Sunça no Cinema – A Mula (2018)

Um horticultor e veterano da Segunda Guerra Mundial de 90 anos é pego transportando uma quantidade de cocaína equivalente a $3 milhões de dólares para um quartel de drogas mexicano.

116 min – 2018 – EUA

Dirigidor por Clint Eastwood. Roteirizado por Nick Sehenk. Com Clint Eastwood, Dianne Wiest, Alison Eastwood, Taissa Farmiga, Bradley Cooper, Michael Pena, Laurence Fishburne, Ignacio Serricchio, Andy Garcia.

[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]

São sessenta anos fazendo filmes. Atuando em mais de setenta e dois longas como ator e uma ótima carreira de diretor que conta com quarenta obras. Após tudo isso, Clint Eastwood chega aos oitenta e nove anos estrelando, dirigindo e produzindo o que pode ser seu último longa como ator. Sou um grande fã de Eastwood, e me parece justo que sua “despedida” seja uma espécie de amálgama de sua carreira.

Earl Stone (Clint Eastwood) é um florista falido de noventa anos. É um péssimo pai e marido, que sempre valorizou sua vida social e profissional acima de tudo. No momento em que perde tudo e todos, passa a atuar como mula para um cartel mexicano. A interessante premissa, que é baseada em uma história real, recebe uma direção eficiente e elegante de Clint Eastwood. Clint apresenta um bom trabalho como o protagonista, e são nesses aspectos que se encontra o grande valor desse longa. Já que o roteiro de Nick Sehenk não fornece muito material para seus personagens.

Earl esbanja charme, é sociável e popular nos eventos onde trabalha. Mas em sua vida pessoal, tem uma relação conturbada com sua esposa e filha. O filme não esconde que essa foi uma opção de seu protagonista que sempre valorizou mais a diversão e o desfrute da vida. Porém, agora no fim de sua jornada, Earl parece se arrepender de tais opções. Clint transmite bem essa personalidade magnética que cativa até mesmo os mal-encarados criminosos do cartel para quem passa a carregar drogas. Seu personagem é também um veterano da Guerra da Coreia que sabe ser durão quando o “bicho pega”, ele não é facilmente intimidado. Apesar do esforço do filme de colocar Earl “casualmente” no tráfico de drogas, é perceptível a má índole do protagonista que sabe bem o que está fazendo para ganhar dinheiro, popularidade em sua vida social e se reaproximar de sua família. Ele não se importa de buscar o caminho mais fácil para tal e gosta quando ganha “status” dentro do cartel.

A estrutura do longa o divide em três frentes. O envolvimento do protagonista com o cartel, seu supervisor Julio (Ignacio Serricchio) e o chefão Laton (Andy Garcia). Sua reaproximação com a ex-mulher Mary (Dianne Wiest) a filha Iris (Alison Eastwood) e a neta Ginny (Taissa Farmiga) e a investigação do DEA conduzida pelo agente Colin Bates (Bradley Cooper) e agente Trevino (Michael Pena) sobre a supervisão do agente especial interpretado por Laurence Fishburne.

Em diversas sequências a obra flerta com uma crítica social e racial. Em alguns momentos de forma bem humorada quando Earl parece mostrar “resquícios” de um passado preconceituoso quando diz “sapatas” e “pretos”, mas colocando-o como alguém que hoje aceita as diferenças e as diversidades. O próprio personagem chega a dizer “Acho que nunca tive filtro de nada”. A própria premissa do longa parte de uma crítica, já que o personagem se mostra uma boa mula para o narcotráfico, justamente por ser um senhor de idade, branco, veterano de guerra viajando em sua caminhonete. O que torna controversa a opção por retratar de forma estereotipada os mexicanos da projeção, sempre os colocando como criminosos. Além de em dois momentos específicos, objetificar as mulheres. Cenas desnecessárias que não ajudam em nada o desencadear da trama.

“A Mula” apresenta aspectos de roadmovie, suspense, passa pelo drama familiar e têm características de humor. Seu roteiro parece uma mistura de tonalidades das várias obras de seu diretor. Earl Stone parece fazer o mesmo, é brincalhão, durão e emotivo. Apresentando traços dos mais variados personagens de Clint. O que me parece, caso seja mesmo, uma boa despedida para a carreira de ator de Eastwood.

[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]

Nota do Sunça:

[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]

Últimas críticas:

[su_custom_gallery source=”category: 39″ limit=”7″ link=”post” target=”blank”]

[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]

Últimos textos:

[su_custom_gallery source=”category: 22″ limit=”7″ link=”post” target=”blank”]

[su_divider top=”no” style=”dotted” size=”2″]


Publicado

em

por

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *