Sunça no Cinema – Creed: Nascido para Lutar (2015)

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Adonis Johnson (Michael B. Jordan) nunca conheceu seu pai famoso, o campeão mundial dos pesos pesados Apollo Creed, que morreu antes de ele nascer. Ainda assim, não há como negar que o boxe está em seu sangue, então Adonis parte para a Filadélfia, local da lendária luta de Apollo Creed com um adversário durão chamado Rocky Balboa. Uma vez na Cidade do Amor Fraternal, Adonis localiza Rocky e pede para ele ser seu treinador. Apesar de insistir que está fora do universo da luta para sempre, Rocky reconhece em Adonis a força e determinação que viu em Apollo – seu rival feroz que se tornou seu amigo mais próximo. Rocky então concorda em treinar o jovem lutador, mesmo com o ex-campeão lutando contra um adversário mais mortal do que qualquer outro que já enfrentou no ringue. Com Rocky no canto do ringue, não falta muito para Adonis receber sua própria chance de conseguir o título… mas será que ele poderá desenvolver não só a motivação, mas também o coração de um verdadeiro lutador, a tempo de entrar no ringue?

132min – 2016 – EUA

Dirigido por Ryan Coogler. Com roteiro de Ryan Coogler e Aaron Covington. Com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Graham McTavishPhylicia Rashād e Hans Marrero

 

Rocky é uma das franquias mais importantes da minha geração. Ao assistir um filme do Balboa sempre dei socos no ar durante as lutas, me comovi com seus problemas pessoais e torci por seu sucesso no final. Ao assistir Creed, senti tudo isso novamente.  A série passou por bons filmes, e por alguns não tão bons, mas sempre com um grande impacto em minha geração e em mim. “Creed: Nascido para Lutar” vai ser essa referência e ter esse impacto na geração atual.

O filme poderia facilmente se chamar Rocky 7, dá seqüência a franquia e nele podemos ver como está a vida de Balboa e quais são suas novas batalhas. Mas o protagonista é Adonis Johnson é ele que acompanhamos durante todo o longa. Começamos em sua infância quando ele ainda nem sabe quem é seu pai e vamos até sua juventude quando luta por seu lugar no esporte e para vencer a “sombra” do pai Apollo Creed. E ao fim se torna um personagem poderoso que, como Rocky, sem dúvida vai ser referência e dar origem a mais longas.

Johnson têm um bom emprego e uma boa vida em L.A., mas abandona tudo com objetivo de se tornar um lutador profissional. Ele segue então para Filadélfia decidido a ter Rocky como seu treinador. Encontramos um Balboa solitário, afastado do mundo das lutas e cansado das “porradas da vida”. O relacionamento entre os dois personagens é um ponto forte do filme, a relação mentor/pupilo e pai/filho funciona, a dinâmica entre os dois atores é boa. Me comovi toda vez que Donnie chamava Balboa de “tio”. O papel de Stallone aqui lembra o treinador Mickey (da franquia original) e o ator sabe lidar bem com seus momentos dramáticos e cômicos. Sly entrega uma performance poderosa e tocante. Na Filadélfia logo o protagonista conhece uma garota, e o relacionamento entre Adonis e Bianca (Tessa Thompson) funciona e é bem construído, em parte graças à boa química entre os dois. Como nos outros filmes da franquia a luta do personagem principal vai além dos ringues e do empenho no esporte, sua vida pessoal é parte fundamental da trama. Michael B. Jordan entrega uma ótima performance. Ele cria um Adonis forte corajoso, com vislumbres de Apollo e de Rocky, mas com uma personalidade única.

As lutas são bem coreografadas e planejadas. Planos sequências nos fazem imergir dentro dos estádios, seja na entrada da luta em Tijuana ou em todo o combate na Filadélfia quando Johnsson entra no ringue pela primeira vez com Rocky como seu treinador. Essa luta são dois assaltos filmados em um único plano, a câmera gira em torno do ringue e dos lutadores e faz alguns close-ups, aumentando a tensão e o suspense. É divertido quando o longa para um pouco e nos deixa a par do histórico de cada lutador e nos avisa do perigo que está a caminho. Quem acompanha a franquia já sabe o que esperar do filme e/ou do resultado de sua trama. Nesse ponto realmente não somos surpreendidos. Mas o importante é o percurso, é como um personagem passa a completar o outro e como resolvem seus problemas. Como Adonis, Rocky também têm uma batalha para vencer e é justamente com ele que Balboa reaprende e encontra forças para lutar.

Creed nos presenteia com momentos icônicos da franquia, mas segue seu próprio caminho trazendo novos marcos e novas referências. A música do treinamento, durante a corrida final, é coerente e têm grande impacto. Mas não se preocupe, ainda podemos escutar rapidamente “Gonna Fly Now” em um momento decisivo do filme.

Rocky Balboa velho e solitário, abandonado por tudo e por todos. Adonis um orfão com problemas paternos mal resolvidos e abandonado em sua busca para se tornar um lutador profissional. Eles encontram na amizade de um com o outro a força para conquistar seus objetivos. É um ótimo trabalho do diretor Coogler em recontar a história de um lutador desacreditado que recebe a chance ao título, mas trazendo novos elementos, brincando com nossas expectativas e conseguindo até nos surpreender. A história de Adonis nos lembra muito a de Rocky apesar de ser diferente e até oposta em alguns momentos.

E Rocky e Donnie seguem juntos subindo as escadarias da Filadélfia porque como diz Donnie: “Se você luta, eu luto!”

 

Nota do Sunça: nota4_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no Cinema – Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme (2016)

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Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus e todo o resto da amada turma do Snoopy, chegam aos cinemas de uma forma como nunca foram vistos antes: em animação 3D! Snoopy, o beagle mais amado do mundo – e claro, o melhor piloto – embarca em sua maior missão até hoje, alcançando o céu atrás de seu arqui-inimigo, o Barão Vermelho, enquanto seu melhor amigo, Charlie Brown, inicia a sua própria jornada épica. Da imaginação de Charles M. Schulz e dos criadores da saga A Era do Gelo, Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, O Filme vai provar que todo azarado tem seu dia de sorte.

88min – 2016 – EUA

Dirigido por Steve Martino. Com roteiro de Bryan Schulz, Craig Schulz, Cornelius Uliano e Charles M. Schulz (Autor da obra original). Com Noah Schnapp, Bill Melendez, Hadley Belle Miller, Mariel Sheets, Anastasia Bredikhina, Noah Johnston, Rebecca Bloom, Mar Mar, William Wunsch, Francesca Capaldi, Venus Schultheis, Madisyn Shipman, A.J. Tecce e Alexander Garfin. 

