Sunça no Cinema – Independence Day: O Ressurgimento (2016)

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Após o devastador ataque alienígena ocorrido em 1996, todas as nações da Terra se uniram para combater os extra-terrestres, caso eles retornassem. Para tanto são construídas bases na Lua e também em Saturno, que servem como monitoramento. Vinte anos depois, o revide enfim acontece e uma imensa nave, bem maior que as anteriores, chega à Terra. Para enfrentá-los, uma nova geração de pilotos liderada por Jake Morrison (Liam Hemsworth) é convocada pela presidente Landford (Sela Ward). Eles ainda recebem a ajuda de veteranos da primeira batalha, como o ex-presidente Whitmore (Bill Pullman), o cientista David Levinson (Jeff Goldblum) e seu pai Julius (Judd Hirsch).

120 min – 2016 – EUA

Dirigido por Roland Emmerich, roteirizado por Roland Emmerich, Dean Devlin, Carter Blanchard. Com Liam Hemsworth, Vivica A. Fox, Travis Tope, Jeff Goldblum, Bill Pullman, Charlotte Gainsbourg, Judd Hirsch, Brent Spiner.

Se você, assim como eu, tem boas lembranças de Independence Day (1996) vai gostar de rever os personagens, relembrar momentos icônicos e algumas das diversas referências na cultura pop ao filme. E não é atoa, Independence Day: O Ressurgimento (2016) se esforça para agradar os fãs do original, traz um sentimento de nostalgia, consegue trazer coisas novas e, logicamente, prevê um futuro para a franquia. Mas peca em ter diversas tramas e acontecimentos, deixando o filme confuso e esvaziando seu climax que passa a ser apenas mais uma das várias cenas de ação. Seu ritmo frenético não ajuda e deixa tudo muito corrido.

No longa presenciamos um 2016 paralelo com uma sociedade que evoluiu mesclando a tecnologia alienígena com a humana. Devido ao ataque anterior a humanidade se uniu e está em paz a vinte anos. O design dos helicópteros, caças, aviões e demais aparatos humanos é interessante, a mistura entre as tecnologias é bem utilizada e um ponto legal da trama. As naves presentes na base lunar, habitada por pilotos de todo o mundo, também têm um visual e funcionamento interessante. No comando dos EUA temos a Presidenta Lanford (Sela Ward) que de início parece prometer uma personagem feminina forte e emponderada, porém após apenas tomar decisões erradas, é rapidamente substituída por um homem. Os veteranos David Levinson (Jeff Goldblum) e Presidente Whitmore (Bill Pullman) são protagonistas de boas cenas, disparam frases de efeito e sua função é basicamente causar nostalgia. Julius Levinson (Judd Hirsch) e Dr. Okun (Brent Spiner) também estão de volta. David está a vinte anos preparando o planeta para um novo ataque, que quando acontece, demonstra um total despreparo dos humanos. Então já que as armas são ineficazes e o inimigo extremante poderoso e numeroso só resta aos personagens contar com sua inteligência e estratégia para enfrentar o inimigo. E após descobrir novos comportamentos na cultura alienígena, que funciona como uma colmeia. Resolvem fazer o mesmo plano de vinte anos atrás. Mas com o núcleo jovem do elenco.

Dylan Hiller (Jessie T. Usher) é o filho do personagem de Will Smith, é um piloto reconhecido e famoso que está construindo uma reputação por si mesmo, pena que o ator não tem chance de mostrar a que veio. Jake Morrison (Liam Hemsworth) têm bem mais tempo de cena, é impulsivo, competente, um piloto habilidoso e sarcástico que está sempre com Charlie (Travis Tope) seu parceiro. Jake está noivo de Patricia Whitmore (Maika Monroe), filha do ex-presidente Whitmore. Enquanto Whitmore e Levinson tentam entender a “nova” ameaça e encontrar sua fraqueza, Jake e Dylan comandam os ataques e protagonizam as cenas de ação.

Tudo isso resulta em um longa com ótimos efeitos visuais e extremamente mais exagerado que seu antecessor. São gigantescas cenas de destruição, muitas explosões, grandes batalhas espaciais e aéreas, milhares de aliens e uma rainha mãe et gigante, que não gosta de ônibus escolares com crianças. De certo é um mérito do filme não esconder que pretende ser apenas um momento de diversão, com diálogos bobos e ações de personagens no mínimo contestáveis. Não existe profundidade na trama e acredito que ela nem pretendia ter, é entretenimento. A luta humanos versus alienígenas está de volta, é maior, é absurda, é frenética, é divertida e isso é o  Independence Day: O Ressurgimento.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo (2016)

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Nascido e criado em Manaus, José Aldo (José Loreto) precisa lidar com a truculência do pai, Seu José (Jackson Antunes), que além de se embebedar constantemente ainda por cima bate na esposa, Rocilene (Cláudia Ohana), com frequência. Enfrentando constantemente seus demônios internos, Aldo encontra na luta sua válvula de escape. Acreditando em seu futuro como lutador, ele aceita se mudar para o Rio de Janeiro e morar de favor no pequeno alojamento de uma academia. Lá ele recebe o apoio do amigo Marcos Loro (Rafinha Bastos) e conhece Vivi (Cleo Pires), uma jovem que vai constantemente à academia. Precisando ralar um bocado para se manter, Aldo enfim consegue um voto de confiança do treinador Dedé Pederneiras (Milhem Cortaz), iniciando assim sua carreira no mundo do MMA.

104 min – 2016 – Brasil

Dirigido e roteirizado por Afonso Poyart. Com José Loreto, Cléo Pires, Rômulo Arantes Neto, Jackson Antunes, Cláudia Ohana, Milhem Cortaz, Paloma Bernardi.

Mais forte que o mundo é o terceiro longa do diretor Afonso Poyart, que iniciou muito bem sua carreira com o ótimo 2Coelhos. Em seu primeiro trabalho o diretor utilizou todo tipo de efeito e recurso que tinha disponível. Sua empolgação era clara e acabou causando uma incoerência visual na narrativa e linguagem, em um filme que empolga e cativa o espectador. Seu atual trabalho é mais contido,  existe coerência visual na narrativa e linguagem que é bem utilizada ao longo de toda a projeção para mostrar o perigo e a intensidade do principal inimigo de Aldo, ele mesmo.   

