm conflitos de culpa e depressão, Aquaman é interessante, assume a posição de “bad boy” do grupo e protagoniza boas piadas. Flash é o alívio cômico, aliás, uma piada e/ou careta sua parece obrigatória toda vez que ele aparece em cena. A Mulher-Maravilha é o ponto de equilíbrio do grupo e um símbolo de esperança, assim como o Super-Homem que é retratado em sua forma clássica. Continuo fã do Batman de Ben Affleck, que se mostra à vontade no papel e consegue ser sutil ao colocar algumas piadas nas falas de Bruce Wayne. Mas é o personagem que mais sofre mudanças, não é o mesmo Batman que vimos no sombrio “Batman Vs Superman”.  O Time têm identidade e funciona. Eles protagonizam uma aventura descompromissada, simples e sem grandes consequências. Na obra também temos rápidas aparições de Lois Lane (Amy Adams), Alfred (Jeremy Irons), Comissário Gordon (J.K.Simmons), Martha Kent (Diana Lane), Mera (Amber Heard),  Antiope (Robin Wright) e Hippolyta (Connie Nielsen). E também menções e aparições de outros heróis e vilões da DC.

O Homem de Aço é o centro da trama. É o mais poderoso do grupo e a personificação do otimismo e esperança. Os créditos iniciais apresentam bem essa ideia, e visualizamos a falta que o herói faz. Ao som da bela “Everybody Knows” na voz de Sigrid, que ressalta como a humanidade está perdida. – “…Everybody knows the good guys lost…” – É uma pena que a “ressurreição” do Super-Homem é acelerada, sem emoção e não memorável. Me parece um desperdício de um ótimo elemento narrativo. O embate entre recém formada liga e o atordoado Homem de Aço empolga, tem bons momentos, mas novamente parece um momento desperdiçado.    

As cenas de ação e os efeitos especiais, são algumas das muitas falhas do longa. As lutas não são memoráveis e muitas delas confusas. É curioso que a melhor sequência de ação (Eficiente e organizada) seja uma batalha das amazonas. Outro problema é o vilão. O Lobo da Estepe é aleatório, sem personalidade e urgência. Sua presença têm um único e simples objetivo, reunir a liga. Ele aparece de repente, começa sua busca pelas caixas maternas com a intenção de destruir o planeta. E da mesma forma abrupta que surge, ele abandona a produção. Um personagem unidimensional que não convence nem em sua forma física, já que seu “CGI” é pavoroso. Também não existe apresentação para as caixas maternas. Elas estão lá, existem e são poderosas, é isso. E os efeitos especiais que inicialmente parecem incomodar apenas em seu uso no Lobo da Estepe, se tornam um problema novamente na batalha final. Tudo parece falso. A trilha sonora é um acerto. A  presença dos temas clássicos dos heróis agrega. A mistura do tema da Mulher-Maravilha criado por Hans Zimmer, o tema de John Williams para o Super-Homem e o do Batman de Danny Elfman reafirma o encontro da equipe.

Em 2017 a DC parece ter encontrado seu caminho. “Liga da Justiça” dá continuidade a mudança de rumo do estúdio, iniciada no superior “Mulher-Maravilha”. E ignora falhas como o fraco “Esquadrão Suicida”. Tem seus acertos e erros, está longe do ideal. Mas agrega e traz boas ideias para o universo.  No fim, fica a sensação de desperdício do encontro dos maiores heróis da editora, mas um sentimento positivo para os longas futuros.  

Obs. Temos duas cenas pós-créditos. Uma logo após ao filme e outra no final de todos os créditos.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Mulher-Maravilha (2017)

Treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível, Diana Prince (Gal Gadot) nunca saiu da paradisíaca ilha em que é reconhecida como princesa das Amazonas. Quando o piloto Steve Trevor (Chris Pine) se acidenta e cai numa praia do local, ela descobre que uma guerra sem precedentes está se espalhando pelo mundo e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito. Lutando para acabar com todas as lutas, Diana percebe o alcance de seus poderes e sua verdadeira missão na Terra.