 

É comum ver quadrinistas citando nomes como Bill Watterson, Hergé e Charles M. Schulz (dentre outros) quando conversam sobre suas referências e inspirações. Especialmente se trabalham com tiras e/ou quadrinhos de humor, o que é o meu caso. Logo, o trabalho de Schulz sempre me foi muito familiar, acompanho a “Turma do Minduim” nos quadrinhos e nas animações há muitos anos.

Dessa vez acompanhei Charlie Brown e Snoopy em uma sala XD Extreme Digital Cinema na versão dublada e em 3D. Já no início da projeção, quando somos presenteados com Schoroeder tocando o tema da FOX, é possível perceber o tom do filme que estamos prestes a assistir. A cena inicial introduz bem todos os personagens, suas características e personalidades, com direito até a árvore comedora de pipas. Aliás, o design dos personagens e do filme em geral chama muita atenção. Seja por ser extremamente respeito com os traços de Charles Schulz ou pelas belas texturas e/ou materiais criados. Na introdução também é possível perceber que o tom de humor no filme remete ao utilizado nas tiras e nos desenhos animados. Na verdade, muitas piadas das tiras e das animações anteriores como “O Natal do Charlie Brown” e “Charlie Brown e o Dia de Ação de Graças” são repetidas sem nenhuma alteração. O objetivo do filme é claro, introduzir os personagens de Charles para uma nova geração.

O 3D do filme funciona e é bem utilizado. Em várias cenas ele é bem sucedido em trazer profundidade para os cenários. Em um momento específico o 3D é importante para mostrar como Charlie Brown, abandonado no parque em um banco com sua pipa, se sente sozinho e pequeno no mundo. O estilo de animação também chama atenção, em diversos momentos o longa abandona seu design original. Quando nosso querido Minduim relembra seus fracassos do passado, temos uma animação em 2D nos traços de Schulz, nas cenas com Snoopy piloto e seus combates aéreos a animação fica mais “realista” e em alguns momentos temos até animação de recorte. Brincar com a forma, cor e estilo com uma função narrativa dentro do longa é, na minha opinião, uma decisão acertada da equipe, deixa o filme mais interessante e empolgante.

Como nas tiras e nas animações anteriores os planos seguem a linha visual das crianças, e como de costume não podemos compreender, nem ver, os adultos o que deixa claro que estamos de fato no mundo de Charlie, Lucy, Shroeder, Marcie, Patty Pimentinha, Linus, Sally e Chiqueirinho. Muito planos e enquadramentos parecem ter sido retirados de quadrinhos e desenhos de Charles M. Schulz o que acaba se confirmando no momento final do filme e durante seus créditos. É legal perceber como a animação se esforça para nos colocar juntos com aquelas crianças, quando inicialmente não vemos direito o rosto de determinado personagem e gradualmente passamos a ver é uma referência direta com o que vive o personagem protagonista que no início da história mal consegue encarar o outro personagem mas vai conseguindo superar seus medos com o decorrer do filme. A trama apresenta duas histórias, a de Charlie Brown apaixonado pela garotinha ruiva e a de Snoopy e Woodstock e sua disputa aérea contra o temível Barão Vermelho. As histórias são contadas em paralelo, e é bacana notar como se relacionam e se completam.

Uma história interessante e cativante, respeitosa e cuidadosa com o trabalho de Schulz. Apesar de não ousar com os personagens e nem trazer muitas inovações, como fã, fiquei satisfeito com o trabalho da Blue Sky e mais uma vez me diverti e me encantei com a Turma do Minduim. Acho que todos deveríamos nos inspirar em Charlie Brown, que nunca desiste mesmo falhando miseravelmente diversas vezes em frente a sua turma. E não há outra maneira de finalizar esse texto senão com um sonoro: Que puxa!

Obs. Temos cenas durante os créditos e uma pequena e não muito importante no final dos créditos.

Obs.2 Com certeza “I feel better when I’m dancing”.

 

Nota do Sunça: nota3_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no Cinema – O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro

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A vida de Peter Parker anda movimentada. Entre capturar ladrões e passar um tempo com Gwen Stacy, ele ainda precisa lidar com a sua formatura. Peter não se esqueceu da promessa que fez para o pai de Gwen, mas manter-se afastado da garota dos seus sonhos é praticamente impossível. As coisas começam a se complicar para Peter quando um novo vilão, Electro, surge e um velho amigo, Harry Osborn, reaparece em sua vida. Além claro, de novas pistas sobre o seu próprio passado.

140min – 2014 – EUA

 
Dirigido por Marc Webb. Com roteiro de James Vanderbit, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Paul Giamatti, Dane Dehaan, Sally Field, Felicity Jones e Chris Cooper.

 

Quando pequeno meu sonho sempre foi me tornar o Homem-Aranha. (E ainda é!) Sou apaixonado pelo herói. A recordação mais antiga que tenho do meu laço com o teioso é uma foto de quando eu tinha dois anos de idade fantasiado de Homem-Aranha. Desde muito novo acompanho o herói nos quadrinhos, nos games, nos desenhos animados e mais recentemente, nos longas de Sam Raimi e nos atuais longas de Marc Webb. Digo isso porque para mim um filme do Aranha sempre vai ser algo especial. Até o ruim Homem-Aranha 3 de Sam Raimi e o fraco O Espetacular Homem Aranha de Marc Webb têm um lugar especial em meu coração. O que não vem ao caso quando se trata do O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro.

A cena inicial do filme é um flashback sobre os pais do herói. O passado obscuro deles continua sendo explorado neste novo longa e ainda é uma fixação do protagonista. A necessidade do longa anterior de explorar o passado dos pais de Peter e torná-lo um predestinado a se tornar o Homem-Aranha me incomodava, porém os flashbacks presentes neste novo filme parecem perder essa pretenção de predestinação e apenas responder questionamentos de Peter. É muito elegante que a cena inicial que é sobre sofrimento, perda e morte se inicie nas engrenagens de um relógio. Que no final do longa termina sua rima visual em outra cena de perda e sofrimento em meio a engrenagens de um relógio.

Após o flashback já entramos em uma cena de ação onde o Aranha se balança pelos prédios de Nova Iorque até encontrar uma perseguição policial. Aqui já percebemos o visual fantástico que o longa vai ter e em especial o visual das cenas de ação. É incrível perceber a movimentação do herói, enquanto atira suas teias e salta pelos prédios o Aranha passa a teia de uma mão para a outra, escala prédios, escala um pouco a teia para ganhar altitude antes dar seu próximo tiro, luta com seus adversários e dispara piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo e sempre com um trejeito “amador” de combate ao crime. A impressão é de que o Homem-Aranha está vivo. E os destoantes planos subjetivos presentes no primeiro filme dão lugar a planos subjetivos visualmente bonitos e bem encaixados nas cenas de ação. Na primeira luta contra o Electro em uma cena em câmera lenta onde o Homem-Aranha se esforça para evitar que pessoas sejam atingidas por um carro ao mesmo tempo em que evita que pessoas sejam eletrocutadas. Marc Webb nos mostra visualmente como o “sentido aranha” desperta no herói uma grande percepção dos acontecimentos ao seu redor.

A primeira cena de ação também nos mostra como é um constante conflito para o protagonista ser o Homem-Aranha e cumprir seus deveres ao mesmo tempo (literalmente) que lida com seu relacionamento com Gwen. A relação entre os dois é bem construida, seus momentos desajeitados e meigos dão a dimensão complexa e forte de seu relacionamento. Andrew está ótimo como Peter e Emma também ótima nos mostra como é fácil se apaixonar por Gwen. De forma objetiva e rápida o filme nos mostra relação entre Harry e Peter, já em seu primeiro encontro temos Harry no topo das escadas com o rosto imerso na escuridão e Peter abaixo na base das escadas com seu rosto iluminado em uma conversa fria e distante, nos mostrando o potencial contraste entre os personagens, até que Harry desce alguns degraus seu rosto se ilumina Peter se aproxima e a conversa se torna amigável e íntima. Mostrando o laço de amizade que ainda existe entre os dois. Tia May e Peter também tem seus momentos, alguns divertidos e outros mais profundos que nos mostram como é cada vez mais forte a relação entre os dois.

Os três vilões do longa são interessantes. O Rino tem uma pequena e boa participação que rendem cenas visualmente lindas, o Duende Verde têm a sua origem e a construção de seu rancor e ódio pelo teioso, o Harry aqui é mais do que apenas um garoto mimado. Já o Electro, esse sim é a verdadeira ameça do filme. Max, o personagem de Jamie Foxx antes de se tornar o Electro, é caricato, pastelão e louco, já Electro é um vilão temivel e multifacetado. É interessante ver o seu amor pelo amigão da vizinhaça, sua fixação e carência, se tornar em ódio e rancor. O filme em nenhum momento coloca Harry ou Max como personagens maus que querem ser criminosos, são persoagens que se sentem magoados e traídos e apelam para a maldade como último recurso. O personagem Max é um bom exemplo de como o tom desse filme é diferente. Ele é mais caricato e engraçado. Os momentos dramáticos também estão presentes, não tenho vergonha em admitir que fiquei com lágrimas nos olhos em determinado momento do filme. Mas o drama e o humor ocilam de forma harmônica durante o filme.

Com os já confirmados filmes do Sextto Sinistro, Venom e o terceiro e quarto Espetacular Homem-Aranha fica perceptivel a necessidade do longa de introduzir vários personagens e ampliar o universo aracnídeo e fornecer protagonistas para os próximos longas. É uma pena, porque personagens interessantes dos quadrinhos acabam tendo uma pequena participação nesse filme, como por exemplo a Felicia (Felicity Jones), o Rino (Paul Giamatti) e o Norman Osborn (Chris Cooper). E a cena final na Oscorp acaba sendo um grande gancho para as continuações do longa.

Algumas opções do filme/franquia não agradam, tornar a Oscorp numa grande corporação do mal de onde saem todos os problemas do teioso é uma delas. A insistência na história passada dos pais de Peter também não ajuda e eliminar rapidamente um personagem importante como o Norman Osborn é um pecado. Além é claro de mais uma vez Gwen saber fazer tudo necessário para resolver os problemas no climax do filme. E é triste a impressão de que a cada filme dessa nova franquia a importância do Tio Ben é menor.

Bons personagens com relações bem construidas em uma trama bem mais coerente do que a do primeiro filme e visualmente fantástico com ótimas cenas de ação. Um Aranha mais bem humorado e mais confiante em seu dever. Percebe-se claramente que Peter adora ser o cabeça de teia.  E como abrir a uma HQ e ver os amores, temores, problemas e as complicações do teioso que tanto nos divertiram e entreteram durante a infância. E a opção por colocar o Homem-Aranha como um símbolo de esperança e como um protetor dos cidadãos, é para mim, a decisão mais acertada do filme. Esse não é o meu filme favorito do teioso, mas definitivamente conquistou seu espaço em meu coração.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida a cena pós créditos. Norma adotada em todo o Brasil.

Nota do Sunça:

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Sunça no cinema – S.O.S. – Tem um Louco Solto no Espaço (1987)

Spaceballs Poster

Os diabólicos líderes do planeta Spaceball arquitetam um plano secreto para tomar cada sopro de ar do seu vizinho, o pacífico planeta Druidia, após desperdiçar infantilmente sua preciosa atmosfera. Assim, o ditador de Spaceball, o presidente Skroob (Mel Brooks) manda o cruel Dark Helmet (Rick Moranis) seqüestrar Vespa (Daphne Zuniga), a princesa de Druidia, e exigir do Rei Roland (Dick Van Patten), o pai dela, que entregue todo o ar como recompensa. Lone Starr (Bill Pullman) e Barfolemew (John Candy) recebem de Roland a missão de resgatá-la.

96min – 1987 – EUA

 

Dirigido por Mel Brooks. Com roteiro de Mel Brooks, Thomas Meehan e Ronny Graham. Com Mel Brooks, John Candy, Rick Moranis, Bill Pullman, Daphne Zuniga, Dick Van Patten, George Wyner e Joan Rivers (Como a voz de Dot Matrix).

 

Boas comédias não são comuns no cinema atual e o gênero, sempre presente nas salas de cinema, normalmente é representado por paródias de filmes. Boa parte delas apelam para o humor pastelão e para o escárnio com piadas infames que debocham dos filmes originais e seu público. Na década de 80, eram mais comuns comédias inteligentes que não se levavam a sério e  faziam um recorte de determinado gênero e/ou filme específico, criticando ou apenas debochando do original com piadas simples, porém, eficazes. S.O.S – Tem um Louco Solto no Espaço é uma mistura desses modelos.

O foco do filme é o longa “Uma nova Esperança” da saga Star Wars, mas Spaceballs (Título original) não se prende apenas à saga de George Lucas e expande suas piadas para o gênero da ficção científica. Faz referências a diversos longas e seriados como Alien, Battlestar Galactica, Star Trek, Lucky Starr (Série literária), entre outros. Já em seus minutos inicias, S.O.S – Tem um Louco Solto no Espaço mostra a que veio com uma sátira aos famosos letreiros da franquia de George Lucas. E deixa claro que o filme não se leva a sério finalizando as letras graúdas com um: “Se você consegue ler isso, não precisa de óculos!”