As cenas iniciais se passam seis anos antes dos acontecimentos do longa, acompanhamos José Aldo (José Loreto) nascido e criado em Manaus. Seu José, o pai do lutador, em uma boa interpretação de Jackson Antunes se embebeda constantemente e desconta as decepções e frustrações que sofre na vida em sua esposa Rocilene (Cláudia Ohana), que apanha com frequência. Sua rotina de violência domestica mais a rivalidade com Fernandinho (Rômulo Arantes Neto) no treino e por Luiza (Paloma Bernardi), representa bem a falta de perspectiva do atleta em Manaus e como a cidade para ele é um ambiente opressor. Em uma luta constante com seus demônios internos Aldo busca na luta sua redenção e alívio. Quando não é mais possível conviver com seu pai ele se muda para o Rio de Janeiro e passa a morar de favor em um pequeno alojamento de uma academia. Aldo e seu amigo Marcos Loro (Rafinha Bastos) para se manter trabalham em uma academia como faxineiros, lá ele conhece Vivi (Cleo Pires) com quem desenvolve um relacionamento. Mas sua carreira de lutador só começa a caminhar quando consegue impressionar o treinador Dedé Pederneiras (Milhem Cortaz), que passa a acreditar no lutador e o ajuda a iniciar seu percurso no MMA.

É uma história de superação e redenção através do esporte. Um homem comum que comete diversos erros, sempre lutando e batalhando para tentar alcançar seus objetivos. Esse é justamente um dos méritos do filme que não busca endeusar seu protagonista e nem retratá-lo como um herói brasileiro. É um drama pessoal e familiar de um rapaz de origem humilde que vê no MMA sua oportunidade de uma vida melhor. Um Rocky Balboa brasileiro.

Poyart sabe utilizar muito bem a figura de Fernandinho para mostrar como o próprio lutador se mantinha preso a sua terra natal, os problemas que lá sofreu e a vida de humilhações e dificuldades que lá deixou. É nítida a diferença das tomadas em Manaus, onde o tom é sempre mais escuro e amarelo, e no Rio de janeiro, onde temos tomadas mais abertas, trilhas suaves, e cores claras e positivas, um verdadeiro recomeço para Aldo. Com uma linguagem moderna e ágil consegue intensificar diversos momentos da trama, nas lutas o uso da câmera lenta é eficaz em aumentar a tensão e drama. Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo têm uma narrativa forte que oscila entre drama, romance e até comédia, sabe intercalar bem seus planos mais intensos com sequências mais calmas. Envolve seu espectador e nos mostra, que algumas vezes, nós somos nosso maior inimigo.   

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras (2016)

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Auxiliado pelo dr. Baxter Stockman (Tyler Perry), o Clã do Pé planeja libertar o vilão Destruidor (Brian Tee) exatamente quando ele é transferido para a prisão. Após o plano de resgate ser descoberto por April O’Neal (Megan Fox), as tartarugas ninja entram em ação para impedi-lo – só que fracassam graças à iniciativa de Krang, um ser alienígena que planeja invadir a Terra. Para enfrentá-los, as tartarugas contam com a ajuda de um novo combatente: Casey Jones (Stephen Amell), um policial que estava no camburão que conduzia o Destruidor quando conseguiu escapar.

  112 min – 2016 – EUA

Dirigido por Dave Green, roteirizado por André Nemec  e Josh Appelbaum. Com Pete Ploszek, Jeremy Howard, Alan Ritchson, Noel Fisher, Tony Shalhoub, Megan Fox, Stephen Amell, Will Arnett, Laura Linney, Alessandra Ambrosio, Brian Tee, Tyler Perry, Brad Garrett, Pete Ploszek, Gary Anthony Williams e Stephen Farrelly.

Diferente de seu antecessor As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras, é um filme despretensioso, divertido e alegre. Não que o filme anterior fosse chato e/ou triste, mas a necessidade de ter um lado sombrio e colocar a história com o “pé no chão” foram elementos que não agradaram e que aqui, estão ausentes. Sou um grande fã das Tartarugas Ninjas, cresci acompanhando suas aventuras nas animações, nos games e nos quadrinhos. Também acompanhei seus longas e até já escrevi sobre eles. Apenas nos quadrinhos que percebemos nossos adolescentes mutantes com um viés mais “dark”. Então, acredito que sim, o filme das tartarugas deve ser divertido e despretensioso. Até porque foi exatamente como um contraponto, uma crítica e até como uma paródia aos super-heróis, que Kevin Eastman e Peter Laird criaram os personagens.  E dessa vez, é exatamente isso o que nos aguarda nos cinemas.

Sem a necessidade de explicar tudo e amarrar tudo a obra é frenética e insana. O Furgão das Tartarugas (Um caminhão de lixo no filme), teletransporte, portal para a dimensão X, a base Technodrome de Krang, o próprio Krang, Bebop e Rocksteady, dr. Baxter Stockman (Idêntico desing das hqs) além do retorno do Destruidor, vão deixar os fãs, que como eu, acompanhavam nossos heróis na década de 90, felizes. O longa não se leva a sério e seu roteiro não se empenha em explicar tudo o que acontece ele segue seu rumo sem nunca parar e/ou recuar. A franquia parece ter entendido seu lugar e foca na personalidade de Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo, sabe utilizar mestre Splinter (Tony Shalhoub) em seus momentos sábios e cômicos. Casey Jones está de volta. Um dos personagens mais queridos é introduzido na nova versão e é bem colocado pela trama dentro desse universo, aos poucos vemos sua personalidade, entendemos seus motivos e até ganhamos uma cena de luta com taco de hóquei e patins.

Logo no início acompanhamos a tentativa, bem sucedida, do Clã do Pé de resgatar o Destruidor (Brian Tee) enquanto ele é transferido para prisão. Eles são auxiliados pelo dr. Baxter Stockman (Tyler Perry). April O’Neal (Megan Fox) descobre os planos de resgate e as tartarugas ninja entram em ação. Ao acionar um poder que não conhece por completo Stockman acaba colocando o Destruidor em contato com Krang (Brad Garrett), um ser alienígena que planeja invadir a Terra e os dois acabam formando uma aliança. Com a ajuda de Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrelly), Destruidor precisa reunir três peças de uma máquina capaz de abrir um portal para a dimensão X e tornar a invasão de Krang possível.  Então sobra para Leonardo (Pete Ploszek), Donatello (Jeremy Howard), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher) e Casey Jones (Stephen Amell), perseguir Bebop e Rocksteady e acabar com os planos do vilão.

