Sunça no Cinema – As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras (2016)

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Auxiliado pelo dr. Baxter Stockman (Tyler Perry), o Clã do Pé planeja libertar o vilão Destruidor (Brian Tee) exatamente quando ele é transferido para a prisão. Após o plano de resgate ser descoberto por April O’Neal (Megan Fox), as tartarugas ninja entram em ação para impedi-lo – só que fracassam graças à iniciativa de Krang, um ser alienígena que planeja invadir a Terra. Para enfrentá-los, as tartarugas contam com a ajuda de um novo combatente: Casey Jones (Stephen Amell), um policial que estava no camburão que conduzia o Destruidor quando conseguiu escapar.

  112 min – 2016 – EUA

Dirigido por Dave Green, roteirizado por André Nemec  e Josh Appelbaum. Com Pete Ploszek, Jeremy Howard, Alan Ritchson, Noel Fisher, Tony Shalhoub, Megan Fox, Stephen Amell, Will Arnett, Laura Linney, Alessandra Ambrosio, Brian Tee, Tyler Perry, Brad Garrett, Pete Ploszek, Gary Anthony Williams e Stephen Farrelly.

Diferente de seu antecessor As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras, é um filme despretensioso, divertido e alegre. Não que o filme anterior fosse chato e/ou triste, mas a necessidade de ter um lado sombrio e colocar a história com o “pé no chão” foram elementos que não agradaram e que aqui, estão ausentes. Sou um grande fã das Tartarugas Ninjas, cresci acompanhando suas aventuras nas animações, nos games e nos quadrinhos. Também acompanhei seus longas e até já escrevi sobre eles. Apenas nos quadrinhos que percebemos nossos adolescentes mutantes com um viés mais “dark”. Então, acredito que sim, o filme das tartarugas deve ser divertido e despretensioso. Até porque foi exatamente como um contraponto, uma crítica e até como uma paródia aos super-heróis, que Kevin Eastman e Peter Laird criaram os personagens.  E dessa vez, é exatamente isso o que nos aguarda nos cinemas.

Sem a necessidade de explicar tudo e amarrar tudo a obra é frenética e insana. O Furgão das Tartarugas (Um caminhão de lixo no filme), teletransporte, portal para a dimensão X, a base Technodrome de Krang, o próprio Krang, Bebop e Rocksteady, dr. Baxter Stockman (Idêntico desing das hqs) além do retorno do Destruidor, vão deixar os fãs, que como eu, acompanhavam nossos heróis na década de 90, felizes. O longa não se leva a sério e seu roteiro não se empenha em explicar tudo o que acontece ele segue seu rumo sem nunca parar e/ou recuar. A franquia parece ter entendido seu lugar e foca na personalidade de Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo, sabe utilizar mestre Splinter (Tony Shalhoub) em seus momentos sábios e cômicos. Casey Jones está de volta. Um dos personagens mais queridos é introduzido na nova versão e é bem colocado pela trama dentro desse universo, aos poucos vemos sua personalidade, entendemos seus motivos e até ganhamos uma cena de luta com taco de hóquei e patins.

Logo no início acompanhamos a tentativa, bem sucedida, do Clã do Pé de resgatar o Destruidor (Brian Tee) enquanto ele é transferido para prisão. Eles são auxiliados pelo dr. Baxter Stockman (Tyler Perry). April O’Neal (Megan Fox) descobre os planos de resgate e as tartarugas ninja entram em ação. Ao acionar um poder que não conhece por completo Stockman acaba colocando o Destruidor em contato com Krang (Brad Garrett), um ser alienígena que planeja invadir a Terra e os dois acabam formando uma aliança. Com a ajuda de Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrelly), Destruidor precisa reunir três peças de uma máquina capaz de abrir um portal para a dimensão X e tornar a invasão de Krang possível.  Então sobra para Leonardo (Pete Ploszek), Donatello (Jeremy Howard), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher) e Casey Jones (Stephen Amell), perseguir Bebop e Rocksteady e acabar com os planos do vilão.