A cena inicial é um longo close em uma nave se movimentando no espaço, a Spaceball One. A nave se parece com uma Star Destroyer, apesar de na trama também cumprir o papel da Estrela da Morte. Toda a cena é uma homenagem a cena inicial de Star Wars que, por sua vez, era uma homenagem à 2001: uma odisseia no espaço. Na ponte de comando dessa espaçonave, somos apresentados ao engravatado e ótimo Dark Helmet (Rick Moranis), o antagonista do filme e comandante dos Spaceballs. Lorde Helmet é um dos únicos personagens do longa que constantemente quebra a quarta barreira. Moranis está hilário e é o autor de belas frases de efeito como: “Você passou por cima de meu capace?” e “Só um homem teria a coragem de me dar a framboesa!”. E a cena em que Helmet tenta beber café vai te roubar várias risadas.

E se em Star Wars temos a feiosa e sem sal Princesa Leia, aqui temos a mimada, egoísta, materialista e gata Princesa Vespa (Daphne Zuniga) que infelizmente não aparece de biquini dourado. A personagem é o esteriótipo de uma Jewish-American princess. A princesa está sempre acompanhada de sua fiel “droid-of-honor”, uma versão fêmea do C3PO, que é protagonista de cenas memoráveis como a do “Virgin Alarm”. Vespa não quer se casar com o Príncipe Valium, casamento arranjado por seu pai Rei Roland, e foge de seu planeta no dia do casório. Para resgatar a princesa, sã e salva, o Rei Roland precisa da ajuda de Lone Starr.

Está ai mais uma série de acertos de S.O.S. – Tem um Louco Solto no Espaço. John Candy como Barf está impagável, o personagem é um “mawg”: metade homem e metade cachorro – uma sátira direta do Chewbacca. Em um de seus ótimos momentos, ele chega a afirmar: “Eu sou meu próprio melhor amigo!”. E, ao invés dos dois protagonistas do filme Uma Nova Esperança, aqui temos apenas um, o Capitão Lone Starr – uma mistura de Luke Skywalker, Han Solo e Indiana Jones. Em sua primeira cena, ele está na cabine de comando de sua nave com uma chapéu de cowboy. Seria, então, seu nome também uma referência ao personagem Cavaleiro Solitário? (Lone Ranger no original.) E fechando essa sequência de acertos está a nave de Starr, a Eagle 5. Um trailler Winnebago espacial com um adesivo no pára-choque escrito: “I love Uranus!”. Se a tentativa era fazer uma nave tão memorável quanto a Enterprise e/ou a Millennium Falcon essa foi uma escolha extremamente bem sucedida.

Em Spaceballs, o grande Mel Brooks interpreta dois papeis: o Presidente Skroob e o Mestre Yogurt. Brooks, sempre competente, entrega boas performances. Em determinado momento da trama, Mestre Yogurt nos revela o verdadeiro poder que movimenta o mundo do cinema: o merchandising! Boa parte do humor do filme está em trocadilhos e nomes de duplo sentido, geralmente com uma conotação sexual. Em alguns momentos as piadas são rasas e banais e chega próximo de se tornar uma comédia pastelão. O filme possui piadas visuais boas, como a cena dos videos cacetes instantâneos, a senha do Rei Roland ou a ponte de comando de Spaceball One repleta de assholes, com exceção de um navegante que continua sentado. Mas, a melhor delas é o Pizza the Hutt, uma criatura que rosna e fala enquanto o queijo de sua testa derrete e grandes fatias de peperoni deslizam para seu queixo. Vale um destaque especial para o trágico fim de Pizza the Hutt, para a participação especial de Michael Winslow, o Jones da série Loucademia de Polícia e a participação especial de John Hurt, o Kane do filme Alien – o oitavo passageiro.

Assisti ao filme em inglês, mas vale lembrar que a dublagem brasileira não deixa a desejar e nos presenteia com traduções como Espaçobobos (Spaceballs), o poder da salsicha e o poder da farsa (The Schwartz), além da velocidade burlesca (Ludicrous speed ).

Um filme que não se leva a sério, que proporciona boas risadas, com piadas bestas e inteligentes, mas que não se preocupa em analisar ou opinar sobre o conteúdo do qual faz paródia. Apenas faz um deboche  bem humorado de uma melhores sagas da ficção científica e do gênero em geral (Sobra até para a franquia O Planeta dos Macacos). S.O.S. – Tem um Louco Solto no Espaço é uma boa comédia de ficção científica e uma das melhores paródias de Star Wars.

Obs. Se você gosta e acha foda o Daileon, o Megazord, o MechaGodzilla ou o Optimus Prime, se prepare para o robô gigante mais fodástico de todos os tempos: a MegaMaid.

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Sunça nos games – Shank (2010)

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Traído pela única família que conheceu e deixado às portas da morte, cabe a Shank procurar a vingança pela morte dos seus entes queridos às mãos dos assassinos mais mortais do submundo. Utilizando os seus conhecimentos de jogos de guerra de gangues e armamento, Shank tem de abrir caminho pelo submundo do crime para procurar vingança daqueles que foram responsáveis pelo desmoronar do seu mundo.

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Desenvolvedora: Klei Entertainment

Lançamento: 24/08/2010                                    

Distribuidora: Electronic Arts

Gênero: Ação               

Versão analisada: PC – Steam

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É comum encontrar no cinema e nos games personagens masculinos que estão em uma situação inoportuna (em uma enrascada) e que para sair dela utilizam da força bruta, armas e violência sanguinária. Esses personagens até ganharam um nome: Brucutus. Clint “The Man” Eastwood é um ator conhecido por seus protagonistas que resolvem tudo sozinhos e na porrada. Pai do gênero dos Brucutus, Clint ficaria orgulhoso de Shank, que não poupa violência em sua busca sanguinária por vingança.

O jogo é visualmente lindo, seu design de personagens e cenários são inventivos e um show à parte. A cada novo vilão, a cada novo personagem, somos agraciados com novos designs visualmente ricos e condizentes com toda a estética do jogo. A trilha sonora também é um dos pontos fortes, ela pontua as fases do game acompanhando a narrativa e as cenas de corte. É uma trilha sonora orquestrada que junto com as animações suaves criam uma grande imersão na violência sanguinária. Um belíssimo trabalho da Klei Entertainment.