Focando em cenas de ação grandiosas e surtadas, o filme se supera criando situações cada vez mais frenéticas e intensas. O amor pelas pizzas está de volta e também as referências a cultura pop que são um marco de nossos ninjas. Quando em determinado momento os heróis têm que saltar de um avião para outro em pleno voo somos agraciados com Raphael se perguntando o que Vin Diesel faria. Na sequência já partimos para uma cena grandiosa nas cataratas do Iguaçu, o filme faz questão de evidenciar o Brasil em vários momentos, até conta com a modelo Alessandra Ambrósio em seu elenco. Tudo isso certamente devido ao sucesso que seu antecessor teve em nosso país. Vale mencionar uma divertida referência a Transformers. Seria legal ver mais cenas de luta entre as tartarugas e Bebop e Rocksteady, faltou também o Destruidor tentar sua vingança. A nova adição ao elenco é boa, Stephen Amell é bom com Casey Jones e Gary Anthony e Stephen Farrelly lembram bem o Bebop e Rocksteady da antiga animação. Megan Fox e Will Arnett, que reprisa seu personagem Vern Fenwick, têm bem menos espaço na trama, o que para mim é um acerto.  Mestre Splinter, a chefe de polícia Vincent (Laura Linney) e Casey Jones (Em alguns momentos) parecem existir apenas para fazer a ligação entres as diversas cenas de ação.

As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras sofre com excesso de reviravoltas, de personagens e de cenas de ação. Muitos personagens têm suas cenas justificadas apenas como objetivo de mover a trama adiante, e muitos deles parecem prever e entender tudo de imediato. Tudo acontece rápido, uma situação já nos leva a próxima que nos entrega para uma nova cena de ação que já nos apresenta um novo personagem que nos leva a um novo conceito e assim uma nova situação. Um filme surtado com situações gigantescas, personagens intensos e ação frenética. Acerta na personalidades de seus personagens principais e por ser despretensioso, divertido e alegre. É um bom filme das tartarugas e o caminho no qual a franquia deve sim seguir. É um bom contraponto aos super heróis complexados e sombrios da DC e da complexa e interminável conectividade do Universo Cinematográfico da Marvel.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós créditos

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Zoom (2016)

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Esta é a história de três artistas: Edward (Gael García Bernal), vaidoso diretor de cinema que precisa refilmar o final de um longa contra sua vontade e de repente começa a ter problemas sexuais. Michelle (Mariana Ximenes), modelo brasileira que deixa namorado e carreira nos Estados Unidos para voltar ao seu país e escrever um livro. E Emma (Alison Pill), que, desesperada para retirar seus implantes de silicone, recorre a meios duvidosos para ganhar um dinheiro extra.

98min – 2016 – Brasil 

Dirigido por Pedro Morelli e roteirizado por Pedro Morelli e Matt Hansen. Com: Gael García Bernal, Alison Pill, Mariana Ximenes, Jason Priestley, Don McKellar, Jennifer Irwin, Luisa Moraes, Tyler Labine, Michael Eklund, Tyler Labine, Michael Eklund, Claudia Ohana, Clé Bennett

Zoom é um grande exercício metalinguístico. Sua trama, repleta de referências pop, conta com três histórias paralelas que utilizam como ligação a arte e o sexo. A temática principal fica clara em seus momentos iniciais, quando acompanhamos a confecção de uma boneca erótica em paralelo com uma cena de sexo.  

Alison Pill é Emma uma quadrinista que trabalha confeccionando bonecas eróticas e que almeja seios maiores. Edward (Gael Garcia Bernal) é um cineasta promissor que deseja realizar uma obra autoral porém está na direção de um blockbuster. E Mariana Ximenes interpreta Michelle uma modelo que deseja ser mais que um “rostinho bonito” e então se dedica a produção/escrita de seu primeiro romance. É um quadrinho a respeito de um diretor que produz um longa sobre uma escritora que têm como protagonista de seu livro uma quadrinista.

No longa as histórias paralelas se tornam uma única trama. A crítica sobre a busca pela perfeição seja em nosso corpos e/ou no ambiente, nossa necessidade de sermos aceitos pela sociedade, são os principais pontos explorados. Zoom mistura animação em rotoscopia com live-action e suas linguagens, assim separando as histórias paralelas e criando um visual apelativo. É legal perceber que os traços do quadrinho (A parte de animação da trama), vão se preenchendo e completando a medida em que Pill encaminha sua obra.

Em alguns momentos a mistura dessas linguagens, motivações, tramas e técnicas, parece original e inovadora. Já em outros momentos não. Originalidade a parte, é um filme com um bom roteiro e bem conduzido. E se a preocupação com corpos perfeitos e estética da beleza pairam (literalmente em algumas cenas do filme) sobre as cabeças dos protagonistas é no encontro das histórias que temos os grandes momentos do longa. E quando Zoom abandona o questionamento da busca pela perfeição traz uma interessante discussão entre arte e mercado. Em uma boa cena faz piada com o merchandising ao mesmo tempo em que o executa.

No fim fica a sensação de que Zoom poderia e deveria explorar melhor os assuntos que coloca em pauta. A forma é o interessante, o foco é a estrutura e o que presenciamos é um longo exercício de estilo que, como o personagem de Gael Garcia, busca mostrar para o mundo que não é apenas bidimensional.

 

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

232521.jpg-r_640_600-b_1_D6D6D6-f_jpg-q_x-xxyxxApós os eventos de O Homem de Aço, Superman (Henry Cavill) divide a opinião da população mundial. Enquanto muitos contam com ele como herói e principal salvador, vários outros não concordam com sua permanência no planeta. Bruce Wayne (Ben Affleck) está do lado dos inimigos de Clark Kent e decide usar sua força de Batman para enfrentá-lo. Enquanto os dois brigam, porém, uma nova ameaça ganha força.

151min – 2016 – EUA

Dirigido por Zack Snyder e roteirizado por Chris Terrio e David S. Goyer. Com: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Diane Lane e Jeremy Irons.

Batman Vs Superman – A Origem da Justiça sofre de um problema muito comum nos blockbusters atuais. Seus trailers e clips de divulgação entregam a trama e boa parte de suas reviravoltas. Quem assistiu aos três trailers internacionais já sabe basicamente o  que vai ocorrer, o plano de fundo está ali. (Principalmente no segundo trailer) Mas é interessante que o filme ainda consiga surpreender e trazer novos elementos. Então é sim uma experiência divertida, mesmo para quem já está a par do que vai acontecer.

