Salve-se Quem puder #02 – Nuvens são cruéis

A vida é injusta, covarde e cruel.

O ser humano é um pequeno gafanhoto que vaga perdido, completamente inábil nessa titica conhecida como mundo. E uma das maiores crueldades da vida, são as nuvens.

Aquelas magníficas formações suspensas na atmosfera brincam de simular figuras inusitadas com seus corpos vaporosos, para chamar a atenção de crianças e entreter casais apaixonados. O que não percebemos é que na verdade são um atestado de que a vida está é de brinks e tirando sarro de nossas fuças primatas. Essas formações mimadas, prepotentes e exibicionistas, ludibriam as mentes obtusas dos humanos comuns trazendo tranquilidade e paz enquanto na verdade apenas apontam como somos incompetentes e como no mundo a zoeira não têm limites. Isso porque as nuvens são formadas por partículas de gelo e/ou água.

Marty Mcfly e Doc. Brown estavam errados, em 2015 carros ainda não voam. Porém desde que o mundo é mundo temos gelo/água voando pelos céus, nos distraindo com suas formas excepcionais enquanto cornetam nossa incapacidade de voar. Quando criança adorava olhar para as nuvens e procurar desenhos e formas, mas hoje em dia, apenas me sinto enojado e humilhado por sua demonstração de superioridade e por ser mais uma porrada que a paranóia humana (que conhecemos como vida) nos dá.

Como se não bastasse, dependendo de sua constituição, elas podem chegar a uma tonelada.  Vale lembrar que o corpo humano têm 65% de água, pesa muito menos que uma tonelada e ainda assim a última vez em que vi um bípede da ordem dos primatas voar foi em um longa da Disney. (Muito foda por sinal) Nós (os humanos) somos fascinados pela ideia de voar, ela nós acompanha desde nossos primórdios, até conseguimos construir uma máquina voadora, que curiosamente é extremamente mais pesada que qualquer homem e/ou mulher e sem água em sua estrutura física. Ainda acha que a vida não é injusta e cruel?

Para o mestre e guru Douglas Adams, o homem pode sim voar. Segundo ele basta você aprender a como se jogar no chão e errar. É uma ótima teoria e uma boa técnica. Não tenho vergonha de admitir que já tentei algumas vezes, mas tudo o que consegui foi um belo olho roxo e um nariz inchado. O que justifiquei para a família e amigos como um acidente normal e cotidiano de excesso de álcool. O que soa extremamente plausível uma vez que ingerir colossais quantidades de álcool é um ato estimado por nossa sociedade, e até mesmo um belo e prazeroso rito de passagem. (Executado semanalmente, obrigatoriamente, de quinta-feira a domingo. Os demais dias são opcionais.) Confesso que já considerei executar a técnica “pense uma coisa bem boa, que assim você voa” mas sempre que cogito saltar de lugares extremamente altos a melhor coisa que passa pela minha cabeça é o desejo de um óbito ágil e indolor.  

Então sigo minha vida. Tomo mais essa porrada e me levanto, porque como aprendi com o mestre Balboa o importante é quantos golpes você aguenta levar e continuar em frente. E sigo, andando, caminhando, trotando e/ou correndo por esse mundo onde água/gelo voa. (Puta vida injusta meu!)

Bjundas


Ministério do sarcasmo adverte:

Acreditar e/ou levar a sério informações desse texto é um atestado de bestialidade.


Sunça é cartunista e escritor. 

Às vezes certo, às vezes errado, nunca com razão.


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Comentários

2 comentários a “Salve-se Quem puder #02 – Nuvens são cruéis”

  1. Avatar de Luisa
    Luisa

    Malditas nuvens!!!! A pessoa tem que ter literalmente o pé no chão.

    1. Avatar de Assumpcao
      Assumpcao

      A vida é pé no chão e a cabeça nas nuvens.

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