141 min – 2017 – EUA

Dirigido por Patty Jenkins, roteirizado por Allan Heinberg, Zack Snyder e Jason Fuchs. Com Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston, David Thewlis, Elena Anaya, Lucy Davis, Ewen Bremner, Saïd Taghmaoui, Lisa Loven Kongsli, James Cosmo, Steffan Rhodri, Rachel Pickup, Rainer Bock, Florence Kasumba e Eleanor Matsuura.

Não é comum em Hollywood uma super produção de grande orçamento com uma protagonista. Aliás, é bem raro. É admirável a atitude da Warner de produzir um longa com uma heroína como personagem principal, que toma decisões e controla os rumos da trama. Em uma obra comandada por uma mulher. E, é ainda melhor, que tudo isso ocorra em um bom filme. A diretora Patty Jenkins, nos apresenta a Mulher-Maravilha de Gal Gadot em um longa de origem com ótimas cenas de ação, uma narrativa eficaz, com diversidade no elenco e uma boa química de seus atores.

Nos quadrinhos a super-heroína tem duas origens, em “Mulher-Maravilha” ambas são contempladas. É uma mistura inteligente entre as histórias de origem e o mais importante, é eficaz. Diana (Gal Gadot) cresce em meio a amazonas, ela as admira, é curiosa e destemida. Desde jovem parece predestinada a se tornar uma grande guerreira. A fotografia da Ilha Paraíso (Themyscira) é colorida, alegre e deslumbrante. Remete em diversos momentos ao divino. O que causa um contraste com a cinza, triste e enfumaçada Londres. Demonstrando a tristeza e todo horror da guerra em que o mundo dos homens se encontra. Outro aspecto impressionante das amazonas é quando estão em ação. As cenas de luta impressionam e empolgam. Nelas as personagens sempre aparecem poderosas, fortes, habilidosas e empoderadas. Realmente dá gosto de ver. Vale um destaque para a fascinante Antíope (Robin Wright) em combate. E, é claro, a própria Diana. Em diversos momentos da obra demonstra a que veio, todos seus poderes são explorados de forma convincente e é de arrepiar a primeira vez que a vemos no uniforme. É muito emblemático que isso aconteça justo no meio de uma batalha de trincheiras, um dos piores, mais covardes e desumanos momentos da primeira grande guerra.

Em “Mulher-Maravilha” Diana é princesa das Amazonas, filha de Hipólita (Connie Nielsen). Desde jovem ela é treinada para ser uma guerreira imbatível. Ao entrar em contato com o piloto Steve Trevor (Chris Pine) e descobrir que uma guerra sem precedentes está acontecendo no mundo dos homens. Diana decide abandonar seu lar, a ilha Themyscira, com a convicção de que pode encerrar o conflito. No início do filme de forma bem didática, Hipólita no explica o conflito entre Zeus e Ares, como as amazonas foram criadas e a origem da ilha e da própria Diana. A narração é acompanhada de uma arte bonita e cativante, que nos contextualiza de forma orgânica. Mas é um momento excessivamente expositivo. É interessante como a obra trabalha bem com a interação entre elementos místicos e reais.

Gadot é bem sucedida em demonstrar a preocupação da heroína com os inocentes, a sua ternura e até mesmo sua fúria. Seu timing cômico é fundamental, é séria quando necessário e engraçada quando preciso. É nítida a inocência da protagonista no início da trama, a percebemos em seu olhar, nas suas falas, ações e na interação com os outros personagens. Ao decorrer do roteiro percebemos sua mudança e crescimento. Na cena final, em Londres, temos uma Mulher-Maravilha mais forte, sábia e empoderada. Chris Pine constrói Steve Trevor como um companheiro de jornada, um parceiro que têm seus momentos de destaque mas que nunca se sobrepõe a protagonista. É também um contraponto à visão romantizada de Diana, um personagem cético com objetivos racionais. O casal desenvolve um relacionamento equilibrado, o romance não é forçado. É sincero, eles se fortalecem um com o outro. A química é ótima e o tom cômico é certeiro. A dupla nos proporciona vários bons momentos, como a cena do barco, o momento em que Steve toma banho, dentre outros. Os demais membros do time também são interessantes e acrescentam a trama. A diversidade está presente, temos Sameer um árabe, Charlie um escocês e o nativo americano Chefe. Os personagens tem a chance de revelar várias formas de opressão o que acrescenta em muito o aprendizado de Diana. Já o vilão e o terceiro ato como um todo parecem um pouco deslocados na trama. Apesar de Ares ser fundamental para que a Mulher-Maravilha descubra todo seu poder, seu arco não é bem aproveitado e no final caímos na mesmice de uma grande e exagerada luta com excessivos efeitos especiais.