O game foi criado por artistas e animado por animadores tradicionais. Ao jogá-lo isso é perceptível. Todo esse visual junto com o design de personagens, a trilha e a animação fluida criaram uma unidade, no jogo nada é fora de lugar. Com poucos minutos de jogo, você já entende o personagem e como funciona aquele mundo. A trama acompanha Shank, ex-integrante de um grupo de mercenários que domina a região. O grupo é conhecido como “A Família”. No entanto, Shank acaba sendo traído por seus parceiros, que raptaram sua amada Eva. Ele então parte em sua busca por vingança.

A jogabilidade é simples, as fases se resumem a correr de um lado para o outro destruindo qualquer capanga que apareça no caminho. Para destruí-los você usa um sistema de combo, que após se acostumar com os botões, você consegue atingir muitos hits e uma combinação dos golpes do personagem impressionante. Porém, a animação do personagem é um problema, os movimentos de ataque uma vez iniciados não podem ser interrompidos por movimentos de defesa, por exemplo, e virar de um lado para o outro no meio de uma ação, além de levar algum tempo, é algo problemático. Por falar nos movimentos de defesa, eles também são um problema. Para executá-los era necessário apertar a tecla “capslock” e para direita e/ou esquerda e, muitas vezes, não funcionava.

Após algumas horas de jogo, a mecânica se torna repetitiva podendo até cansar o jogador. A maioria dos chefões, por exemplo, se torna um grande teste de paciência, apesar de proporcionar lutas bastante interessantes. Alguns deles até misturam um mini game no meio do combate. E os controles do jogo no teclado, que é como joguei, são bastante penosos e complicados, não é à toa que os desenvolvedores recomendam em letras garrafais o uso de um controle.

O multiplayer, pelo pouco que joguei, é bastante interessante. Apesar de ser bem estranho ter dois personagens com movimentação idêntica, a dinâmica entre os jogadores é bem legal. Neste modo não existe a opção online e a campanha conta uma nova história, como acontece o rapto da Eva, com novos chefes e novos cenários.

Shank é um jogo visualmente belo e interessante que, apesar de talvez não agradar a um público geral, devido às falhas já mencionadas, agrada facilmente os fãs de games e de filmes de ação. O jogador sente na pele toda a “brucutosidade” de um pistoleiro/espadachim vingativo.

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Nota do Sunça: nota3_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema – As Tartarugas Ninja – O Retorno (2007)

As Tartarugas Ninja - O Retorno (2007)

 

Leonardo (James Arnold Taylor) esteve fora em uma missão de treinamento especial, o que fez com que seus irmãos Michelangelo (Mikey Kelley), Donatello (Mitchell Whitfield) e Raphael (Nolan North) ficassem sem orientação. Quando estranhos eventos ocorrem em Nova York, envolvendo o milionário industrial Max Winters (Patrick Stewart), as Tartarugas Ninja, com a ajuda do mestre Splinter (Mako), mais uma vez se reúnem para proteger a cidade.

87min – 2007 – EUA

 

Dirigido por Kevin Munroe. Com as vozes de James Arnold Taylor, Nolan North, Mikey Kelley, Mitchell Whitfield, Patrick Stewart, Kevin Smith, Ziyi Zhang, Sarah Michelle Gellar, Chris Evans, Laurence Fishburne, Kevin Michael Richardson e Mako.

 

O quarto longa-metragem das Tartarugas Ninja, o primeiro em animação, não ignora os longas anteriores, mas também não se relaciona diretamente com eles. Aliás, neste filme os adolescentes mutantes são reapresentados para o público. Afinal, o terceiro longa foi lançado em 1992 e a animação “As Tartarugas Ninja: O Retorno” foi lançado em 2007, quinze anos após a “turtlemania”.

Logo no início, percebemos que este filme é uma “vida nova” para nossas Tartarugas. Nova logo, mais moderna e sóbria, novo design, bonito e estiloso, e uma nova aventura, mais mirabolante e grandiosa. Na cena de abertura nossos heróis lutam e treinam, enquanto se deslocam como uma unidade pelos terraços dos prédios de Nova Iorque. Neste momento temos uma recapitulação na forma de uma narração em off da história do grupo. Na sequência somos levados ao passado com imagens em tons de sépia e a narração em off nos apresenta a nova ameaça, nascida a três mil anos atrás. Um guerreiro com o nome de Yaotl e seus quatro generais descobriram a fonte de um grande poder, que transforma Yaotl em um ser imortal e seus quatro generais em pedra.

Depois dessa reapresentação vamos direto para a América Central onde um vilarejo passa por dificuldades e o “fantasma da selva” os salva. April O’Neil (que de jornalista passou a ser… o quê mesmo?) chega na vila e adentra a selva atrás desse espírito. Ela, é claro, encontra problemas e é salva por Leonardo, o “fantasma” Dessa forma, somos apresentados a Leo, com direito a uma legenda. Numa conversa entre os dois no entorno de uma fogueira, somos apresentados às demais Tartarugas e suas atividades atuais que combinam, é claro, com a personalidade de cada um. Vale ressaltar que todos nossos heróis também vêm acompanhados de suas respectivas legendas. É de fato uma apresentação das Tartarugas para uma nova geração. Na conversa percebemos também que Donatello, Raphael e Michelangelo ficaram perdidos sem a orientação de seu líder Leonardo, que se recusa a retornar para casa já que acredita ter falhado em seu treinamento na América Central.

Depois somos apresentados a Max Winters, a aparente ameaça, que pretende reunir os 13 monstros libertos no portal que Yaotl criou no passado. Então, ainda sem saber dos planos malignos, Leo retorna e tenta reassumir a posição de liderança do grupo e colocá-lo em forma. Nitidamente, o grupo não está unido e não se comporta como uma unidade: em sua primeira noite de treinamento ninguém respeita os comandos de Leonardo e quando enfrentam o monstro macaco tomam uma surra.

Os 13 monstros, além de ter um belo design, são poderosos e rendem boas sequências de ação,  como a luta entre Nightwatcher (Raphael) e o mostro diabinho. Detalhe para a trilha rock`n`roll durante a cena que elegantemente se cessa durante os períodos de pausa da batalha. A cena de captura das 13 criaturas também é interessante. Nela vemos toda a captura do primeiro monstro, os planos são mais abertos, já para os monstros seguintes, os planos vão se fechando e diminuindo o tempo de duração, onde vemos etapas da captura, e então no fim temos apenas os monstros sendo colocados nas jaulas. No final, um movimento de câmera para o alto nos revela que faltam apenas três monstros.  O único ponto negativo dos monstros é que são mal explorados pela trama. Após o primeiro combate, temos a cena de captura e assim já são 9 seres capturados. Os monstros na verdade são como “relíquias” que devem ser coletadas e não causam maiores estragos. Também é um pouco difícil de acreditar que 13 monstros ficariam a solta em Nova Iorque sem que a população e as autoridades percebessem.

