Sunça no Cinema – Logan (2017)

Em 2029, Logan (Hugh Jackman) ganha a vida como chofer de limousine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina Laura Kinney / X-23, sob a guarda de Gabriela.

128 min – 2017 – EUA

Dirigido por James Mangold, roteirizado por Michael Green, Scott Frank. Com Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Elizabeth Rodriguez, Eriq La Salle.

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“Joey, năo há vida com um assassinato. Não há volta de um. Certo ou errado, é uma marca. Uma marca que fica. Não há como voltar.” Assim diz Shane no final do ótimo “Os Brutos também amam” demonstrando que por mais que um homem queira se esquecer de seu passado e das coisas ruins que ele fez, o fato é, que não há como fugir. Essa citação presente em “Logan” ilustra bem a situação em que encontramos o protagonista. Que, assim como Shane, é um homem que em seu passado fez coisas ruins e agora busca uma vida normal, não quer lembrar de seus feitos mas acaba atormentado por eles. E no fim a “marca” é mais forte, a vida de violência o alcança e tudo termina com o que tanto tentou evitar. Não foi atoa que James Mangold escolheu essa alegoria para o ótimo “Logan”.

Wolverine está velho e doente. Debilitado fisicamente, tosse o tempo inteiro, manca, é um homem fragilizado que busca na bebida um conforto e uma arma para esquecer quem ele foi. Estamos no ano de 2029, Logan (Hugh Jackman) é um chofer de limousine e se esforça para cuidar do nonagenário e descontrolado Charles Xavier (Patrick Stewart). Até que é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez) e então a garota Laura Kinney (Dafne Keen) entra em sua vida. Sem querer se envolver em mais violência mas querendo proteger a menina do mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), Logan acaba voltando a “ativa”.

Jackman faz um ótimo trabalho, pela primeira vez vemos um Wolverine esgotado emocionalmente, os olhos sempre vermelhos e as mãos sempre trêmulas. É comovente ver a emoção tomar conta do personagem a ponto de não conseguir dizer “É um bom lugar… Perto da água…” para depois se descontrolar em um surto de raiva/emoção. Stewart nos apresenta muito bem um Xavier “caduco” um homem arrependido que não parece o forte professor Xavier de outrora. E fechando a trinca de protagonistas temos a impressionante Dafne Keen interpretando a ameaçadora Laura, sempre intensa, agressiva quando precisa ser e perigosa. Laura, a X-23, de fato parece capaz de todas as proezas que executa no filme, chegando a decapitar cabeças. Em determinado momento, demonstrando a badass que é, leva um tiro e retira a bala do próprio braço com a boca para na sequência cuspi-la no chão. Ela literalmente “bota” mais medo que nosso querido carcaju. Os três formam uma família, e isso é muito interessante. Nos quadrinhos os mutantes sempre foram retratados dessa maneira. X-men é aceitação, é superação,  é família. Logan e Xavier são dois homens que juntos passaram por muitas coisas, agora em um mundo sem mutantes (e sem os X-men) tudo o que têm são um ao outro. Eles se amam, e cada um à sua maneira cuida um do outro. Charles percebe em Laura uma possibilidade de redenção para Logan, que inicialmente apenas vê na garota a ameaça de voltar para uma vida de violência. Aos poucos, e de forma bem trabalhada eles acabam avô, pai e filha, com direito a uma linda cena em um jantar que emociona e comove.

É um longa violento. Muitos palavrões, pernas, braços e cabeças cortadas. Mas nada de forma gratuita, não têm apenas a finalidade de agradar os fãs. O objetivo aqui é mostrar o perigo e o porque do complexo de Logan com as atitudes de toda uma vida, assassinos como Laura e Wolverine deixam rastros e precisamos ver os resultados de suas ações para fortalecer o impacto daquele “estilo de vida”. Não considero “Logan” um filme de super-herói. É a história de um homem, sua família, sua redenção e um recomeço. Nas falas do próprio protagonista: “Não seja aquilo, que eles fizeram de você!” Para mim a obra é um Western, acompanhamos o peso e a consequência de uma longa vida de violência, perdas e derrotas. Tudo isso se confirma em falas como “Um homem não pode fugir do que ele é”, “Coisas ruins acontecem com as pessoas que eu me importo” e em um dos melhores diálogos do filme entre Logan e Laura:

  • Eu machuco pessoas.
  • Eu também machuco pessoas.
  • Você têm que aprender a viver com isso.
  • Mas eram pessoas ruins.
  • É tudo igual.          

Como Will Munny disse no ótimo “Os Imperdoáveis”, que certamente é uma das influências de Mangold, “É uma coisa horrível matar um homem. Você tira tudo o que ele têm… e tudo que ele um dia poderia ter.”

Fechando a alegoria, e o longa, Laura diz “Não temos mais armas no vale!”, encerrando a trajetória de Wolverine. “Logan” é uma obra que respeita os filmes anteriores do personagem e da franquia x-men, evoca nostalgia ao lembrar os acontecimentos do primeiro filme na estátua da liberdade e quando o protagonista mais uma vez defende um grupo de crianças. Emociona em vários momentos, confesso que em mais de uma ocasião me colocou lágrimas nos olhos, no fim com apenas um “X” faz seu coração pular um batimento e nada mais justo do que encerrar com “The Man Comes Around” do “fodástico” Johnny Cash. Nem o vacilo do roteiro de Michael Green e Scott Frank que em alguns momentos traz informações importantes de forma muito expositiva, tira a glória dessa obra que após dezessete anos encerra com chave de ouro o Wolverine de Hugh Jackman.     

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.

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Nota do Sunça:

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