Patty Jenkins aproveita a oportunidade que têm para evidenciar algumas ideias feministas, ela é sutil e sabe utilizar esses momentos para criar cenas divertidas. O contraste entre a Princesa Guerreira e o mundo do homens, machista e conservador, é um bom exemplo. A personagem Etta Candy (Lucy Davis) demonstra bem o tratamento daquela época destinado às mulheres.

“Mulher-Maravilha” não é perfeito, mas certamente é um avanço nos filmes do universo cinematográfico da DC. Temos aqui um bom acerto da Warner depois dos fracos “O Homem de Aço”, “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” e o ruim “Esquadrão Suicida”. É uma aventura que abraça o fantástico colocando uma heroína no centro da ação, uma história de origem forte onde o amor e a esperança ganham foco. A Mulher-Maravilha de Gal Gadot é linda, forte, poderosa, empoderada e feminina. Steve, Sameer, Charlie e Chefe, em diversos momentos só observam impressionados enquanto ela resolve a situação, isso, quando não a pedem socorro.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.

Nota do Sunça:


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Sunça no Cinema – Lego Batman: O filme (2017)

Extremamente egocêntrico, Batman leva uma vida solitária como o herói de Gotham City. Apesar disto, ele curte bastante o posto de celebridade e o fato de sempre ser chamado pela polícia quando surge algum problema – que ele, inevitavelmente, resolve. Quando o comissário Gordon se aposenta, quem assume em seu lugar é sua filha Barbara Gordon, que deseja implementar alguns métodos de eficiência de forma que a polícia não seja tão dependente do Batman. O herói, é claro, não gosta da ideia, por mais que sinta uma forte atração por Bárbara. Paralelamente, o Coringa elabora um plano contra o Homem-Morcego motivado pelo fato de que ele não o reconhece como seu maior arquinimigo.

107 min – 2017 – EUA

Dirigido por Chris McKay, roteirizado por Chris McKenna, Seth Grahame-Smith. Com Rosario Dawson , Will Arnett , Ralph Fiennes , Michael Cera , Zach Galifianakis , Mariah Carey.


Dublado por Duda Ribeiro, Marcio Simões, Andreas Avancini, Julio Chaves, Guilene Conte e Guilherme Briggs. 


 Eu gosto do Batman. De fato, ele não é meu super-herói favorito (Dá-lhe Homem-Aranha), mas tenho bastante carinho pelo personagem. De suas várias interpretações para o cinema, televisão e quadrinhos (Dentre outros), o meu favorito é o Batman do Adam West. (Como analisei neste podcast gravado a cinco anos atrás.) Assisto constantemente a série dos anos sessenta, isso porque, na minha opinião, o personagem funciona bem no humor. Quando o morcego é encarado de forma bem humorada e caricata, temos suas melhores aparições. Tim Burton sabe disso, em seus dois longas nos apresentou um Batman sombrio e caricato, com toques de humor. Em “Batman o retorno” (Meu filme favorito do Homem-Morcego) o Pinguim de Danny DeVito se locomove em um patinho de plástico. Nos anos sessenta a faceta detetive do herói era o foco do humor, Adam West desvendava os mistérios mais tolos e bestas com sacadas do além. A série também explorava os planos mirabolantes dos vilões, em determinado episódio Batman e Robin são transformados em raspadinha pelo Senhor Gêlo. Satirizava também os bat-trecos e os bat-veículos, é claro. (Temos o famoso spray repelente de tubarão.) E agora, graças ao Batman soturno, reservado e com “daddy issues” apresentado na boa trilogia de Christopher Nolan (Que eu gosto) e no Batman psicopata e violento apresentado por Zack Snyder em Batman Vs Superman, “Lego Batman: O filme” foca seus deboches no psicológico e nos sentimentos do Homem Morcego.

