Sunça no Streaming – Last Days of American Crime – Netflix (2020)

Em The Last Days of American Crime, num futuro não muito distante da realidade, o governo dos EUA inventa a transmissão de um sinal que impossibilita a prática de atos ilegais. Pensando nisso, um grande assalto é planejado por um ladrão de bancos antes desse novo sistema entrar em ação.

148 min – 2020 – EUA

Dirigido por Olivier Megaton. Roteirizado por Karl Gajdusek (baseado em graphic novel de Rick Remender e Greg Tocchini). Com Édgar Ramírez, Anna Brewster, Michael Pitt, Sharlto Copley, Sean Cameron Michael, Alonso Grandio, Daniel Fox, Robert Hobbs.

“Last Days of American Crime” se passa em um futuro distópico, no qual os EUA está prestes a ativar uma nova tecnologia de controle da criminalidade. Utilizando um dispositivo capaz de emitir um sinal que controla as ondas cerebrais de seus cidadãos o país pretende acabar com a corrupção, violência e o crime. O sinal impede as pessoas de agir quando estão prestes a executar ações, nas quais elas têm consciência de ser contra a lei. É neste contexto que  Graham Bricke (Edgar Ramírez) aceita fazer um último grande assalto. Essa é a premissa do novo longa da Netflix, que apesar de exigir uma grande suspensão de descrença, é sim interessante e promissora. Mas o que parece ser instigante, cativante e inovador para por aqui. Acompanhamos uma trama preguiçosa, sem imaginação e maçante. São duas horas e meia de projeção que não passam despercebidas. Nelas o enredo se dedica a interessante premissa inicial durante apenas quarenta minutos (Talvez menos). 

Na obra o irmão de Bricke morre de forma injusta. Como não temos tempo de conhecê-lo ou ver sua relação com o protagonista, pouco nos importa. Mas ainda assim ele resolve vinga-lo. Bricke se envolve romanticamente com Shelby Dupree (Anna Brewster) uma hacker (mágica) cheia de segredinhos. O noivo dela, Kevin Cash (Michael Pitt), é quem o recruta para o assalto. Kevin é também filho de um grande chefe do crime que está atrás da cabeça de Bricke. O roteiro reúne o máximo de elementos e situações de longas de ação. É inchado e cheio de sequências desnecessárias e confusas. 

Graham apanha, leva tiros, participa de perseguições automotivas, é queimado vivo, transa e assalta sempre com a mesma expressão de tédio. Edgar Ramírez parece completamente desinteressado com o filme (Sentimento com a qual me identifiquei). Shelby Dupree é a mulher objeto do longa, cheia de clichês em sua sensualização e em suas motivações. O que impressiona é o fato de Anna Brewster conseguir mostrar personalidade com o pouco que a obra lhe oferece. Seu noivo, Kevin Cash, é um louco com ações incoerentes e o retrato de uma atuação exagerada e caricata. A sequência no escritório do pai de Kevin em que a família “lava a roupa suja” merece destaque por ser uma das piores que eu já assisti. Um momento que têm a intenção de ser dramático, uma cena ação e tensão. Mas que o resultado final é uma mistura de comédia pastelão com vergonha alheia. É um show de interpretações exageradas e movimentos de câmera mal planejados.                

O Diretor Olivier Megaton, que também dirigiu “Busca Implacável 2” e “Busca Implacável 3”, não têm controle do elenco e nem de seus enquadramentos, planos e sequências. São cenas de ação monótonas, desinteressantes e mal planejadas. O roteiro de Karl Gajdusek é um festival de subtramas que só servem para aumentar o tempo de duração da obra.  Um bom exemplo é o personagem sem nome de Sharlto Copley, que ganha um grande destaque ao longo do filme e que não exerce função narrativa. É completamente descartável.

“Last Days of American Crime” é um festival de diálogos expositivos, atuações artificiais e sequências de ação extensas, desinteressantes e monótonas. 

Nota do Sunça:

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Sunça no Cinema – Internet: O filme (2017)

A realização de uma convenção de youtubers em um hotel atrai influenciadores de todo tipo e, é claro, seus fãs. A estrela maior do evento é Uesley (Gusta Stockler), um arrogante youtuber que destrata todos à sua volta e apenas se importa com a própria popularidade. Ao publicar em seu canal o flagra do beijo entre Mateus (Felipe Castanhari) e Natalia (Pathy dos Reis), Uesley sem querer impulsiona a popularidade da dupla, que passa a conquistar fãs como casal e, consequentemente, ofuscá-lo. Paralelamente, três amigos fazem uma aposta para que Vepê (Teddy) seduza Barbarinha (Polly Marinho), em troca de uma passagem para Los Angeles, e duas amigas, Malu (Thaynara OG) e Fabi (Gabi Lopes), chegam ao hotel sem saber que o local será palco de uma convenção de youtubers. Há ainda Cesinha Passos (Rafinha Bastos), que precisa aprender a lidar com a má fama que possui ao mesmo tempo em que convive com Adalgamir (Paulinho Serra), um fã que passa a trabalhar com ele, e também Paulinho (Rafael Cellbit), especialista em Street Fighter que se fantasia como youtuber e agora sofre a ameaça de ser desmascarado.