Os personagens poderiam ser melhor trabalhados, enquanto a relação entre Raphael e Leonardo é bem explorada e rende bons momentos, como a luta no terraço entre os dois e o momento em que Rapha dá novas espadas ao irmão, após ter destruído as antigas. Alguns personagens me parecem abandonados. Michaelangelo e Donatello ficam apenas como alívios cômicos, April faz todas as ações necessárias para que a trama caminhe adiante e Casey Jones sempre se provando um personagem interessante é basicamente um coadjuvante de luxo sem importantes participações na trama. Aliás, no inicio a trama sugere problemas de relacionamento entre ele e April, o que depois é simplesmente ignorado. O roteiro, que nos revela tudo logo no início, guarda uma reviravolta para o terceiro ato, que nos presenteia com uma boa cena de luta das Tartarugas Ninja com direito a uma frase de efeito de Mestre Splinter: “- Eles podem enfrentá-lo, eles são um!”.

13 monstros, um general imortal e estátuas de pedras malignas resumem a trama dessa grandiosa aventura. Tudo isso enquanto os quatros irmão se “reacostumam” uns com os outros e retomam a antiga vida de vigilantes de uma Nova Iorque sombria e chuvosa. Um longa que mostra os personagens de maneira mais adulta, apostando em estilo e na qualidade gráfica com uma animação fluida e convincente. Essa aventura exagerada e um pouco mal construída é o quarto longa-metragem de nossos heróis, que pode não ter sido tão bom quanto o primeiro, mas é uma divertida maneira de matar a saudade das Tartarugas Ninja.

Nota do Sunça: nota3_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas III (1993)

As Tartarugas Ninjas 3 (1992)

Um cetro mágico comprado pela jornalista April O’Neill (Paige Turco) acidentalmente a transporta a para o Japão do século XVII. As Tartarugas Ninja também viajam no tempo, no intuito de salvá-la, mas Michelangelo (David Fraser) se perde do grupo. Para reencontrá-lo e salvar April, Donatello (Jim Raposa), Raphael (Matt Hill) e Leonardo (Mark Caso) precisam ajudar uma vila a enfrentar o malvado Lorde Norinaga (Sab Shimone).

96min – 1993 – EUA

Dirigido por Stuart Gillard com Elias Koteas, Stuart Wilson, Paige Turco, Vivian Wu e Sab Shimono. Roteiro Stuart Gillard e Peter Laird

 

O terceiro e último longa-metragem live action das Tartarugas Ninjas dá continuidade às histórias vistas nos dois filmes anteriores. Se a segunda aventura dos adolescentes mutantes parece um longa caça níquel querendo ganhar alguns trocados com o sucesso do filme anterior, aqui isso é uma certeza. Na falta de uma boa história para contar, o terceiro filme da série envia os nossos heróis ao Japão Feudal de maneira besta e simplória.

A nova aventura começa em 1603 no Japão Feudal, o grande sol vermelho japonês marca vultos que cavalgam. Um plano lateral, ainda em tons de vermelho, nos revela uma praia onde os vultos cavalgam e percebemos que na verdade se trata de uma perseguição. A ação continua em uma floresta onde Kenshin, o perseguido, é encurralado. Quando saca sua espada temos um corte para a passagem de um metrô em Nova Iorque.

No esconderijo das Tartarugas, o mesmo encontrado no longa anterior, os ninjas mutantes praticam artes marciais numa mistura de dança e treino. Logo de “cara” nota-se que o design das Tartarugas está pior, sem o apoio da empresa de Jim Henson as “roupas” emborrachadas utilizadas nessa aventura ficaram bem abaixo do padrão dos filmes anteriores. Outra mudança é o visual de April O’Neil, mesma atriz do longa passado mas com penteado diferente (semelhante ao desenho animado).

April chega à morada de nossos heróis e traz presentes para todos eles. Assim que retira da sacola o presente do Mestre Splinter, que segundo ela é uma antiguidade japonesa que serve para marcar o tempo de cozimento de ovos, a trilha muda e fica mais sinistra. Enquanto isso no Japão do século XVII após confrontar seu pai o Lord Norinaga, Kenshin lê um manuscrito antigo com desenhos de seres iguais as Tartarugas Ninjas e na sequência encontra uma lanterna igual a que April leva de presente para Splinter. April segura a lanterna no presente, Kenshin no passado, e então as lanternas soltam raios e eles trocam de lugar. “Parece que o cedro tem poderes mágicos!” diz Splinter. Após essa sábia constatação, nossos heróis resolvem que têm que voltar ao passado para resgatar April. E quando voltam, é claro, arrumam altas confusões.

Casey Jones retorna! Mas é terrivelmente desperdiçado no longa. Ele é chamado para ficar de babá de Kenshin e Mestre Splinter, enquanto as Tartarugas voltam para o passado. Mesmo ficando de lado da aventura, Jones é o responsável pelas melhores cenas do filme. Ele derrota guerreiros feudais com um controle remoto e chega até a jogar hockey com eles. Para suprir a falta de Casey no passado, Elias Koteas (intérprete de Jones), também interpreta um personagem no passado, o Whit. O personagem é bem menos carismático que Casey Jones, mas ainda assim importante para a trama.

Quando voltam para o passado as Tartarugas se encontram no meio de uma batalha. E rapidamente podemos perceber que o tom caricato e de paródia permanece durante todo o longa. A singela homenagem a Clint Eastwood e aos duelos de faroeste é um bom exemplo. As cenas de luta porém relembram o primeiro filme, onde assumem um tom caricato, mas sem se esquecer de que são baseadas em artes marciais. Mas nesta aventura são bem mais escassas.

As relações entre os personagens são forçadas, enquanto April “entrosa” com Whit, as Tartarugas “entrosam” com os moradores da vila rebelde. Os relacionamentos são tão mal formulados que Michaelangelo salva o garoto Yoshi de um incêndio, Leonardo faz respiração boca-a-boca e reanima o menino que acaba melhor amigo de Raphael. E se nos longas anteriores algumas cenas eram bem planejadas e marcantes, nesse o destaque fica para cortes bestas como o de um camundongo no passado para o Mestre Splinter no futuro e de Mitsu presa em uma gaiola para o fraco vilão do longa Walker que brinca com seus pássaros presos em uma gaiola. A dublagem continua com suas pérolas, “Virou homem?”, “Tô dodói!”, “Parece até amarelinha” e “Tá na hora de mimi” são algumas das frases que nos fazem rir.