A narração em off do Batman nos mostra o rumo que a obra vai seguir. O personagem brinca com a tela preta e as logos iniciais, de cara nos arranca algumas risadas. E então, na primeira cena ao escutar o motivo para um avião repleto de explosivos pousar em Gotham, já sabemos que no filme a zueira vai prevalecer. O longa não ignora as aparições anteriores do herói, pelo contrário, remete a elas o tempo inteiro. Ao conversar com o coringa um personagem solta “Como na vez com os dois barcos” e “Ou como na vez com o desfile tocando Prince”, referências diretas a filmes anteriores e que ficam cada vez mais constantes no decorrer da trama. Encontramos um Batman egocêntrico, solitário que gosta bastante de sua popularidade como o grande herói de Gotham City. Afinal, sempre que ele é chamado pela polícia, nas falas de Jim Gordon “Aperta o botão, aperta o botão”, seja qual for a ameaça ele, inevitavelmente, salva o dia. O comissário Gordon se aposenta e quem assume seu posto é sua filha Barbara Gordon. Ela implementa métodos de eficiência para que a polícia não seja tão dependente do Batman. Enquanto isso o Coringa, depois de levar um “fora” do Batman, elabora um plano mirabolante contra o Homem-Morcego.

Apesar de ser uma grande brincadeira com filmes de super-heróis, tirando sarro de vilões nível z, planos malucos e vitórias absurdas. O foco são as relações e sentimentos do Batman e que realmente vemos é uma comédia romântica. Bruce Wayne tem que enfrentar seus medos internos, a fobia de relacionamentos, a solidão e o fato de ser criança mimada, ao mesmo tempo que enfrenta “problemas” com novas e antigas relações pessoais. E tudo isso acontece durante um grande “DR” com o Coringa. É uma comédia bat-família com direito a um grandioso final saltimbancos. E, creio eu, esse é o grande acerto de “Lego Batman: O filme”. O deboche com a personalidade com o Batman é certeiro, funciona e tira muitas risadas. É um protagonista com medo de relacionamentos, que escolhe a solidão por sentimentos mal resolvidos com os pais, os quais também o fazem se vestir de preto e sair por aí agredindo vilões. Cenas como o chilique de Bruce Wayne ao saber que Alfred o confirmou em uma festa, o momento da participação especial de Jerry Maguire e falas como “Alfred me tira do castigo agora!” e “Tá doido pra me prender em uma relação!” garantem muitos risos. E ver que de fato o Batman precisa de seus antagonistas e não sabe o que fazer sem eles alegra o coração.

Vale um destaque para a dublagem. Normalmente não gosto, acho que sempre devemos assistir ao trabalho original. Porém, na cabine de imprensa foi exibida a versão dublada. Que para minha surpresa, me fez rir em vários momentos. Afinal, não consigo pensar em uma versão em inglês que cause mais impacto e arranquem mais risadas do que: “Eita, o garoto se estabacou!”, “E compra um pastelzinho de carne e queijo e caldo de cana.”, “Caminho da roça!”, “A fila andou!”, “Piu piu, escapuliu!”, “A muito tempo não pego ninguém!”, “O Bruce Wayne e o Batman racham ap?” e para fechar, logo no início, temos um sonoro “Jezuis Maria José”.    