96 min – 2017 – Brasil

Dirigido por Filippo Capuzzi Lapietra, roteirizado por Rafinha Bastos. Com Gusta Stockler, Teddy, Rafinha Bastos, Felipe Castanhari, Pathy dos Reis, Cauê Moura, Julio Cocielo, Thaynara OG, Rafael Cellbit, Mr. Poladoful, Mauro Nakada, Igão Underground, Gabi Lopes, Paulinho Serra, Polly Marinho, Mr. Catra, Victor Meyniel e Micheli Machado.

O youtube vêm se consagrando como a “nova televisão”. Muitos jovens já não acompanham a tv aberta e os canais a cabo, dedicam seu tempo cada vez mais a vloggers e bloggers. E, é claro que o cinema não iria perder a chance de fazer dinheiro em cima dos milhões de inscritos nos canais dessas webcelebridades. O que não é um problema, desde que o produto final seja bem produzido e que almeje algo mais do que apenas o sucesso financeiro. Mas as tentativas recentes nos mostram que o objetivo é mesmo ganhar em cima da popularidade já conquistada por esses youtubers. Os fracos “É Fada” e “Eu fico Loko” são bons exemplos da tendência atual do mercado, até mesmo o bom “Contrato Vitalício” acaba depondo contra as tentativas de “levar o youtube” para a telona.

Em “Internet: O filme” a proposta é justamente tirar proveito de alguns famosos do Youtube. O objetivo é claro, lotar os cinemas de fãs. Uma pena que para isso não se preocupe com o produto que está entregando. A cena inicial mostra isso, é um plano sequência que nos mostra todos os personagens. Na verdade o que ela diz é: “Dá só uma olhada no tanto de webcelebridades que está nesse filme, não vai perder né?”. E a partir daí o que acompanhamos é uma série de quadros sem nenhuma conexão mas que se passam no mesmo evento. Não existe uma trama guia, nem a tentativa de nos contar uma história. São amigos que apostam quem vai pegar a gordinha, um cãozinho deprimido, duas amigas que aparecem por lá, um casal queridinho, um sequestro e Rafinha Bastos se auto-intitulando de cuzão. (Mais ou menos uma centena de vezes.) Para muitos os youtubers não têm um propósito, só querem ser conhecidos e obter a fama (E dinheiro). O que me parece bastante injusto afirmar desses produtores de conteúdo, mas bem razoável para descrever esse filme.   

Então, o longa de Fillippo Lapietra têm uma estrutura simples.  São planos fechados, cenários no estilo “A praça é nossa” e “Zorra total”, uma edição ágil focada nas piadas rápidas e com a intervenção de títulos, vídeos e memes. Lembrando bastante os vídeos dos vloggers que atuam na obra. Um conhecimento prévio de quem são aqueles youtubers se faz necessário, uma vez que “Internet: O filme”, além de ridicularizar os diversos “tipos” de apresentadores do Youtube, parece estar sempre brincando com as reais personas de seus atores. O reclamão está sempre reclamando, a snapchater famosa não gosta de snapchat, o gamer mau é um “bundão” e o Rafinha Bastos nas próprias palavras: É um cuzão. O que até causa algumas risadas, mas acaba nos tirando de dentro do filme a todo instante. Estamos sempre nos perguntamos qual youtuber é aquele, ou como são mesmo os vídeos dele?

Sem narrativa, sempre na busca da piada fácil e com a excessiva utilização de memes esse é o “Internet: O filme”. Que promete ter uma vida tão curta em nossas memórias quanto os diversos vídeos que assistimos diariamente em nossos dispositivos. Vale ressaltar a ironia de em um filme, onde a internet é o foco, as melhores participações serem de Raul Gil, Palmirinha e na melhor sacada do longa o Mr. Catra.   

Nota do Sunça:


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Sunça no cinema — As Tartarugas Ninjas III (1993)

As Tartarugas Ninjas 3 (1992)

Um cetro mágico comprado pela jornalista April O’Neill (Paige Turco) acidentalmente a transporta a para o Japão do século XVII. As Tartarugas Ninja também viajam no tempo, no intuito de salvá-la, mas Michelangelo (David Fraser) se perde do grupo. Para reencontrá-lo e salvar April, Donatello (Jim Raposa), Raphael (Matt Hill) e Leonardo (Mark Caso) precisam ajudar uma vila a enfrentar o malvado Lorde Norinaga (Sab Shimone).