Focando em cenas de ação grandiosas e surtadas, o filme se supera criando situações cada vez mais frenéticas e intensas. O amor pelas pizzas está de volta e também as referências a cultura pop que são um marco de nossos ninjas. Quando em determinado momento os heróis têm que saltar de um avião para outro em pleno voo somos agraciados com Raphael se perguntando o que Vin Diesel faria. Na sequência já partimos para uma cena grandiosa nas cataratas do Iguaçu, o filme faz questão de evidenciar o Brasil em vários momentos, até conta com a modelo Alessandra Ambrósio em seu elenco. Tudo isso certamente devido ao sucesso que seu antecessor teve em nosso país. Vale mencionar uma divertida referência a Transformers. Seria legal ver mais cenas de luta entre as tartarugas e Bebop e Rocksteady, faltou também o Destruidor tentar sua vingança. A nova adição ao elenco é boa, Stephen Amell é bom com Casey Jones e Gary Anthony e Stephen Farrelly lembram bem o Bebop e Rocksteady da antiga animação. Megan Fox e Will Arnett, que reprisa seu personagem Vern Fenwick, têm bem menos espaço na trama, o que para mim é um acerto.  Mestre Splinter, a chefe de polícia Vincent (Laura Linney) e Casey Jones (Em alguns momentos) parecem existir apenas para fazer a ligação entres as diversas cenas de ação.

As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras sofre com excesso de reviravoltas, de personagens e de cenas de ação. Muitos personagens têm suas cenas justificadas apenas como objetivo de mover a trama adiante, e muitos deles parecem prever e entender tudo de imediato. Tudo acontece rápido, uma situação já nos leva a próxima que nos entrega para uma nova cena de ação que já nos apresenta um novo personagem que nos leva a um novo conceito e assim uma nova situação. Um filme surtado com situações gigantescas, personagens intensos e ação frenética. Acerta na personalidades de seus personagens principais e por ser despretensioso, divertido e alegre. É um bom filme das tartarugas e o caminho no qual a franquia deve sim seguir. É um bom contraponto aos super heróis complexados e sombrios da DC e da complexa e interminável conectividade do Universo Cinematográfico da Marvel.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós créditos

Nota do Sunça:

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Sunça no cinema – As Tartarugas Ninja – O Retorno (2007)

As Tartarugas Ninja - O Retorno (2007)

 

Leonardo (James Arnold Taylor) esteve fora em uma missão de treinamento especial, o que fez com que seus irmãos Michelangelo (Mikey Kelley), Donatello (Mitchell Whitfield) e Raphael (Nolan North) ficassem sem orientação. Quando estranhos eventos ocorrem em Nova York, envolvendo o milionário industrial Max Winters (Patrick Stewart), as Tartarugas Ninja, com a ajuda do mestre Splinter (Mako), mais uma vez se reúnem para proteger a cidade.

87min – 2007 – EUA

 

Dirigido por Kevin Munroe. Com as vozes de James Arnold Taylor, Nolan North, Mikey Kelley, Mitchell Whitfield, Patrick Stewart, Kevin Smith, Ziyi Zhang, Sarah Michelle Gellar, Chris Evans, Laurence Fishburne, Kevin Michael Richardson e Mako.

 

O quarto longa-metragem das Tartarugas Ninja, o primeiro em animação, não ignora os longas anteriores, mas também não se relaciona diretamente com eles. Aliás, neste filme os adolescentes mutantes são reapresentados para o público. Afinal, o terceiro longa foi lançado em 1992 e a animação “As Tartarugas Ninja: O Retorno” foi lançado em 2007, quinze anos após a “turtlemania”.

Logo no início, percebemos que este filme é uma “vida nova” para nossas Tartarugas. Nova logo, mais moderna e sóbria, novo design, bonito e estiloso, e uma nova aventura, mais mirabolante e grandiosa. Na cena de abertura nossos heróis lutam e treinam, enquanto se deslocam como uma unidade pelos terraços dos prédios de Nova Iorque. Neste momento temos uma recapitulação na forma de uma narração em off da história do grupo. Na sequência somos levados ao passado com imagens em tons de sépia e a narração em off nos apresenta a nova ameaça, nascida a três mil anos atrás. Um guerreiro com o nome de Yaotl e seus quatro generais descobriram a fonte de um grande poder, que transforma Yaotl em um ser imortal e seus quatro generais em pedra.