E quando você acha que o caminho de “Lego Batman: O filme” está traçado o filme te surpreende sabendo utilizar/satirizar de outras obras de seu estúdio (Warner), assim como Deadpool fez com os X-men da FOX. É muito divertido quando as barreiras da franquia Batman são ultrapassadas e passam a ridicularizar diversas franquias que tanto amamos. É um filme com piadas para toda a bat-família que respeita e ao mesmo tempo faz de ridículo toda a história do Homem-Morcego (Resgatam até o Rei dos Condimentos). Você vai rir e se emocionar com essa história de amor, drama familiar e superação pessoal mascarada de um grande blockbuster de super herói. E suspirar quando assistir a cena final do casal ao pôr do sol. Afinal, ninguém vive sozinho (por mais que tentemos) e nada melhor para ilustrar que uma fala de nosso querido protagonista: “Robin, juntos vamos bater tão forte que palavras estranhas vão aparecer no ar!”

Nota do Sunça:


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Sunça no Cinema – Esquadrão Suicida (2016)

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Reuna um time dos super vilões mais perigosos já encarcerados, dê a eles o arsenal mais poderoso do qual o governo dispõe e os envie em missão para derrotar uma entidade enigmática e insuperável que a agente Amanda Waller (Viola Davis) concluiu que só pode ser vencida por indivíduos desprezíveis e com nada a perder. Quando os membros do improvável time percebem que não foram escolhidos para vencer, mas sim para falharem inevitavelmente, será que o Esquadrão Suicida decide ir até o fim tentando concluir a missão ou a partir daí é cada um por si?

130 min – 2016 – EUA

Dirigido por David Ayer, roteirizado por David Ayer. Com Margot Robbie, Will Smith, Jared Leto, Joel Kinnaman, Scott Eastwood, Cara Delevingne, Viola Davis, Jai Courtney, Jay Hernandez, Adam Beach e Adewale Akinnuoye-Agbaje.

Sou fã de quadrinhos. Sempre que um blockbuster do gênero está prestes a estrear e/ou sendo feito, torço e fico na expectativa do melhor. Afinal, quero bons filmes dos temas que amo e boas adaptações e lembranças de personagens dos quais tanto prezo. Nos momentos iniciais de Esquadrão Suicida até parecia que tudo ia dar certo. Amanda Waller (Viola Davis) utilizando como argumentos para a formação de sua força-tarefa o Super Homem e alguns acontecimentos de filmes anteriores da DC, funciona e até empolga. Ainda que os planos da personagem não façam o menor sentido e que por obra do destino e um roteiro falho sejam justamente a causa do problema que nossos “heróis” vão ter que enfrentar.

O longa parece um conflito entre o que David Ayer, o diretor, queria e as intenções do estúdio (Warner). Já no início temos um alvoroço de cenas, a apresentação do Pistoleiro (Will Smith) e da Arlequina (Margot Robbie) então partirmos para Amanda Waller e seu projeto insano para então voltar a um briefing de apresentação de cada um dos membros do esquadrão. Com direito a uma nova apresentação da Arlequina e do Pistoleiro. Existe uma crítica, que não é bem explorada, de que os governos não fazem exatamente o bem, mas isso de fato não é o foco da narrativa. O filme não se preocupa em estabelecer arcos de personagens e devido a essa excessiva apresentação inicial não causa no expectador um envolvimento emocional e nem cria expectativa.

Em Esquadrão Suicida a agente Amanda Waller (Viola Davis) quer formar uma força-tarefa de indivíduos desprezíveis com nada a perder, para combater a ameaça dos meta humanos. Então ela convence o governo dos EUA a fornecer um arsenal poderoso a um time de super vilões perigosos que parte para derrotar uma entidade mágica e poderosa. Que se torna uma ameça com duas viradas de roteiro já que Waller é meio bobinha e não controla cem por cento uma entidade, a Magia (Cara Delevingne), que pode se teletransportar. Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Bumerangue (Jai Courtney), Diablo (Jay Hernandez), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), Amarra (Adam Beach) se unem aos soldados Rick Flag (Joel Kinnaman) e Lieutenant “GQ” Edwards (Scott Eastwood) e partem em uma missão suicida.

Em sua maioria, o elenco não têm muito material com o qual trabalhar e não impressiona. Waller têm um plano estúpido, porém a performance de Viola Davis é boa e até nos faz acreditar no projeto. Sua personagem em diversos momentos é a mais ameaçadora e assustadora que os “terríveis” vilões do longa. É fácil perceber um problema com as personagens femininas do filme, June Moone (Cara Delevingne) não passa de uma garota assustada e problemática, Katana (Tatsu Yamashiro) não fala e quando têm de dizer algo é Rick Flag quem o diz, e Arlequina que poderia desenvolver o lado da médica que se apaixona em um relação abusiva com um louco psicopata que acaba a transformando em uma, é apenas um alívio cômico. Margot Robbie consegue ir um pouco além, cria maneirismos e uma atitude para a personagem, é bacana perceber como em um momento ela parece inocente e inofensiva e em outros ameaçadora. Porém o roteiro se resolve explorando sua figura sexy e fazendo piadas. Em um momento como o atual onde temos As Caça Fantasmas e a Rey de Star Wars é lamentável um tratamento desses. Will Smith se esforça, tem mas destaque que os demais porém diversos momentos parece estar em piloto automático. Bumerangue e Crocodilo pouco têm a acrescentar e Amarra têm uma única função bem clara no filme. O Coringa de Leto é um gangster, a la “pimp my ride”, excitado que adora rir.

Com cenas de ação mal construídas e mal executadas e tentativas de incitar empatia pelos vilões através de flashbacks excessivos e que destroem a figura de “malvados” dos protagonistas, o filme não convence assim como sua vilã que parece saída de um desenho animado e/ou filme de comédia. É uma pena que um filme tão promissor com tudo para mudar o rumo da DC nas telas consiga errar tanto. Na minha ânsia de querer gostar do filme e do universo cinematográfico da DC até sai da cabine de imprensa com um sentimento positivo, que após uns dez minutos de reflexão logo foi embora. É uma pena.

Obs. Na cabine de imprensa foi exibida um cena durante os créditos.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

232521.jpg-r_640_600-b_1_D6D6D6-f_jpg-q_x-xxyxxApós os eventos de O Homem de Aço, Superman (Henry Cavill) divide a opinião da população mundial. Enquanto muitos contam com ele como herói e principal salvador, vários outros não concordam com sua permanência no planeta. Bruce Wayne (Ben Affleck) está do lado dos inimigos de Clark Kent e decide usar sua força de Batman para enfrentá-lo. Enquanto os dois brigam, porém, uma nova ameaça ganha força.

151min – 2016 – EUA

Dirigido por Zack Snyder e roteirizado por Chris Terrio e David S. Goyer. Com: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Diane Lane e Jeremy Irons.

Batman Vs Superman – A Origem da Justiça sofre de um problema muito comum nos blockbusters atuais. Seus trailers e clips de divulgação entregam a trama e boa parte de suas reviravoltas. Quem assistiu aos três trailers internacionais já sabe basicamente o  que vai ocorrer, o plano de fundo está ali. (Principalmente no segundo trailer) Mas é interessante que o filme ainda consiga surpreender e trazer novos elementos. Então é sim uma experiência divertida, mesmo para quem já está a par do que vai acontecer.

O filme é repleto de easter eggs, fã service e referências ao universo cinematográfico que Zack Snyder pretende criar para a DC Comics. Ao longo de suas duas horas e meia vemos novos personagens, possíveis novas tramas e até futuros apoteóticos e alternativos. A duração do longa inclusive, é um problema. Seus 180 minutos não passam despercebidos, é muito grande e você percebe isso. A vontade e necessidade de criar um universo traz personagens interessantes que acabam sendo mal aproveitados e  não acrescentam muito a trama. Um bom exemplo é a mulher Maravilha que não consegue mostrar a que veio, apesar de nos sacudir em nossos assentos com suas cenas de luta.

