Sunça no Streaming – The Old Guard – Netflix (2020)

Em The Old Guard, Andy (Charlize Theron) e seus companheiros formam um grupo de soldados que possuem a inestimável virtude da vida eterna. Eles vivem através dos anos oferecendo seus serviços como mercenários para aqueles que podem pagar, se passando como seres humanos comuns dentre os demais. No entanto, tudo muda com a descoberta de que existe uma outra imortal que atua como fuzileira naval.

118 min – 2020 – EUA

Dirigido por Gina Prince-Bythewood. Roteirizado por Greg Rucka (baseado em HQ de Greg Rucka e Leandro Fernandez). Com Charlize Theron, KiKi Layne, Matthias Schoenaerts, Marwan Kenzari, Luca Marinelli, Chiwetel Ejiofor, Harry Melling, Van Veronica Ngo, Natacha Karam, Mette Towley, Anamaria Marinca, Micheal Ward, Shala Nyx, Majid Essaidi, Joey Ansah, Andrei Zayats, Olivia Ross.

O novo longa original da Netflix, mais uma vez, aposta na adaptação de um gibi. “The Old Guard” é baseado em uma hq, de mesmo nome, escrita pelo talentoso quadrinista Greg Rucka, que assina o roteiro do filme, e desenhada por Leandro Fernández. A obra traz como protagonista Andrômaca de Cítia ou “Andy” como é chamada a personagem de Charlize Theron. Em 2015 a atriz impressionou no excelente “Mad Max: Estrada da Fúria” e em 2017 se consagrou como uma estrela de ação no ótimo “Atômica”.  Theron brilha mais uma vez em um filme do gênero, mesmo que dessa vez, a obra apresente um resultado que não atinge seu potencial.

Em uma trama interessante e com potencial para sequências, spin-offs e filmes derivados. Somos apresentados a Andy uma guerreira que lidera um grupo de imortais. Os protagonistas lutaram em várias guerras ao longo da história, tentando sempre proteger os indefesos e ajudar a humanidade. No presente, atuam como um esquadrão de operações especiais trabalhando em missões e buscando fazer o bem no mundo. A líder Andy é a mais antiga do grupo, junto a ela temos Brooker (Matthias Schoenaerts) um sobrevivente das guerras napoleônicas, Joe (Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli) ambos foram cavaleiros das Cruzadas, porém de lados opostos na batalha. O grupo passa a ser perseguido por uma empresa farmacêutica que pretende descobrir o segredo da imortalidade. No meio disso surge uma nova imortal, Nile (Kiki Layne) uma fuzileira do exército norte-americano.  

A personagem de Charlize Theron têm mais destaque, sua a performance e dedicação as cenas de luta elevam o filme. Sabemos um pouco mais sobre seu passado, seus traumas e seus objetivos. Mas sabemos muito pouco sobre os demais imortais. Suas origens e algumas informações do passado são reveladas e se mostram interessantes. São poucos elementos que acabam fazendo falta para os arcos e narrativas dos personagens. Não compreendemos suas motivações o que atrapalha a dinâmica do filme. Os antagonistas são ainda mais rasos, o ex-agente da CIA Copley (Chiwetel Ejiofor) têm propósito e motivações apresentadas, ainda que suas ações e crenças mudem conforme seja necessário na trama. Já Merrick (Harry Melling) é o vilão caricato e unidimensional. O roteiro de Greg Rucka apresenta uma história imersiva e curiosa. O longa propõe uma discussão sobre a imortalidade tentando abordar o lado emocional de se viver centenários. Reflete sobre as dores, o sofrimento e as inúmeras perdas que uma existência prolongada pode trazer.  Porém a falta de informações importantes e alguns arcos dramáticos incompletos atrapalham a narrativa do filme. Ao terminar a projeção a impressão é de assistir a um primeiro capítulo de uma série. O que de fato se comprova com o gancho narrativo proposto.

A violência é explícita, mortes gráficas e sanguinolentas, com efeitos especiais bem trabalhados. As cenas de luta merecem destaque, são bem filmadas e enquadradas pela diretora Gina Prince-Bythewood. Ela nos mantém com uma boa noção espacial durante as lutas e, em alguns planos estáticos, nos permite ver a ação de forma contínua. Aqui entra um outro elogio a coreografia das lutas e ao trabalho de dublês. A dedicação de Theron é perceptível, está muito bem nas cenas o que permite menos cortes e mais ação em suas lutas. 