96min – 1993 – EUA

Dirigido por Stuart Gillard com Elias Koteas, Stuart Wilson, Paige Turco, Vivian Wu e Sab Shimono. Roteiro Stuart Gillard e Peter Laird

 

O terceiro e último longa-metragem live action das Tartarugas Ninjas dá continuidade às histórias vistas nos dois filmes anteriores. Se a segunda aventura dos adolescentes mutantes parece um longa caça níquel querendo ganhar alguns trocados com o sucesso do filme anterior, aqui isso é uma certeza. Na falta de uma boa história para contar, o terceiro filme da série envia os nossos heróis ao Japão Feudal de maneira besta e simplória.

A nova aventura começa em 1603 no Japão Feudal, o grande sol vermelho japonês marca vultos que cavalgam. Um plano lateral, ainda em tons de vermelho, nos revela uma praia onde os vultos cavalgam e percebemos que na verdade se trata de uma perseguição. A ação continua em uma floresta onde Kenshin, o perseguido, é encurralado. Quando saca sua espada temos um corte para a passagem de um metrô em Nova Iorque.

No esconderijo das Tartarugas, o mesmo encontrado no longa anterior, os ninjas mutantes praticam artes marciais numa mistura de dança e treino. Logo de “cara” nota-se que o design das Tartarugas está pior, sem o apoio da empresa de Jim Henson as “roupas” emborrachadas utilizadas nessa aventura ficaram bem abaixo do padrão dos filmes anteriores. Outra mudança é o visual de April O’Neil, mesma atriz do longa passado mas com penteado diferente (semelhante ao desenho animado).

April chega à morada de nossos heróis e traz presentes para todos eles. Assim que retira da sacola o presente do Mestre Splinter, que segundo ela é uma antiguidade japonesa que serve para marcar o tempo de cozimento de ovos, a trilha muda e fica mais sinistra. Enquanto isso no Japão do século XVII após confrontar seu pai o Lord Norinaga, Kenshin lê um manuscrito antigo com desenhos de seres iguais as Tartarugas Ninjas e na sequência encontra uma lanterna igual a que April leva de presente para Splinter. April segura a lanterna no presente, Kenshin no passado, e então as lanternas soltam raios e eles trocam de lugar. “Parece que o cedro tem poderes mágicos!” diz Splinter. Após essa sábia constatação, nossos heróis resolvem que têm que voltar ao passado para resgatar April. E quando voltam, é claro, arrumam altas confusões.

Casey Jones retorna! Mas é terrivelmente desperdiçado no longa. Ele é chamado para ficar de babá de Kenshin e Mestre Splinter, enquanto as Tartarugas voltam para o passado. Mesmo ficando de lado da aventura, Jones é o responsável pelas melhores cenas do filme. Ele derrota guerreiros feudais com um controle remoto e chega até a jogar hockey com eles. Para suprir a falta de Casey no passado, Elias Koteas (intérprete de Jones), também interpreta um personagem no passado, o Whit. O personagem é bem menos carismático que Casey Jones, mas ainda assim importante para a trama.

Quando voltam para o passado as Tartarugas se encontram no meio de uma batalha. E rapidamente podemos perceber que o tom caricato e de paródia permanece durante todo o longa. A singela homenagem a Clint Eastwood e aos duelos de faroeste é um bom exemplo. As cenas de luta porém relembram o primeiro filme, onde assumem um tom caricato, mas sem se esquecer de que são baseadas em artes marciais. Mas nesta aventura são bem mais escassas.

As relações entre os personagens são forçadas, enquanto April “entrosa” com Whit, as Tartarugas “entrosam” com os moradores da vila rebelde. Os relacionamentos são tão mal formulados que Michaelangelo salva o garoto Yoshi de um incêndio, Leonardo faz respiração boca-a-boca e reanima o menino que acaba melhor amigo de Raphael. E se nos longas anteriores algumas cenas eram bem planejadas e marcantes, nesse o destaque fica para cortes bestas como o de um camundongo no passado para o Mestre Splinter no futuro e de Mitsu presa em uma gaiola para o fraco vilão do longa Walker que brinca com seus pássaros presos em uma gaiola. A dublagem continua com suas pérolas, “Virou homem?”, “Tô dodói!”, “Parece até amarelinha” e “Tá na hora de mimi” são algumas das frases que nos fazem rir.

Sem um vilão de peso, com diversos problemas no roteiro e bem menos cenas de luta, As Tartarugas Ninjas III é um filme bem inferior a seus antecessores e se comprova um filme desnecessário para a franquia. Tão desnecessário quanto diversas sequências do longa: em determinado momento as Tartarugas planejam construir um novo cedro (já que o cedro orginal está em mãos erradas), e quando o novo cedro fica pronto elas simplesmente o quebram e param de falar no assunto. Uma viagem das Tartarugas Ninjas para o Japão Feudal poderia ter sido mais bem aproveitada.

 

Nota do Sunça: nota_tartarugasninjas3_fantasticomundodesunca

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