Depois dessa reapresentação vamos direto para a América Central onde um vilarejo passa por dificuldades e o “fantasma da selva” os salva. April O’Neil (que de jornalista passou a ser… o quê mesmo?) chega na vila e adentra a selva atrás desse espírito. Ela, é claro, encontra problemas e é salva por Leonardo, o “fantasma” Dessa forma, somos apresentados a Leo, com direito a uma legenda. Numa conversa entre os dois no entorno de uma fogueira, somos apresentados às demais Tartarugas e suas atividades atuais que combinam, é claro, com a personalidade de cada um. Vale ressaltar que todos nossos heróis também vêm acompanhados de suas respectivas legendas. É de fato uma apresentação das Tartarugas para uma nova geração. Na conversa percebemos também que Donatello, Raphael e Michelangelo ficaram perdidos sem a orientação de seu líder Leonardo, que se recusa a retornar para casa já que acredita ter falhado em seu treinamento na América Central.

Depois somos apresentados a Max Winters, a aparente ameaça, que pretende reunir os 13 monstros libertos no portal que Yaotl criou no passado. Então, ainda sem saber dos planos malignos, Leo retorna e tenta reassumir a posição de liderança do grupo e colocá-lo em forma. Nitidamente, o grupo não está unido e não se comporta como uma unidade: em sua primeira noite de treinamento ninguém respeita os comandos de Leonardo e quando enfrentam o monstro macaco tomam uma surra.

Os 13 monstros, além de ter um belo design, são poderosos e rendem boas sequências de ação,  como a luta entre Nightwatcher (Raphael) e o mostro diabinho. Detalhe para a trilha rock`n`roll durante a cena que elegantemente se cessa durante os períodos de pausa da batalha. A cena de captura das 13 criaturas também é interessante. Nela vemos toda a captura do primeiro monstro, os planos são mais abertos, já para os monstros seguintes, os planos vão se fechando e diminuindo o tempo de duração, onde vemos etapas da captura, e então no fim temos apenas os monstros sendo colocados nas jaulas. No final, um movimento de câmera para o alto nos revela que faltam apenas três monstros.  O único ponto negativo dos monstros é que são mal explorados pela trama. Após o primeiro combate, temos a cena de captura e assim já são 9 seres capturados. Os monstros na verdade são como “relíquias” que devem ser coletadas e não causam maiores estragos. Também é um pouco difícil de acreditar que 13 monstros ficariam a solta em Nova Iorque sem que a população e as autoridades percebessem.

Os personagens poderiam ser melhor trabalhados, enquanto a relação entre Raphael e Leonardo é bem explorada e rende bons momentos, como a luta no terraço entre os dois e o momento em que Rapha dá novas espadas ao irmão, após ter destruído as antigas. Alguns personagens me parecem abandonados. Michaelangelo e Donatello ficam apenas como alívios cômicos, April faz todas as ações necessárias para que a trama caminhe adiante e Casey Jones sempre se provando um personagem interessante é basicamente um coadjuvante de luxo sem importantes participações na trama. Aliás, no inicio a trama sugere problemas de relacionamento entre ele e April, o que depois é simplesmente ignorado. O roteiro, que nos revela tudo logo no início, guarda uma reviravolta para o terceiro ato, que nos presenteia com uma boa cena de luta das Tartarugas Ninja com direito a uma frase de efeito de Mestre Splinter: “- Eles podem enfrentá-lo, eles são um!”.

13 monstros, um general imortal e estátuas de pedras malignas resumem a trama dessa grandiosa aventura. Tudo isso enquanto os quatros irmão se “reacostumam” uns com os outros e retomam a antiga vida de vigilantes de uma Nova Iorque sombria e chuvosa. Um longa que mostra os personagens de maneira mais adulta, apostando em estilo e na qualidade gráfica com uma animação fluida e convincente. Essa aventura exagerada e um pouco mal construída é o quarto longa-metragem de nossos heróis, que pode não ter sido tão bom quanto o primeiro, mas é uma divertida maneira de matar a saudade das Tartarugas Ninja.

Nota do Sunça: nota3_suncanocinema_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas III (1993)

As Tartarugas Ninjas 3 (1992)

Um cetro mágico comprado pela jornalista April O’Neill (Paige Turco) acidentalmente a transporta a para o Japão do século XVII. As Tartarugas Ninja também viajam no tempo, no intuito de salvá-la, mas Michelangelo (David Fraser) se perde do grupo. Para reencontrá-lo e salvar April, Donatello (Jim Raposa), Raphael (Matt Hill) e Leonardo (Mark Caso) precisam ajudar uma vila a enfrentar o malvado Lorde Norinaga (Sab Shimone).

96min – 1993 – EUA

Dirigido por Stuart Gillard com Elias Koteas, Stuart Wilson, Paige Turco, Vivian Wu e Sab Shimono. Roteiro Stuart Gillard e Peter Laird

 

O terceiro e último longa-metragem live action das Tartarugas Ninjas dá continuidade às histórias vistas nos dois filmes anteriores. Se a segunda aventura dos adolescentes mutantes parece um longa caça níquel querendo ganhar alguns trocados com o sucesso do filme anterior, aqui isso é uma certeza. Na falta de uma boa história para contar, o terceiro filme da série envia os nossos heróis ao Japão Feudal de maneira besta e simplória.

A nova aventura começa em 1603 no Japão Feudal, o grande sol vermelho japonês marca vultos que cavalgam. Um plano lateral, ainda em tons de vermelho, nos revela uma praia onde os vultos cavalgam e percebemos que na verdade se trata de uma perseguição. A ação continua em uma floresta onde Kenshin, o perseguido, é encurralado. Quando saca sua espada temos um corte para a passagem de um metrô em Nova Iorque.

No esconderijo das Tartarugas, o mesmo encontrado no longa anterior, os ninjas mutantes praticam artes marciais numa mistura de dança e treino. Logo de “cara” nota-se que o design das Tartarugas está pior, sem o apoio da empresa de Jim Henson as “roupas” emborrachadas utilizadas nessa aventura ficaram bem abaixo do padrão dos filmes anteriores. Outra mudança é o visual de April O’Neil, mesma atriz do longa passado mas com penteado diferente (semelhante ao desenho animado).

April chega à morada de nossos heróis e traz presentes para todos eles. Assim que retira da sacola o presente do Mestre Splinter, que segundo ela é uma antiguidade japonesa que serve para marcar o tempo de cozimento de ovos, a trilha muda e fica mais sinistra. Enquanto isso no Japão do século XVII após confrontar seu pai o Lord Norinaga, Kenshin lê um manuscrito antigo com desenhos de seres iguais as Tartarugas Ninjas e na sequência encontra uma lanterna igual a que April leva de presente para Splinter. April segura a lanterna no presente, Kenshin no passado, e então as lanternas soltam raios e eles trocam de lugar. “Parece que o cedro tem poderes mágicos!” diz Splinter. Após essa sábia constatação, nossos heróis resolvem que têm que voltar ao passado para resgatar April. E quando voltam, é claro, arrumam altas confusões.

Casey Jones retorna! Mas é terrivelmente desperdiçado no longa. Ele é chamado para ficar de babá de Kenshin e Mestre Splinter, enquanto as Tartarugas voltam para o passado. Mesmo ficando de lado da aventura, Jones é o responsável pelas melhores cenas do filme. Ele derrota guerreiros feudais com um controle remoto e chega até a jogar hockey com eles. Para suprir a falta de Casey no passado, Elias Koteas (intérprete de Jones), também interpreta um personagem no passado, o Whit. O personagem é bem menos carismático que Casey Jones, mas ainda assim importante para a trama.

Quando voltam para o passado as Tartarugas se encontram no meio de uma batalha. E rapidamente podemos perceber que o tom caricato e de paródia permanece durante todo o longa. A singela homenagem a Clint Eastwood e aos duelos de faroeste é um bom exemplo. As cenas de luta porém relembram o primeiro filme, onde assumem um tom caricato, mas sem se esquecer de que são baseadas em artes marciais. Mas nesta aventura são bem mais escassas.

As relações entre os personagens são forçadas, enquanto April “entrosa” com Whit, as Tartarugas “entrosam” com os moradores da vila rebelde. Os relacionamentos são tão mal formulados que Michaelangelo salva o garoto Yoshi de um incêndio, Leonardo faz respiração boca-a-boca e reanima o menino que acaba melhor amigo de Raphael. E se nos longas anteriores algumas cenas eram bem planejadas e marcantes, nesse o destaque fica para cortes bestas como o de um camundongo no passado para o Mestre Splinter no futuro e de Mitsu presa em uma gaiola para o fraco vilão do longa Walker que brinca com seus pássaros presos em uma gaiola. A dublagem continua com suas pérolas, “Virou homem?”, “Tô dodói!”, “Parece até amarelinha” e “Tá na hora de mimi” são algumas das frases que nos fazem rir.

Sem um vilão de peso, com diversos problemas no roteiro e bem menos cenas de luta, As Tartarugas Ninjas III é um filme bem inferior a seus antecessores e se comprova um filme desnecessário para a franquia. Tão desnecessário quanto diversas sequências do longa: em determinado momento as Tartarugas planejam construir um novo cedro (já que o cedro orginal está em mãos erradas), e quando o novo cedro fica pronto elas simplesmente o quebram e param de falar no assunto. Uma viagem das Tartarugas Ninjas para o Japão Feudal poderia ter sido mais bem aproveitada.

 

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas3_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Ooze (1991)

As Tartarugas Ninjas II - O Segredo de Ooze (1991)

[one_half_last]As Tartarugas Ninja estão procurando um novo lugar para morar nos esgotos de Nova York, quando encontram integrantes do clã Foot, liderado por Destruidor (François Chou). É quando eles descobrem o Ooze, a substância que transformou as próprias Tartarugas Ninja. Destruidor usa este material para criar dois novos capangas, Tokka (Kurt Bryant) e Rahzar (Mark Ginther), e os envia para provocar destruições na cidade. Com a ajuda da jornalista April O’Neill (Paige Turco), do professor Jordan Perry (David Warner) e do entregador de pizza Keno (Ernie Reyes Jr.), as Tartarugas Ninja precisam detê-los.

88min – 1991 – EUA[/one_half_last]

Dirigido por Michael Pressman com Paige Turco, David Warner, François Chau e Vanilla Ice. Roteiro Peter Laird

Antes do início de As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Oooze vemos por escrito “In Memory of Jim Henson”. Ao ler essa frase fui tomado por um sentimento de tristeza e dúvida, tristeza porque a oficina de Jim foi responsável pelas ótimas roupas de borracha e cabeças animatrônicas do primeiro longa das Tartarugas. Foi um trabalho muito competente que sem dúvida agregou muito valor ao longa original. A dúvida veio do que esperar das novas “roupas” de nossos heróis.

O segundo longa de nossos adolescentes mutantes, como no original, começa com um plano geral de Nova Iorque e um movimento de camêra vai se aproximando da cidade. À primeira vista NY está mais movimentada, mais realista do que no primeiro filme. Se no momento inicial temos a impressão de um filme mais realista essa sensação só perdura nos minutos iniciais já que assim que podemos ver os habitantes nova-iorquinos percebemos que dessa vez o filme vai ser bem mais caricato. Todos, ou quase todos, habitantes nas cenas iniciais estão comendo pizza, detalhe para os policiais escoltando um preso algemado porém, comendo pizza.

Somos apresentados a um novo cenário, Roy’s Pizza, e a um novo personagem, Keno, um entregador de pizza. Ao ouvir a frase: “Mais uma pizza para senhorita O’Neil!” somos informados de que as Tartarugas estão com April. O longa não perde tempo em nos mostrar as habilidades de Keno, um exímio lutador que ao encontrar com um bando de assaltantes rapidamente os nocauteia. Porém, é claro, vários outros bandidos aparecem e as Tartarugas Ninjas acompanhadas de sua logo surgem e salvam o novo personagem.

Na luta inicial já percebemos uma grande mudança em relação ao primeiro longa, a luta é bem mais caricata. As cenas de luta focam no humor, parecem uma paródia perdem o foco em artes marciais e se assemelham a brincadeiras, momentos como Michaelangelo derrubando bandidos com ioiô, Donatello fingindo ser um joão bobo, Michaelangelo usando salsichas como armas e o surf de Donatello na cadeira demonstram bem o tom das cenas de luta.

A impressão inicial de que as Tartarugas estão vivendo com April se confirma, April O’Neil (Dessa vez uma nova atriz e bem mais gatinha!) arruma seu apartamento bagunçado pelos adolescentes. Percebemos então que esse filme se passa logo após o primeiro, ele dá continuidade à história do longa original logo, nossos heróis estão sem moradia. Mestre Splinter continua sábio e ponderado. Enquanto compartilha com seus amigos o resultado de sua meditação temos um link direto com a ameaça que os aguarda. A frase de Splinter “Deixem o destruidor enterrado!” nos leva diretamente para um travelling pelo lixão e em meio ao lixo surge a mão do Destruidor.

