Sunça no Streaming – Klaus – Netflix (2019)

Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper (Jason Schwartzman) é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e no misterioso carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta de brinquedos feitos a mão.

96 min – 2019 – EUA

Dirigido por Sergio Pablos. Roteirizado por Sergio Pablos, Zach Lewis, Jim Mahoney. Com J.K. Simmons, Rashida Jones, Joan Cusack, Jason Schwartzman.

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Me recordo de assistir a um teaser visualmente impactante de Klaus em 2015. Na época o visual da animação, produzida pelo The SPA Studios, impressionou. O projeto tinha um nome forte na direção, Sergio Pablo. Sergio foi co-criador da série “Meu Malvado Favorito” e trabalhou como animador na Disney nos anos noventa. Participou de produções como “Tarzan” e “Planeta do Tesouro”. Após a queda das animações em 2d ele voltou para seu país de origem, a Espanha, e fundou o SPA Studios. O teaser de Klaus tinha como objetivo conseguir uma empresa para financiar o projeto. Dois anos depois, em 2017, a Netflix adquiriu os direitos da obra que reconta a origem do Papai Noel.

Em 2019 Klaus chegou a plataforma da Netflix, um filme natalino divertido e contagiante. Klaus resgata o espírito de grandes obras sobre o bom velhinho. Mas o longa vai além, Sergio criou o SPA Studios com o objetivo de inovar as animações tradicionais. Usando técnicas de iluminação e texturização para redefinir o visual do meio. Ele conseguiu.

Jesper (Jason Schwartzman) é um carteiro em treinamento, ele é filho do presidente dos correios, é mimado, preguiçoso e quer apenas curtir a “vida boa”. Vive usufruindo do bom e do melhor às custas de seu pai. Após receber um ultimato ele é realocado para a cidade de Smeeresnburg, uma ilha congelada e esquecida, localizada acima do Círculo Polar Ártico. Jesper têm que fazer o envio de seis mil cartas no prazo de um ano, assim re-conquistaria a confiança de seu pai e poderia voltar para a sua tão sonhada “vida boa”. Porém a vila vive em um eterno conflito entre os clãs Krum e Ellingboes, uma briga centenária que transformou a ilha em um local triste e hostil. Lá, Jesper conhece um misterioso carpinteiro, Klaus (J.K. Simmons) um ermitão que vive afastado em uma cabana com um galpão cheio de brinquedos. A amizade entre os dois somado ao trabalho e a ajuda de alguns aliados, como a professora Alva (Rashida Jones), transforma a cidade de Smeerensburg. Um elemento marcante do roteiro é poder acompanhar como a lenda do Papai Noel foi criada. A roupa vermelha, a risada marcante, o trenó e as renas, e a tradição das cartinhas. 

Os personagens de “Klaus” são caricatos, possuem ótimo design e características individuais. Suas animações ajudam elevar suas personalidades com pesos e movimentações próprias. Os cenários e paisagens são lindos e expressivos. São cores vivas que destacam o estilo cartum , o cuidado com a iluminação dá profundidade aos personagens e as cenas. Tudo de melhor que a animação tradicional oferece elevado com o uso de técnicas de iluminação e renderização do 3D aplicado aos desenhos. O resultado é maravilhoso. O visual, impressionante, faz parte da narrativa, é utilizado para ajudar a trama a caminhar. Um bom exemplo é  Smeerensburg. No início a cidade é depressiva, cinza e triste. Com inspirações vindas diretamente do expressionismo alemão. Ao decorrer da projeção, ela ganha tons alegres e cores mais vivas. A trilha sonora também chama a atenção, é sensível e triste, e festiva quanto necessário para a trama. Vale um destaque para a cena do “tráfico de cartas” ao som de “How You Like Me Now?”.    

Klaus ainda traz reflexões e discussões relevantes. A importância da amizade para o desenvolvimento pessoal e o impacto no ambiente ao seu redor. A importância da educação e a valorização da escola e dos professores. Quando a escola está funcionando e os alunos aprendendo percebemos o impacto em toda Smeerensburg. A educação e instrução ajuda a todos, o ódio e o extremismo perde espaço quando a leitura e o conhecimento passam a fazer parte do dia-a-dia da cidade. (Talvez a mensagem mais importante para nossos tempos.) O roteiro escrito pelo diretor e por Jim Mahoney e Zach Lewis ainda traz alfinetadas e questionamentos sobre o extremismo que vivemos. O ódio entre as famílias Krum e Ellingboe divide a todos entre duas facções. Um lado não dialoga com o outro, apenas conversam e se informam dentro de seus próprios “clãs”. E o que deixa tudo ainda mais lindo é que Sergio vai além das ações e diálogos de seus personagens, e traz todo esse debate também visualmente. São passagens poderosas e elegantes, momentos em que armas se transformam em cartas e uma espinha de peixe que vira árvore de natal, esses são alguns dentre vários outros momentos importantes da obra.     

Uma das melhores animações de 2019. “Klaus” apresenta um ótimo trabalho de produção com uma trilha sonora marcante, gags visuais e humor expressivo com personagens interessantes e cativantes. Uma história simples com foco na união e que traz reflexões e questionamentos relevantes. O Papai Noel ganha uma história de origem em um filme que já considero um clássico natalino. Uma obra que nos faz sentir crianças novamente, e que traz uma mensagem simples e necessária: “Um verdadeiro gesto altruísta pode sempre despertar outro.”

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Nota do Sunça:

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