O filme é repleto de easter eggs, fã service e referências ao universo cinematográfico que Zack Snyder pretende criar para a DC Comics. Ao longo de suas duas horas e meia vemos novos personagens, possíveis novas tramas e até futuros apoteóticos e alternativos. A duração do longa inclusive, é um problema. Seus 180 minutos não passam despercebidos, é muito grande e você percebe isso. A vontade e necessidade de criar um universo traz personagens interessantes que acabam sendo mal aproveitados e  não acrescentam muito a trama. Um bom exemplo é a mulher Maravilha que não consegue mostrar a que veio, apesar de nos sacudir em nossos assentos com suas cenas de luta.

Mais uma vez Henry Cavill interpreta bem o Superman, se em O Homem de Aço temos um aprendiz de super-herói, aqui temos um “homem” que aprendeu com seus erros, que tenta repará-los e entender melhor seu papel como salvador/Messias/Herói. Ele possui falhas e a interpretação de Cavill causa empatia com esse ser super-poderoso. Em certos momentos, como nunca visto em outros longas, o heroi se torna ameaçador e dá medo. Se o filme tem um grande acerto esse certamente é o “Batfleck”, muito criticado quando escolhido para fazer o papel, Ben Affleck faz um ótimo trabalho. Seu Bruce Wayne é amargurado, cansado, desiludido e quando necessário um playboy beberão e mulherengo. Seu Batman é agressivo, violento, treinado e usa muito bem de seus equipamentos eletrônicos. (Melhor que nos demais filmes do herói) Suas lutas refletem em ótimas sequências de ação. (E sim. O Batman faz Crossfit!) Sempre preferi os filmes e o Batman de Tim Burton. Mas esse Batfleck é bom motivo para reconsiderar. (Tirando, é claro, o Adam West. Esse sim o melhor Batman de todos os tempos.) A relação entre Alfred e Bruce é ótima, ele é um amigo/pai/conselheiro/guia, e como podemos ver está sempre preparado para ajudar Bruce é um bom trabalho de Jeremy Irons. Lex Luthor é extravagante, excêntrico e louco. É um bom personagem e bem interpretado por Jesse Eisenberg. Amy Adams novamente faz um bom trabalho como Lois Lane e está longe de ser apenas uma donzela em perigo.

O longa segue os acontecimentos de O Homem de Aço, mas dá um grande destaque para o homem morcego. Já no início temos um flah back com sua origem, o que nos situa com seu posicionamento perante a destruição causada na batalha do Superman contra o General Zod. Bruce estava em Metropolis durante a batalha, tenta ajudar as vítimas se horroriza  e fica idgnado com tamanha devastação. O que serve como motivação extra para Bruce querer enfrentar o Homem de aço. A luta entre os dois é uma boa sequência, é bem construída ao logo do filme e não parece forçada. Existe uma sugestão de diferentes ideologias o que é interessante, mas o filme não ousa ir além de pequenos comentários políticos, como: “Se ele representa um por cento de chance de ser uma ameça temos que tomar como cem por cento e extermina-lo”. (Diálogo inclusive presente no trailer.) E no final o trauma de um deles serve como ponte para estabelecer um vinculo e uma conexão com o atual momento do outro.

Ao assistir Batman Vs Superman – A Origem da Justiça fica claro que o diretor Zack Snyder não só é fã de quadrinhos como os lê e acompanha. Fica claro também que ele está apar dos games e que os joga. São claras as referencias aos gibis e jogos. Em uma sequência de luta ficamos com a impressão de que estamos jogando um dos games da franquia Batman Arkham, somos presenteados com golpes, estratégias e ações táticas características do jogo.

O vilão Apocalipse representa uma grande ameaça. A batalha final é bem executada, com algumas explosões excessivas e flares desnecessários. Ver nossos três heróis em combate, lutando como um grupo cooperando entre si é algo empolgante. No fim o caminho para o filme da Liga da Justiça fica pronto. Fica traçado também uma possibilidade para filmes solos dos demais heróis presentes no longa. Apesar de  terem pouco tempo de tela, sua aparição vai empolgar os fãs. Dedicar menos tempo aos demais personagens é bom, já que essas cenas parecem deixar o filme mais longo, estendendo a trama demais e tirando o foco do que é realmente importante. É um bom início para a Liga da Justiça é um bom encontro entre Batman e Superman, mas poderia ser menos inchado, longo e não desperdiçar personagens interessantes. Mais uma vez Snyder utilizada da paleta de cor acinzenta e sem brilho, o que é cansativa, desinteressante e deixa o filme “feio”. Batman Vs Superman – A Origem da Justiça é um filme bastante descente que impressiona em seus bons momentos.

Obs. Na versão exibida na cabine de imprensa não tinha cena pós créditos.

Nota do Sunça:

 

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Sunça no Cinema – Deadpool (2016)

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A história de origem do ex-oficial das Forças Especiais transformado em mercenário Wade Wilson, que depois de se submeter a um experimento para ganhar fator de cura, adota o nome de Deadpool. Armado com as suas novas habilidades e um senso de humor negro, Deadpool vai caçar o homem que quase destruiu a sua vida.

108min – 2016 – EUA

Dirigido por Tim Miller e roteirizado por Paul Wernick e Rhett Reese. Com: Ryan Reynolds, , Morena Baccarin, T.J. Miller, Ed Skrein, Gina Carano e André Tricoteux.

Deadpool é o que espera de um filme de um personagem tão controverso. Desde sua criação o anti-herói causa polêmica e confusão. Como fã de quadrinhos estou familiarizado com suas características. E quem acompanha a área, certamente, já testemunhou uma de suas divertidas aparições em produções de outros personagens, como por exemplo, a atual série animada do teioso (Ultimate Spiderman).

O filme é uma zoeira do início ao fim, Tim Miller equilibra bem comédia, violência e momentos emotivos. Os créditos iniciais já deixam claro a zombaria que estamos prestes a assistir, neles a própria equipe do filme é alvo de piadas. É um ótimo plano estático no meio de uma cena de ação. É a famosa cena teste que vazou na Internet em 2014. (Cena que devido a seu sucesso deu origem ao filme.) O longa opta por uma construção não linear, temos flashbacks narrados por Deadpool, e é assim que vamos conhecendo o personagem e sua origem.

Assim como nas hqs ao longo do filme temos piadas pesadas, interação com o público, quebra da quarta barreira (Com direito até a quebra da quarta barreira ao quadrado), palavrões, violência, sangue, nudez e sexo. O sexo inclusive é utilizado para construir uma interessante sequência que demonstra a passagem do tempo. É muito divertida a forma como o longa brinca com os outros filmes de herói e até mesmo com o seu estúdio. Cornetas com a cronologia dos filmes dos X-men, piadas com a falta de verba da FOX para adquirir mais personagens, referências ao Deadpool do filme Wolverine Origins, uma alfinetada no Lanterna Verde de Reynolds, um plano detalhe de um relógio da Hora da Aventura e muitas outras referencias a cultura pop e aos anos oitenta permeiam todo o filme.

Wade wilson (Ryan Reynolds) é um ex soldado das forças especiais que trabalha como um mercenário. Ele conhece a prostituta Vanessa (Morena Baccarin) e o casal desenvolve um relacionamento. Tudo ia muito bem ate Wade ser diagnosticado com um câncer terminal. Ele então, aceita participar de um experimento que promete curar seu câncer e também desenvolver habilidades especiais. Ele é enganado e então parte para uma sanguinolenta vingança contra o homem que destruiu sua vida.

Apesar de ser uma história de origem e seguir a estrutura de filmes de herói o Deadpool consegue brincar com isso e deixar a experiência interessante e original. Em determinado momento o protagonista nos diz que estamos em uma historia de amor e de fato o longa assume essa estrutura, quando ele nos diz que estamos em uma história de horror a estrutura passa a ser de um filme de terror.  E sempre que começamos a acreditar que Wade Wilson é um super herói, ele instantaneamente faz questão de nos confirmar o contrário.

Coadjuvantes interessantes, Colossus é um show a parte, apesar de ser um dos motivos de piada do filme, vilões interessantes e um par romântico que funciona na personalidade bizarra do casal. Uma história de super-herói dentro dos padrões clássicos, mas que não cansa e nem parece desgastado. Em sua sequência final o filme utiliza muitos clichês de filmes de herói mas não compromete sua investida bem sucedida. A montagem do filme, a empatia com o protagonista e narrador do filme, o humor, o deboche e as constantes interações do personagem com o público e com a câmera (Sim ele move a câmera) são pontos fortes e ajudam o longa a cumprir seu objetivo.

Obs. Têm uma ótima cena pós-créditos. Não é importante para a história, mas recomendo ficar até o final.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Os Oito Odiados (2015)

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The Hateful Eight se passa de seis a oito anos depois do fim da Guerra Civil. A trama acompanha uma diligência qua cruza as invernais paisagens do Wyoming levando John Ruth (Kurt Russell) e sua fugitiva Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock. No caminho eles encontram dois estranhos Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), um ex-soldado transformado em caçador de recompensas, e Chris Mannix (Walton Goggins), um renegado do sul que diz ser o novo xerife da cidade. Depois de se perder em uma tempestade, o grupo busca abrigo no Armazém da Minnie, uma parada de diligência nas montanhas. Lá, no lugar da proprietária, eles encontram mais estranhos: Bob (Demian Bichir), encarregado de cuidar do armazém enquanto ela visita a mãe, Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen), e o General Confederado Sanford Smithers (Bruce Dern).

182min – 2015 – EUA

Dirigido e roteirizado por Quentin Tarantino. Com: Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Jennifer Jason Leigh, Walton Goggins, Bruce Dern, Demian Bichir, Michael Madsen, Tim Roth, James Parks, Channing Tatum, Dana Gourrier, Zoë Bell.

 

 

 

Os oito odiados pode facilmente enganar o espectador despreparado. Os longos e amplos planos iniciais podem insinuar que uma grande batalha/tiroteio está por vir, um final épico para uma tortuosa jornada. Não é o que acontece. Pelo contrário, os planos iniciais apesar de amplos causam uma sensação de claustrofobia. A carruagem cercada pela neve no meio do nada, ao fundo a brilhante trilha sonora de Ennio Morricone que diferente das tradicionais trilhas de faroeste remete diretamente a um clima de terror, já deixa claro o terrível rumo que o longa vai tomar.

Tarantino planeja bem o tempo de todo o filme, nas cenas inicias além de nos dar pistas do que está por vir cria tensão e ansiedade. Conhecemos os personagens com calma, temos tempo para saber como é cada um, quais suas características e objetivos. Isso é de extrema importância para o tipo de filme que vamos assistir. Quando os personagens estão todos confinados é necessário saibamos muito bem como cada um deles se sente e os possíveis conflitos que podem surgir da interação entre eles. Assim ficamos tensos mediante as possibilidades. Então, o filme segue com calma e toma o tempo necessário para nos deixar familiarizados com seus integrantes. É interessante notar que desde o início o longa coloca o caráter   de seus personagens em dúvida,  assim ficamos desconfiados de cada um deles. Seja pela ótima performance de seus atores ou através das rimas visuais e pistas que o diretor tanto gosta de nos entregar.

Plano detalhe de balas no chão, asas que aparecem quando determinado personagem perece, uma cruz enterrada na neve para mostrar a passagem do tempo e até mesmo que Deus está de fora do que vamos presenciar. É a forma do diretor de nos preparar, e até mesmo adiantar, o que está por vir. Um bom exemplo é quando vemos na carruagem inicial um cavalo branco e um negro lado a lado um bela dica do que veremos em um momento mais a frente no filme. Brincar com o “fazer cinema”, sempre com um propósito importante na narrativa, é uma característica constante nos filmes do Tarantino. Em um determinado momento quando o longa fica misterioso e parece um jogo de detetive, digno de romances de Arthur Conan Doyle, o diretor não exita em colocar uma narração em off (dele mesmo) e nos coloca de uma vez por todas em um jogo de adivinhação e análise. Tudo isso se confirma em uma cena bem elaborada com o personagem de Samuel Jackson.

No início acompanhamos o oficial John Ruth personagem de Kurt Russell, ele transporta a criminosa Daisy Domerge papel de Jennifer Jason Leigh para a cidade de Red Rock para ser levada a forca. Mas logo entram em contato com o Major Marquis Warren (Samuel Jackson) que de fato é o protagonista do filme. Jackson rouba a cena em diversos momentos e certamente têm os melhores diálogos do longa. Diálogos que são fortes e bem escritos. Leigh constroi uma personagem rica e dominadora, que cercada por homens e sofrendo abusos constantes, mostra sua força e consegue tomar o controle do filme de forma inteligente e insana. Walton Goggins não deixa a desejar na atuação e seu personagem o Chris Mannix, o Xerife (Será mesmo?) também ganha destaque. Esses personagens acabam confinados em um armazém/alojamento devido a pesada nevasca que os cerca. Junto com eles temos o carrasco (Tim Roth), um general aposentado (Bruce Dern), um vaqueiro (Michael Madsen), o mexicano (Demián Bichir), dentre outros. John Ruth logo fica desconfiado que um daqueles homens pretende matá-lo e libertar Daisy.