A origem das Tartarugas é um foco importante desse novo filme, Mestre Splinter assiste a entrevista que April fez com o Professor Jordan Perry, tem uma revelação e entende o segredo de Ooze. Sim! Simples assim e sem mais problemas. O conflito do longa gira em torno do Ooze, que como era de se esperar cai em mãos erradas. Se o roteiro do primeiro longa era simples e previsível o do segundo é ainda mais. Podemos resumir toda a trama do longa assim: Destruidor volta e quer vingança, novos monstros, novos desafios e muitas lutas em mais uma aventura das Tartarugas Ninjas. Keno, que é um personagem bem apresentado no início do longa, é na verdade uma solução de roteiro, sempre que precisam de alguém para realizar alguma ação é ele quem a executa, nos demais momentos ele apenas desaparece. Uma pena, um entregador de pizza lutador de artes marciais me parece um bom personagem para interagir com nossos ninjas. Falando em bons personagens, o filme perde um dos pontos fortes do anterior, Casey Jones não retorna.

Se o roteiro é um amarrado de sequências que nos levam a cenas de luta,  não é de todo ruim por nos proporcionar momentos como Michaelangelo descobrindo o sensacional novo esconderijo por acidente; Tokka e Rahzar reconhecendo o Destruidor como a mamãe deles (Melhor cena do filme); e os arrotos salvadores (Melhor sequência do filme). A dublagem do filme é um show a parte, “Tá na hora de papá!”, “Não enquanto eu tiver isso!” e “É muito mau caráter mesmo!” nos alegram e nos fazem rir durante todo o filme. E a minha preocupação inicial com os efeitos animatrônicos das Tartarugas, logo foi amenizada uma vez que eles melhoraram bastante.

Um filme que foca no humor, beirando o besteirol, com cenas de lutas divertidas e engraçadas, repleto de danças, sequências que parecem retiradas de um dos episódios do desenho animado e soluções de roteiro preguiçosas e bestas. Vale destacar o Ritual da Rosquinha, e uma resolução final fraca, afinal o Destruidor sobrevivi o terrível final do primeiro filme e no final desse longa após se tornar o Destruidor 2.0 é facilmente derrotado.

E para acabar com esse texto nada melhor do que utilizar uma frase de nosso querido Mestre Splinter (Não, não é o fadástico cowabunga):

“- Da-lhe Ninja, da-lhe ninja, da-lhe! Gostei desse tal rap dos ninjas!”

So que não!

 

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas2_fantasticomundodesunca

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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas (1990)

As Tartarugas Ninjas (1990)

Depois de ser atacada por trombadinhas, a repórter April O’Neil (Judith Hoag) é salva por tartarugas mutantes, que passaram a se dedicar a combater o crime desde que foram contaminadas por uma substância radioativa nos esgotos de Nova York e se tornarem guerreiros após serem treinados pelo mestre Splinter. Aliadas a Casey Jones (Elias Koteas), elas combatem a organização Foot, que lança uma onda de crimes na cidade sob o comando do perigoso Demolidor.

93min – 1990 – EUA

Dirigido por Steve Barron, roteirizado por Todd W. Langen e Bobby Herbeck (Baseado nos personagens de Kevin Eastman e Peter Laird). Com Judith Hoag, Elias Koteas, Josh Pais, David Forman, Brian Tochi, Leif Tilden, Corey Feldman, Michelan Sisti, Robbie Rist, Kevin Clash, James Saito, David McCharen, Toshishiro Obata, Michael McConnohie e Michael Turney.

Texto atualizado em 01 de setembro de 2020

As Tartarugas Ninja são um fenômeno. Durante a minha infância, nos anos noventa, a fama dos ninjas era tamanha que ficou conhecida como turtlemania. Minha merendeira e pasta escolar, que usei durante todo o colégio, eram estampadas pelo grupo. Passei dias no super nintendo jogando “Turtles in Time” e até hoje leio e acompanho esses adolescentes nos gibis.  Criadas por Peter Laird e Kevin Eastman na década de oitenta, as Tartarugas originadas dos quadrinhos ganharam games, séries de tv (tanto animadas quanto em live action), e até três longas-metragens super divertidos produzidos no início da década de noventa.  Em 2014 o grupo sofreu um reboot nas telonas, que ainda rendeu uma continuação em 2016. E é com o longa do diretor Steve Barron e roteirizado por Todd W. Langen e Bobby Herbeck que o grupo estreou nas telas de cinema. Neste primeiro filme o bom humor é marcante e se repete em suas sequências.

Ao rever a obra é impossível evitar a nostalgia, afinal, cresci com Leonardo, Raphael, Michaelangelo, Donatello e Mestre Splinter.  É claro que assisti ao filme com a dublagem original da minha época. Ok! Também não gosto de filmes dublados, muito das atuações e um pouco do sentido original são perdidos na tradução. Mas certos filmes que nos marcam na infância, devem sim, ser vistos da mesma maneira que nos impactaram anos atrás. 