Sem um vilão de peso, com diversos problemas no roteiro e bem menos cenas de luta, As Tartarugas Ninjas III é um filme bem inferior a seus antecessores e se comprova um filme desnecessário para a franquia. Tão desnecessário quanto diversas sequências do longa: em determinado momento as Tartarugas planejam construir um novo cedro (já que o cedro orginal está em mãos erradas), e quando o novo cedro fica pronto elas simplesmente o quebram e param de falar no assunto. Uma viagem das Tartarugas Ninjas para o Japão Feudal poderia ter sido mais bem aproveitada.

 

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas3_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Ooze (1991)

As Tartarugas Ninjas II - O Segredo de Ooze (1991)

[one_half_last]As Tartarugas Ninja estão procurando um novo lugar para morar nos esgotos de Nova York, quando encontram integrantes do clã Foot, liderado por Destruidor (François Chou). É quando eles descobrem o Ooze, a substância que transformou as próprias Tartarugas Ninja. Destruidor usa este material para criar dois novos capangas, Tokka (Kurt Bryant) e Rahzar (Mark Ginther), e os envia para provocar destruições na cidade. Com a ajuda da jornalista April O’Neill (Paige Turco), do professor Jordan Perry (David Warner) e do entregador de pizza Keno (Ernie Reyes Jr.), as Tartarugas Ninja precisam detê-los.

88min – 1991 – EUA[/one_half_last]

Dirigido por Michael Pressman com Paige Turco, David Warner, François Chau e Vanilla Ice. Roteiro Peter Laird

Antes do início de As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Oooze vemos por escrito “In Memory of Jim Henson”. Ao ler essa frase fui tomado por um sentimento de tristeza e dúvida, tristeza porque a oficina de Jim foi responsável pelas ótimas roupas de borracha e cabeças animatrônicas do primeiro longa das Tartarugas. Foi um trabalho muito competente que sem dúvida agregou muito valor ao longa original. A dúvida veio do que esperar das novas “roupas” de nossos heróis.

O segundo longa de nossos adolescentes mutantes, como no original, começa com um plano geral de Nova Iorque e um movimento de camêra vai se aproximando da cidade. À primeira vista NY está mais movimentada, mais realista do que no primeiro filme. Se no momento inicial temos a impressão de um filme mais realista essa sensação só perdura nos minutos iniciais já que assim que podemos ver os habitantes nova-iorquinos percebemos que dessa vez o filme vai ser bem mais caricato. Todos, ou quase todos, habitantes nas cenas iniciais estão comendo pizza, detalhe para os policiais escoltando um preso algemado porém, comendo pizza.

Somos apresentados a um novo cenário, Roy’s Pizza, e a um novo personagem, Keno, um entregador de pizza. Ao ouvir a frase: “Mais uma pizza para senhorita O’Neil!” somos informados de que as Tartarugas estão com April. O longa não perde tempo em nos mostrar as habilidades de Keno, um exímio lutador que ao encontrar com um bando de assaltantes rapidamente os nocauteia. Porém, é claro, vários outros bandidos aparecem e as Tartarugas Ninjas acompanhadas de sua logo surgem e salvam o novo personagem.

Na luta inicial já percebemos uma grande mudança em relação ao primeiro longa, a luta é bem mais caricata. As cenas de luta focam no humor, parecem uma paródia perdem o foco em artes marciais e se assemelham a brincadeiras, momentos como Michaelangelo derrubando bandidos com ioiô, Donatello fingindo ser um joão bobo, Michaelangelo usando salsichas como armas e o surf de Donatello na cadeira demonstram bem o tom das cenas de luta.

A impressão inicial de que as Tartarugas estão vivendo com April se confirma, April O’Neil (Dessa vez uma nova atriz e bem mais gatinha!) arruma seu apartamento bagunçado pelos adolescentes. Percebemos então que esse filme se passa logo após o primeiro, ele dá continuidade à história do longa original logo, nossos heróis estão sem moradia. Mestre Splinter continua sábio e ponderado. Enquanto compartilha com seus amigos o resultado de sua meditação temos um link direto com a ameaça que os aguarda. A frase de Splinter “Deixem o destruidor enterrado!” nos leva diretamente para um travelling pelo lixão e em meio ao lixo surge a mão do Destruidor.

A origem das Tartarugas é um foco importante desse novo filme, Mestre Splinter assiste a entrevista que April fez com o Professor Jordan Perry, tem uma revelação e entende o segredo de Ooze. Sim! Simples assim e sem mais problemas. O conflito do longa gira em torno do Ooze, que como era de se esperar cai em mãos erradas. Se o roteiro do primeiro longa era simples e previsível o do segundo é ainda mais. Podemos resumir toda a trama do longa assim: Destruidor volta e quer vingança, novos monstros, novos desafios e muitas lutas em mais uma aventura das Tartarugas Ninjas. Keno, que é um personagem bem apresentado no início do longa, é na verdade uma solução de roteiro, sempre que precisam de alguém para realizar alguma ação é ele quem a executa, nos demais momentos ele apenas desaparece. Uma pena, um entregador de pizza lutador de artes marciais me parece um bom personagem para interagir com nossos ninjas. Falando em bons personagens, o filme perde um dos pontos fortes do anterior, Casey Jones não retorna.

Se o roteiro é um amarrado de sequências que nos levam a cenas de luta,  não é de todo ruim por nos proporcionar momentos como Michaelangelo descobrindo o sensacional novo esconderijo por acidente; Tokka e Rahzar reconhecendo o Destruidor como a mamãe deles (Melhor cena do filme); e os arrotos salvadores (Melhor sequência do filme). A dublagem do filme é um show a parte, “Tá na hora de papá!”, “Não enquanto eu tiver isso!” e “É muito mau caráter mesmo!” nos alegram e nos fazem rir durante todo o filme. E a minha preocupação inicial com os efeitos animatrônicos das Tartarugas, logo foi amenizada uma vez que eles melhoraram bastante.

Um filme que foca no humor, beirando o besteirol, com cenas de lutas divertidas e engraçadas, repleto de danças, sequências que parecem retiradas de um dos episódios do desenho animado e soluções de roteiro preguiçosas e bestas. Vale destacar o Ritual da Rosquinha, e uma resolução final fraca, afinal o Destruidor sobrevivi o terrível final do primeiro filme e no final desse longa após se tornar o Destruidor 2.0 é facilmente derrotado.

E para acabar com esse texto nada melhor do que utilizar uma frase de nosso querido Mestre Splinter (Não, não é o fadástico cowabunga):

“- Da-lhe Ninja, da-lhe ninja, da-lhe! Gostei desse tal rap dos ninjas!”

So que não!