Tarantino usa do confinamento de seus personagens para colocar em pauta e discutir vários temas. Enquanto a maioria das pessoas fica esperando o inevitável banho de sangue que o encontro entre essas pessoas tão diferentes e controversas pode causar, o diretor toma seu tempo, constrói a tenção e debate sobre racismo, violência contra a mulher, preconceito contra imigrantes, guerra, questão armamentista, dentre outros. Aliás a divisão em capítulos que inicialmente pode parecer enjoativa e mais do mesmo se mostra interessante, um bom uso do processo narrativo em si e uma forma de pontuar os debates. O diretor se diverte nos fazendo assistir mais de uma vez a mesma cena e repetindo várias vezes a mesma informação (Você têm que chutar!). E em um dos capítulos vários elementos que normalmente seriam escondidos para causar mais impacto são escancarados. O planejamento das cenas é elaborado, a mise en scène é bem executa, e o cenário chama atenção por seu cuidado aos detalhes. Em um único espaço é possível perceber vários ambientes. A violência exagerada do filme não possui a intenção de chocar, na verdade é caricata e busca mais discutir a violência em si do que impressionar. Além, é claro, de ser uma marca do diretor.

Um filme com boas atuações, bons diálogos, boa direção e fotografia. Com boas cenas de ação e constituído quase completamente de diálogos. Uma ótima analogia com a história dos EUA. Um oficial, um negro, um racista, um vaqueiro, um xerife, uma criminosa, um mexicano e um britânico todos dividindo um mesmo espaço. Uma bela representação da América que ainda hoje sofre de todos os problemas que Tarantino coloca em debate.

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Creed: Nascido para Lutar (2015)

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Adonis Johnson (Michael B. Jordan) nunca conheceu seu pai famoso, o campeão mundial dos pesos pesados Apollo Creed, que morreu antes de ele nascer. Ainda assim, não há como negar que o boxe está em seu sangue, então Adonis parte para a Filadélfia, local da lendária luta de Apollo Creed com um adversário durão chamado Rocky Balboa. Uma vez na Cidade do Amor Fraternal, Adonis localiza Rocky e pede para ele ser seu treinador. Apesar de insistir que está fora do universo da luta para sempre, Rocky reconhece em Adonis a força e determinação que viu em Apollo – seu rival feroz que se tornou seu amigo mais próximo. Rocky então concorda em treinar o jovem lutador, mesmo com o ex-campeão lutando contra um adversário mais mortal do que qualquer outro que já enfrentou no ringue. Com Rocky no canto do ringue, não falta muito para Adonis receber sua própria chance de conseguir o título… mas será que ele poderá desenvolver não só a motivação, mas também o coração de um verdadeiro lutador, a tempo de entrar no ringue?

132min – 2016 – EUA

Dirigido por Ryan Coogler. Com roteiro de Ryan Coogler e Aaron Covington. Com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Graham McTavishPhylicia Rashād e Hans Marrero

 

Rocky é uma das franquias mais importantes da minha geração. Ao assistir um filme do Balboa sempre dei socos no ar durante as lutas, me comovi com seus problemas pessoais e torci por seu sucesso no final. Ao assistir Creed, senti tudo isso novamente.  A série passou por bons filmes, e por alguns não tão bons, mas sempre com um grande impacto em minha geração e em mim. “Creed: Nascido para Lutar” vai ser essa referência e ter esse impacto na geração atual.

O filme poderia facilmente se chamar Rocky 7, dá seqüência a franquia e nele podemos ver como está a vida de Balboa e quais são suas novas batalhas. Mas o protagonista é Adonis Johnson é ele que acompanhamos durante todo o longa. Começamos em sua infância quando ele ainda nem sabe quem é seu pai e vamos até sua juventude quando luta por seu lugar no esporte e para vencer a “sombra” do pai Apollo Creed. E ao fim se torna um personagem poderoso que, como Rocky, sem dúvida vai ser referência e dar origem a mais longas.

Johnson têm um bom emprego e uma boa vida em L.A., mas abandona tudo com objetivo de se tornar um lutador profissional. Ele segue então para Filadélfia decidido a ter Rocky como seu treinador. Encontramos um Balboa solitário, afastado do mundo das lutas e cansado das “porradas da vida”. O relacionamento entre os dois personagens é um ponto forte do filme, a relação mentor/pupilo e pai/filho funciona, a dinâmica entre os dois atores é boa. Me comovi toda vez que Donnie chamava Balboa de “tio”. O papel de Stallone aqui lembra o treinador Mickey (da franquia original) e o ator sabe lidar bem com seus momentos dramáticos e cômicos. Sly entrega uma performance poderosa e tocante. Na Filadélfia logo o protagonista conhece uma garota, e o relacionamento entre Adonis e Bianca (Tessa Thompson) funciona e é bem construído, em parte graças à boa química entre os dois. Como nos outros filmes da franquia a luta do personagem principal vai além dos ringues e do empenho no esporte, sua vida pessoal é parte fundamental da trama. Michael B. Jordan entrega uma ótima performance. Ele cria um Adonis forte corajoso, com vislumbres de Apollo e de Rocky, mas com uma personalidade única.

As lutas são bem coreografadas e planejadas. Planos sequências nos fazem imergir dentro dos estádios, seja na entrada da luta em Tijuana ou em todo o combate na Filadélfia quando Johnsson entra no ringue pela primeira vez com Rocky como seu treinador. Essa luta são dois assaltos filmados em um único plano, a câmera gira em torno do ringue e dos lutadores e faz alguns close-ups, aumentando a tensão e o suspense. É divertido quando o longa para um pouco e nos deixa a par do histórico de cada lutador e nos avisa do perigo que está a caminho. Quem acompanha a franquia já sabe o que esperar do filme e/ou do resultado de sua trama. Nesse ponto realmente não somos surpreendidos. Mas o importante é o percurso, é como um personagem passa a completar o outro e como resolvem seus problemas. Como Adonis, Rocky também têm uma batalha para vencer e é justamente com ele que Balboa reaprende e encontra forças para lutar.

Creed nos presenteia com momentos icônicos da franquia, mas segue seu próprio caminho trazendo novos marcos e novas referências. A música do treinamento, durante a corrida final, é coerente e têm grande impacto. Mas não se preocupe, ainda podemos escutar rapidamente “Gonna Fly Now” em um momento decisivo do filme.