Mais uma vez Henry Cavill interpreta bem o Superman, se em O Homem de Aço temos um aprendiz de super-herói, aqui temos um “homem” que aprendeu com seus erros, que tenta repará-los e entender melhor seu papel como salvador/Messias/Herói. Ele possui falhas e a interpretação de Cavill causa empatia com esse ser super-poderoso. Em certos momentos, como nunca visto em outros longas, o heroi se torna ameaçador e dá medo. Se o filme tem um grande acerto esse certamente é o “Batfleck”, muito criticado quando escolhido para fazer o papel, Ben Affleck faz um ótimo trabalho. Seu Bruce Wayne é amargurado, cansado, desiludido e quando necessário um playboy beberão e mulherengo. Seu Batman é agressivo, violento, treinado e usa muito bem de seus equipamentos eletrônicos. (Melhor que nos demais filmes do herói) Suas lutas refletem em ótimas sequências de ação. (E sim. O Batman faz Crossfit!) Sempre preferi os filmes e o Batman de Tim Burton. Mas esse Batfleck é bom motivo para reconsiderar. (Tirando, é claro, o Adam West. Esse sim o melhor Batman de todos os tempos.) A relação entre Alfred e Bruce é ótima, ele é um amigo/pai/conselheiro/guia, e como podemos ver está sempre preparado para ajudar Bruce é um bom trabalho de Jeremy Irons. Lex Luthor é extravagante, excêntrico e louco. É um bom personagem e bem interpretado por Jesse Eisenberg. Amy Adams novamente faz um bom trabalho como Lois Lane e está longe de ser apenas uma donzela em perigo.

O longa segue os acontecimentos de O Homem de Aço, mas dá um grande destaque para o homem morcego. Já no início temos um flah back com sua origem, o que nos situa com seu posicionamento perante a destruição causada na batalha do Superman contra o General Zod. Bruce estava em Metropolis durante a batalha, tenta ajudar as vítimas se horroriza  e fica idgnado com tamanha devastação. O que serve como motivação extra para Bruce querer enfrentar o Homem de aço. A luta entre os dois é uma boa sequência, é bem construída ao logo do filme e não parece forçada. Existe uma sugestão de diferentes ideologias o que é interessante, mas o filme não ousa ir além de pequenos comentários políticos, como: “Se ele representa um por cento de chance de ser uma ameça temos que tomar como cem por cento e extermina-lo”. (Diálogo inclusive presente no trailer.) E no final o trauma de um deles serve como ponte para estabelecer um vinculo e uma conexão com o atual momento do outro.

Ao assistir Batman Vs Superman – A Origem da Justiça fica claro que o diretor Zack Snyder não só é fã de quadrinhos como os lê e acompanha. Fica claro também que ele está apar dos games e que os joga. São claras as referencias aos gibis e jogos. Em uma sequência de luta ficamos com a impressão de que estamos jogando um dos games da franquia Batman Arkham, somos presenteados com golpes, estratégias e ações táticas características do jogo.

O vilão Apocalipse representa uma grande ameaça. A batalha final é bem executada, com algumas explosões excessivas e flares desnecessários. Ver nossos três heróis em combate, lutando como um grupo cooperando entre si é algo empolgante. No fim o caminho para o filme da Liga da Justiça fica pronto. Fica traçado também uma possibilidade para filmes solos dos demais heróis presentes no longa. Apesar de  terem pouco tempo de tela, sua aparição vai empolgar os fãs. Dedicar menos tempo aos demais personagens é bom, já que essas cenas parecem deixar o filme mais longo, estendendo a trama demais e tirando o foco do que é realmente importante. É um bom início para a Liga da Justiça é um bom encontro entre Batman e Superman, mas poderia ser menos inchado, longo e não desperdiçar personagens interessantes. Mais uma vez Snyder utilizada da paleta de cor acinzenta e sem brilho, o que é cansativa, desinteressante e deixa o filme “feio”. Batman Vs Superman – A Origem da Justiça é um filme bastante descente que impressiona em seus bons momentos.

Obs. Na versão exibida na cabine de imprensa não tinha cena pós créditos.

Nota do Sunça:

 


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