 

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas2_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas (1990)

As Tartarugas Ninjas (1990)

Depois de ser atacada por trombadinhas, a repórter April O’Neil (Judith Hoag) é salva por tartarugas mutantes, que passaram a se dedicar a combater o crime desde que foram contaminadas por uma substância radioativa nos esgotos de Nova York e se tornarem guerreiros após serem treinados pelo mestre Splinter. Aliadas a Casey Jones (Elias Koteas), elas combatem a organização Foot, que lança uma onda de crimes na cidade sob o comando do perigoso Demolidor.

93min – 1990 – EUA

Dirigido por Steve Barron, roteirizado por Todd W. Langen e Bobby Herbeck (Baseado nos personagens de Kevin Eastman e Peter Laird). Com Judith Hoag, Elias Koteas, Josh Pais, David Forman, Brian Tochi, Leif Tilden, Corey Feldman, Michelan Sisti, Robbie Rist, Kevin Clash, James Saito, David McCharen, Toshishiro Obata, Michael McConnohie e Michael Turney.

Texto atualizado em 01 de setembro de 2020

As Tartarugas Ninja são um fenômeno. Durante a minha infância, nos anos noventa, a fama dos ninjas era tamanha que ficou conhecida como turtlemania. Minha merendeira e pasta escolar, que usei durante todo o colégio, eram estampadas pelo grupo. Passei dias no super nintendo jogando “Turtles in Time” e até hoje leio e acompanho esses adolescentes nos gibis.  Criadas por Peter Laird e Kevin Eastman na década de oitenta, as Tartarugas originadas dos quadrinhos ganharam games, séries de tv (tanto animadas quanto em live action), e até três longas-metragens super divertidos produzidos no início da década de noventa.  Em 2014 o grupo sofreu um reboot nas telonas, que ainda rendeu uma continuação em 2016. E é com o longa do diretor Steve Barron e roteirizado por Todd W. Langen e Bobby Herbeck que o grupo estreou nas telas de cinema. Neste primeiro filme o bom humor é marcante e se repete em suas sequências.

Ao rever a obra é impossível evitar a nostalgia, afinal, cresci com Leonardo, Raphael, Michaelangelo, Donatello e Mestre Splinter.  É claro que assisti ao filme com a dublagem original da minha época. Ok! Também não gosto de filmes dublados, muito das atuações e um pouco do sentido original são perdidos na tradução. Mas certos filmes que nos marcam na infância, devem sim, ser vistos da mesma maneira que nos impactaram anos atrás. 

Um plano geral da cidade Nova Iorque marca o início do filme. Quando os quadros se aproximam das ruas e dos cidadãos nova-iorquinos, introduz os altos índices de criminalidade da cidade. Vemos em um aparelho de TV, uma reportagem de April O’Neil (Judith Hoag) sobre a onda de assaltos que a cidade está sofrendo. E se ainda não ficou qual a ameaça do filme, a sequência seguinte é o roubo de uma carteira, que passa pela mão de vários adolescentes até parar nas mãos do Destruidor (James Saito). Pronto! Problema principal apresentado. Depois de mostrar a “Onda do crime silêncioso”, a obra nos convida a conhecer seus protagonistas. April O’Neil sai do trabalho à noite e é surpreendida por assaltantes. A jornalista é salva pelas Tartarugas Ninjas que entram derrotam os bandidos e saem sem serem vistos. Raphael dá um deslize e deixa um de seus sais para trás, único registro da presença dos ninjas em cena. Em um tour pelos esgotos o filme registra nossos heróis Leonardo (Brian Tochi / Voz), Raphael (Josh Pais / Voz), Michaelangelo (Robbie Ris / Voz) e Donatello (Corey Feldman / Voz)  acompanhados de sua logo. As Tartarugas sempre empolgadas e felizes, com exceção de Raphael, retornam ao esconderijo onde encontramos o sábio Mestre Splinter (Kevin Clash / Voz). A história lembra os quadrinhos iniciais que eram um pouco mais adultos e sanguinários, mas sem perder o tom de aventura descompromissada e a inventividade. É um filme infantil, logo o texto troca o sangue pelo bom humor e vários elementos da série animada, como por exemplo: o amor as pizzas. 

A trama não se leva a sério e nos proporciona momentos divertidos como o primeiro encontro de KZ Jones (Elias Koteas) com Raphael, que acaba com um personagem jogado de cabeça para baixo no lixo. Ou então April na estação de metrô sozinha em uma cena com plano fechado e imediatamente no plano aberto seguinte diversos ninjas a cercam. Em momentos específicos e bem escolhidos temos cenas elaboradas e marcantes. O travelling de uma câmera tremida em torno de Raphael culminando em um grito nervoso é um bom exemplo. Na apresentação do Destruidor, sua sombra imponente e ameaçadora preenche toda a tela e depois no plano seguinte um movimento de câmera de baixo para cima nos revela o rosto mascarado desse poderoso vilão. Mas, é um roteiro é simples e previsível com sequências aleatórias. Quando estão refugiados na fazenda a narrativa do filme se modifica e April passa a descrever os acontecimentos em seu diário que apenas surge neste momento. Seu relacionamento com KZ é forçado e toda a sequência do Raphael machucado se recuperando em uma banheira com água. Não é exatamente um momento grandioso. Mas causa boas risadas, o que creio ter sido o objetivo. O bom humor reina no filme e nos faz rir com funerais de pizza, porradas com taco de golfe e adolescentes bêbados de Pepsi, fumantes jogando fliperama. Algumas soluções interessantes acontecem nas cenas de flashback, no início luz se “apaga” e no fim se “acende” lembrando recursos do teatro. Elas acontecem em um fundo preto sem cenário, o que parece ter como objetivo economizar, mas combina com o tom caricato do filme. 

São várias as semelhanças com os quadrinhos e com a série de desenho animado. Os cenários remetem às hqs e as animações das Tartarugas Mutantes. As lutas em geral possuem um tom caricato, mas sem se esquecer de que são baseadas em artes marciais, ainda que bastante estilizadas. O embate final lembra bastante a série animada e em alguns momentos até parece um game de RPG por turno. Com direito a uma troca de ideia entre nossos heróis enquanto o Destruidor aguarda tranquilamente o reinício da luta. No final Spliter mostra porque é o mestre e KZ Jones encerra o assunto. 

O longa é um passeio pela infância, um divertido entretenimento que faz jus às hqs e a série animada. Ao assistir fica claro porque a turtlemania tomou conta dos anos noventa, um filme para adultos e crianças. E não existe outra forma de me despedir, senão com um sonoro:

– COWABUNGA!

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas_fantasticomundodesunca

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