Rocky Balboa velho e solitário, abandonado por tudo e por todos. Adonis um orfão com problemas paternos mal resolvidos e abandonado em sua busca para se tornar um lutador profissional. Eles encontram na amizade de um com o outro a força para conquistar seus objetivos. É um ótimo trabalho do diretor Coogler em recontar a história de um lutador desacreditado que recebe a chance ao título, mas trazendo novos elementos, brincando com nossas expectativas e conseguindo até nos surpreender. A história de Adonis nos lembra muito a de Rocky apesar de ser diferente e até oposta em alguns momentos.

E Rocky e Donnie seguem juntos subindo as escadarias da Filadélfia porque como diz Donnie: “Se você luta, eu luto!”

 

Nota do Sunça: nota4_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no Cinema – Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme (2016)

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Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus e todo o resto da amada turma do Snoopy, chegam aos cinemas de uma forma como nunca foram vistos antes: em animação 3D! Snoopy, o beagle mais amado do mundo – e claro, o melhor piloto – embarca em sua maior missão até hoje, alcançando o céu atrás de seu arqui-inimigo, o Barão Vermelho, enquanto seu melhor amigo, Charlie Brown, inicia a sua própria jornada épica. Da imaginação de Charles M. Schulz e dos criadores da saga A Era do Gelo, Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, O Filme vai provar que todo azarado tem seu dia de sorte.

88min – 2016 – EUA

Dirigido por Steve Martino. Com roteiro de Bryan Schulz, Craig Schulz, Cornelius Uliano e Charles M. Schulz (Autor da obra original). Com Noah Schnapp, Bill Melendez, Hadley Belle Miller, Mariel Sheets, Anastasia Bredikhina, Noah Johnston, Rebecca Bloom, Mar Mar, William Wunsch, Francesca Capaldi, Venus Schultheis, Madisyn Shipman, A.J. Tecce e Alexander Garfin. 

 

É comum ver quadrinistas citando nomes como Bill Watterson, Hergé e Charles M. Schulz (dentre outros) quando conversam sobre suas referências e inspirações. Especialmente se trabalham com tiras e/ou quadrinhos de humor, o que é o meu caso. Logo, o trabalho de Schulz sempre me foi muito familiar, acompanho a “Turma do Minduim” nos quadrinhos e nas animações há muitos anos.

Dessa vez acompanhei Charlie Brown e Snoopy em uma sala XD Extreme Digital Cinema na versão dublada e em 3D. Já no início da projeção, quando somos presenteados com Schoroeder tocando o tema da FOX, é possível perceber o tom do filme que estamos prestes a assistir. A cena inicial introduz bem todos os personagens, suas características e personalidades, com direito até a árvore comedora de pipas. Aliás, o design dos personagens e do filme em geral chama muita atenção. Seja por ser extremamente respeito com os traços de Charles Schulz ou pelas belas texturas e/ou materiais criados. Na introdução também é possível perceber que o tom de humor no filme remete ao utilizado nas tiras e nos desenhos animados. Na verdade, muitas piadas das tiras e das animações anteriores como “O Natal do Charlie Brown” e “Charlie Brown e o Dia de Ação de Graças” são repetidas sem nenhuma alteração. O objetivo do filme é claro, introduzir os personagens de Charles para uma nova geração.

O 3D do filme funciona e é bem utilizado. Em várias cenas ele é bem sucedido em trazer profundidade para os cenários. Em um momento específico o 3D é importante para mostrar como Charlie Brown, abandonado no parque em um banco com sua pipa, se sente sozinho e pequeno no mundo. O estilo de animação também chama atenção, em diversos momentos o longa abandona seu design original. Quando nosso querido Minduim relembra seus fracassos do passado, temos uma animação em 2D nos traços de Schulz, nas cenas com Snoopy piloto e seus combates aéreos a animação fica mais “realista” e em alguns momentos temos até animação de recorte. Brincar com a forma, cor e estilo com uma função narrativa dentro do longa é, na minha opinião, uma decisão acertada da equipe, deixa o filme mais interessante e empolgante.

Como nas tiras e nas animações anteriores os planos seguem a linha visual das crianças, e como de costume não podemos compreender, nem ver, os adultos o que deixa claro que estamos de fato no mundo de Charlie, Lucy, Shroeder, Marcie, Patty Pimentinha, Linus, Sally e Chiqueirinho. Muito planos e enquadramentos parecem ter sido retirados de quadrinhos e desenhos de Charles M. Schulz o que acaba se confirmando no momento final do filme e durante seus créditos. É legal perceber como a animação se esforça para nos colocar juntos com aquelas crianças, quando inicialmente não vemos direito o rosto de determinado personagem e gradualmente passamos a ver é uma referência direta com o que vive o personagem protagonista que no início da história mal consegue encarar o outro personagem mas vai conseguindo superar seus medos com o decorrer do filme. A trama apresenta duas histórias, a de Charlie Brown apaixonado pela garotinha ruiva e a de Snoopy e Woodstock e sua disputa aérea contra o temível Barão Vermelho. As histórias são contadas em paralelo, e é bacana notar como se relacionam e se completam.

Uma história interessante e cativante, respeitosa e cuidadosa com o trabalho de Schulz. Apesar de não ousar com os personagens e nem trazer muitas inovações, como fã, fiquei satisfeito com o trabalho da Blue Sky e mais uma vez me diverti e me encantei com a Turma do Minduim. Acho que todos deveríamos nos inspirar em Charlie Brown, que nunca desiste mesmo falhando miseravelmente diversas vezes em frente a sua turma. E não há outra maneira de finalizar esse texto senão com um sonoro: Que puxa!

Obs. Temos cenas durante os créditos e uma pequena e não muito importante no final dos créditos.

Obs.2 Com certeza “I feel better when I’m dancing”.

 

Nota do Sunça: nota3_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no Cinema – O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro

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A vida de Peter Parker anda movimentada. Entre capturar ladrões e passar um tempo com Gwen Stacy, ele ainda precisa lidar com a sua formatura. Peter não se esqueceu da promessa que fez para o pai de Gwen, mas manter-se afastado da garota dos seus sonhos é praticamente impossível. As coisas começam a se complicar para Peter quando um novo vilão, Electro, surge e um velho amigo, Harry Osborn, reaparece em sua vida. Além claro, de novas pistas sobre o seu próprio passado.

140min – 2014 – EUA

 
Dirigido por Marc Webb. Com roteiro de James Vanderbit, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Paul Giamatti, Dane Dehaan, Sally Field, Felicity Jones e Chris Cooper.

 

Quando pequeno meu sonho sempre foi me tornar o Homem-Aranha. (E ainda é!) Sou apaixonado pelo herói. A recordação mais antiga que tenho do meu laço com o teioso é uma foto de quando eu tinha dois anos de idade fantasiado de Homem-Aranha. Desde muito novo acompanho o herói nos quadrinhos, nos games, nos desenhos animados e mais recentemente, nos longas de Sam Raimi e nos atuais longas de Marc Webb. Digo isso porque para mim um filme do Aranha sempre vai ser algo especial. Até o ruim Homem-Aranha 3 de Sam Raimi e o fraco O Espetacular Homem Aranha de Marc Webb têm um lugar especial em meu coração. O que não vem ao caso quando se trata do O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro.

A cena inicial do filme é um flashback sobre os pais do herói. O passado obscuro deles continua sendo explorado neste novo longa e ainda é uma fixação do protagonista. A necessidade do longa anterior de explorar o passado dos pais de Peter e torná-lo um predestinado a se tornar o Homem-Aranha me incomodava, porém os flashbacks presentes neste novo filme parecem perder essa pretenção de predestinação e apenas responder questionamentos de Peter. É muito elegante que a cena inicial que é sobre sofrimento, perda e morte se inicie nas engrenagens de um relógio. Que no final do longa termina sua rima visual em outra cena de perda e sofrimento em meio a engrenagens de um relógio.

Após o flashback já entramos em uma cena de ação onde o Aranha se balança pelos prédios de Nova Iorque até encontrar uma perseguição policial. Aqui já percebemos o visual fantástico que o longa vai ter e em especial o visual das cenas de ação. É incrível perceber a movimentação do herói, enquanto atira suas teias e salta pelos prédios o Aranha passa a teia de uma mão para a outra, escala prédios, escala um pouco a teia para ganhar altitude antes dar seu próximo tiro, luta com seus adversários e dispara piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo e sempre com um trejeito “amador” de combate ao crime. A impressão é de que o Homem-Aranha está vivo. E os destoantes planos subjetivos presentes no primeiro filme dão lugar a planos subjetivos visualmente bonitos e bem encaixados nas cenas de ação. Na primeira luta contra o Electro em uma cena em câmera lenta onde o Homem-Aranha se esforça para evitar que pessoas sejam atingidas por um carro ao mesmo tempo em que evita que pessoas sejam eletrocutadas. Marc Webb nos mostra visualmente como o “sentido aranha” desperta no herói uma grande percepção dos acontecimentos ao seu redor.

A primeira cena de ação também nos mostra como é um constante conflito para o protagonista ser o Homem-Aranha e cumprir seus deveres ao mesmo tempo (literalmente) que lida com seu relacionamento com Gwen. A relação entre os dois é bem construida, seus momentos desajeitados e meigos dão a dimensão complexa e forte de seu relacionamento. Andrew está ótimo como Peter e Emma também ótima nos mostra como é fácil se apaixonar por Gwen. De forma objetiva e rápida o filme nos mostra relação entre Harry e Peter, já em seu primeiro encontro temos Harry no topo das escadas com o rosto imerso na escuridão e Peter abaixo na base das escadas com seu rosto iluminado em uma conversa fria e distante, nos mostrando o potencial contraste entre os personagens, até que Harry desce alguns degraus seu rosto se ilumina Peter se aproxima e a conversa se torna amigável e íntima. Mostrando o laço de amizade que ainda existe entre os dois. Tia May e Peter também tem seus momentos, alguns divertidos e outros mais profundos que nos mostram como é cada vez mais forte a relação entre os dois.

Os três vilões do longa são interessantes. O Rino tem uma pequena e boa participação que rendem cenas visualmente lindas, o Duende Verde têm a sua origem e a construção de seu rancor e ódio pelo teioso, o Harry aqui é mais do que apenas um garoto mimado. Já o Electro, esse sim é a verdadeira ameça do filme. Max, o personagem de Jamie Foxx antes de se tornar o Electro, é caricato, pastelão e louco, já Electro é um vilão temivel e multifacetado. É interessante ver o seu amor pelo amigão da vizinhaça, sua fixação e carência, se tornar em ódio e rancor. O filme em nenhum momento coloca Harry ou Max como personagens maus que querem ser criminosos, são persoagens que se sentem magoados e traídos e apelam para a maldade como último recurso. O personagem Max é um bom exemplo de como o tom desse filme é diferente. Ele é mais caricato e engraçado. Os momentos dramáticos também estão presentes, não tenho vergonha em admitir que fiquei com lágrimas nos olhos em determinado momento do filme. Mas o drama e o humor ocilam de forma harmônica durante o filme.

Com os já confirmados filmes do Sextto Sinistro, Venom e o terceiro e quarto Espetacular Homem-Aranha fica perceptivel a necessidade do longa de introduzir vários personagens e ampliar o universo aracnídeo e fornecer protagonistas para os próximos longas. É uma pena, porque personagens interessantes dos quadrinhos acabam tendo uma pequena participação nesse filme, como por exemplo a Felicia (Felicity Jones), o Rino (Paul Giamatti) e o Norman Osborn (Chris Cooper). E a cena final na Oscorp acaba sendo um grande gancho para as continuações do longa.

Algumas opções do filme/franquia não agradam, tornar a Oscorp numa grande corporação do mal de onde saem todos os problemas do teioso é uma delas. A insistência na história passada dos pais de Peter também não ajuda e eliminar rapidamente um personagem importante como o Norman Osborn é um pecado. Além é claro de mais uma vez Gwen saber fazer tudo necessário para resolver os problemas no climax do filme. E é triste a impressão de que a cada filme dessa nova franquia a importância do Tio Ben é menor.

Bons personagens com relações bem construidas em uma trama bem mais coerente do que a do primeiro filme e visualmente fantástico com ótimas cenas de ação. Um Aranha mais bem humorado e mais confiante em seu dever. Percebe-se claramente que Peter adora ser o cabeça de teia.  E como abrir a uma HQ e ver os amores, temores, problemas e as complicações do teioso que tanto nos divertiram e entreteram durante a infância. E a opção por colocar o Homem-Aranha como um símbolo de esperança e como um protetor dos cidadãos, é para mim, a decisão mais acertada do filme. Esse não é o meu filme favorito do teioso, mas definitivamente conquistou seu espaço em meu coração.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida a cena pós créditos. Norma adotada em todo o Brasil.

Nota do Sunça:

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