Um plano geral da cidade Nova Iorque marca o início do filme. Quando os quadros se aproximam das ruas e dos cidadãos nova-iorquinos, introduz os altos índices de criminalidade da cidade. Vemos em um aparelho de TV, uma reportagem de April O’Neil (Judith Hoag) sobre a onda de assaltos que a cidade está sofrendo. E se ainda não ficou qual a ameaça do filme, a sequência seguinte é o roubo de uma carteira, que passa pela mão de vários adolescentes até parar nas mãos do Destruidor (James Saito). Pronto! Problema principal apresentado. Depois de mostrar a “Onda do crime silêncioso”, a obra nos convida a conhecer seus protagonistas. April O’Neil sai do trabalho à noite e é surpreendida por assaltantes. A jornalista é salva pelas Tartarugas Ninjas que entram derrotam os bandidos e saem sem serem vistos. Raphael dá um deslize e deixa um de seus sais para trás, único registro da presença dos ninjas em cena. Em um tour pelos esgotos o filme registra nossos heróis Leonardo (Brian Tochi / Voz), Raphael (Josh Pais / Voz), Michaelangelo (Robbie Ris / Voz) e Donatello (Corey Feldman / Voz)  acompanhados de sua logo. As Tartarugas sempre empolgadas e felizes, com exceção de Raphael, retornam ao esconderijo onde encontramos o sábio Mestre Splinter (Kevin Clash / Voz). A história lembra os quadrinhos iniciais que eram um pouco mais adultos e sanguinários, mas sem perder o tom de aventura descompromissada e a inventividade. É um filme infantil, logo o texto troca o sangue pelo bom humor e vários elementos da série animada, como por exemplo: o amor as pizzas. 

A trama não se leva a sério e nos proporciona momentos divertidos como o primeiro encontro de KZ Jones (Elias Koteas) com Raphael, que acaba com um personagem jogado de cabeça para baixo no lixo. Ou então April na estação de metrô sozinha em uma cena com plano fechado e imediatamente no plano aberto seguinte diversos ninjas a cercam. Em momentos específicos e bem escolhidos temos cenas elaboradas e marcantes. O travelling de uma câmera tremida em torno de Raphael culminando em um grito nervoso é um bom exemplo. Na apresentação do Destruidor, sua sombra imponente e ameaçadora preenche toda a tela e depois no plano seguinte um movimento de câmera de baixo para cima nos revela o rosto mascarado desse poderoso vilão. Mas, é um roteiro é simples e previsível com sequências aleatórias. Quando estão refugiados na fazenda a narrativa do filme se modifica e April passa a descrever os acontecimentos em seu diário que apenas surge neste momento. Seu relacionamento com KZ é forçado e toda a sequência do Raphael machucado se recuperando em uma banheira com água. Não é exatamente um momento grandioso. Mas causa boas risadas, o que creio ter sido o objetivo. O bom humor reina no filme e nos faz rir com funerais de pizza, porradas com taco de golfe e adolescentes bêbados de Pepsi, fumantes jogando fliperama. Algumas soluções interessantes acontecem nas cenas de flashback, no início luz se “apaga” e no fim se “acende” lembrando recursos do teatro. Elas acontecem em um fundo preto sem cenário, o que parece ter como objetivo economizar, mas combina com o tom caricato do filme. 

São várias as semelhanças com os quadrinhos e com a série de desenho animado. Os cenários remetem às hqs e as animações das Tartarugas Mutantes. As lutas em geral possuem um tom caricato, mas sem se esquecer de que são baseadas em artes marciais, ainda que bastante estilizadas. O embate final lembra bastante a série animada e em alguns momentos até parece um game de RPG por turno. Com direito a uma troca de ideia entre nossos heróis enquanto o Destruidor aguarda tranquilamente o reinício da luta. No final Spliter mostra porque é o mestre e KZ Jones encerra o assunto. 

O longa é um passeio pela infância, um divertido entretenimento que faz jus às hqs e a série animada. Ao assistir fica claro porque a turtlemania tomou conta dos anos noventa, um filme para adultos e crianças. E não existe outra forma de me despedir, senão com um sonoro:

– COWABUNGA!

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas_fantasticomundodesunca

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