“The Old Guard” é um bom filme de ação que consegue alcançar esse patamar devido ao carisma e talento de Charlize Theron. A coreografia de lutas e trabalho de dublês também são um ponto forte. Apresenta uma história interessante e uma boa discussão sobre a imortalidade e sobre a humanidade. Suas reflexões são rasas e a trama é apressada. A intenção criar uma nova franquia é explícita. O que não me parece algo ruim. O mundo criado é imersivo e, em uma possível sequência, aprofundar na mitologia dos imortais, no passado de seus personagens e na origem de seus poderes. É algo promissor.

Nota do Sunça:

Últimas críticas:

Últimos textos:

Sunça no Cinema – Atômica (2017)

Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma agente disfarçada do MI6, é enviada para Berlim durante a Guerra Fria para investigar o assassinato de um oficial e recuperar uma lista perdida de agentes duplos. Ao lado de David Percival (James McAvoy), chefe da localidade, a assassina brutal usará todas as suas habilidades nesse confronto de espiões.

115 min – 2017 – EUA

Dirigido por David Leitch e roteirizado por Kurt Johnstad. Com Charlize Theron, James McAvoy, Sofia Boutella, Toby Jones, John Goodman, Eddie Marsan, Bill Skarsgard e James Faulkner.

“Atômica” define de vez Charlize Theron como uma heroína de ação. Em “Mad Max: Estrada Fúria” sua Imperatriz Furiosa já demonstrava como a atriz é talentosa no gênero. E aqui sob a direção de David Leitch, conhecido por seu trabalho na co direção de “John Wick: De Volta ao Jogo”, Charlize demonstra maestria nas cenas de ação. Em um momento onde a representatividade feminina no gênero se faz necessária é bom ver o empoderamento e força da personagem. Porém em alguns momentos o longa peca muito por objetificar e explorar a figura de sua protagonista.

O corpo de Lorraine (Charlize Theron) completamente machucado e imerso em uma banheira de gelo é a porta de entrada para a trama que se passa dias antes da queda do muro de Berlim.  É um filme de espionagem situado durante a Guerra Fria. Baseada em uma grafic novel “The Coldest City”, a obra aborda seus acontecimentos em flashback, então após presenciarmos a protagonista exausta e cheia de marcas é que vamos descobrir o que aconteceu para que esse fosse o resultado. Enquanto acompanhamos seu depoimento na sede do MI6, descobrimos os acontecimentos que a levaram até ali. O roteiro aborda traições, listas importantes, agentes duplos e algumas revelações desnecessárias. Lorraine acaba envolvida com a MI6 e a CIA, além das agências de inteligência da França e da Alemanha. Um roteiro simples e frágil, ainda que se esforce para parecer mais complicado e inteligente do que de fato é.

Em ambos os filmes de “John Wick” as cenas de luta são um balé brutal, sequências realistas, porém exageradas e violentas. David Leitch trás para “Atômica” coreografias violentas, brutais e impactantes. Charlize convence nas lutas e enfrenta homens mais fortes e maiores. Para isso, utiliza tudo que tem de disponível a seu redor. Quando se depara com cinco inimigos em um quarto rapidamente incorpora no combate uma mangueira dourada, a qual ela maneja com maestria enquanto distribui socos e chutes. Isso, ao som de “Father Figure” de George Michael. Durante um plano sequência de mais de dez minutos, Lorraine têm um combate corpo a corpo com troca de tiros e facas enquanto desce uma escada. É uma luta brutal e realista, são longos planos que impressionam e contam com um posicionamento de câmera que permite acompanhar tudo sem se perder. Nos colocando dentro do conflito. Enquanto os personagens lutam seus corpos se machucam, deformam, sangram, o sentimento é de que acompanhamos um combate mortal. Em alguns momentos a protagonista e seus adversários precisam recuperar o fôlego e sofrem a cada impacto. E no fim, terminamos com uma ótima perseguição de carro.

A ação brutal do longa é combinada com uma interessante fotografia. Berlim é suja e neon, se inspira nos ícones dos anos oitenta. A trilha sonora acompanha e é fácil perceber canções como “Cities in Dust” de “Siouxsie And The Banshees”, “Under Pressure” do “Queen” e “Major Tom” do “Peter Schilling” fazendo parte da trama e compondo cenas. “Atômica” acerta na escolha de seu elenco e na parte técnica. Mas falha ao exagerar em reviravoltas e tornar sua trama mais complexa do que realmente ela é. Uma abordagem mais despretensiosa teria valorizado mais a obra.

Nota do Sunça:

Últimas críticas:

Últimos textos: